Um pequeno riacho corria por entre as árvores em um trecho mais denso da floresta que antecedia a montanhas Vosyes saindo de Leitmeritz. Três figuras em roupas escuras davam ao lugar um ar tenso que era sentido pelos pequenos animais que por ali circulavam.
- .... isso é tudo, vão!
- Espere! – Disse a moça com o manto dos Atarashiis nas costas. – Depois disso você libertará definitivamente o meu...
- Eu libertarei ele do sofrimento quando chegar a hora certa... lembre-se muito bem disso Shizuku...
Proferindo estas palavras o homem que poucos instantes atrás enfrentou e encurralou Ludmila juntamente com Tigre e seus companheiros, vira-se de costas e desaparece ao caminhar por entre as árvores.
- Maldito!
- Tenha calma Shizuku!
Disse a mulher mais velha que estava ao lado da jovem. Ela aparentava ter passado dos 50 anos de vida.
- Não vai adiantar nada se desesperar agora, temos que seguir em frente.
- Mas o papai...
- Eu sei, também estou muito preocupada com ele, mas é justamente por isso que devemos manter as nossas mentes tranquilas. Devemos nos concentrar na missão.... – vendo o rosto da jovem Shizuku entrar em uma mistura de ansiedade e desespero com olhos começando a brilhar em tristeza, a senhora abraça Shizuku de forma materna – Lembra-se de quando você e seu pai nos visitavam na casa antiga? Quando nevava e nos reuníamos em frente a lareira para contar histórias e piadas?
- Hum...
O som saiu forçado em meio a um choro reprimido, mas Shizuku respondeu positivamente com a cabeça.
- Então, não quer criar mais memórias como aquelas?
- Quero! Quero! Quero sim!
- Então vamos! Precisamos ser fortes agora!
- Sim! – erguendo a cabeça, Shizuku encarou a senhora que a consolava com olhos determinados. – vamos salvar o papai!
- Claro!
“Sua mãe teria tanto orgulho do quão forte você ficou nesses anos...”.
***
- Isso é revoltante! Já vamos chegar em Leitmeritz e nem sinal daquele maldito...
Ludmila pensava em voz alta, sua frustração era visível, mas não era tão intensa quanto a preocupação de Tigre que inconscientemente mandava seu cavalo ir cada vez mais rápido.
- Tigre! – Lim que também estava preocupada, notou Tigre se lançando cada vez mais à frente. – Acalme-se! Não force demais seu cavalo, já estamos indo rápido o suficiente, além disso precisamos ter cuidado com outra emboscada.
- Eu sei, mas...
- Não será nada fácil para eles – Ludmila apareceu ao lado de Tigre na vanguarda, ela tinha um olhar forte e determinado em direção a frente – Detesto admitir, mas eu estava distraída em Olmutz, por ele estar na sela e sem armas, mas com Eleonora será diferente, ela pode acabar com ele antes mesmo de chegarmos.
- Mesmo ele tendo aquele poder? – a ideia de roubar Viralts ou imitar seus poderes não sai da cabeça do grupo, mas Tigre era o que mais demostrava preocupação com isso.
- Não tenho ideia de onde veio aquele poder, mas teremos que pega-lo vivo para descobrir. – a expressão era de raiva no rosto da Vanadis.
O grupo adentrou em um trecho de floresta ainda não muito denso diferente do que se podia observar mais à frente.
- Esse cara... – disse em voz baixa a garota entre as árvores.
- O que houve Shizuku? Conhece ele?
- Não, mas nos encontramos uma vez, quando você me salvou lá na cidade de Leitmeritz.
- Então era ele... algum problema com isso?
Shizuku ficou um pouco hesitante, a lembrança do jovem fazendo um curativo em sua perna se repetiu algumas vezes na mente dela, mas logo ela toma um olhar frio.
- Nenhum, vamos continuar.
- Certo.
Tigre e seu grupo agora passavam por um trecho com várias folhas pelo chão, a velocidade de seus cavalos havia diminuído por causa das várias árvores e pelo caminho de terra ser estreito demais para uma tropa, embora só houvesse Tigre, Lim e Ludmila, além de pouco menos de 50 soldados restantes do último ataque.
