Ao entrar pelos portões, Rauthar deu uma boa olhada no que tinha se tornado Whiterun. Do lado direito, na antiga loja dos ferreiros, agora era apenas uma simples casa e, ao lado, a antiga casa de Sariel, a Nascida dos Dragões, agora tinha virado um museu em sua homenagem, exibindo partes de sua história e conquistas, no entanto, ninguém mais o visitava. Muita coisa mudou para pior, e todos sabiam o motivo: após a guerra civil e a vitória dos Imperiais, muita coisa mudou em Skyrim, incluindo a atenção dada para Whiterun como cidade próspera.
O jovem aventureiro foi caminhando rapidamente até a Fortaleza Dragonsreach, onde o Jarl fica, pediu aos guardas que queria se voluntariar para procurar Farengar e, apesar de o Jarl estar ausente, os guardas contaram o que sabiam:
- Na verdade, não sabemos muita coisa – disse o guarda, austero, sem paciência – Farengar sumiu de uma hora para outra, ninguém sabe o que aconteceu.
- Ele estava trabalhando em seu livro sobre os dragões há dias, trancafiado em seu gabinete – complementou o outro guarda – quando fomos procurar por ele, havia sumido, com a porta trancada pro lado de dentro.
- Mas, então, por onde começar a procurar? - Perguntou Rauthar, confuso.
- É exatamente isso! Ninguém sabe o que fazer, o Jarl já o deu como desaparecido, ninguém mais sabe o que fazer. É melhor você ir andando.
Aturdido, Rauthar se despediu dos guardas e começou a descer a escadaria tentando entender o que acabou de ouvir. “Como assim desapareceu, puff, sem mais nem menos”. Deveria haver alguma pista, “será que foi raptado?”. Com vários pensamentos na cabeça, no meio da escadaria, o céu escureceu, o tempo parou, o som se calou. Sem entender o que estava acontecendo, uma silhueta encapuzada surgiu na frente do rapaz.
- Rauthar! Eu preciso de você... preciso que me encontre... eu não desapareci, estou escondido! Venha o mais rápido que puder... preciso que me encontre!
Com um alto estampido no ar, tudo voltou ao normal, mas Rauthar estava mais confuso do que antes. Ele sabia que aquela silhueta pertencia a Farengar, mas não foi dito onde eles deveriam se encontrar. Ainda parado, estarrecido, no meio da escadaria, o guarda o empurrou com força, que fez cair nos degraus:
- O que aconteceu? Vá fazer fazer a sua magia em outro lugar! A não ser que você queira conjurar uma cama quentinha para mim – e sorriu de um modo esquisito.
- O que? Não... eu não fiz nada! Você não viu?
- Vi o que? Olha rapaz, não sei o que você veio procurar aqui, mas é melhor ir andando depressa, tome cuidado com essa magia, você pode acabar ateando fogo a alguma coisa – disse irritado enquanto voltava para o seus posto.
Rauthar preferiu não contar o que tinha visto. Se limpou ao levantar e desceu até a praça onde se costumar ouvir Heimskr pregar sobre Talos. Se sentou num banco, atrás existia uma árvore enorme e linda, na qual ele brincava em sua sombra quando criança, mas agora que a árvore secou, o sol bate direto no rosto. Enquanto respirava profundamente, conseguia ir entendendo algumas coisas: “Farengar é o responsável por esses pesadelos que tenho ultimamente...”, “eu sou um mago, consigo usar magia, mas não consigo controlar direito”, “Farengar disse que eu preciso o encontrar, tenho que me concentrar”.
Devido ao barulho e intensa movimentação, o jovem mago resolveu sair de Whiterun e procurar um lugar mais tranquilo. Após andar alguns minutos, encontrou uma grande árvore para se sentar na sombra e se concentrar. Fechou os olhos, pensou em tudo o que havia acontecido nos últimos dias, pensou na batalha dentro daquela tumba, se lembrou que o poder falhou e depois retornou. De um modo estranho, ele estava entendendo algumas coisa com clareza: existe uma quantidade de poder a ser gasta, quando se esgota, demora algum tempo para recuperar.
