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História 18 Horas - Encurralado


Escrita por: Tany_Yashi

Notas do Autor


MDS eu sou muito ruim pode fala T~T
devo ter atrasado um mês, tenho até medo de olhar.
Me desculpem TTTTTTTT-TTTTTTTT
Espero que esse cap compense.

Capítulo 5 - Encurralado


Fanfic / Fanfiction 18 Horas - Encurralado

As mãos de Jong In estavam tensas enquanto apertavam, nervosamente,  o volante. O garoto estava animado para chegar ao seu destino e reencontrar quem mais ansiou em rever durante o dia todo. Ao seu lado, no banco de carona, estava uma pequena caixa branca com listras azul amarrada com um laço. Escondidos ali dentro havia dois cupcakes que Jong In pretendia dividir com KyungSoo aquela noite.

KyungSoo...

O maior queria saber como seu pequeno estava; havia ficado o dia inteiro fora indo de um lado para o outro sem saber a hora certa em que voltaria para casa; de quando voltaria para KyungSoo.

Já eram mais de sete horas da noite quando Jong In estava voltando de mais um dia cansativo. Se fosse semanas atrás, ele se perguntaria se KyungSoo não estaria debaixo das cobertas enquanto deixava  a porta de seu quarto trancada afim de se esconder do escuro. Pensar nisso fez Jong In se questionar o que KyungSoo estaria realmente fazendo naquele momento. Talvez assistindo algum programa interessante na TV ou cozinhando alguma coisa simples para si mesmo enquanto esperava que Jong In chegasse em casa.

Ele falara com KyungSoo na manhã daquele dia; o menor parecia muito melhor, aliás. Antes que saísse para a faculdade com seu carro, Jong In se aproximou de seu namorado e selou seus lábios com carinho como sempre fazia, deixando um recado silencioso para KyungSoo: que ficasse bem e logo ele estaria de volta.

Jong In era apaixonado pelos lábios em formato de coração de KyungSoo. Era difícil de explicar a sensação de beijá-los até mesmo para si, mas achava que se assemelhava a textura de nuvens fofas e brancas com um leve gosto de café fraco que KyungSoo tomava quase todas as manhãs e algo que se parecia com torta de cereja.

KyungSoo acreditava que ficaria bem enquanto Jong In estivesse ao seu lado, por isso ele continuaria esperando até que Jong In retornasse para casa.

Enquanto Jong In tirava o carro da garagem, ele pode ver pelo retrovisor a expressão triste no rosto de KyungSoo, e mesmo que  ele tentasse esconder aquilo com um sorriso fraco, seus olhos ainda estavam triste. Geralmente era assim quando Jong In saía com seu carro, pois o menor sabia que ele demoraria a voltar.

Jong In parou o carro ao lado de KyungSoo. Ele odiava vê-lo daquela maneira, tanto que às vezes já chegou a amaldiçoar a faculdade por tomar tanto seu tempo, deixando KyungSoo sozinho enquanto esperava que Jong In voltasse para que ficassem mais uma noite juntos conversando ou assistindo algum filme no quarto. Não havia sentido passar a noite sozinho em casa quando apenas uma rua de quatro metros separava Jong In de KyungSoo.

KyungSoo passou a mão pela janela do carro de Jong In, que logo a abaixou e segurou a mão do menor, beijando-a em seguida. KyungSoo sorriu, agora um sorriso de verdade.

– Me espere acordado – disse Jong In, dando um de seus lindos sorrisos antes de sair.

Agora, Jong In não via a hora de chegar a casa de KyungSoo. Ele já estava próximo de seu destino depois de um dia cansativo quando começara a chover de repente. A chuva foi ficando mais forte e o caminho se tornou difícil de enxergar. Aquilo não seria problema para Jong In até mesmo se estivesse de olhos fechados, no entanto ele se sentiu inquieto de repente.

Jong In procurou pelo seu celular, encontrando-o no porta-luvas do carro. O aparelho permanecera desligado durante a maior parte da tarde; isso porque Jong In fora assistir a uma palestra importante sobre doenças psíquicas. Talvez isso tenha sido arriscado, mas Jong In não conseguia pensar em algum motivo para que KyungSoo pudesse ter ligado, já que parecia estar tão bem. Porém, assim que ligou o aparelho, ele sentiu seu coração paralisar.

Jong In parou o carro ao lado da calçada e observou todas aquelas ligações perdidas, tantas que foram capazes de deixar Jong In apavorado. O pior era saber que eram todas de KyungSoo.

