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História 2008 Year teenager - Capitulo 23


Escrita por: minserhyuk

Notas do Autor


Oii pessoas que ainda lêem essa fanfic, graças a Deus que lêem, porque ultimamente tô merecendo uns belos tapas coff coff a Lin disse isso coff coff.
Enfim eu sei que eu disse que ia atualizar em três dias, e eu juro que eu escrevi o capítulo em dois dias, porém teve um problema com o moldem daqui de casa e não puder enviar para Lin o capítulo pra ela revisar e só tive internet hoje então vim correndo postar. Eu também disse que seria o último porém, não sei se vocês lembram mas um tempo atrás eu disse que ia fazer um final alternativo né? Onde eu mostro como eles estão nos dias de hoje, já que a história se passa em 2008 (Lola, acho que todo mundo já sabe disso amiga - Lin). Irei fazê​-lo e fechar a fic/ deixar vocês com um final felizinho e amorzinho (ou não - Lin). Então beijão até as notas finais.

Capítulo 23 - Capitulo 23


***Alguns dias depois ***

Minhyuk

Encarei-me no espelho com os olhos vermelhos de tanto chorar, a minha garganta doía como se tivesse algum objeto afiado nela, talvez não algo de metal mas um coração que fora tirado do meu corpo.

Encarei meu celular que estava bloqueado mas eu ainda o lia, exatamente cinco chamadas perdidas, igual aos cinco dias que haviam passado quando eu a vi.

Meu pulmão está cheio de ar, mas eu ainda não consigo respirar direito, da mesma maneira que a minha cabeça não está funcionando, ou nunca esteve e eu só notei nesse momento.

E exatamente nesse momento notei coisas que nunca havia notado antes, e se notei, fingi que não! Kihyun havia me mostrado a ficha médica da Rukia e nela claramente se lia “espancamento antes do acidente”, todas aquelas vezes que eu notei uma marca roxa, um sorriso triste e uma dor incomum a ignorei, querendo enganar a mim mesmo e dizendo que ela estava bem, mas ela nunca esteve.

Lembro-me do dia que ela sentou nessa cama – Que não deito já faz noites – e cuidou dos meus ferimentos, me pergunto quem cuidou dos dela? Não só aqueles que apareciam sobre a pele, mas aqueles que saíam a cada lágrima.

O eu que sempre esteve com ela na verdade sempre se encontrou um passo atrás da garota cheia de super poderes, aqueles que não podiam ser vistos por qualquer pessoa. Como a primeira vez que li o pequeno príncipe e enquanto o autor afirmava que havia desenhado uma jibóia engolindo um elefante eu só conseguia enxergar um chapéu, esse é o “” que se encontra hoje.

Ninguém mais olha para o lado, ninguém mais se ama, nunca encontrarei o meu eu perdido, assim como as pessoas se perdem todos os dias, estávamos vivendo embaixo da sombra com os olhos nas nossas vidas e esquecendo que o mundo não é somente nosso, que dividimos a terra com outras milhares de pessoas e que não estamos sozinhos na vida, nunca estivemos, nós só não prestamos atenção nas coisas ao nosso redor.

Mas no fim existe algo que não me arrependo, os momentos felizes que vivi ao lado dela, e uma coisa que eu tenho certeza é que ela também viveu desses momentos ao meu lado, ao lado de todos que ela amava, porque naquele coração coube coisas que ninguém conseguiria entender apenas a observando na rua, ela era mais que uma garota bonita.

"-minhyuk?

-O que?

-Você está calado, eu odeio quando as coisas ficam estranhamente calmas.

-Então eu devo falar algo? Como...

-Você não é forçado a falar nada- me interrompeu- eu sinto que eu falo de menos...

-Se você fala de menos, eu não sei quem é que fala demais- comecei a rir

-Você?- rimos juntos, mas eu ainda sentia algo estranho no ar, estávamos estranho naquela tarde

-Você acha que é realmente errado cabular aula?