Foi muito rápido e quando se deram conta várias cortas se ergueram do chão derrubando todos os soldados de seus cavalos, além de Lim e Tigre, Ludmila saltou em um reflexo digno de uma Vanadis e caiu em pé a poucos passos à frente. Houve um som cortando rapidamente as folhas das árvores em direção a Ludmila e Tigre, a Vanadis rebateu uma das flechas com sua lança e Tigre agarrou a outra com sua mão esquerda, porém havia uma terceira que ia de encontro com as costas de Ludmila.
- Cuidado!
Tigre saltou velozmente para a retaguarda de Mila e agarrou a terceira flecha com a mão direta, rapidamente colocou as duas flechas em seu arco e as atirou ao mesmo tempo em direção as arvores. Um grito foi ouvido, era de uma mulher.
- Rápido atrás do inimigo! – Mila ordenou seus soldados olhando para todos os lados em busca de mais alguma armadilha.
Tigre olhou fixamente para a direção de onde veio o grito e notou uma sombra pequena correndo por entre as árvores, ele então esticou outra flecha em seu arco e as disparou para o alto, alguns instantes depois outro grito foi ouvido.
- Rápido! Naquela direção! – Mila apontou para seus soldados que partiram rapidamente, embora metade tenha ficado para prevenir outros possíveis ataques. Tigre e Ludmila seguiram atrás, mas quando chegaram perto de uma clareira no meio de algumas árvores um dos soldados mostrou um pedaço de tecido preto com folhas vermelhas pintadas nele.
- Só achamos isso Ludmila-sama.
- Droga, conseguiram fugir? Rápido façam uma busca pelos arredores.
- Sim.
- Ludmila-sama, acho que devemos nos apressar. – Limalishia falou com uma expressão séria.
- Mas não podemos deixar que um ataque assim....
- Mila! Não acho que isso foi uma tentativa de ataque, mas sim de nos atrasar. – Tigre apoiou Lim. – Pense bem, não há nenhum inimigo à vista, quem nos atacou devia estar em dupla ou no máximo trio, mas não tinham poderes como aquele que enfrentamos mais cedo.
- Então eles estão querendo nos atrasar para tomar a dianteira e surpreender Eleonora, certo? – Ludmila fitava atentamente Tigre com seus olhos azuis.
- É o mais provável.
- Entendo, vou deixar metade dos soldados vasculhando essa área e depois eles devem nos alcançar, vamos partir direto para Leitmeritz.
Depois de dar as ordens Ludmila, Tigre, Lim e 25 soldados montaram novamente em seus cavalos e partiram.
***
A noite já se aproximava no palácio real de Leitmeritz, Eleonora e Sofya andavam próximas à um lago um pouco afastado do palácio.
- Talvez eu não devesse ter deixado Tigre e Lim partirem para Olmutz. – Elen estava vestida em tons de azul com sua espada prateada embainhada em sua cintura.
- E o que mais poderia fazer? – disse a mulher de cabelos loiros. – Não tínhamos ideia de que eles tivessem um poder assim... mas não se preocupe Ludmila vai proteger os dois.
- Hum... – a expressão de preocupação no rosto de Elen logo mudou para a de uma confiança sólida – Eu estou certa de que será mais provável Tigre salvar Ludmila, ele tem dominado cada vez mais o poder do arco negro.
- Vejo que está bem orgulhosa de seu amado.
- Hum...?! – Elen corou ao ouvir a última palavra de Sofya, ela não esperava por isso.
- Olha só, não consegue mais esconder... – Sofya começou a rir da expressão de Elen.
- Ora isso não é exata...
- Eleonora-sama! – ambas foram interrompidas por um soldado da guarda real de Eleonora, era Rurick.
- Me perdoem, mas tenho uma informação muito importante.
- Pode falar. – Elen logo tomou um olhar sério.
- Um incêndio começou na floresta ao sul do palácio, e um grupo de soldados que patrulhavam o norte foi atacado por um dragão.
- Dragão?! – a pergunta veio de Elen enquanto Sofya ficava perplexa com a notícia.
- Sim, só alguns deles retornaram e disseram que era um dragão de gelo.
- Como assim?
- Desculpe, não tenho mais informações, isso foi tudo que eles viram, disseram que ao ver o tamanho e o poder da criatura tentaram fugir imediatamente, mas muitos foram mortos.
- Certo, envie reforços para conter o incêndio ao sul, coloque o palácio inteiro em alerta e prepare uma tropa de 100 soldados eu mesma vou lidera-los no ataque ao dragão de gelo, quero que eles vasculhem a floresta enquanto eu mato aquela coisa.