Entre essas muitas ligações, havia apenas uma mensagem de voz que Jong In não demorou em ouvi-la. Ele segurava o celular com a mão trêmula enquanto escutava o recado deixado por KyungSoo. Seu coração doía batendo contra suas costelas; mas ainda sim ele fazia certo esforço para se concentrar e entender o que o recado dizia.

– Jong In... As crianças... Então aqui...

O sangue de Jong In pareceu congelar e seus olhos se arregalaram em total surpresa e confusão. A voz de KyungSoo era um sussurro desesperado, e depois daquelas palavras, Jong In não escutou nada além da respiração meio ofegante do menor. Pouco depois vieram o som de passos apresados e de uma porta sendo trancada. Parecia que KyungSoo estava se escondendo.

– Onde você está... Por que está demorando?

A voz de KyungSoo voltou a sussurrar, e então, o coração de Jong In pulou mais uma vez quando escutou o que ele achou ser o celular do menor cair no chão e uma voz diferente dizer algo que Jong In não conseguiu entender.

O maior jogou o celular em qualquer lugar e ligou o carro com certa dificuldade. Quando pisou do acelerador, Jong In não se importou com a velocidade ou que algum guarda pudesse multá-lo a um preço que deixaria sua conta bancária no zero. Já ficara tempo demais parado ali para ir devagar com o acelerador.

Jong In não sabia se KyungSoo estava se referindo a pessoas de verdade ou se suas alucinações no escuro voltaram. Aliás, o que poderia estar acontecendo? Mil coisas se passavam pela cabeça de Jong In e entre todos esses pensamentos, Jong In rezava para que fossem apenas alucinações, pois saber que a casa de KyungSoo, provavelmente, estaria sendo assaltada por alguns vândalos não seria nada bom.

“As crianças... Estão aqui...”

Foi o que KyungSoo dissera, mas não poderiam ser elas, ou seriam as mesmas crianças que o menor mencionara sobre seu passado? KyungSoo não explicara sobre aquilo exatamente; Jong In não sabia se essas crianças haviam feito alguma coisa para o menor, se realmente se tratavam de uma ameaça. Jong In não sabia, mas decidiu não ficar com esses pensamentos em sua cabeça, seja lá o que intimidava KyungSoo naquele momento, Jong In precisava chegar até ele.

Jong In precisava ser a coragem de KyungSoo mais uma vez.

A chuva pareceu ter aumentado ou a velocidade do carro dava a impressão disso. As mãos de Jong In apertavam com força o volante; ele tentava não deixar que o desespero tomasse conta de si, caso contrário, quando chegasse, Jong In não saberia o que fazer.

Faltavam apenas alguns metros quando Jong In percebeu uma forma pequena e humana andando sem rumo e com passos descoordenados pela rua. Os faróis do carro iluminavam a pessoa, mas a chuva forte o tornava difícil de identificar, e quando faltavam apenas cinco metros, Jong In freou o carro com força, nem percebendo que estava indo a toda velocidade para cima daquela pessoa. O som de pneu arrastando no asfalto era alto e o carro parou a centímetros do desconhecido, que já parara de andar e agora se encontrava paralisado e assustado em frente ao carro.

Jong In levantou o rosto, temendo que houvesse atropelado a pessoa, mesmo não tendo escutado nenhum som contra a lataria do carro, ele estava apavorado, e assim que seus olhos se encontraram com o garoto que estava parado ali tão perto, Jong In sentiu o ar lhe faltar nos pulmões e os olhos arderem. Aquela pequena figura pálida como um fantasma, parecia não ter equilíbrio sobre o próprio corpo que tremia quase descontrolado; estava completamente encharcado devido à chuva, e mesmo que os olhos pudessem estar incomodados com a luz do carro, o garoto não tentava se proteger enquanto as pálpebras quase de fechavam.

 As lágrimas banharam o rosto de Jong In na instante em que o pequeno corpo caiu desfalecido no asfalto molhado e gelado em frente ao carro. Foi como sentir uma explosão dentro de si quando Jong In abriu a porta do carro e gritou alto e em puro desespero:

– KYUNGSOO!