-Acho que é necessário, o que é estudar se você não pode quebrar as regras? Qual seria a graça? No futuro quando estivemos velhos é formados não vamos lembrar dos dias em que fomos pessoas estudiosas ou as horas na sala de aula, é sim do puxão de orelha que recebemos quando fizemos algo errado.-começou a rir enquanto falava

-quando eu falo com algum hyung eles sempre dizem que os melhores anos são os escolares, eu sempre me perguntei como, e o porquê, agora eu consigo entender- olhei para ela sorrindo.

-Eu costumava ser tipo o jooheon na escola/vida.

-Você? Rukia? Aquela que tem as melhores notas? Se bem que você foi logo fazer amizade comigo, logo eu, aquele que não perde a chance de ir para a diretoria.

-Você não se lembra do primeiro dia de aula?-Começamos a rir ainda mais alto, tampei a boca dela com uma mão para não sermos pegos

-Okay, eu acredito em você, mas porque você mudou? - ficamos em um silêncio, enquanto ela encarava o céu.

-Eu queria para de me odiar- eu achei que não receber uma resposta seria ruim, mas as vezes o silêncio é a melhor escolha."

***

– Posso ir até o quarto dela?

– Fique a vontade querido – Falou com a voz calma e triste a mãe da Rukia, como se não se importasse com nada naquele momento.

Caminhei com passos lentos pela casa que estava de mudança, encarei aquela grande sala, já tinha ido algumas vezes àquela casa, que agora mantinha uma atmosfera sombria como nunca antes. Mas o que eu podia esperar? A luz que vivia ali, se apagou.

Mesmo sabendo que não havia ninguém ali dentro dei duas batidas na porta, iludindo a mim mesmo. Algo em mim ainda queria acreditar que tudo isso estava apenas sendo um sonho – pesadelo – e o que eu vivi era apenas uma mentira, mas nada mudou, eu não ouvi a voz dela novamente.

O quarto tinha um cheiro indecifrável, mas que de alguma forma ainda me lembrava a garota, as coisas estavam exatamente como antes, ou quase tudo. Um poster no lado esquerdo estava descolando, tentei o ajeita-lo – talvez, em minha mente bagunçada, eu deveria deixar tudo igual ao que era antes – o que foi em vão, acabei o rasgando com minhas ótimas habilidades em ser um desastrado. Olhei novamente a parede e nela a escrita de algo, com as letras da Rukia.

“Isso que nós queremos?

Jamais olhar para outros olhos novamente?

Você nunca irá falar comigo?

Não voltará a dizer que me ama?

Mesmo que me machuque

E minhas lágrimas caem como chuva

Será que mudando, podemos resolver algo?

Será que podemos mudar?”

Meu coração começou a dor, ele estava sendo cortado a cada palavra que eu lia, chorei, gritei, derramei aquelas lágrimas que não existiam mais, sangue descreveria melhor a composição daquilo que sentia percorrer em minhas maçãs do rosto, chorei, chorei até o meu coração se desmanchar completamente, não mais me importava com o barulho dos meu soluços, eu mal conseguia me manter em pé, até o momento em que nenhuma lágrima caía, e só a dor restara, só doía, profundamente. Arranquei todos aqueles pôsteres lendo todos o mais rápido possível.

“se eu estou com você, cada novo dia é muito especial”

“Palavra chave para encontros, são predestinados e infelizes”

– Rukia você estava errada, não sei quem planejou o nosso encontro, talvez eu possa dizer que foi o destino, porém eu posso te afirmar com toda a certeza do mundo, depois que nos encontramos, nunca fui triste.

“Eu não quero que você chore outra vez. Não chore mais"

"Eu farei você sorrir novamente”

“Todos os dias eu estarei esperando”

– Esperando quem Rukia?

“Você mostrou que acredita em mim”

– Eu sempre acreditei em você, como você acreditou em mim, obrigado por ter vivido comigo, eu nunca irei te esquecer.

Tirei fotos de todas aquelas frases que cobria toda a parede do quarto, e as mandei para Yuri, eu sabia que ela não poderia vir até o quarto dela, mas ela ainda precisava ler tudo o que ela deixou para nós, é como se ela soubesse o tempo todo que estava partindo.

Procurando por mais coisas encontrei um caderno que mais me parecia um diário, não seria errado eu ler ele, certo? Abri a última página e li o que estava escrito, o que mais me parecia uma carta de adeus.

