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História 18 Horas - Bandeira Branca


Escrita por: Tany_Yashi

Notas do Autor


Olá, povo bonito o/

Capítulo 7 - Bandeira Branca


Fanfic / Fanfiction 18 Horas - Bandeira Branca

_________________

Ele derrama lágrimas sobre o passado sem palavras e sem nome.

É assim que você veio a mim mais uma vez.

 

Já era madrugada, mas não se sabia a hora exatamente. Estava tudo tão silencioso, tanto dentro, quanto fora da casa. A única coisa que destruía o silêncio era a água quente do chuveiro, que caia sobre os dois corpos juntos em um abraço naquele pequeno espaço em metros quadrados.

KyungSoo desenhava círculos tortos no vidro fosco do box, aproveitando o vapor da água quente do chuveiro, enquanto segurava os braços de Jong In, que abraçaram seus ombros. Ele se sentia confortável ali.

Jong In apoiava a cabeça no ombro macio do menor, como se aquele fosse seu ponto de descanso.

Os dois já estavam naquela posição há alguns minutos, e de vez em quando, KyungSoo reproduzia algum som melodioso em sua garganta depois que o silêncio se fazia presente mais uma vez, por mais alguns minutos.

– KyungSoo... – Jong In chamou o menor, sentindo este tremer com a voz tão próxima ao seu ouvido.

KyungSoo estava tão relaxado e calmo... Sentia que a qualquer momento poderia dormir ali com Jong In enquanto a água escorria pelos corpos de ambos.

– Hm?

Jong In suspirou, demorando alguns segundos antes de perguntar. Ele realmente estava em dúvida sobre o que iria dizer, ele não havia adiado aquilo, apenas demorou para que a pergunta viesse a sua mente. Às vezes a felicidade não deixa você pensar se deveria estar contente com o que está acontecendo ou só ainda mais confuso.

– Você... Sempre soube disso, que era eu? O tempo todo? – perguntou ele – Quero dizer... Você sabia que eu era o Kai, que eu era a outra criança?

KyungSoo sorriu um pouco, acariciando o braço de Jong In. Até então, ele se surpreendia com o nervosismo do maior. Era até mesmo estranho ver que Jong In era quem parecia pedir conforto e proteção naquela noite, naquele momento.

– Eu não sabia que era você – disse ele com simplicidade – Depois de te conhecer de novo, pensei que o Jong In, meu vizinho, tivesse vindo de um lugar muito distante daqui, apenas para me encontrar – ele acabou rindo pelo pensamento bobo que teve, mas não era culpa dele, afinal, KyungSoo não podia esperar algo muito bom em sua vida, a não ser o sucesso de venda de seus livros; e conhecer Jong In, mais uma vez, não pareceu ser real e nem para que acontecesse com ele – E às vezes eu acabava me perguntando enquanto estava sozinho: “Por que tive que esperar tanto tempo assim?", " Por que tudo não poderia ter acontecido antes?”. Mas você estava aqui o tempo todo, desde sempre. O problema foi que eu era medroso demais para tentar alguma coisa. Se eu soubesse que era você o Kai, nunca teria chegado perto. Era bem provável que eu nem morasse mais aqui, me mudaria para um apartamento pequeno, eu não seria mais o seu vizinho, porque eu teria medo.

– Devo me sentir feliz por você ter me esquecido?

– Nem as piores memórias podem ser apagadas, Jong In. Na verdade, elas podem ser consertadas, fazendo com que as boas fiquem por cima de tudo o que é ruim. Então, mesmo que elas ainda estejam ali, isso não vai te impedir de sorrir por um motivo maior, nem mesmo as lembranças ruins. 

Jong In sorrir e riu em seguida, virando o corpo do menor para que ficasse de frente para si.

– Quando você fala assim parece tão inteligente – disse ele.

– É o óbvio – KyungSoo sorriu de canto.

O maior pareceu sério de repente, encarando KyungSoo nos olhos por longos segundos em silêncio, como se quisesse ter certeza de alguma coisa.

– Está tudo bem agora, não está? – disse ele. Era o que mais desejava – Isso também poderia ser o óbvio?

KyungSoo afirmou com a cabeça depois de alguns segundos e Jong In ficou contente por um momento.

– No entanto... – disse o menor estreitando os olhos – ...Mesmo que esteja tudo bem por ora, amanhã pode não ser mais a mesma coisa...