Jong In correu até o corpo do garoto que era castigado pela fria chuva forte. KyungSoo estava tão gelado que parecia um ser sem vida quando o maior o segurou tentando protegê-lo da chuva. Mesmo que Jong In gritasse tentado acordá-lo não havia qualquer resposta ou reação de que estivesse ouvindo, porém, a chuva era o primeiro dos seus problemas. Não ajudava em nada ficar ali.

Quando levantou o corpo de KyungSoo, por um segundo, Jong In olhou em volta, mas  não viu ninguém por perto, ninguém que pudesse ter feito aquilo com o menor.

Jong In levou KyungSoo para sua casa e o deixou na cama enquanto se livrava naquelas roupas molhadas do menor e as trocava por outras do seu armário, e mesmo que fossem maiores, era melhor do que permanecer com as encharcadas de antes.

Depois de ter voltado e colocado seu carro na garagem, Jong In ficou sentado na cama ao lado de KyungSoo, que dormia como se nada tivesse acontecido, porém, seu rosto continuava pálido e suava um pouco. Seus olhos percorreram a extensão do braço de KyungSoo, até parar em seu pulso que se encontrava levemente inchado e com uma cor arroxeada e vermelha. O coração de Jong In se apertou.

KyungSoo estava machucado.

Jong In pegou o pulso do menor com cuidado e analisou o machucado, não parecia ter quebrado, apenas torcido, o que deixou Jong In mais aliviado, mas ainda sim ele quis saber como KyungSoo fizera aquilo. O maior pensou se não seria melhor levá-lo para um hospital, mas logo imaginou KyungSoo detestando a ideia e como seria se ele acordasse em um lugar diferente de casa.

Não era difícil cuidar de um pulso machucado, e logo, Jong In já estava com várias pomadas e curativos ao seu lado. Enquanto cuidava do pulso de KyungSoo, Jong In tentou o chamar algumas vezes, esperando acordá-lo, mas KyungSoo permanecia com os olhos fechados.

Jong In pensou sobre o que poderia ter acontecido enquanto ele esteve ausente, mas eram muitas suposições e, sinceramente, ele não queria acreditar em nenhuma delas.

Ao seu lado, KyungSoo começou a se remexer, as pálpebras tremendo, querendo se abrir. Jong In se ajeitou na cama, ansioso;  e quando o menor abriu os olhos, ele fitou o teto por um segundo e então olhou para um Jong In preocupado sentado ao seu lado.

– KyungSoo...

– Por que não me atendeu? – KyungSoo perguntou retoricamente  em um sussurro triste e fraco.

Os olhos voltaram a arder, mas dessa vez, Jong In fez um esforço para não deixar que as lágrimas caíssem; conseguiu se controlar antes que KyungSoo percebesse. Mentalmente, Jong In se amaldiçoava mil vezes por ter ido naquela maldita palestra e desligado o celular.

– Desculpe... – sua voz era difícil de ouvir, mas seu arrependimento era visível. 

Jong In ajudou KyungSoo a se sentar na cama e logo o puxou para um abraço.

– Eu ouvi sua mensagem – Jong In disse desfazendo o abraço e olhando KyungSoo nos olhos – O que aconteceu aqui?

KyungSoo virou o rosto e se ajeitou melhor na cabeceira da cama.

– Eu não quero lembrar...

– Mas você precisa me contar – Jong In insistiu chegando mais perto – Quem fez isso com você?

KyungSoo se demorou a responder; estava lembrando do que acontecera. De repente sua vontade de chorar era enorme, mas ele se controlava na frente de Jong In enquanto mordia o lábio para impedir que as lágrimas caíssem.

– Foram aquelas crianças – disse – Elas estiveram aqui.

Jong In paralisou por um segundo; ele não sabia o que pensar.

– Você diz... de verdade?

KyungSoo assentiu devagar, como se a cabeça doesse.

– Sim, estão bem maiores, mas ainda são elas.

– Como elas te encontraram? O que elas queriam?! – Jong In perguntou podendo sentir o desespero fervilhando em seu estômago.

– Eu achei que talvez você soubesse.

– O que? Por quê? – Jong In o encarava surpreso.

KyungSoo ainda tentava adivinhar em sua cabeça o que aquelas pessoas queriam com Jong In; afinal, o menor não podia, sequer, imaginar que o namorado pudesse ter algum tipo de ligação com eles; era impossível imaginar Jong In andando com pessoas como aqueles idiotas, mesmo que estivessem em número menor agora, ainda eram como antes, ou até mesmo piores.

– Elas estavam procurando por você.