“Não importa em qual mundo estou vivendo agora, mas eu sei que irei sair dessa vida feliz, porque eu estou com as pessoas certas e nas horas certas para me amar.

PS: eu amo todos vocês.”

Folheei as primeiras páginas tentando achar algo interessante quando vi o meu nome em letras grandes.

“hoje estou confusa, não de um jeito bom, mas de um jeito estranho, sabe aquela sensação onde você quer falar tudo que está preso dentro de você mas simplesmente não consegue e continuar calado? Esperando de alguma forma que as palavras simplesmente saíam da sua boca? Por isso o nome da página é Minhyuk, por que essa situação me lembra ele, como ele sempre põe tudo naquele coração pequeno, que bate mais rápido do que os próprios segundos, ele simplesmente não consegue seguir o ritmo das coisas, talvez essa seja a coisa que eu mais gostei nele.”

“Não, não, retiro o que eu disse, eu amo aquele seu sorriso aparentando que boca dele está com cãibra, é muito bonitinho... mas ainda parece que ele está com cãibra na boca... e eu estou rindo disso, por só ter notado agora. Bem, eu queria… eu queria tirar todas as preocupações dele, de alguma forma virar um tipo de tradutor e dizer tudo o que ele está sentindo, para que assim ele se sinta aliviado, como sei que as verdades que ele esconde não são tão fáceis de se dizer, eu só quero que ele saiba que pode contar comigo para isso, mas disso eu acho que ele já sabe.”

“PS: Deus se estiver me escutando agora, eu só queria dizer, pedir na verdade, para de alguma forma o Minhyuk seja aceito, por todos, eu quero que ele possa ser ele mesmo e amar a quem ele quiser sem medos, por favorzinho, faça o Minhyuk sorrir quando eu não estiver mais aqui.”

Destruído, essa é a única palavra que pode me definir no momento.

***

Entrei à sala de minha casa, que mais parecia um ninho de cobras, um cheiro suave de um incenso doce estava impregnado no local. Encarei as duas pessoas que estavam sentados separados em duas poltronas, quando ouvi o velho, ao que eu costumava chamar de pai, falar.

– Já criou o seu juízo?

– Juízo é algo que nunca tive.

– E nem consideração

– Meus pais não me educaram direito

Um silêncio constrangedor preencheu a sala, pude ver um sorriso no canto do rosto do meu pai

– Realmente, talvez se eu tivesse te batido mais vezes, hoje você não se deitaria na cama com outro homem

Cerrei os pulsos, engolindo as palavras em seco. Passei por eles para ir em direção ao quarto mas minha mente não parava de gritar comigo mesmo. Por algum motivo tomei uma coragem que nem eu mesmo sabia que tinha e voltei alguns passos para o encarar.

– Como se sente sabendo que seu filho não é como você queria?

– Eu não sinto nada, apenas arrependimento por não ter te matado quando ainda era um feto dentro da barriga da sua mãe, teria sido melhor assim, me traria menos desgosto

– Que pena, agora aqui estou eu, vivo e querendo mandar você ir a lugares nada agradáveis – Virei novamente – E a propósito, não se preocupe eu estou indo embora.

– Como assim indo embora? Pare agora mesmo com suas asneiras Lee Minhyuk!

– Eu estou indo embora, para o exterior, o mesmo lugar onde você mandou meu namorado, isso mesmo que ouviu, eu sou gay! E não vou mudar, agora lide com isso – Subia as escadas tremendo, sem conseguir acreditar em minha própria ousadia de ter falo tudo o que queria.

– Mais um passo e será deserdado.

– Não é como se eu precisasse de algo vindo do senhor. Pode fazer o que quiser, menos mudar o que eu sou.

– Isso é apenas uma fase, sua mãe irá encontrar uma bela mulher para você se casar, não torne as coisas mais difíceis seu menino insolente! – Uma lágrima desceu pelos meus olhos, lágrima de ódio.

– Filho, você não consegue entender que só queremos o seu bem? – Minha mãe que se encontrava calada finalmente se pronunciou – O que você acha que os outros vão pensar quando descobrir isso? O que será de nós? Omo, que vergonha, eu nem consigo imaginar. Você quer que eu e o seu pai, sejamos tão humilhados assim?