O menor não queria preocupar Jong In, muito menos deixá-lo zangado, mas ele deveria pensar com clareza, eles tinham que encarar o que era o... Óbvio.

– O que quer dizer?

– Os garotos, os outros três – KyungSoo continuou – Parece que nós estamos simplesmente os ignorando.

– E não podemos simplesmente fazer isso? – pediu Jong In, controlando a voz.

– Não se eles aparecerem novamente.

– Nós não vamos encontrá-los de novo.

– Você não pode apenas dar as costas para isso Jong In, não é certo. Pode haver um jeito...

– Não é certo o que eles fizeram com você, KyungSoo! – disse Jong In, um pouco mais alto do que deveria – Eu não quero vê-los novamente e nem que eles cheguem perto de você! Não há outro jeito.

Jong In não tinha a intenção de fazer com que KyungSoo se sentisse dependente e incapaz de se proteger, ele apenas sentia medo, como nunca sentira antes, medo de que KyungSoo se machucasse novamente e chorasse, chamando por seu nome no escuro. Ele não queria que nada mais disso acontecesse.

KyungSoo entendia o comportamento do maior em relação àquilo, ele sabia que Jong In só não queria que alguma coisa acontecesse com seu namorado. Mas KyungSoo não poderia deixar de se sentir entranho em relação a isso, afinal, era ele quem deveria querer distância dos garotos, era ele quem deveria não suportar a ideia de vê-los novamente, nem se fosse por mera coincidência, mas ao mesmo tempo, isso parecia tão errado, deixar que tudo passasse como se nunca tivesse acontecido, era caminhar para longe do problema sem realmente escapar dele. KyungSoo poderia estar enlouquecendo, mas ele achava que havia uma saída melhor para os dois, mas era tão difícil tentar convencer Jong In de alguma coisa naquele momento...

O menor abaixou os olhos, sentindo frio em suas costas.

Jong In suspirou, puxando KyungSoo pelo braços, para mais um abraço sob a água.

– Desculpe, pequeno, mas...

– Eu entendo o seu lado, Jong In – disse KyungSoo com um sorriso – Não se preocupe com isso.

– Então pode me prometer que não vai mais se preocupar com isso? – Jong In pediu, voltando a encarar o menor.

KyungSoo pensou, o que parecia ser uma eternidade para Jong In, antes de afirmar com a cabeça. Há algumas horas, KyungSoo era quem precisava de proteção e companhia, de alguém por perto, apenas para que conseguisse dormir melhor, mas o que se via agora, era um Jong In que necessitava de sua presença naquele momento, e mesmo que KyungSoo estivesse bem, Jong In ainda sentia medo.

Jong In não percebera quando o chuveiro fora desligado. Ele sentiu KyungSoo se remexendo em seus braços, tentando alcançar a toalha pendurada no box, foi quando Jong In voltou a realidade e deixou que o menor se esticasse com mais facilidade, desfazendo o abraço. KyungSoo entregou uma toalha para Jong In, que sorriu, colocando a mesma em seus ombros, para que em seguida, pegasse a toalha de KyungSoo, enxugando o cabelo molhado do menor, como se ele fosse uma criança. KyungSoo riu, pegando a toalha de volta e saindo do banheiro com Jong In.

 

° ° °

 

KyungSoo servia o desjejum para Jong In, antes que este saísse para a faculdade. O menor achava engraçado ver o estudante comendo, era como se Jong In tivesse vivido de comida industrializada a vida toda e de repente teve seu primeiro contato com a comida caseira, achando aquilo maravilhoso. KyungSoo se divertia ao mesmo tempo em que dava bronca em Jong In, para que ele comesse mais devagar.

– Onde aprendeu a cozinhar desse jeito, KyungSoo? – perguntou o estudante. Jong In nunca se questionara sobre isso, ele sempre comia e se deliciava com a comida de KyungSoo, mas nunca parou para pensar como o menor poderia saber tanto sobre gastronomia.

– Sozinho... e com a minha mãe – disse ele com uma xícara de café em sua frente, como se sentisse saudade.

Jong In parou de comer de repente, reparando na expressão triste de KyungSoo.

– Você não tem falado com ela?

O menor sorriu meio tristonho. Ele olhou para Jong In por um segundo, mas logo voltou sua atenção para a xícara de café, girando-a com as mãos.

– Nem com ela e nem com nenhum outro. Eu e minha família temos perdido contato ao logo dos anos – disse ele – Não é sempre que conversamos por telefone.

– Eles ficaram na sua cidade?