Os olhos de Jong In se arregalaram, e por um momento era como se ele tivesse ouvido tudo errado; ele não entendia porque aquelas pessoas estariam o procurando.

Com muita dificuldade, KyungSoo explicou o que haviam acontecido, hesitando várias vezes enquanto contava, e deixando algumas coisas de fora, como o seu próprio apelido de infância e o nome que eles davam para aquele tipo de “brincadeira”.

Esconde-esconde.

KyungSoo não conseguia pensar em um tipo de esconde-esconde mais medonho e covarde que esse. Era como brincar com a sanidade.

Jong In escutava a tudo com atenção enquanto KyungSoo dizia como fora apanhado, quando foi trancado no armário, o que havia proporcionado seu pulso machucado, e depois, de como foi arrastado até o quarto. Nesse momento, o sangue de Jong In ferveu, mas logo KyungSoo tirou esses pensamentos da cabeça do maior, dizendo que nada havia acontecido e que eles não seriam capazes de se rebaixar a tal nível, mas isso não fez com que Jong In se acalmasse.

– Quais os nomes deles? – perguntou Jong In, respirando pesadamente depois de KyungSoo ter encerrado sua explicação.

– Eu não vou dizer...

Em um movimento rápido, Jong In segurou os braços de KyungSoo com força, balançando o corpo pequeno, fazendo com que o menor o olhasse com os olhos arregalados.

– J-Jong In... – KyungSoo disse sentindo o coração disparar – ... Está me machucando...

– Me diga os nomes! – disse Jong In com a voz elevada demais enquanto colocava um pouco mais de força no aperto, sem perceber.

– Eu não quero dizer! – disse KyungSoo com a voz falha, deixando as lágrimas rolarem pela face.

Jong In continuou fitando-o até perceber o que estava fazendo. Ele protegeu KyungSoo por todo esse tempo, e o menor sempre esteve sorrindo para ele; nunca pensou que sua vontade de mantê-lo bem, um dia, pudesse machucá-lo, ou que KyungSoo teria medo quando olhasse em seus olhos. Aquilo era a última coisa que Jong In queria que ele sentisse por si. O que ele estava fazendo? As mãos de Jong In se soltaram dos braços de KyungSoo, e logo ele já fazia um carinho na região.

– Desculpe, KyungSoo – disse Jong In com a voz suave enquanto ainda tentava dispensar a possível dor que o menor sentia ali – Eu estou sendo um idiota, você não precisa dizer. Me desculpe.

Jong In poderia ter percebido antes que o que havia insistido era desnecessário, pois se aquelas pessoas encontraram KyungSoo porque estavam procurando o maior, então era provável que tentariam mais uma vez.

Jong In pegou a caixinha de listras azuis com os cupecakes encima do criado mudo ao lado da cama e a abriu, entregando um dos bolinhos enfeitados para KyungSoo.

– Acho que a nossa noite foi detonada – disse Jong In com um sorriso triste.

KyungSoo puxou o maior pela mão, para que pudesse se deitar ao seu lado. Jong In deixava um de seus braços envolta de KyungSoo que estava com a cabeça em seu peito, mordiscando o seu bolinho.

– Podemos ficar assim até amanhã de manhã – disse o menor mordendo, mais uma vez, seu cupecake .

Horas haviam se passado e os dois tinham conversado mais um pouco antes que KyungSoo se entregasse ao sono, e logo já era possível ver os primeiros raios de sol invadindo o quarto de Jong In, mas mesmo depois de todo esse tempo, o maior continuava acordado, encarando a parede de seu quarto e ouvindo a respiração calma de KyungSoo, que dormia bem próximo de si.

Jong In estaria esperando que aquelas pessoas voltassem, mas enquanto isso, ele ainda pensava e tentava adivinhar quem seriam elas. Jong In provavelmente as conhecia, o que o fez pensar em seus colegas de faculdade, mas isso seria impossível, pois não conversava muito com eles a não ser com seu melhor amigo, SeHun, mas ele não poderia ter algo haver com isso. Jong In havia lhe contado de KyungSoo e do seu namoro com o menor, o que acabou ocasionando uma seção de alguns minutos de drama da parte do mais novo, dizendo que se Jong In não saía muito com ele antes, agora que estava namorando seria pior, mas no final das contas, estava muito feliz pelo amigo.

A cabeça de Jong In doía enquanto pensava, já estava desistindo de tentar descobrir por si próprio quando a campainha tocou de repente, chamando sua atenção.

