História 2008 Year teenager - Capítulo 24

*2008*

Yuri

Fechei os olhos querendo me convencer que aquilo tudo era um sonho, que eu poderia os abrir e tudo não passaria de um dramático e melancólico pesadelo, mas mesmo que o tempo passasse nada mudava, talvez eu que devesse acordar do meu sonho, aquele que eu criei após tudo isso, talvez o problema fosse exatamente esse, eu não querer acordar da imagem que havia criado para me iludir todos os dias, a imagem da minha melhor amiga correndo para o meu abraço, dizendo que tudo ficaria bem, era o único conforto que a minha mente me oferecia, mas o pior era que no fundo eu sabia que aquilo não passava de uma farsa.

Levantei-me relutante, vesti aquela mesma roupa velha de dias e me preparei para encarar o mundo lá fora, novamente a mesma rotina que já havia se tornado uma tortura na qual me prendia, minhas notas não eram mais tão boas, meu celular parou de apitar, no estoque do meu armário apenas lamen e água na geladeira. Aquela não era uma vida, tinha quase certeza que presos tinham dias mais animados que os meus, eu tinha plena certeza.

A rotina me prendia, me fazendo quase não respirar, mas ela também me mantinha seguindo o fluxo, como costumava ouvir, “camarão que dorme, morre afogado” ou algo assim, quem liga? O importante era que eu estava completamente cansada e a minha cama estava me chamando, se não fosse pelo Hyunwoo.

-Vamos sair - começou

-Por favor, não. - falei tentando permanecer na cama

-Você não pode ficar só aí isolada, vai ficar parecendo uma baleia, vamos.

-O que você tem contra as baleias? Elas são legais.

-Só levanta logo daí, anda.

-Mas que porra Shownu - me exaltei com raiva - eu já disse que não quero sair, que droga!

-Então você vai viver o resto dá sua vida aqui? - rebateu em voz alta - eu não consigo mais te ver se afundado cada vez mais, é isso que você quer? Você nem se permite mudar, nunca se permitiu, você se acostumou a ter a Rukia aqui, mas ela não está mais e você tem que lidar com esse fato! - o encarei com lágrimas no olho - Yuri, nenhuma dor dura para sempre, você não é a culpada por isso, ninguém é, eu sei que vai parecer clichê isso, mas, tenho certeza que ela gostaria que você seguisse em frente, que conseguisse viver a sua vida sem medo, que porra, é o que eu realmente ‘tô vendo? Se eu falasse assim um tempo atrás, você teria me dado uns cascudos e me xingado até não haver mais xingamentos possíveis, onde está a Yuri? Por que eu a quero de volta. - parou-me encarando, ele tinha a completa razão, só que me faltava ânimo, algo dentro de mim precisava ser religado, mas eu tentaria, eu daria o meu melhor.  O vi se aproximar e me colocar entre os seus braços, aquele abraço foi o mais acolhedor que senti em toda a minha vida. Obrigado Shownu, por estar comigo.

***

Sentei me cansada de mais um dia exaustivo, conseguia sentir-me viva daquela forma, então agradeci pelo dia puxado. Joguei-me na cama sentindo um pequeno incômodo  onde pus minha cabeça, tateei tentando alcançar o que me incomodava e entre a cabeceira e o colchão tirei um caderno, que mais parecia um diário de uma criança de cinco anos. Abri em uma página qualquer dele e comecei a ler.

“Data: Eu não faço ideia de qual dia é hoje, mas vamos fingir que eu coloquei a data certa aqui, não é tão importante.

Hoje foi um dos melhores dias da minha vida, não que tivesse acontecido algo de extraordinário nele, ou fosse um dia completamente diferente dos outros.

Hoje eu pude provar dá tristeza, mas é algo no qual me orgulho, uma vez ouvi alguém falar “Você só sabe que é o fundo do poço porque você já viu como é na superfície”.

Eu hoje conheço a tristeza, porque algum dia eu provei da felicidade, e sou agradecida por isso, por ter em algum momento provado coisas realmente boas.