– Sim, em Goyang.

– Entendo...

Na verdade, era difícil para Jong In entender. Mesmo que ele morasse sozinho, a comunicação com sua família era a mesma, eles moravam na mesma cidade, apenas em casas diferentes, mas KyungSoo estava muito longe de sua família e a comunicação havia ficado mais difícil.

O menor tirou o prato de Jong In da mesa e levou até a cozinha. Jong In percebeu um sorriso fraco em KyungSoo, o que deixava o maior com certa pena. Talvez não devesse ter feito aquela pergunta.

Depois de um tempo, KyungSoo voltou com o celular em mãos. Ele ficou ao lado de Jong In e mostrou-lhe a tela do aparelho.

– Essa é a minha mãe – disse KyungSoo, parecendo um pouco mais feliz.

Jong In encarou KyungSoo por alguns segundos e voltou a olhar para o celular em seguida. Nele havia a foto de uma mulher com aparência um pouco jovem, não chegava aos 50 anos, encostada em uma árvore. Algumas mexas de seu cabelo negro, meio grisalho, voavam com o vento, ela sorria como se estivesse em frente a uma criança. Suas feições lembravam as de KyungSoo, ela tinha os mesmos olhos grandes e o sorriso de criança no rosto. KyungSoo passou a foto e Jong In viu um homem bem vestido, sentado em uma poltrona de couro preto. Ele tentava manter o rosto sério por trás de um olhar simpático.

– Seu pai?

– Sim – disse KyungSoo, sentando-se ao lado de Jong In. O menor pareceu orgulhoso por um instante, como se aquela foto tivesse sido tirada em um momento especial e importante – Eu costumava ligar uma vez por semana pelo menos, para que eles pudessem saber como eu estava passando. Mas essa frequência foi diminuindo com o passar do tempo.

– Por quê?

– Eu não queria os preocupar sobre eu estar piorando, por eu estar voltando ao que eu era antes quando adolescente, eles perceberiam e tudo seria como antes. As ligações são raras agora.

– Não pensou em ligar para eles e dizer como está bem agora? – Jong In sorria abertamente com a intenção de animar KyungSoo, ou pelo menos tentar.

– Na verdade, eu pensei nisso, mas eu não sei. O que eles diriam? Acho que as poucas ligações os fizeram pensar que eu, finalmente, consegui construir uma vida boa aqui e que ando sempre ocupado. Eles devem pensar que eu sempre ligava quando me sentia sozinho.

– Você está com saudades, KyungSoo. Eles devem estar também.

 KyungSoo encarou a foto por mais alguns segundos e então apertou o celular entre os dedos. Por um momento, o menor foi até os seus contados, prestando mais atenção em um em particular, o qual estava escrito “Casa”. Ele pensou em ligar naquele mesmo instante, mas desistiu antes que iniciasse a chamada.

Jong In sabia que KyungSoo estava pensando no que poderia dizer se ligasse. Qualquer coisa para que o conversa não ficasse presa em um simples “Olá”.

Jong In sorriu e se levantou, pegando sua mochila que estava pendurada na cadeira.

 – Eu já vou indo – disse Jong In com um sorriso confiante – Só espere um pouco, eu sei que vai acabar pensando em alguma coisa.

– Ah, sim – KyungSoo sorriu – Boa aula, Jong In.

KyungSoo acompanhou Jong In até a porta, mas o maior parou de repente e se virou para KyungSoo, se lembrando de algo.

– KyungSoo, enquanto eu estiver fora, não abra essa porta para ninguém, tudo bem? Não importa quem seja ou o quando insista. Não abra para ninguém.

KyungSoo tentou protestar, mas desistiu quando percebeu que Jong In não mudaria de ideia.

– Desculpe eu ter que te pedir isso de novo, KyungSoo, mas é o único jeito para que eu fique mais tranquilo.

– Está tudo bem, Jong In. Eu estarei seguro.

– Você vai ficar aqui hoje? – perguntou Jong In, olhando para a própria casa.

– Não, eu irei voltar para a minha casa e ver se está tudo em ordem – disse KyungSoo, já prevendo a possível bagunça que deveria estar sua sala de estar.

– Tem certeza?

– Sim – disse KyungSoo, sorrindo – Vá até lá quando voltar da faculdade, tudo bem?

– Claro.