 

° ° °

 

– Não acredito que voltamos aqui e a essa hora da manhã – disse BaekHyun olhando em volta, como se acreditasse que estivesse sendo vigiado – Parece até que não se lembra do que fizemos ontem a noite.

– Parece até que matamos alguém – disse ChanYeol.

– Como vamos saber se não foi isso mesmo? – disse Xiumin.

ChanYeol bufou, era quase como se fosse possível ver fumaça saindo de suas narinas.

– É claro que ele não morreu! Aposto que ele está em casa agora tomando café.

...

Na noite anterior, os três ficaram próximo a casa de KyungSoo, tentando evitar a chuva que caía por todos os lados e por cima do pequeno garoto que caminhava a passos descoordenados e ser direção certa. Eles não conseguiam ver direito o que estava acontecendo, mas decidiram não se aproximar, até que uma freada brusca cortou seus ouvidos, o que assustou ambos, deixando-os paralisados por alguns segundos antes que saíssem dali rapidamente.

– E se alguma coisa aconteceu? – BaekHyun havia perguntado naquela noite, aparentemente preocupado quando já estavam distantes da casa de KyungSoo.

– Nada aconteceu – dissera ChanYeol tentando convencer a si mesmo do que estava dizendo – Vamos.

...

Agora eles estavam parados em frente à casa de Jong In, em mais uma tentativa de reencontrar o velho amigo. BaekHyun ainda olhava para os lados, inseguro, observando a casa de KyungSoo do outro lado da rua, que por dentro estava tudo completamente escuro, e isso só fez com que BaekHyun ficasse ainda mais nervoso.

– Se ele estiver mesmo em casa... – disse ele com cuidado, pois a falta de luz no lugar deixava um grande ponto de interrogação em sua cabeça; talvez KyungSoo não estivesse ali, talvez estivesse em um... – Pode ser que ele nos veja e chame a polícia...

Talvez BaekHyun até preferisse assim, seria melhor do que descobrir que KyungSoo estivesse em um necrotério ao invés de sua própria casa enquanto tomava café.

– BaekHyun, se você disser isso novamente... – ameaçou ChanYeol; aquilo tudo o deixava nervoso também, mas ele logo se calou assim que a porta foi aberta por um Jong In de aparência que não era nem um pouco convidativa, parecia até mesmo ameaçadora, e mesmo assim, ChanYeol ainda tentava mostrar um grande sorriso de felicidade, achando que aquilo era apenas um mau humor após acordar.

– Kai! – disse ele animado.

Os olhos de Jong In se arregalaram e por um segundo o garoto quase perdeu o equilíbrio em seus próprios pés. Ele olhava para aquelas três pessoas que sorriam para si com espanto, sem conseguir acreditar que as estava vendo, de repente o raiva de Jong In havia sumido, dando espaço para a surpresa.

– Kai, como está? – disse BaekHyun dando leve tapas em seu ombro; seu nervosismo de antes pareceu ter diminuído ou o menor só estava tentando o controlar.

– B-BaekHyun... – Jong In dizia com dificuldade, pousando seus olhos no maior dos três em seguida – ChanYeol...

– O que é isso, Kai? – disse Xiumin chegando mais perto do garoto – Está tão surpreso em nos ver?

– Xiumin... – disse Jong In com dificuldade – O que...

ChanYeol deu um passo a frente para que conseguisse dar um abraço em Jong In, que ainda permanecia mais confuso que antes, retribuindo o abraço aos poucos.

– Achei que você não nos reconheceria – disse o maior enquanto sorria mais ainda, se soltando do mais novo entre eles  – Quantos anos fazem?

– Não sei – disse BaekHyun com os braços cruzados sobre o peito e estreitando os olhos – Éramos crianças. Sete ou oito anos talvez.

– Kai, você parece muito bem – disse Xiumin.

Não podem ser eles, disse Jong In para si mesmo.

Talvez os verdadeiros culpados viessem mais tarde, quem sabe tenham desistido, mas Jong In não conseguia supor que seus antigos amigos de colégio fossem os responsáveis, afinal, o que eles teriam contra KyungSoo? Não, não eram eles, Jong In tinha certeza.

O mais novo sorriu, ainda meio impressionado.

– Como conseguiram me achar aqui?

– É uma longa história – disse ChanYeol – Vamos sair, eu te contarei tudo.