– É só nisso que vocês pensam? Em o que vão comentar? Que vocês serão julgados? E quanto a mim?! A minha felicidade?! Vocês não conseguem me entender e me aceitar? Eu não pedi para ser assim, eu não quero ser assim, mas o que eu posso fazer? Eu não posso mudar o que eu sinto! – Falei com voz de choro, as palavras saíram embargadas, eu nem pensava apenas falava tudo o que meu coração mandava.

Meu pai levantou-se jogando o jornal que estava lendo em minha cara

– Você é apenas um mal agradecido, um bastardo idiota, eu te dei tudo, e agora eu tenho que ouvir que isso é você? O que você é? Um assassino? Um sem rumo? Um drogado? Qualquer coisa é melhor do que isso que você está insinuando! Apenas cale a sua boca e suma, se não for do nosso jeito não quero te ver nem mais uma vez, desapareça, que eu irei fingir que nunca tive um filho.

– Se é isso o que deseja, assim eu irei fazer, eu não irei sentir saudades, como você disse, irei sumir da vida de vocês

Subi as escadas às pressa, dei algumas batidinhas no meu coração, ele doía tanto, eu não conseguia suportar tudo aquilo sozinho, doía, doía mais do que qualquer machucado na minha pele, preferia ter apanhado até fora dos meus limites do que ter ouvido aquelas palavras sem emoções. Me sentia um lixo, um imprestável, uma grande aberração, porque eu não era igual aos meu amigos, por que não podia ter uma vida normal? Aquilo me machucava tanto, eu não tinha nem o apoio da minha família, estava encarando o precipício sozinho. Mas não posso desistir agora, não depois de tudo que já passei.

Peguei a minha mala que estava no canto da sala e coloquei o que julguei ser mais importante, enchi uma bolsa com meu passaporte e dinheiro, se era aquilo que eles queriam, era o que eu ia fazer, eu ia ser feliz, longe de todos aqueles que me faziam mal, eu ia atrás da única pessoa que conseguia me fazer sorrir. Eu nunca o esqueci, nem por um segundo, todos os dias ele estava em minha mente, por mais distante que estivéssemos. Minhas lembranças de nossos dias juntos não desapareciam, não iriam sumir, eu nunca iria esquecê-lo e tenho certeza que ele não esqueceria de mim, adeus Seul e amigos, sentirei a falta de vocês.

***

Segurei o diário da Rukia em minhas mãos e com força o coloquei no peito, fiquei alguns minutos em silêncio, aquilo não podia ficar comigo, era uma das poucas coisas que ela deixou para as pessoas que a amam, e eu o deixarei aqui, com a pessoa que devia ficar com ele mais do que eu, eu também estava indo para longe que nem vi a Rukia, mas a diferença era que eu voltaria, eu prometo que irei voltar, estou indo atrás da minha felicidade. Era isso que ela queria, um final feliz, e eu sei que ela teve, nem todos os finais felizes terminam em um sorriso, e sim com o sentimento de dever cumprido, mas a única coisa que faz as histórias acabarem de verdade é um adeus sem volta. Então esse não é um fim pra mim e sim um recomeço de uma nova história. Yuri cuide bem das lembranças da Rukia.

Coloquei o diário na caixa de correio, respirei mais uma vez o ar gélido daquele dia. Bye bye Yuri. Peguei a minha mala e saí para recomeçar os meus outros capítulos de vida.

Yuri

Encarei as paredes brancas do meu quarto, aquelas paredes que encarei durante toda as férias, que me levaram do paraíso a loucura, que me corroeram e me consumiram por dentro, nunca tinha encarado algo por tanto tempo, com a pintura velha, algumas manchas das quais eu nunca dei a mínima, encarei-as com lágrimas no rosto, dias, meses se passaram, mas eu ainda podia ouvir claramente em minhas memórias a risada dela, de quando éramos crianças.

“– Você está com sono? – Vi a imagem dela se mexer ao meu lado, continuei em silêncio – Eu sei que você está acordada também – Tentei ficar imóvel para ela desistir de conversar comigo, estava muito cansada e a única coisa que eu queria era dormir – Yuri, fale comigo, Yuri do meu coração, por favor

– O que foi Rukia? – Cedi seus apelos e abri os meus olhos, mesmo com eles abertos eu não conseguia enxergar nada com a escuridão do quarto.