Jong In se aproximou de KyungSoo, beijando-lhe os lábios antes que saísse para a faculdade. Enquanto andava, Jong In se virou e gesticulou para KyungSoo, como se estivesse com um telefone no ouvido e sorriu, para que em seguida se virasse e continuasse sua caminhada.

KyungSoo entendeu o recado, ele acreditava no que Jong In dissera.

Ele estava com saudade... Realmente estava. Ele queria ligar, dizer que estava bem e que não estava mais sozinho. Ele queria poder falar de Jong In.

O menor entrou na casa novamente, trancando a porta atrás de si. O celular estava em suas mãos e rapidamente, KyungSoo iniciou aquela chamada com o coração ansioso.

Toca... Toca... Toca...

KyungSoo tentou uma segunda vez, mas novamente, ninguém atendeu. O garoto se sentiu decepcionado por um momento. Ele tentaria novamente mais tarde, talvez ninguém estivesse em casa, ou talvez estivessem dormindo, levando em consideração a hora que era. Sim... com certeza estavam dormindo.

 

° ° °

 

Jong In chegou à faculdade com os olhos frenéticos em todas as direções a sua volta, temendo que ChanYeol e os outros estivessem passando por ali mais um vez, pois foi assim que o mais velho havia o encontrado, mas não havia nada, então Jong In seguiu em direção ao prédio alto.

Na sala havia alguns alunos, incluindo SeHun, que sorria e acenava para o amigo recém chegado. Jong In sentou-se em uma carteira ao seu lado, deixando a mochila encima da mesma.

– Como foi a visita? – perguntou SeHun, como se quisesse saber se um plano super esquematizado havia dado certo.

– Como você conseguiu esconder isso de mim sem dar nenhuma pista? – disse Jong In com um sorriso, tentando fazer aquilo parecer engraçado, mesmo que estivesse um pouco irritado, SeHun não precisava saber o que acontecera, pelo menos, não agora.

– Ei, estou perguntando como foi. E se eu contasse, qual seria a graça? – perguntou SeHun, enquanto ria e empurrava o ombro do amigo de leve.

Sim, houve muita graça, pensou Jong In, ironicamente, com si mesmo.

– Eu fiquei realmente surpreso – disse Jong In, com um sorriso torto.

– Só isso?

SeHun era insistente, Jong In sabia disso, mas se dissesse para que o amigo, simplesmente, esquecesse aquilo, mais perguntas cairiam sobre si. Sua melhor saída seria esconder o acontecido no momento.

– Foi divertido, ficamos fora o dia todo, foi bom tê-los reencontrado – o que em parte, não era totalmente mentira, mas se fosse para escolher, talvez aquilo nunca tivesse acontecido.

– Está com sono de novo? Vocês devem ter se divertido, com certeza – disse SeHun, olhando para um ponto qualquer da sala, pensando que seria mais legal se ele estivesse lá também – ChanYeol parece ser um cara legal.

Jong In abafou um riso.

– Ele é, mas pode ser um pouco irritante às vezes...

– Eles conheceram o KyungSoo?

Jong In fechou a cara no mesmo instante, desviando o olhar de SeHun.

– Conheceram? – insistiu SeHun, depois que a resposta não veio.

– Conheceram.

SeHun resmungou, tentando ver melhor o rosto de Jong In.

– Você parece irritado...

– Dor de cabeça – seu amigo foi rápido em responder dessa vez.

– Ah... Então vou parar de falar.

Jong In agradeceu por isso mentalmente.

 

° ° °

 

Já faziam algumas horas desde que KyungSoo voltara para a sua casa. Durante todo o tempo, ele limpou um pouco da bagunça que estava pela sala e pelo quarto. Em momento algum, KyungSoo tentou se lembrar do que acontecera ali, ele se distraia enquanto limpava os móveis, recolhia o lençol do chão, lia um livro pela oitava vez e tomava sorvete.

Ele colocava mais uma das sinfonias de Mozart para tocar quando escutou o som da campainha tocar duas vezes.

KyungSoo desligou o som e foi até a porta, abrindo a mesma com certo desinteresse, se esquecendo completamente do aviso de Jong In, para que não abrisse a porta para ninguém, em hipótese alguma, lembrando-se disso somente quando viu BaekHyun e Xiumin parados a sua frente com os olhos meio baixos.

A mão de KyungSoo tremeu por um momento, apertando a madeira da porta com força e prendendo a respiração por um segundo, mas de repente, KyungSoo abriu a porta totalmente, deixando o interior de sua casa mais visível, ele estava relaxado de repente, parecendo ter se esquecido de quem estava a sua frente. Aquilo era estranho, não só para ele, mas para qualquer um que conhecesse o garoto.