Minhas costas doem como nunca doeram antes, mas por um momento, todas as minhas dores pararam, todas as vezes que fiz alguém sorrir, essas foram as coisas mais gratificantes que provei, agora eu sei que cada escolha que fiz me levou a um final diferente, essa é a vida, onde até mesmo um passo dado a menos poderia mudar toda história, não sei se as escolhas que fiz foram as certas, mas eu sei que elas me fizeram ser o que sou hoje, uma garota forte e que tem orgulho da sua fudida história de vida “

Minha última lágrima caiu, mas dessa vez não foi por tristeza, e sim por orgulho de poder ter feito parte da história de uma garota tão amável como a Rukia.

Pequena filha da puta, você não tinha noção de como eu te amava, na verdade você tinha e muito. Se você estivesse aqui, estaria que nem o Shownu me arrastando para todos os lugares, fazendo um pequeno show enquanto dizia “o que você está fazendo da sua vida? Levanta a porra da bunda da cama e vamos sair”, você faria isso não é? Você também não está aqui e te culpar por isso não é certo, não é a melhor maneira de lidar com isso.

Um sentimento de culpa e força de vontade surgiu em mim, algo que não achei que sentiria novamente. Peguei o meu celular apertando na tecla 3.

-Alo? Já sentiu a minha falta?

-Por favor se controle, até parece. - bufei ouvindo uma gargalhada do outro lado da linha

-Mas por que me ligou?

-Eu aceito

-Aceita….?

-Eu não posso mais viver assim, eu não aguento mais isso, escute direito só irei falar uma vez isso

-Pode falar…

-Me ajude a sair dessa.

Minhyuk

Encontro-me admirando a passagem em minha mão, isso era mesmo real? Eu tinha feito tudo aquilo? Não acreditava em mim mesmo, estava convencido que acordaria daqui a algumas horas, me lamentando novamente pela minha vida.

Mas não foi isso que aconteceu. Ouvi o meu voo ser chamado, e tratei de levantar-me rapidamente, meu coração estava acelerado, era como se eu fosse ter uma parada cardíaca a qualquer momento. Respirei fundo e fui em direção ao meu destino. Não pude evitar a lembrança do dia que dei adeus ao meu amor nesse mesmo lugar, mas sorri por saber que eu estava indo procurá-lo. Do mesmo jeito que minha cabeça por algum motivo me enchia de paranoia, “e se ele não se lembrasse de mim?” “Acho muito difícil, mas e se ele tivesse me esquecido completamente?” “Como ele poderia?” Eu só conseguia pensar nele todos os dias e sentir a sua falta constantemente “mas ele também sentia a minha?” Tinha certas dúvidas sobre tudo.

Sentei-me na poltrona reservada, e encontrei a minha cabeça na mesma, dormiria um pouco para poder esquecer aqueles pensamento e acalmar meu coração que não teve descanso um dia se quer desde a despedida dele.

Acordei com dor nas costas e a claridade do avião cegou meus olhos.

-Senhor, já chegamos - avisou a aeromoça

-Thank you - tentei falar o meu inglês, que como sabem era incrível (SQN)

Chamei um táxi e falei o nome da universidade que estava indo estudar, pelo menos foi isso que os meus pais disseram a todos, mas aquele não era o verdadeiro motivo que estava indo para lá. Claro, “estudar”, pois “eu era o garoto mais perfeito e disciplinado da Coréia, que veio de uma família tradicional”. Não pude conter meu riso, fazendo o motorista me encarar como se eu fosse louco por estar rindo sozinho.

-Is a Joker...HaHAHa,you understand me?- o vi balançar a cabeça em sinal de sim e me ignorar depois, ele realmente me achava um louco.

***

-Hello América - Pus meus óculos escuros e ajeitei meu cabelo loiro.

Coloquei meus pés naquele grande campo da universidade, observando todos aqueles jovens, alguns asiáticos, americanos, latinos, realmente tinha de tudo naquele lugar, o que me fez sentir saudades de casa, não necessariamente da minha casa, mas da minha antiga escola e amigos, eu sentiria falta deles.