O sorriso de Jong In sumiu, e sua visão voltou para o interior da casa. Na primeira porta a esquerda, KyungSoo dormia sem perceber que o maior estava ausente ao seu lado, correndo o risco de acabar acordando e se assustando quando não visse Jong In deitado na cama.

– Kai, tudo bem? – perguntou ChanYeol analisando a expressão pensativa do amigo.

De repente, o sorriso do mais novo voltou.

– ChanYeol, já temos 23 anos, não é necessário me chamar pelo meu antigo apelido – disse Jong In abrindo mais a porta – Entrem, fiquem à vontade na sala.

– Aonde você vai? – perguntou Xiumin depois de ter entrado na casa e experimentado o sofá.

– Vou até meu quarto um instante – disse ele se dirigindo até a porta do local – Tentem não fazer muito barulho.

Jong In entrou em seu quarto, percebendo que KyungSoo continuava dormindo lindamente em sua cama. Era injusto ter que acorda-lo assim, mas seria melhor do que ver o menor assustado e se perguntando onde Jong In teria ido.

Depois de ter tomado um rápido banho e trocado de roupa, o maior se aproximou da cama e se sentando ao lado de KyungSoo, que fazia leves sons enquanto dormia, o que quase fez Jong In rir. Até mesmo dormindo o menor parecia cantar. Jong In pousou sua mão no ombro de KyungSoo; sabia que se arrependeria de destruir aquela cena, e foi o que aconteceu quando começou a chamar seu nome e a balançar seu ombro levemente.

– KyungSoo, KyungSoo... Acorde – disse ele suavemente, até que o menor abrisse os olhos, que olhavam o maior com certa confusão, mas logo um sorriso surgiu de seus lábios ao perceber que Jong In lhe sorria de volta – Desculpe.

– Que horas são? – perguntou KyungSoo com a voz sonolenta.

– Muito cedo – disse Jong In com uma leve risada.

KyungSoo observou o corpo de Jong In, percebendo que o maior parecia estar pronto para sair a algum lugar.

– Aonde vai? – perguntou com os olhos um pouco arregalados.

– Eu vou sair com uns velhos amigos de escola – disse ele com um sorriso animado.

– Agora? – KyungSoo tentava esconder seu desespero da melhor maneira possível e até aquele momento, Jong In pareceu não ter percebido.

– Sim, por quê?

– É que... – KyungSoo tentava dizer sem encarar o maior – Aquelas pessoas...

O sorrido de Jong In sumiu, ele sabia de quem ele estava falando e a vontade de se bater era enorme. Não podia deixar KyungSoo sozinho, não agora.

– Tudo bem, resolveremos isso primeiro – disse Jong In, começando a tirar o casaco que usava, mas foi impedido de terminar quando KyungSoo o segurou e o encarou.

Um longo silêncio se fez entre os dois. Jong In encarava o menor sem entender enquanto este agora deixava o olhar fixo em qualquer lugar da cama em que estavam. Parecia pensativo, como se tentasse descobrir o jeito menos doloroso de se arrepender depois. De repente, KyungSoo voltou a encarar Jong In com um grande sorriso, o melhor que conseguia dar.

– Tudo bem, vá – disse ele tentando ignorar a ardência em seus olhos.

– Eu não posso de deixar aqui sozinho KyungSoo – disse Jong In, como se tivesse acabado de ouvir uma piada de mau gosto – Você mesmo disse...

– Eu vou ficar bem – disse ele tentado transmitir mais confiança – Prometo que não abrirei a porta para ninguém. Você precisa se divertir e se preocupar com outras coisas, não só comigo.

Jong In ainda tentava argumentar de que não precisava ir, mas nada parecia adiantar, pois agora que havia se lembrado daquelas pessoas maldosas, seu desejo de ficar e descobrir quem eram se tornara maior, mas KyungSoo continuava a dizer que isso poderia ser resolvido depois.

– Jong In – o menor chamou sua atenção enquanto segurava suas mãos, tentando fazer com que ele parasse de argumentar – Eu prometo... que quando você voltar eu contarei tudo o que você quiser saber sobre eles.

 O maior o encarava surpreso.

– Se eu te prometer isso... – ele continuou –... Você sairá desse quarto com seus amigos?

Jong In pensou um pouco, o que pareceu ser tempo demais, até que acabasse cedendo à proposta.

– Eu estarei de volta em algumas horas – disse ele beijando KyungSoo – Se você ficar com medo me ligue, tudo bem? Não estarei longe daqui.