– Olá, KyungSoo – disse BaekHyun, com uma voz estranhamente gentil e um pequeno sorriso – Podemos entrar? Acho que precisamos conversar.

KyungSoo se perguntava se aquilo era real. BaekHyun e Xiumin queriam conversar? O garoto mal pode acreditar em si mesmo quando saiu do caminho dos dois. O que estava acontecendo? Estava permitindo a entrada do inimigo em sua casa, desobedecendo à Jong In instantaneamente. Mas talvez aquilo não quisesse dizer que seria o começo de uma nova guerra, talvez junto a eles houvesse uma bandeira branca.

 

° ° °

 

Jong In abriu a porta, sorridente, esperando encontrar KyungSoo lendo algum livro, sentado ao chão da sala, mas não havia ninguém ali.

– KyungSoo! – chamou Jong In, com o mesmo sorriso, tirando o casaco e colocando-o no sofá.

Jong In esperou que o menor viesse correndo para encontrá-lo assim que fora chamado, mas isso não aconteceu e o maior estranhou quando não obteve resposta de seu namorado.

– KyungSoo! Onde você está? – Jong In chamou mais uma vez. O sorriso já havia sumido de seu rosto e um desespero comum começou a aparecer dentro de si quando não houve resposta mais uma vez – KyungSoo!

Jong In começou a apressar o passo com o intuito de ir em direção ao quarto. Talvez ele estivesse dormindo e não ouvira o mais novo, mas Jong In acabou se assustando quando KyungSoo apareceu de repente, provavelmente saindo da cozinha. Jong In deu um longo suspiro aliviado.

– Onde estava, KyungSoo? – perguntou Jong In, abraçando o menor.

– Desculpe, eu não ouvi você chegando – disse KyungSoo, beijando-lhe rápido.

O menor parecia suar, suas mãos tremiam um pouco, estava nervoso e Jong In percebeu isso.

– Está tudo bem? – perguntou Jong In, com os olhos semicerrados.

– Eu... Me desculpe... – KyungSoo sussurrou aquela última palavra, Jong In não escutara.

– O que...?

KyungSoo não disse mais nada, apenas puxou Jong In pela mão até a cozinha. O maior ainda não intendia nada, pensou que KyungSoo talvez estivesse fazendo uma surpresa para si ou talvez estivesse pensando na melhor forma de contar-lhe como havia sido sua conversa com a família. Não imaginava ver BaekHyun e Xiumin sentados envolta da mesa da cozinha.

– O que é isso?! – Jong In gritou, puxando KyungSoo para trás de si – O que eles estão fazendo aqui, KyungSoo...?!

– Jong In... – BaekHyun de levantou para começar a falar, com as mãos levantadas, mas foi interrompido pelo garoto.

– Você os deixou entrar aqui?! – perguntou Jong In com a voz elevada, olhando para KyungSoo e os dois garotos, com os olhos arregalados e raivosos – O que está acontecendo aqui, KyungSoo?! Por que me desobedeceu?! Eu disse para que não abrisse aquela porta! Então por que fez isso?!

KyungSoo iria dizer alguma coisa, mas Xiumin se levantou, tomando a frente.

– Não culpe o KyungSoo por isso, nós apenas...

– Não cheguem perto! – o mais alto prendia KyungSoo mais ainda atrás de si.

– Jong In, se acalme! – disse BaekHyun, aumentando o tom de voz.

– Não digam mais nada! – disse Jong In, com a voz mais alta – Se apressem e saiam logo daqui!

– Kim Jong In! – gritou KyungSoo, virando o corpo do maior, para que olhasse somente para si – Pare com isso! Não vê o que está fazendo? Está agindo de maneira impensada!

De repente Jong In pareceu ainda mais confuso. O que estava acontecendo ali, aliás? O que estava acontecendo com KyungSoo? Jong In fixou seus olhos apenas no garoto pálido, aquele que chamara sua atenção. Ele queria, realmente, entender tudo aquilo.

– Como pode estar tão calmo assim? – era estranho para Jong In, parecia, simplesmente, que o menor havia se esquecido de tudo, ou apenas não se importava mais com o acontecido.

– Eles não vieram fazer nenhum mal a nós.

– Então por que vieram? – perguntou Jong In, controlando a voz e olhando para os outros dois garotos ali – Por que os deixou entrar?