“Quando saí da tumba, consegui enxergar para onde eu deveria ir, a magia me mostrou o caminho até Whiterun e pode me mostrar o caminho até Farengar também”. Se levantou, fechou os olhos novamente, se concentrou em encontrar o mago e, do mesmo modo de antes, conseguiu enxergar um caminho.
O sol já estava se pondo quando Rauthar escutou um barulho vindo de trás de algumas árvores. Se abaixou para fazer menos barulho e poder encontrar o que era, mas não deu tempo e um lobo o atacou, pulando em cima dele e o derrubando no chão de terra macia. O lobo recuou um pouco para tomar impulso e atacar novamente, mas o jovem mago esticou a mão para produzir chamas e atacar também. No entanto, em vez de chamas, um clarão verde acertou o animal, que agora estava calmo e manso. Sem entender muito bem, o jovem mago aproveitou o momento para sair correndo. Sua mão emanava uma luz esverdeada, até que ele não sentiu mais perigo e a luz se apagou.
“Um feitiço de calma, como aprendi isso?”. Olhou para trás e, sem avistar o lobo, começou a andar novamente. Algumas horas se passaram, já era noite, Rauthar encontrou a abertura da caverna por onde deveria entrar, ele sabia que Farengar estaria lá. Sem exitar, entrou na caverna que seguia por um túnel esculpido grosseiramente na pedra, no chão havia uma variedade de cogumelos e fungos devido ao lugar úmido e abafado. Abriu a mão com a palma para cima e fez um orbe brilhante que iluminou todo o trajeto, acompanhando seu conjurador, o jovem mago que já estava tendo dimensão de seus poderes.
Após atravessar o túnel, chegou numa grande abertura dentro da rocha, de um lado havia uma pequena queda de água que formava uma enxurrada, o rapaz aproveitou e saciou sua sede. Várias plantas cresceram ali, mas como não havia sol, eram de cores frias e tristes, nada de verdes ou vermelhos. No centro desse lugar havia um pedestal com um livro em cima, o qual Rauthar abriu e começou a ler. Enquanto ia lendo, sentia um conhecimento mágico ia sendo aprendido, um novo feitiço, ele entendeu que agora conseguiria mover objetos com o poder da sua magia.
Ele olhou para uma pedra que estava fora do padrão, levantou a mão, que agora emanava uma luz avermelhada, apertou os dedos como se estivesse segurando a pedra e começou a movê-la lentamente. Essa magia era muito forte e precisava de muito poder para ser feita, logo, remover a pedra totalmente da entrada escondida demorou alguns minutos, mas quanto mais ele usava a magia, mas ele sentia que conseguia dominá-la. Por fim, uma entrada foi revelada, um portal bem esculpido dava acesso a uma sala ampla e bem desenhada, com chão e paredes de pedra, arandelas que em vez de velas tinham orbes de luz.
Apesar de não ter entradas de ar, a sala não era abafada e tinha um ar fresco e fácil de respirar. Após admirar o lugar, olhou para a parede na sua frente e quando pensou em dar um passo uma figura encapuzada, de aparência etérea, apareceu num estampido. Rauthar se assustou e deu alguns passos para trás:
- Farengar, é você? Consegui lhe encontrar!
Sem resposta, o corpo flutuante se armou com feitiços e começou a atacar o jovem rapaz que conseguiu desviar das primeiras estacas de gelo que foram lançadas em sua direção. Sem entender, Rauthar conjurou o feitiço de calma e projetou no fantasma, mas sem sucesso, já que ele continuou sendo atacado. Rauthar se armou com as chamas novamente e começou a atacar de volta, porém suas chamas eram fracas e o alcance era pequeno. Pensando nisso ele concentrou as chamas em bolas de fogo e as atirou contra seu oponente.
