" Que frio do inferno !"
A única coisa que eu queria naquele momento era minha casa, minha coberta e meu travesseiro aconchegante. Mas eu não ia voltar, eu não podia. Instantes antes, briguei com minha mãe, oque não era novidade para ninguém da minha família. Ela e eu éramos tão iguais, mas ao mesmo tempo, éramos totalmente diferentes. Ela achava que tudo que eu fazia era errado e irresponsável, e eu sempre achava que eu estava certa. Esse era o problema, sempre me achava certa.
Fui caminhando pelas ruas de Los Angeles, que estavam literalmente desertas, o único sinal de vida que se percebia, era a música das boates e as risadas das pessoas que era evidente que estavam embriagadas . Como essas pessoas são loucas de sair nesse frio ? pensei. Passava as mãos pelos meus braços nus , na esperança de me aquecer. Queria muito voltar para minha casa, voltar para minha mãe e pedir desculpas por tudo oque falei para ela, mas o meu orgulho era maior.
- Tá perdida ? - Uma voz rouca disse, e percebi que estava atrás de mim. Meu coração disparou, levei um leve susto, aquele cara brotou do nada. Fui virando lentamente, indo de encontro ao seu rosto. O homem tinha uma barba rala e os cabelos arrepiados, mas oque me chamou mais a atenção foi seus olhos azuis. Eles eram uma mistura de várias tonalidades de azul, oque o tornou mais atraente para mim.
- Quem ? Eu ? - Perguntei , mesmo já sabendo a resposta.
- Tem mais alguém aqui ? - Aquela pergunta soou muito rude, mas eu não me incomodei.
Olhei para baixo. Meus sentimentos eram uma mistura de medo, tristeza, prazer e ansiedade.
- Não , não estou perdida .... - Respondi baixo, mas ele ouviu. Concordou com a cabeça e tirou de seu bolso uma caixinha de cigarros. Eu parecia uma tonta o observando a alguns metros, mas na verdade eu estava esperando ele continuar a conversa. Ele colocou um cigarro entre os dentes e acendeu. Ele ficou uns 40 segundos observando a rua, em silêncio. Já estava me virando para continuar a minha caminhada sem destino , quando ele completou:
- Sabe, eu até te daria um cigarro - Ele disse soprando toda a fumaça de sua boca - Mas você não é do tipo quem fuma.
- Quem é você pra dizer se eu fumo ou não ? - Retruco
Ele estendeu a caixinha , e eu a peguei com receio. Nunca tinha fumado. Coloquei o cigarro na boca , estava pirando, e ele acendeu o isqueiro perto de mim. Me aproximei mais perto do fogo, ficando vesga, oque arrancou um sorriso dele. Pronto, meu cigarro estava aceso, só faltava eu dar a primeira tragada. Ele me olhava de canto de olho, numa expectativa bem grande. Puxei o ar e logo comecei a tossir. Ele riu e disse:
- Me diz a verdade. Você nunca fumou, né ? - Ele disse sorrindo
Olhei para o cigarro e depois olhei para o menino misterioso, que abriu um longo sorriso.
- Não - Suspirei . Ele deu uma gargalhada, colocando a cabeça para trás.
- Olha, gatinha. Não precisava ter se arriscado assim para me agradar. Gosto de meninas difíceis de controlar. Mas é evidente que você não é assim - Meu sangue ferveu de raiva.Ele deu a última tragada , jogou o cigarro fora e caminhou para minha direção, mas ele passou reto, indo embora. Me virei novamente e disse:
- Posso pelo menos saber o seu nome ? - Gritei . Ele se virou , ainda caminhando.
- Não há necessidade. Sou somente um estranho, numa terra estranha.
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