– Nós viemos... Pedir perdão – disse BaekHyun, se aproximando.

– Como...?

– Nós erramos desde o início – BaekHyun continuou – Não devíamos ter entrado na brincadeira do ChanYeol naquele dia, nós fomos irresponsáveis e imaturos. Fizemos o que fizemos por uma diversão idiota e covarde. Desculpe-nos, Jong In, nós erramos com você também. Dissemos tudo isso para o KyungSoo...

– Eu entendi e os perdoei – disse KyungSoo com um sorriso para Jong In.

Jong In olhou para o menor, desacreditado, se impressionando com a bondade de KyungSoo, mais uma vez. Aquilo parecia tão simples, mesmo que não fosse realmente.

– Tão simples assim? – perguntou ele.

– Você disse que não havia jeito de consertar tudo isso – disse KyungSoo – Eu acabei de encontrar um para nós, eles se arrependeram de verdade.

Eles esperavam uma resposta de Jong In, mas essa demorou a dar sinal de que viria. O garoto olhava para o chão da cozinha e para KyungSoo. Ele tinha dúvidas sobre o que deveria fazer.

– Nós sabemos que é difícil para você aceitar nossas desculpas, Jong In. Você, que protegeu o KyungSoo durante todo esse tempo... – disse Xiumin.

– Você tem motivos para estar com raiva – disse BaekHyun.

– Onde está o ChanYeol? – Jong In perguntou de repente.

BaekHyun e Xiumin se entreolharam por um momento, tentando decidir mentalmente quem diria primeiro.

– Ele se recusou a vir – disse BaekHyun.

– Na verdade, ele não sabe que estamos aqui – disse Xiumin.

– O que querem dizer?

– Eu insisti para que viéssemos aqui, mas ChanYeol não concordou com isso e nos proibiu de tentar dialogar com vocês, para que a gente não se metesse nisso novamente, mas nós precisamos dar um fim nisso. Foi errado, nos comportamos como crianças mal-educadas. Ele não quis aceitar, está sendo orgulhoso. Não queria esperar até que ele percebesse que o que estava dizendo era um pensamento errado, por isso viemos escondidos. Desculpe-nos Jong In, nós apenas queremos que uma tinta seja passada por cima de tudo isso – disse BaekHyun – Mas sabemos que é difícil.

Por um momento, Jong In acreditou no que escutara, por um momento, ele se viu no lugar deles, só que com mais lágrimas e desespero. Ele entendia, conhecia aquela situação, mas, diferente de antes, era dele que estavam exigindo perdão. Jong In chegou a imaginar se KyungSoo também havia ficado confuso, sem saber o que escolher quando se tratava de Jong In a sua frente beirando a arrependimento. Ele ficara com tanto medo de que KyungSoo fosse embora...

– Eu sei o que é pedir o perdão de alguém – disse Jong In – Encaremos a realidade, eu também participei disso por muito tempo. Arrependi-me completamente. E pensando melhor... Não posso ter motivos para não os desculpar. No final, nós ficamos com as menores marcas, mas não é mais preciso que isso seja lembrado novamente.

Houve um silêncio que durou alguns segundos.

– Então... Desculpados? – perguntou Xiumin com um sorriso alegre.

Jong In afirmou com a cabeça, com o mesmo sorriso, olhando para KyungSoo, que o encarava com orgulho e felicidade. BaekHyun e Xiumin observaram os dois por um momento.

– KyungSoo nos contou de vocês, Jong In – disse BaekHyun com um sorriso – Eu nunca imaginei que isso acabaria assim, mas admito que estou feliz com isso. Você fez um bom trabalho, velho amigo.

 Jong In iria agradecer, mas, de repente, o celular de BaekHyun tocou, fazendo todos repararem no barulho alto que invadiu a cozinha. O garoto pegou o aparelho, se assustando ao ver quem era.

– ChanYeol... – disse ele, olhando para Xiumin, buscando alguma ajuda.

– Não precisa atender – disse Jong In, dando um passo à frente.

– Ele quer saber onde nós estamos, saímos sem avisar – disse BaekHyun enquanto o celular continuava a tocar em sua mão – ChanYeol já deve estar desconfiado.

O celular tocou mais algumas vezes. Ninguém falara mais nada, então BaekHyun atendeu, levando o celular a orelha, antes que ele parasse de tocar e sua coragem também acabasse.

– A-alô? – disse ele. Ficando irritado por ter gaguejado.