- Sim.
- Eleonora.
- Sim, Sofy.
- Eu vou com você.
- Não é necessário, estamos em Leitmeritz, pode deixar que eu vou acabar com isso.
- Nesse caso tenha muito cuidado, eu ficarei te esperando aqui no palácio e se um ataque ocorrer espero que não se importe de que eu use minha arte dragônica em seu território.
- Ora ora, não seja por isso, fique à vontade Sofy, se eles aparecerem ataque os do jeito que preferir.
- Certo. – a expressão de ambas as Vanadis era de muita animação para lutar em contraste com a preocupação de instantes atrás. – ahh, lembre-se também do poder que falei.
- Sim, pode deixar, ficarei atenta.
“Definitivamente não deixarei que tomem você de mim, vamos acabar com eles juntos.” – O pensamento de Elen era direcionado a sua Viralt.
Assim que se separou de Sofya, Elen montou em seu cavalo e como havia ordenado, a tropa de 100 soldados já estava em prontidão. Com emoção em sua voz Elen gritou.
- Vamos acabar com o inimigo que bate a nossa porta! Ergam a Zirnitra[1]!
***
Sofya que havia ficado no palácio, se dirigiu para o lado sul assim que Eleonora partiu com sua tropa.
- Rurick-san, você vai comandar o combate ao incêndio, certo?
- Sim, Sofya-sama.
- Eu vou acompanha-los, caso haja algum imprevisto.
- Muitíssimo obrigado!
Ao chegarem no início da floresta todos viram uma espécie de parede de fogo.
- Mas isso não é normal... – Sofya disse com um certo pavor em sua voz, de fato a parede de fogo era gigante ultrapassando o tamanho de um dragão adulto.
- Ora ora, quem diria que eu não precisaria entrar no palácio para me encontrar com a Vanadis-sama... – disse uma voz que vinha das chamas. – embora... não seja a princesa dos ventos, isso só muda a sequência.
- Você é um deles?
- Deles? Ohhh quer dizer dos Atarashii? Sim, permita-me que me apresente, eu me chamo Escanor e vou tomar esse poder da sua Viralt.
- Acha mesmo que será fácil? Pois eu vou acabar com você e Elen vai derrotar seus companheiros...
- Entendo... – soltando uma leve risada, Escanor ergue a mão esquerda e dispara uma rajada de chamas em direção a Vanadis que é obrigada a saltar para a sua direita.
- Rápido! Recuem! – Sofya gritou para os soldados que estavam por perto.
- Mas... – Rurick tentou argumentar.
- Sem mais, é óbvio que o poder dele não é normal, agora voltem para o palácio e mantenham-se em guarda.
- Sim.
- Preocupada com soldados inimigos? – Escanor indagou de forma arrogante.
- Inimigos? Só por que são de outra Vanadis? Eleonora é uma amiga.
- Sério? Nesse caso acho que não vai gostar de saber que sua preciosa amiga deve estar sendo esmagada por um conhecido meu...
- O que?
- Chega de conversa! – Escanor ergueu ambos os braços e uma espécie de pássaro de fogo se ergueu acima de sua cabeça. – Agora outra Viralt vai...
Antes que terminasse de falar Sofya bateu com seu báculo no chão e disse em um tom firme.
- Reúna-se perante mim, fluxo cintilante. Falvarna[2].
Um feixe de luz dourada iluminou Sofya e disperso em direção a Escanor fazendo desaparecer por completo suas chamas e apagando todo o incêndio, em consequência, várias árvores foram derrubadas e o inimigo jogado para longe.
- Impressionante, então esse é o poder de sua Viralt, até parece com as laminas de sua companheira, acho que se chama Alexandra não é mesmo?
- Não pode ser, então essas chamas que estou vendo aqui são... da Viralt de Sasha?!
- Exatamente, embora aquela maldita com chicote de raio tenha atrapalhado, do contrário a tão famosa Alexandra Alshavin já estaria debaixo da terra.
As provocações de Escanor deixavam Sofya cada vez mais agitada e com raiva.
“Não posso perder a concentração, esse oponente é realmente terrível e um único erro...” – Sofya conversava com sigo mesma em pensamento para se manter firme e serena diante da situação alarmante.
[1] Bandeira do Dragão Negro.
[2] Barreira de repelente do diabo.
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