– Como você consegue dormir em um lugar diferente?

– Por que eu estou cansada dá viagem, você deveria fazer o mesmo

– Mas eu não consigo.

– Então me deixe dormir por você.

– Não, eu quero conversar

– Sobre o que?

– Nada específico.

– Você nem tem o que falar…– Fechei os olhos após uma luz vindo da lanterna atingi-los

– Desculpa – Apontou a lanterna na parede – Já percebeu que se você olhar direito a parede consegue ver desenhos?

– Como assim? – Olhei a parede tentando ver algo além de uma tinta branca e algumas manchas

– Encare as manchas e elas com o tempo formarão desenhos, eu li isso em algum lugar – Colocou a mão no queixo pensativa – O que você vê reflete o que o seu subconsciente está querendo dizer

– Você deve estar sonhando, boa noite Rukia – Fechei os olhos e tentei voltar a dormir”

– Você tinha razão Rukia, as paredes às vezes conversam comigo, por mais louco que isso pareça.

O silêncio voltou depois das palavras que mais saíram como um sussurro para mim mesma, mas dessa vez eu não tive resposta, apenas um silêncio que não tinha mais fim.

Dizem que pessoas que pensam demais, são melhores, mais inteligentes, e se saem melhor na hora de resolver algum problema. Eu discordo completamente disso, para mim, pensar demais virou um certo tipo de autopunição, eu já estava virando uma masoquista, querendo sentir a minha própria dor dia após dia, desfrutando ela sozinha todos os dias, ultimamente eu só tenho pensado apenas mais uma forma de tortura, segundos, minutos, horas, dias se passam, e a única coisa que consigo fazer é rolar pela cama, odiando cada movimento meu.

Tomei mais um banho demorado, e me vesti completamente sem ânimo, mesmo que eu não quisesse encarar o mundo, eu ainda precisava dele, eu ainda vivia pisando em solo, e me alimentando dos elementos que ela me dava, ou quase isso. Esqueci-me dá última vez que engoli algum alimento decente, no meu lixo apenas se acumulavam pacotes e mais pacotes de lamen. Abri o meu armário e nada tinha lá, assim como na geladeira, precisaria comprar coisas novas, eu ainda estava me esforçando para me manter viva, eu ainda tinha um pouco de luz naquela grande escuridão que me cercava.

Pus os meus pés a andarem, passos a cada suspiro entediado, resolvi passar no mercado próximo. E claro, ao chegar já conseguia sentir alguns olhos, e pior, conversas direcionadas a mim

– Ela não recebeu a herança da família?

– Sim, omo, é ela mesmo, fiquei sabendo que depois da morte da amiga ela desistiu de tudo

– Também, ela sempre foi uma desnaturada sem pais, coitada da pequena Rukia que se foi. Morreu tão jovem e a única amiga dela está completamente lamentável.

– Ouvi dizer que a mãe da garota deixou tudo pra ela, ela até saiu do país com o marido e a outra filha.

– E o que ela fez com todo o dinheiro? Anda por aí desse jeito.

Não me permitiria ouvir mais aqueles comentários, deixei minhas compras no caixa e sai tentando conter as minhas lágrimas, correndo para me trancar no meu pequeno mundo.

***

Ouvi algumas batidas na porta, sorri um pouco, ele continuava a bater em um ritmo, só de ouvir sabia exatamente quem era, não tinha outro pessoa no mundo que batucava na minha porta, na verdade, ninguém aparecia a dias naquele lugar desprezível que era a minha casa.

– Por que continua vindo e fazendo tanto barulho? Entre logo, você sabe que é bem vindo – Lentamente vi a porta se abrir e um rosto familiar aparecer logo atrás.

– Você reclama demais – Fez careta, entrou no quarto e sentou do meu lado. – A sorte é que eu tenho a chave da sua casa, se não me mataria de tocar a campainha.

– Eu não estou esperando visita

– Então isso quer dizer que eu já sou da casa, bom saber.