– BaekHyun! Por que demorou em atender?

– Desculpe... – disse BaekHyun, olhando para os três ali. Xiumin estava com as mãos juntas, parecia apreensivo, ele gesticulou para que o amigo colocasse a chamada no viva voz, e assim, BaekHyun o fez.

– Onde vocês estão? Achei que iriam ficar lá em casa por hoje! – agora todos podiam ouvir o que ChanYeol dizia. Jong In e KyungSoo chegaram mais perto para entender melhor o que ele estava dizendo.

– Nós esquecemos! Já estamos indo para aí!

– Tudo bem – ChanYeol ficou em silêncio do outro lado da linha, assim como BaekHyun e os outros também. ChanYeol, de alguma forma, estava achando aquilo estranho – BaekHyun...

– S-sim?

– Está tudo bem aí? Sua voz parece estranha.

– N-nós apenas...

– Estamos concentrados em um jogo de futebol! – Xiumin disse de repente, se achando idiota logo em seguida.

– Xiumin? Você está ouvindo a conversa? – perguntou ChanYeol – Jogo de futebol? Hoje não passa jogo nenhum!

Todos ficaram quietos. BaekHyun e Xiumin se encaravam sem saber o que dizer.

– BaekHyun, o que está acontecendo? – perguntou ChanYeol, endurecendo a voz.

– E-eh...

BaekHyun parecia estar ao ponto de chorar, ele não conseguia fazer aquilo, não conseguia esconder as coisas de seu amigo. Mais silêncio e a cada segundo, ChanYeol parecia estar cada vez mais desconfiado.

– Vocês... – ChanYeol começou a dizer, com raiva em sua voz.

– ChanYeol...! – disse Xiumin, tirando o celular do amigo.

As mãos de BaekHyun temiam, ele não queria que ChanYeol, seu melhor amigo, ficasse bravo com sigo.

– Não posso acreditar que vocês foram se encontrar com aquele imbecil do KyungSoo! – ChanYeol gritou do outro lado da linha.

– Mas que...! – Jong In se irritou, querendo pegar aquele celular, mas KyungSoo segurou seu braço, negando com a cabeça.

ChanYeol ouvira o protesto de Jong In, e naquele momento, ele teve certeza de que BaekHyun e Xiumin haviam traído sua confiança. Uma risada abafada e indignada pode ser ouvida pelo celular antes que a chamada fosse encerrada.

BaekHyun quase pode ver a raiva do amigo pelo aparelho. Ele foi até a cadeira mais próxima e se sentou ali com a mão segurando o rosto.

– Desculpe... – disse Xiumin, andando até o amigo – Eu não deveria ter dito nada sobre futebol.

– Ele vai me odiar – disse BaekHyun.

– A mim também!

– Vocês não vão até lá? – perguntou KyungSoo.

– E ele nos deixaria entrar? – perguntou BaekHyun, achando aquilo impossível e até mesmo ridículo – ChanYeol está furioso, ele não ouvirá ninguém.

– Apenas esperem, deem um tempo para que ele se acalme – disse Jong In.

BaekHyun deu um risada fraca.

– Você se esqueceu de como ChanYeol é? – perguntou ele, olhando para o maior – Ele é orgulhoso, muito orgulhoso. Ele não acreditaria no que, para ele, seria o errado. Vir aqui para pedir desculpas para o KyungSoo? Para ele isso é muito errado.

– Então o que vão fazer?

– Agora? Eu pretendo deitar minha cabeça em um travesseiro macio e não me preocupar com isso por hoje – disse BaekHyun com os olhos marejados.

O garoto se levantou, apertando os olhos com as costas das mãos.

– Vocês não precisam mais se preocupar com isso – disse BaekHyun com um pequeno sorriso – Nós resolveremos.

KyungSoo abaixou a cabeça, talvez duvidasse daquilo.

– Vamos para casa? – perguntou Xiumin, olhando para o amigo.

KyungSoo e Jong In seguiram os dois até a porta. Por um momento, a temperatura da casa parecia ter caído cinco graus, arrepios corriam pelas costas de um ou outro. Aquilo não estava nada agradável.

– Te desejo toda a sorte do mundo – disse Jong In, dando um breve abraço em BaekHyun.

– Obrigado – disse BaekHyun com um sorriso sincero.

– Não poderíamos ao menos tentar falar com ele? – perguntou KyungSoo e sua bondade.

– KyungSoo! – Jong In repreendeu.

