História 50 Shades Of Jungkook - Imagine - Grey

A mentira. A mentira pode ser tão suave quando uma simples brisa, mas você não a pode controlar assim que ela se torna um furacão. Sempre discreta, inofensiva no começo... Uma faca de dois gumes. Apenas os mágicos conseguem controla-la, e também...os loucos.

Meu corpo tremia, o frio daquela sala parecia chicotear minha pele, agora pálida e suja. Meu cabelo, sustentado agora por apenas alguns grampos, tapava um pouco de minha visão, mas eu não me daria o trabalho de tirar de meu rosto. Abaixo levemente o olhar, tempo uma visão do lindo vestido vermelho que comprara dias atrás, mas que agora só restavam trapos. Uma manta meio malfeita cobria minhas costas, gentileza dos policiais daqui.
Meu pé, agora descalço, batucava lentamente no chão, se recordando de certa noite.

‘Risadas... Música... Escuro... Isso seria romântico, não é, querida?’

Levantei a cabeça ao ouvir a porta se abrindo. Um policial entrava, junto com um detetive, ou delegado, não sei. Cabelos morenos e postura firme, apenas com isso me senti intimidada.

O detetive se sentou na cadeira a minha frente. O mundo deu voltas para mim.

- doutora _____, certo? – ouvi uma voz rouca perguntar, e assenti devagar.

Ele se apressou em organizar os papéis, a velocidade de seus gestos me deixando levemente tonta, mas mesmo assim meus olhos se fixavam nele.

‘Sabe qual a nossa única diferença? Eu não tenho medo de assumir minha loucura’

Semana Anterior, Hospital Psiquiatrico, 15:35h

- trato feito. – falei.

Jungkook sorriu largo:

- sabia que faria a escolha certa. – algo nessa frase me fez me sentir totalmente arrependida da minha decisão. Por sorte Jungkook teve misericórdia e acabou com minha aflição – é simples. Toda sexta-feira, a porta do depósito fica aberta, e os guardas passam por ela a cada exato 6.32 segundos. É o seu tempo para entrar – ele riu sozinho – ou você sai nos mesmos segundos, ou fica presa... ou - ele me olhou, e soletrou - é morta.

Vamos ver se eu entendi. Jungkook quer que eu dê uma de Indiana Jones e entre, e saia daquele departamento em 6 segundos!

- não tem outra forma? É impossível, Jungkook! – suspirei e ele deu de ombros.

- dei a solução, agora é com você, querida - falou e um sorriso surgiu no canto de sua boca - mas, como sou um cara realmente muito misericordioso - havia um pouco de ironia em sua voz - tenho outra solução.

- qual? - minha voz saía baixa, temia o que viria após minha pergunta.

Jungkook levou a mão ao cabelo, o bagunçando, alheio ao meu desespero:

- Jungkook - me irritei - responda!

- han? - ele me olhou por fim - ah sim - se endireitou na cadeira - eu posso ir e pegar os documentos por você.

Travei, isso significava o que eu entendia que ele queria dizer?
Vamos analisar a situação, Jungkook está me ajudando a esconder um crime que eu cometi, e bem no fundo não sinto nenhum remorso por isso.
O que por um lado me fez perceber que eu sou totalmente diferente do que pensava ser, mas isso é pra depois.

- Jungkook, se está dizendo que quer que eu te solte, arrisque meu emprego, e arrisque sua liberdade, está enganado se acha que vou aceitar. - falei séria e decidida.

- ah, querida - sua voz ficou mais... mansa - você não tem opções. De qualquer forma, vai ser presa.

- como tem tanta certeza?

- não é preciso pensar muito para descobrir - ele disse baixo - então... vamos logo, decida-se.

Suspirei, jogando o cabelo para trás. Meu olhar ia para tudo, menos para Jungkook.

Eu ia mesmo fazer isso? Eu não tinha muitas opções, isso ele tinha razão, aliás, admiro algumas coisas que Jungkook diz ou percebe. 
Mas era loucura! Mas por que eu me sentia tão tentada à aceitar?

- querida... confie em mim...

O olhei, e ele sorria... um tanto inocente. Lentamente estendeu sua mão direita, esperando um sinal meu. Bufei, e estendi minha mão, o que alargou seu sorriso.

Peguei a chave em minha bolsa, não foi difícil achar. Me levantei, cada passo meu coração acelerava mais. Lentamente, tirei as algemas de Jungkook, e assim que ele se viu livre delas, levei um susto quando ele se levantou abruptamente.
Acabou ficando com rosto praticamente colado ao meu, seu olhar sádico não se desgrudava do meu.

O empurrei lentamente, e ele riu rouco, se afastando. Esticou os braços, correu no mesmo lugar, fez uma arma com a mão e atirou em pontos invisíveis, parecia se divertir com tudo isso.

- Jungkook, vai logo - falei e ele sorriu, piscando para mim. Me aproximei, segurando seu pulso forte - se você não voltar...

Ele riu rouco, aproximando nossos rostos perigosamente:

- o que, querida? O que você vai fazer - ele riu baixo - quero ver do que é capaz...

Desviei o olhar, ele era mais que louco, era insano.
Riu, denovo, como se fosse rotina, e saiu, com o documento em mãos. Me sentei na cadeira, receosa.
1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8,...

- Sabia que não devia ter confiado! - soltei alto, já estava tudo perdido mesmo.

Me levantei, bufando. Não sabia o que iria acontecer agora, iria ser presa, processada ou sei lá, só que eu apenas iria saber se desse as caras.
Estava saindo da sala, quando Jungkook entrou, e nos chocamos.
Quase caí, mas senti sua mão segurar a minha, me puxando.

Me soltei na mesma hora, e sorri largo ao ver que os documentos não estavam mais em suas mãos:

- conseguiu?! - o olhei, perguntando o óbvio.

Ele sorriu, sincero dessa vez, e assentiu.
Dei um pequeno pulo de felicidade, colocando a mão no peito:

- nossa, só de imaginar o que poderia ter acontecido...

- agora - sua voz cortou minha felicidade - falando de negócios - o olhei - eu quero minha noite, querida...