– Já que é da casa, pega lá os pratos pra gente comer

– Que folgada – levantou-se e foi até a cozinhar pegá-los. Do lado de sua bolsa tinha um caderno fechado, a curiosidade falou mais alto.

– Que caderno é esse?

– Eu não sei, você que deveria saber, estava no seu correio – Olhei por cima e o joguei na cama, não teria tanta importância mesmo, era o que eu achava no momento.

– Você que fez?

– Eu queria dizer que sim, mas a última vez que tentei cozinhar troquei o óleo por vinagre e quase taquei fogo na casa – Soltei o máximo que consegui de uma risada, mesmo não sendo alta o suficiente, só o Shownu conseguia me fazer esquecer um pouco de todo o remorso que eu vinha sentindo os últimos tempos.

– Como está indo o treino?

– Continuo sendo o melhor, eu já disse,eu vou ganhar as olimpíadas e vou te dar a minha medalha é uma promessa – Dei umas batidinhas nas suas costas

– Não se esforce por mim, ganhe por você seu idiota.

– Em falar nisso, você precisa fazer sua matrícula – Tudo ficou silencioso novamente… – Yuri você não pode simplesmente desistir de viver.

– Como não? Eu tenho o direito de escolher como eu devo ou não viver a minha vida

– Mas essa não é a maneira certa – Sentou na minha frente tentando me convencer.

– Olha, eu não preciso de muito, uma casa, comida, e um emprego simples é suficiente para mim.

– Mas não é isso que você quer de verdade, vamos Yuri, onde estão os sonhos que tinha? Você era tão certa de si, sempre sabia exatamente o que queria, defendia sempre tudo que achava errado, encarava qualquer desafio que quisesse, agora tem medo dá sua sombra, não olha mais nos olhos de ninguém, você apenas escuta e ignora, foge dos seus deveres, isso não é viver tranquilamente ou estavelmente, é ter medo de encarar a vida, você não está vivendo, você apenas está existindo.

– E se eu quiser apenas existir?

– Eu não irei deixar isso acontecer

– Você tem alguma escolha sobre a minha vida?

– Não eu não tenho, mas-

Após seu suspiro, o silêncio constrangedor voltou a tona, continuamos calados como dois estranhos, miúdas coisas não haviam mudados, as coisas não mudam de um dia para o outro, elas simplesmente não aparecem e somem ao passar dos dias, você tem que acertar algo para sua vida mudar, mas como fazer algo ou ter coragem de mudar algo se todos os dias você é a mesma? Faz as mesma coisas, tem os mesmo pensamentos, do que adianta ouvir conselhos se a sua opinião já está formada, do que adianta viver se eu morrerei um dia? Eu não sei responder, mas é porque ainda não existem respostas, nem todas as perguntas têm resposta, e nem todas histórias explicam tudo no final, o leitor também precisa fazer a sua parte e tentar descobrir o que tudo que ele acabou de ler significou para ele, o que adianta eu explicar algo que ninguém iria compreender? É igual a falar coreano para uma pessoa que só aprendeu a falar alemão, ele só olhará a situação e tirará suas próprias conclusões, as vezes é preciso de uma interrogação para deixar uma imaginação fluir.

***

Changkyun

Levantei da cama pensativo, como se tivesse tido o sonho mais complicado em toda minha vida, porém não era um sonho, por mais que eu quisesse se fosse, minha cabeça diz que é, mas o meu coração se aperta por que ele sabe que eu estou apenas me confortando, dia após dia. Levantei e pente-ei o cabelo com a mão, esperando de alguma forma que aquele pequeno gesto, fosse mudar a minha cara de acabado. Pergunto me como? Por que ela? E porque agora. Parece uma história mal feita, e tragicamente contada. Sentei me no chão, e tampei meus olhos com uma mão, tentando lembrar de algo, mas o que eu estava procurando entender? Não dá para entender algo que não tem explicação, como uma morte.

"-Então você está roubando o meu lugar como nerd dá sala? Cuidado as pessoas vão se aproveitar de você- tentei rir, mas continuava indignado.

-Desculpa não era a minha intenção, eu acho. Ninguém irá se aproveitar, nem tem como.