– Não é preciso que se preocupem com isso – disse Xiumin.

– Nós resolveremos.

Depois disso, eles se despediram. BaekHyun segurou a mão de KyungSoo, dizendo:

– Fiquem juntos.

KyungSoo sorriu olhando os dois caminharem para longe da casa, lado a lado.

– Está arrependido? – perguntou Xiumin, observando o estado do amigo.

Os dois haviam ido acabar com um problema e em troca acabaram levando um bem mais nas costas.

– Não. ChanYeol deveria estar arrependido por não ter vindo conosco – disse BaekHyun, andando com Xiumin ao seu lado por aquela rua praticamente deserta.

 

° ° °

 

– Está tudo bem? – perguntou Jong In, quando os dois entraram no quarto.

– Eu espero que essa nova batalha tenha um bom fim – disse ele se sentando na cama e tirando os sapatos – Assim eu ficaria felizmente bem.

– Eles vão ficar bem – disse Jong In, como se fizesse um pedido.

O mais alto tirou a camisa e pegou a toalha para que tomasse um banho. KyungSoo observava o corpo bonito de Jong In, enquanto este terminava de tirar suas roupas.

– Onde estão as roupas que eu trouxe? – perguntou Jong In, já enrolado na toalha.

KyungSoo foi até a mochila do mais novo, tirando de lá as peças de roupa e entregando a ele.

Foram alguns minutos até que Jong In saísse do banheiro, devidamente vestido, com o cabelo molhado e bagunçado. Ele estava com a cabeça baixa, andando lentamente até a cama, se sentando ao lado de KyungSoo, encarando o chão, como se pensasse em alguma coisa.

– KyungSoo.

– Sim?

– Estava pensando... – disse Jong In, olhando para algum ponto à sua frente – ... Se você também havia ficado confuso e indeciso, sem saber o que fazer quando eu lhe pedi perdão ontem à noite.

– Está perguntando se eu mandaria você embora? - disse KyungSoo com um sorriso divertido – Definitivamente não. Mesmo se eu quisesse eu não conseguiria. Você já foi embora uma vez e voltou, não faz sentido te mandar embora de novo.

– E tudo isso por quê?

– Por que eu amo você, já te disse, não? - KyungSoo riu, olhando para Jong In.

– Eu sei, mas é bom ouvir isso – disse ele – Você é incrível, sabia?  

Jong In puxou o menor pela nuca, beijando-lhe intensamente. O maior se sentia a pessoa mais sortuda do mundo por ter KyungSoo, tudo o que ele queria agora era seguir sua vida ao lado do menor, ele pensava nisso enquanto brincava com os lábios de KyungSoo,  mas logo aquele momento foi encerrado pelo celular de KyungSoo, que insistiu em tocar.

Jong In soltou um suspiro enquanto se separava do menor e via ele atendendo o celular barulhento.

– Alô? – disse ele sem ao menos ver quem era.

O maior observava as reações do namorado. Ele ficou surpreso de repente, com os olhos arregalados e um sorriso, mas logo aquele sorriso foi morrendo e seus olhos ficaram tristes. KyungSoo se levantou e andou por todo o quarto, olhando para Jong In uma vez ou outra. Ele não dizia mais nada, só escutava, parecendo ficar cada vez mais triste. De repente, KyungSoo se despediu e encerrou a chamada, olhando profundamente para Jong In.

– Quem era KyungSoo? – perguntou Jong In, ficando, realmente, preocupado.

O menor engoliu em seco e apenas disse:

– Nós precisamos fazer uma viagem.

 

 

 

"Há uma música que está dentro da minha alma, eu a canto sob as estrelas. Eu desviei da tempestade, mas ela se dividiu em duas. Meu querido, fique acordado, não iremos dormir agora."

 

 

 


Notas Finais


Era pra isso ter saído tres semanas atrás, MAAAAAAAAS eu esqueci que estava em semana de prova, e não só de prova, mas de redação, trabalho, palestras e etc tbm.
Por isso já peço desculpa para vcs mais uma vez.
AVISO AVISO
esse cap ficou muito grande, então dividi ele em 2 u-u EUEHEUEHEU
Então vão ter que ficar comigo mais um pouco.
MAS OLHA QUE FELICIDADE, ULTRAPASSAMOS OS 100 FAVORITOS *palmas*
Eu estou muito muito muuuuuuuito feliz com isso, OBRIGADA A VCS COISAS LINDAS U-U
Até o próximo o/


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