Andei pelos corredores do dormitório procurando o meu quarto, 322...323 ...324…

-Achei - dei um pequeno gritinho, logo depois duas batidas na porta e abri um grande sorriso.

- Hi, i think you're my new rooma-…- congelou por uns minutos quando prestou atenção com quem estava falando

-Min..Min...Hyuk

-Surpreso em me ver Hyungwon? - Fiz uma expressão brincalhona

                *** Nos dias atuais ***

Shownu

Sequei o meu cabelo e me encarei no espelho, os fios agora estavam crescidos e pintados em uma cor mais clara. Sorri ao olhar o meu troféu em cima da bancada, aquilo era o meu melhor orgulho, a minha preciosa medalha olímpica, existia título mais nobre para um sonhador como eu? Finalmente me sentia feliz comigo mesmo

-Querida, se arruma logo vamos chegar atrasados, por favor - apressei a Yuri, ouvindo seu resmungo de longe.

-Não vamos você que é pontual demais, ninguém chega na hora certa, deixe comigo - eu sabia que se eu ouvisse a frase “deixe comigo” e assim fizesse, a festa acabaria e ela ainda estaria de pijamas.

-Por favor, sem enrolar, estou te esperando lá em baixo, RÁPIDO.

-Tudo bem, calma, eu já ‘tô indo.

***

Conseguimos chegar no horário marcado, o que não foi algo fácil de fazer, onde tive que apressá-la a cada 5 minutos, mas com muito esforço consegui arrasta-la de casa. Sorri ao ver o Changkyun e a Suzy já sentados na mesa reservada, os cumprimentei.

-O quão difícil foi tirar essa garota de casa?

-Muito - ri de nervoso

-Que mentira, eu queria dizer que eu só vim porque estava afim, okay?

-Vamos fingir que acreditamos - brincou Suzy

-Só tem vocês dois aqui, e agora nós, não acho que chegamos atrasados, vocês que estão adiantados demais - murmurou Yuri

-Isso parece um encontro duplo de casados

-Não brinca com isso, é capaz dá Yuri sair correndo.

-Tarde demais, já pensei nessa possibilidade - fingiu que ia embora, mas voltou rindo.

Pedimos algo para beber, enquanto esperávamos todo o resto. Aos poucos cada um foi chegando e se sentando onde se sentia confortáveis, toda a nossa turma estava ali, alguns mudaram completamente, outros continuavam a mesma coisa. Porém não somos mais aqueles adolescentes bobos e trouxas, 8 anos haviam se passado, e muitas coisas acontecido sei bem disso, nosso sonhos foram se tornando realidade, outros foram esquecidos, alguns já tinham família, e grandes histórias para contar.

-O Wonho não vem? - perguntou uma das garotas curiosa, aquelas mesmas que na época dá escola, não conseguia ver nada além do seu querido “Oppa”

-Não tenho certeza - respondeu a Yuri pensativa - ele avisou que vinha, mas até agora nada.

-Não vamos esperar ele, estou quase ficando desidratado - Jooheon falou pondo a mão na barriga.

Quem diria que o velho garoto de cabelos vermelhos, rebelde, hoje estaria um verdadeiro homem crescido, tinha os seus cabelos em cor natural e usava um terno azul, parecendo um homem de verdade. Ele tinha amadurecido bastante estava orgulhoso do menino por finalmente ter tomado juízo. Antes eu acreditava que ele não ficaria tão bem depois da morte da Rukia, mas ele cresceu bem, agora com todo o amor materno que o faltou, como também melhorou todas as suas notas e tomou conta da empresa do pai, que estava indo a falência. Hoje Jooheon é um das caras mais influentes da Coréia, quem diria em Jooheon, que você um dia se tornaria assim?

-Por favor, mais modos - reclamou o Kihyun, enquanto ajeitava os seus óculos redondos.

-Por que o velho mau humor querido Kihyun? Matou alguém no hospital?

-Isso não é coisa que se fale Jooheon, e não, nada de errado aconteceu

-Claro que não, todo mundo sabe que você é apenas chato naturalmente, não precisa se explicar, a gente entende - atacou a Yuri, não pude segurar a minha risada, ela estava certa.