-No mínimo essa pessoa vai apanhar dá Yuri

-Não fala assim dela, ela é uma amorzinho tá?-Concordei com a cabeça para não irrita-la 

-Que faculdade você pensa em ir?

-Não sei, a que eu consegui !?

-Como assim não sabe ? Você tira ótimas notas e não tem nem uma meta?

-E eu preciso?

-Claro que sim, rukia- falei um pouco desnorteado.

-Eu apenas tiro boas notas para agradar o meu padrasto, só isso, sem sonhos 

-Então você deve gostar bastante dele.

-Eu não gosto de nada para falar a verdade.

-Como não? -parei um pouco para pensar- bem, você gosta de viver.- ela apenas sorriu

-Eu gosto de você.- parou na minha frente e fez uma cara fofa, eu acho que naquele momento eu me sentia um tomate humano, eu não esperava aquilo.-E você o que você gosta?

-Nem sei mais- estava tão desnorteado com a resposta dela que não sabia nem o meu nome- por que você gosta de mim? Quer dizer, deve ter algo em mim que você gosta.

-Eu preciso gostar de algo específico em você ?- me olhou surpresa- o meu coração apenas faz boom boom -bateu no peito sinalizando um batimento cardíaco- , quando eu te vejo, precisa de mais?

-Não- sorri sem graça

--Eu precioso de permissão para gostar de você também?

-Você também não precisa disso Rukia, mas...

-Não é como se eu te visse te obrigando a gostar de mim, você não precisa fazer isso, só está comigo é o suficiente. - caminhamos em silêncio até a casa dela."

-Porque eu estou pensando nisso agora?- baguncei novamente os meus cabelos e me joguei no chão, droga.- desculpa não poder fazer o seu coração bater agora Rukia.

***

– Você vai viver a vida toda na minha casa?

– Primeiro eu só estou aqui a alguns dias, segundo, a casa é dos seus pais e eles me amam

– Não amo não, quem te disse isso? – Falou meu pai, me segurei para não rir

– Sua mulher disse que eu sou como um filho… – Vi um jornal atravessar a sala e acertar no jooheon

– Pai, doeu!

– EU NÃO SOU SEU PAI – gritou meu pai dá cozinha ouvindo a resposta do jooheon.

– Ok, okay, não se estresse.

– Acho que tudo está voltando ao normal hm.. – Sem querer aquelas palavras saíram da minha boca, provocando um silêncio inquietante.

Os dias haviam passado como se fossem horas, tudo estava da mesma maneira, do mesmo jeito que tudo havia mudado dentro de nós, porém continuávamos calados vivendo dentro de nós mesmo.

– Isso está me dando um grande dor de cabeça – Minha mãe soltou aquelas palavras tentando desfazer o vazio que minhas palavras fizeram.

– Qual é o problema mãe?

– Um caso sem solução, sabemos quem é o culpado mas não temos como provar, e isso está me tirando do sério.

– Deixa eu dar uma olhada – Peguei os papéis da mãos dela e dei mais uma olhada, até ver o nome do pai do jooheon nas folhas.

– Jooheon, me faz um favor!

– O que foi?– pegou as folhas da minha mão, enquanto minha mãe exclamava para o outro parar de ler algo que seria confidencial, tentando em vão tomar os papéis das mãos de Jooheon – Não acredito!

– O que foi garotos? Devolvam essas folhas!

– Você salvou a minha vida – Exclamou de alegria o garoto, dando um abraço apertado na minha mãe, sendo encarado feio pelo meu pai

– O que está acontecendo? Podem me explicar?– Falou novamente minha mãe saindo dos braços do Jooheon, que saiu em disparada pelas escadas atrás de algo.

Não demorou muito e novamente o Jooheon estava na sala, agora um pouco sem fôlego e cansado, respirou fundo e levantou um pendrive

– Todos os seus problemas estão resolvidos agora

– Como?

– Veja com seus próprios olhos

Jogou o pendrive em cima da mesa e foi pegar o notebook que estava próximo, o conectou ao computador e alguns segundos vários arquivos foram abrindo. E aos poucos a minha mãe foi lendo ficando cada vez mais chocada com o que lia.