Algumas bolas de fogo até acertavam o alvo, mas não causavam dano algum. Sem entender, o jovem mago continuava a desviar das pontas de gelo que o seu oponente lançava. “Se as chamas não deram certo, preciso de um outro tipo de poder para conseguir eliminar esse fantasma”. Nesse momento, Rauthar sentiu uma sensação diferente do fogo: em todo o seu corpo ele sentia a eletricidade fluindo, era como se fosse um raio. Essa força era muito intensa, parecia que ele não conseguia aguentar, parecia que ia explodir! Ele tentou conter o poder, mas não conseguiu, sentiu que flutuou alguns centímetros do chão, seu corpo se esticou ficando totalmente ereto enquanto faíscas de raio saiam pelo seu corpo. Nesse momento, a figura etérea parou de atacar e ficou observando o que estava acontecendo, era como se Rauthar estivesse num processo de evolução de seus poderes.
Algo estava mudando, o jovem mago estava num êxtase de magia, o poder fluindo, o raio saia de seu corpo e tocava as paredes e o chão, ele sentiu que alguma coisa tinha mudado. Olhou para o seu oponente que parecia estar admirando a cena, apontou a mão e um raio de energia foi disparado, visivelmente causando dano. O fantasma reagiu com ondas de vento frio, mas Rauthar desviava enquanto lançava mais raios, ele sentia que o seu poder recarregava instantaneamente, sem limites.
Foi se aproximando do fantasma etéreo enquanto ele estava se desvaindo em energia. O fantasma tentou conjurar algum feitiço, mas Rauthar juntou as mãos a fim de sobrecarregar a magia e o jato de energia disparado foi o suficiente para acabar com aquilo: o fantasma rodopiou no ar e explodiu em luz, sobrando apenas um pó incandescente no chão. O jovem mago foi se acalmando, o poder foi diminuindo e ele precisou escorar na parede, pois parecia estar fraco. No entanto, não era fraqueza, é que ele nunca tinha experimentado tamanho poder e agora ele já conhecia vários feitiços, vários tipos de poder, vários modos de atacar e se proteger.
Ao passar do lado de um objeto de prata pendurado na parede, ele quase não se conheceu no reflexo. Não foi só o poder que mudou, isso o mudou fisicamente também: os cabelos que eram pretos agora estavam totalmente brancos, as pupilas de seus olhos sumiram restando apenas o espaço em branco, estranhos sinais surgiram ao redor dos olhos, marcas tatuadas pelo poder. Ele nem tinha percebido que todas as suas roupas tinham se desfeito e ele estava totalmente nu, a sensação da brisa tocando todos os pelos de seu corpo era ótima, mas ele não poderia ficar daquele jeito pra sempre.
Num determinado momento, uma porta se abriu e no pequeno cômodo a que ela dava acesso tinha algumas prateleiras e cômodas. Rauthar deu uma boa olhada ao redor: algumas estantes com livros, algumas pedras brilhantes em uma das estantes e vários ingredientes de poção. Dentro de uma das cômodas havia uma túnica esverdeada, um par de sapatos e luvas de couro. Ele se vestiu, sem pensar em quem poderia ser o dono, colocou o capuz da túnica deixando seu rosto sombrio e quase encoberto.
No momento em que saiu do quarto, viu que outra porta havia se aberto do outro lado da sala, entrando lá, Rauthar viu Farengar caído no chão:
- Farengar! Farengar! Fale comigo, o que aconteceu? - perguntou enquanto se aproximava do corpo.
- Você encontrou o caminho do poder, agora você é um mago... precisa entender o seu poder, mas eu não poderei lhe ajudar nessa jornada – disse Farengar, muito fraco – eu precisei me esconder, o Jarl... ele não... ele...
Sem terminar a frase, Farengar deu um suspiro e se foi. Rauthar não acreditou, ele precisava de Farengar para entender o seu poder, ele era um mago tão poderoso, qual o motivo de sua morte? Viu um pedaço de pergaminho nas mãos gélidas do mago sem vida e abriu para ler o que estava escrito, surpreendendo-se com o que estava por vir.
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