KyungSoo assentiu com o melhor sorriso que conseguia, pois daquele momento, o menor já se encontrava domado pelo medo.

Jong In saiu do quarto, deixando-o sozinho, e tão rápido quanto o maior saiu, o sorriso forçado de KyungSoo desapareceu. 

KyungSoo se culpou por estar agindo daquela maneira, afinal, ele não podia prender Jong In com si o tempo todo; não poderia pedir para que ele o protegesse o tempo todo. O menor já se sentia um peso nas costas de Jong In, não queria que aquilo se tornasse algo desnecessário demais. KyungSoo sabia que Jong In não dormira noite passada, pois seu rosto cansado era visível pela manhã, mesmo depois de um banho tomado. 

O pedido de KyungSoo, para que Jong In não perdesse noites por causa dele, pareceu não ter entrado na cabeça do maior ainda.

O último ano da faculdade já era preocupação demais para Jong In. Seria melhor que KyungSoo começasse a encarar seus medos sozinho; já recebera muita ajuda com os seus problemas. Seu livro estava prestes a ser lançado, o menor deveria estar feliz com isso, mas até mesmo se lembrar disso não conseguia deixá-lo menos culpado por Jong In, mas além de tudo, sempre havia momentos bons que os dois compartilhavam, quando assistiam alguma coisa juntos ou conversavam sobre um assunto bobo qualquer, e mesmo com tantos momentos felizes, KyungSoo ainda se sentia uma preocupação, não importa o que pensasse, ele acabava se vendo assim, talvez porque viveu sozinho por anos e ter alguém ao seu lado ainda era meio repentino. Seja lá o que fosse, KyungSoo queria que Jong In vivesse um pouco mais. 

 

° ° ° 

 

Jong In estava em uma cafeteria, não muito distante de sua casa, junto com seus amigos enquanto tomavam Bubble Tea em uma mesa do lado fora do estabelecimento. Enquanto conversavam, Jong In descobriu como eles haviam o encontrado. ChanYeol disse que, por coincidência, vira Jong In e SeHun um dia em que passou próximo a faculdade e que havia reconhecido seu amigo no mesmo instante. Ele conseguiu falar com SeHun, o convencendo de que era um amigo antigo de Jong In, depois disso, SeHun dera o endereço do amigo para ChanYeol. 

Jong In ria sem acreditar que SeHun não havia lhe dado nenhuma pista. 

Eles continuaram a conversar sobre como estavam depois de formados e a relembrar dos tempos de colégio, até ChanYeol tocar em um assusto que pegou Jong In de surpresa.

– Jong In, desde quando você é vizinho do D.O?

O rosto do mais novo transbordava em confusão, ele não sabia do que o amigo estava dizendo.

– Quem é D.O? – perguntou ele, terminando de tomar seu Bubble Tea.

– Vai me dizer que não se lembra? – disse ChanYeol com um sorriso malicioso – Foi você mesmo quem deu esse apelido a ele quando éramos crianças e também era quem inventava as melhores brincadeiras – ele apoiou o rosto em uma das mãos, parecendo se recordar de algo bom – Ah, ainda me lembro de nós... As quatro crianças atrás daquela coruja. Sempre esqueço o nome dele.

Jong In pareceu estar mais confuso ainda e sua cabeça doía tentando se lembrar.

– Do KyungSoo – disse BaekHyun, mexendo o canudo dentro da sua bebida, parecendo desinteressado na conversa no momento.

Jong In os olhou incrédulo após ouvir o nome do menor, querendo acreditar, com todas as forças, que ouvira errado.

– O-o que você disse? – perguntou ele com os olhos arregalados e o coração acelerado, desejando uma resposta diferente. Ele precisava ter ouvido errado.

– Agora se lembrou? – disse ChanYeol, aumentando o sorriso – Nós encontramos o KyungSoo ontem quando estávamos te procurando, ele não pareceu muito feliz em nos ver – ChanYeol tentou mostrar decepção com um bico, levando um olhar reprovador de BaekHyun, o que o fez rir – Nós até tentamos brincar com ele um pouco, mas parece que os anos só o tornaram mais agitado. Aliás, você sabe para onde ele foi? Depois que brincamos, ele saiu andando pela rua...

– ChanYeol! – advertiu BaekHyun com a voz elevada.

 – O que? Não era você que estava preocupado com aquela...