Kihyun se tornou um bom médico, hoje tem até mesmo o seu próprio consultório, o que todos nós já imaginávamos para ele. Sempre se dedicou bastante aos estudos e não me surpreende ter conseguido cumprir todos os seus objetivos da adolescência, porém isso custou muito do seu tempo e dedicação, era o solteirão do grupo, depois de terminar com a minha irmã, nem teve oportunidade de namorar alguém de novo, imagino ser uma vida de certa forma cansativa.

***

-Agora que todos já comeram, eu e Changkyun temos algo a dizer - todos nós olhamos, prendendo a atenção no casal de namorados.

Mas a atenção foi cortada quando ouvimos gritos de fora do restaurante, a porta do local foi fechada e um homem com óculos escuro e roupas de marca entrou por ela vindo em nossa direção.

-Como vão meus queridos amigos - tirou os óculos e sorriu.

-Oppa! - não se conteve a garota, todos caímos na gargalhada

-Achei que era alguém mais importante - provocou o Jooheon recebendo um dedo do meio do Wonho - Vocês viram isso? Alguém tirou uma foto? Vamos acabar com a carreira do Shin hoseok!

-Acho que vocês não vão conseguir já me acostumei com pequenos escândalos assim, isso não me afeta, aigoo, vocês estão tão velhos e eu continuo completamente lindo, não estão com inveja?

-Guarde o seu lado narcisista para depois, não tá vendo que estamos em um momento importante? - o interrompi

-O que tá rolando?

-Então… voltando, o que gostaríamos de dizer é - falou o Changkyun

-Que batam os tambores! - brincou o Jooheon e todos começaram a bater as mãos na mesa

-Todos vocês estão convidados para o nosso chá de bebê... a Suzy está grávida - Houve um pequeno silencio enquanto todos olhavam para os dois, logo os sorrisos começaram a surgir. 

-Finalmente em! - Alguém gritou e logo todos da mesa começaram a comemorar e fazer pequenas provocações ao Changkyun. Coitado..

-Se o objetivo de vocês eram me fazer inveja... conseguiram. - falou rindo o Kihyun.

-Todo mundo bem, tudo muito lindo e a pergunta que não quer calar é, quando os dois bonitinhos começaram a namorar? - apontou o Hoseok pra mim e a Yuri

Perguntei-me também, como tinha dado certo? Nem eu mesmo sabia, talvez na vez em que estávamos sentados na sacada de um prédio, ou talvez no momento em que eu era o único que estava com ela, eu não sei dizer, nem sabia dizer se estávamos realmente juntos, não éramos um casal perfeito como o Changkyun e a Suzy, ou nos amávamos quanto um dia o Jooheon amou a Rukia, mas sabíamos lá no fundo, que precisávamos um do outro.

-Acho que você é curioso demais, ninguém quer saber disso e não irei falar sobre - se encostou à cadeira e cruzou os braços

-Ta bom, você que sabe, mas eu estou orgulhoso de você Yuri - falou o Jooheon sério

-Por quê? - perguntou confusa

-Você com certeza foi a que mais sofreu com tudo o que aconteceu - todos agora estão sérios encarando ele - eu achei que não ficaria bem, mas agora tudo parece tão perfeito.

-Você fala como se tivesse sido tudo super fácil, como em um livro de contos de fadas, no começo foi a pior parte, onde tive que juntar toda a minha força de vontade, várias consultas com um psicólogo, e um pequeno diário, me fizeram ser feliz hoje, ah - levantou o dedo lembrando - O Shownu também, obrigado por estar comigo - a vi olhar para mim e sorrir

-QUEM DIRIA, ESSA É MESMO A YURI?- E toda a mesa foi a loucura, jogando comida em ambos, todos estavam felizes e animados naquele dia.

Sei que não éramos perfeitos, nem tínhamos a melhor vida entre todas as pessoas do mundo, nem éramos diferentes dos outros, apenas adolescentes que cresceram com a vida. Rukia, eu sei que está orgulhosa de nós, agora, vamos beber até não aguentar mais, afinal somos adultos e podemos agir como adolescentes essa noite.