História 30 Seconds to Love You - Você é bom demais para ser verdade.

​Leia as notas.

​​Capítulo 36 - Você é bom demais para ser verdade.

- Sra. Leto, os telefones que pediu estão aqui. Já tentamos entrar em contato com os produtores e eles confirmaram uma reunião para semana que vem.

Elevei o olhar, desviando me dos papéis á minha frente. Encarei a figura de Megan. A mulher de cabelos castanhos e olhos verdes segurava algumas pastas, e depositou a folha em que os contatos que pedi minutos depois estavam. Usava uma saia lápis azul-marinho, e uma blusa de alças brancas, e com os cabelos sempre jogados em um dos ombros. Sorri.

- Megan, já te falei que não precisa de tantas formalidades. Margot já está bom.

- Desculpe, é o hábito. - Sorriu sem graça, balançando a pasta que segurava enquanto gesticulava.

- Tudo bem.. Bem, eu acho que vou para casa, só vou precisar telefonar para algumas pessoas. Mas meu trabalho está feito por hoje. - Ri comigo mesma. - Tenho que checar se meu marido não se matou sozinho naquela casa.

- Mande lembranças á ele. - Megan me olhou e pude ver um sorrisinho se formando em seu rosto. A encarei séria por alguns instantes, antes de ignorar totalmente e sair pegando minha bolsa e as chaves.

A minha rotina estava sendo uma loucura. Após Esquadrão Suicida, recebi várias propostas de trabalho, convites para programas, séries e diversas outras coisas. Sentia que não tinha mais tempo para fazer mais nada, apenas trabalhar, atender telefonemas, comparecer a reuniões e mais um milhão de outras coisas. Contratei Megan como uma assistente, assim o meu trabalho não sobrecarregaria e eu conseguiria resolver várias outras coisas, que também não era relacionadas ao trabalho, como meu marido louco de carência. Não era somente eu que estava atarefada, Jared também estava cheio de trabalho. Novo álbum vindo, novos filmes, confirmações em projetos, mais filmes sendo produzidos, viagens, planejamentos de shows. Era tudo uma loucura.

Voltei para casa extremamente cansada, aliás, aqueles dias eu andava ficando com muito cansaço, mesmo que não fizesse nada. Coloquei as chaves em cima da mesa de jantar e caminhei até a cozinha, procurando algo para comer. A inicio, nenhum sinal de vida de Jared, e já podia imaginar que ele tivesse saído. Peguei uma maçã e água e fui para sala.

Algo bem estranho aconteceu. Meu teto nunca pareceu tão interessante em toda a minha vida. Fiquei- o encarando por muitos minutos, talvez uns 15, apenas dando mordidas na maçã. Talvez nem tinha percebido a chegada de Jared, se bem que ele havia feito muito barulho ao chegar, inclusive chamado por mim, mas me senti desligada por alguns segundos. Despertei com um beijo que depositou em minha bochecha, me fazendo sorrir.

- Onde estava ? - Perguntei.

- Sai para tomar um ar, e também já estava cansado de ouvir Emma no celular. - Riu -  Estava me esperando a muito tempo ?

- Não, só alguns minutos. - Dei de ombros.

- Que bom. - Beijou meus lábios. - Acho que vou tomar um banho.

E lá se foi ele, subindo para o andar de cima da casa. O meu sorriso foi se desmanchando aos poucos, até eu voltar a expressão séria e vazia novamente, mas eu sabia que algo estava errado. Só não sabia o que era, e o porquê. Estava com a minha carreira alta, com vários filmes para serem produzidos, o que de certa forma é bom, se não contar a agenda e rotina corrida, mas aquilo era apenas um detalhe; e meu casamento também estava ótimo, em meu ponto de vista. Eu não tinha o porquê de estar me sentindo daquela maneira, estranha... Eu apenas sentia.

***

Penteava meus cabelos, na tentativa de desfazer os nós que se formaram na região da minha nuca. Ouvi a porta ser aberta e um grande vapor surgir no quarto. Olhando pelo reflexo do espelho, vejo Jared com a toalha enrolada na cintura, tão baixa que  era possível ver a entrada ao meio de seus quadris. Enxugava os cabelos rapidamente com outra toalha, enquanto saía do banheiro.  Seus cabelos, que já estavam um pouco maiores, pingavam. As gotas que caíam desciam pelo seu peitoral, passando pelo abdômen e se desmanchando na toalha branca.

Por alguns segundos, um sorriso surgiu ao canto de minha boca, e pensei o quão sortuda era por ser casada com aquele homem. Chegava a ser irreal alguns momentos. Voltei a observar-me no espelho, fingindo não olha-lo. Senti sua respiração em meu pescoço, e vi que já estava atrás de mim, com os braços em volta de minha cintura e, droga, ele ainda estava de toalha. Beijou minha nuca, e já arrepiei-me totalmente.

- Jared... - Chamei por ele num suspiro - Estou cansada.

- O que eu posso fazer para te deixar animadinha ? Hum ? - Riu contra meu pescoço.

- Nada. - Sorri, tentando não ceder aos encantos dele. - Por favor não estou a fim.

É claro que estava blefando, nós dois não tínhamos limites. Eu estava realmente cansada, mas por ele valia a pena. Em poucos minutos já estávamos totalmente enroscados, enquanto ouvia Jared respirar ofegante em meu ouvido. Algum tempo depois ele cai ao meu lado, exausto assim como eu. Encarávamos o teto, e bem, nós realmente precisávamos pintar aquele quarto de outra cor. Traçava linhas imaginárias no peito de Jared, que já não sabia mais se estava dormindo.

- ​You're just so good to be true. Can't take my eyes off you...- ​Jared cantarolou baixinho, mas audível.

Apoiei-me em um cotovelo, olhando para sua expressão calma. Tinha o cenho franzido e um sorriso bobo nos lábios.

- Ah, não. - Comecei a rir, me jogando no travesseiro novamente.

- You'd be like heaven to touch. I wanna hold you so much... - Cantou enquanto afagou meus cabelos, e fez alguns gestos para se exibir, até que eu caísse na gargalhada novamente. Ele estava me deixando sem graça.

Jared pegou minha mão entrelaçando nossos dedos. A forma que cantava era tão suave que apenas me deixava com mais sono, como se várias doses de dopantes fossem injetadas em mim ao mesmo tempo, e ele sempre teve esse efeito em mim quando cantava. Minhas pálpebras foram pesando, até que se fechassem completamente.