ChanYeol parou, sentindo o lado esquerdo do seu rosto latejar, sua visão ficou turva por alguns poucos segundos, mas logo voltando ao normal. Ele encarou Jong In, que estava em pé a sua frente com as punhos cerrados e uma expressão furiosa no rosto.

– Que merda foi essa, Kim Jong In?! – gritou ChanYeol com a mão do lado do rosto onde Jong In havia acertado um soco.

– Foram vocês que fizeram isso com ele?! – perguntou ele com o mesmo tom de voz, enquanto segurava ChanYeol pelo casaco, nem se importando com as expressões de terror que BaekHyun e Xiumin tinham no rosto ou com o fato de já ter chamado a atenção da clientela dentro da cafeteria.

– O que?! – gritou ChanYeol, desacreditado – Por que está falando isso de repente? Vocês são amigos? Se esqueceu que foi você quem havia começado tudo isso?! 

A raiva de Jong In diminuiu e o mesmo respirava com dificuldade, se soltado de ChanYeol. Ele olhou para os três naquela mesa antes que saísse de lá rapidamente. 

Jong In não podia acreditar, depois de dez anos ele havia reencontrado KyungSoo e não havia o reconhecido nem mesmo o seu nome ele se lembrava, assim como seu apelido, que ele mesmo havia lhe dado nos tempos de colégio. Naquele momento, o fato de ter descoberto que seus antigos amigos realmente foram os culpados pelo o que aconteceu com KyungSoo, não pareceu grande coisa comparado com o que estava sentindo, pois independente de quem fosse a culpa, fora Jong In que começara tudo aquilo, fora ele que dez anos atrás fez com que KyungSoo estivesse do jeito que está agora.

Durante semanas ele haviam ajudado o menor e durante esse tempo, havia conquistado sua amizade, mas não só isso, Jong In havia se apaixonado por KyungSoo, fazendo com que ele se tornasse seu namorado. Agora era como ver tudo sendo jogado no fundo do poço; KyungSoo não sabia quem Jong In era e o maior não conseguiria esconder aquilo do pequeno, porém, ele também não conseguiria encará-lo naquele momento, mas talvez se pudesse evitar a verdade por algumas horas... talvez... apenas algumas horas.

 

° ° °

 

KyungSoo preparou o jantar.

Jong In havia lhe mandado várias mensagens dizendo que se atrasaria, mas que mesmo assim o menor não precisava ficar preocupado. KyungSoo estava sentado na pequena mesa da cozinha, esperando que Jong In voltasse para casa, parece que ele havia estendido um pouco mais o tempo do passeio com os amigos.

KyungSoo esperava que a comida não esfriasse antes que Jong In chegasse, o menor tentava pensar em qualquer outra coisa, menos no atraso, quando de repente a porta se abriu lentamente e Jong In entrou em casa, cabisbaixo. KyungSoo foi até a sala com um grande sorriso, esperando encontrá-lo do mesmo jeito, no entanto, parou assim que viu o rosto de Jong In; seus olhos estavam marejados.

– Jong In... – disse ele em um sussurro, olhando-o preocupado.

O maior nada disse, apenas andou até KyungSoo e o abraçou para que começasse a chorar na curva de seu pescoço. O coração do menor palpitava querendo intender aquele reação de Jong In, mas tudo o que ele fazia era chorar mais e mais.

– Me perdoe, KyungSoo... – disse ele com dificuldade devido ao choro.

Os olhos do menor se arregalaram, toda aquela situação estava o assustado, afinal, o que havia acontecido com Jong In? Por que KyungSoo teria que perdoá-lo de alguma coisa?

O choro do garoto era cortante e apertava o coração de KyungSoo, e com isso, o abraço se intensificou. O menor não sabia do que estava consolando Jong In, mas não se importou, e por um momento, ele não quis questionar sobre o que estava acontecendo.

Não chore Jong In, eu não tenho que lhe perdoar de nada.

 

 

 

“A escuridão não pode expulsar a escuridão, apenas a luz pode fazer isso. O ódio não pode expulsar o ódio, só o amor pode fazer isso”.

(Martin Luther King Jr.)


Notas Finais


*esconde das pedras, tiros e facas*
MDS perae...
Infelizmente, não vou poder dizer até semana que vez, pq minha prof é muito legal e me mando um trabalho muito chato e cansativo.
Mas para a alegria de vcs, fic do niver kaisoo está sendo encomendada *u*

Até o próximo, então o/


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