– Para mim esses arquivos não fazem tanto sentido, mas acho que serviu pra você – Falou o Jooheon confuso

– Estava aqui tudo que eu precisava, lavagem de dinheiro, imprensa fantasma, tráfico de drogas. Jooheon o que está fazendo é algo sério, com isso o seu pai não vai sair da cadeia tão cedo

– Esse seria o meu sonho? – Riu sem graça

– Uma assinatura do juiz e ele já está acabado. Vamos pegá-los.

Jooheon

– Alguma última palavra que queira me dizer?

– Eu deveria ter te mandado para bem longe quando pude.

– E porque não mandou? – Dia o encarando através do vidro que nos separava

– Pensei em falso, achei que arrumando um bom futuro para você seria a melhor escolha para me livrar, mas olha aí você, virou um sentimental ridículo depois que conheceu aquela garota, como é mesmo o nome?...ARG não importa, eu achando que você não podia piorar – Encostou-se na cadeira

– Quem não pode piorar é você, como está se sentindo agora? Abandonado? Agora você consegue sentir o que eu sempre passei, essa grande angústia no coração – Falei tentando segurar a lágrimas, ouvi o riso do meu pai ecoar pelo lugar fechado

– Angústia? Se sentir abandonado? Isso é para pessoas fracas como você. Eu não ficarei aqui por muito tempo, o meu advogado está cuidando de tudo, todo o seu esforço Lee Jooheon, não serviu para nada, você continua sendo a mesma criança de anos atrás, que coloca roupas escura e fecha a cara para chamar atenção, pensa irracionalmente, pensa que sabe de algo mas ainda é um completo inútil, esconde os sentimentos por trás de cicatrizes na cara, você Jooheon, é igual a mim no passado, e olha no que eu me tornei, você também será assim, olhe bem para mim, esse é o seu futuro – Eu queria apenas quebrar todos os dentes dele, fazê-lo calar aquela boca que só falava palavras ofensivas, soquei o vidro na minha frente, mas só causou um grande estrondo, continue socando, mas nada mudava

– EU, NUNCA, NUNCA SEREI IGUAL A VOCÊ! VOCÊ, NÃO SABE ABSOLUTAMENTE NADA SOBRE MIM, ENTÃO NÃO OUSE FALAR COMO SE ME CONHECESSE, ESPERO QUE APODREÇA NO INFERNO, ONDE É O SEU LUGAR – Alguns guardas do local que viram a confusão foram me retirar, afirmando que esse tipo de reação não é aceitável, mal eles sabiam o que eu queria falar para aquele velho nojento, aquilo nem tinha sido o começo, e não seria o final, eu ainda iria ver aquele velho andar pelo próprio sangue

***

– Quando minha mãe se tornou tão pequena? – Abracei ela mais apertado – Quando eu era menor me lembro que você me abraçava e me cobria em seus braços agora sou eu que estou te cobrindo com os meus.

– Honey, é tão bom poder te ver de novo, eu senti tanto a sua falta– Chorava a minha mãe, limpei as suas lágrimas.

– Mãe não se preocupe com o passado, eu vivi bem, eu não posso ser o melhor exemplo de filho mas eu dei o meu melhor, te ter aqui e como se fosse um presente por ter feito algo bom por alguém alguma vez, mesmo que eu não saiba quando – Sentei ao seu lado segurando a mão dela – Os piores dias da minha vida já se passaram, agora eu estou aqui com você, sabe o quanto eu sonhei com esse momento? Eu pensei tanta coisa, eu pensei que tinha te perdido para sempre, mas só foi questão de tempo para eu poder te encontrar, agora que eu te tenho eu sou o garoto mais feliz.

– Meus pequeno Honey – Olhou carinhosamente para mim, passando a mão em meus cabelos – Vamos ser felizes agora, certo?

– Certo – Sorri novamente como antes.


Notas Finais


Estou um pouco destruída depois de reler esse capítulo, eu permito vocês a me xingarem a vontade, eu entenderei, estou muito destruidora nesses últimos capítulos não é mesmo? Hm, bem, devo me redimir com vocês certo? Próximo capitulo eu farei vocês sorrirem, uma vez pelo menos.. beijos, até o próximo/ último. (Dessa vez vai ser o último mesmo, se essa enrolada permitir, pq né.. - Lin).


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