História A Babá - Ele se apegou

Point of View — Justin Bieber

Acordei e vi que ainda era de madrugada. Estava sentindo falta de ar. Levantei-me da cama e fui ao banheiro, lavei meu rosto e sai logo depois. Abri a porta do quarto e sai pelo corredor, caminhei até o quarto das crianças e adentrei o mesmo. Eles ainda estavam dormindo. Aproximei-me deles e os cobri corretamente, selei a testas deles também, sai do quarto fechando a porta bem devagar para não acordá-los. Andei mais um pouco e entrei onde estava Lorena. Olhei para cama e ela ainda estava acordada. Dei alguns passos até que a mesma me notasse, o que causou um gritinho vindo dela.

— Calma, porque está acordada até agora? — Falei e me deitei ao seu lado, me cobrindo até a cintura.

— Estava sem sono, mas estou tentando dormir. — Assenti e a puxei para que se deitasse em meu peito, nos cobrimos em seguida. Comecei a fazer cafuné, logo senti sua respiração ficar calma. A ajeitei em meu peito e suspirei. Eu sei que devia ir devagar, mas era quase impossível. Eu vou tentar.

Amanhã irei ligar para minha mãe, Patrícia, para que ela venha ver as crianças. Minha mãe sempre cuidou de mim, e sim, eu tenho um pai. Porém ele a traiu. Ela relevou, não fez nenhum escândalo, até porque o que adiantaria? Brigar por algo que não tinha mais amor? Então os dois decidiram pedir o divórcio. E foi assim que eu me apeguei mais a minha mãe do que meu pai. Agora tenho dois irmãos, Jazmyn e Jaxon. Eles já são crescidos e quase nunca vêm aqui. Apesar de que, eu sempre os chamava, mas agora que tenho meus filhos, não os chamava quase nunca. Mas amanhã os irei chamar, ou tentar né. Todos já conheciam Blair e Bryan, mas isso foi a muito tempo.

(...)

Acordei agora com o sol batendo em meu rosto. Remexi-me na cama e senti algo — literalmente — em cima de meu corpo. Olhei para baixo, e vi que era Lorena, com seu corpo aninhado ao meu. Sai de debaixo dela e a ajeitei na cama, e a cobri, fechei as cortinas e sai do quarto. Fui até o meu indo direto ao banheiro, tomei um banho bem demorado. Enrolei uma toalha na cintura, andei até o guarda-roupa, e retirei a toalha, vesti a cueca, logo depois minhas roupas para o trabalho. Penteei meu cabelo, passei meu perfume e peguei minha maleta. Sai do quarto, fechando a porta, desci as escadas e deixei minha maleta no sofá, me virei e fui até a cozinha. Sentei-me na cadeira e peguei pão com queijo, presunto e um pouco de café.

— Bom dia bebês. — Falei.

— Bom dia pai! — Blair fala animada, o que me fez rir. Bryan apenas acena, e sorriu para ele.

— Olá crianças. — Ouvi a voz de Lorena, e olhei para a porta vendo-a escorada na mesma. A cozinha tinha uma visão bem ampla da sala, isso era ótimo. Ela se senta de frente pra mim e sorri corada. Mas eu nem fiz nada, como ela pode estar assim? — Bom dia, Bieber.

Apenas sorri em sua direção.

— Já estou indo meu amores. — Falei me levantando, limpei minha boca e fui até Blair, Bryan que ainda comia. Beijei as bochechas de ambos e andei até Lorena, beijando sua bochecha. — Minha mãe, meu pai e meus irmãos iram vir aqui, ok?

— Me diz os nomes deles, aí não preciso te ligar. — Lorena disse, e assenti de leve.

— Patrícia, Jeremy, Jazmyn e Jaxon. — Ela assentiu, sai da cozinha indo pra sala, peguei minha maleta e sai de casa, fui até a garagem e entrei em meu carro. Ele era uma Lamborghini preto fosco. Piso no acelerador saindo do condomínio. Assim que chegar à empresa, preciso falar com os garotos sobre o modelo novo. Cheguei na empresa minutos depois e deixei o caro na frente da mesma, para que, assim que saísse, era só entrar e ir direto pra casa. Entrei na empresa e passei direto para o elevador, cliquei no andar que queria, e logo se abriu em meu andar. Passei pela minha secretária.

— Bom dia, senhor Bieber. — Sua voz já me enjoava, apenas sorri e entrei em minha sala. Peguei tudo que iria usar hoje e coloquei na mesa. Terei muito trabalho. A porta se abre, era minha secretária. — Senhor Bieber, daqui a pouco, terá uma reunião com alguns homens da Rússia.

— Rússia? — a encarei  com o cenho franzido. Não sabia que iria ter uma “reunião” com eles.

— Sim, eles já estão chegando.

— Como eu não soube desta “reunião”? — Pergunto.

— Foi de última hora. — sorriu. — É sobre o modelo novo, foi só isso que me falaram. Licença.

Voltei o olhar para minha mesa, e suspirei. O único problema é que tudo sobre o modelo novo está em casa. Levantei-me pegando minhas chaves do carro. Sai do escritório e parei em frente a mesa de minha secretária.

— Irei ir para casa, preciso pegar tudo sobre o modelo, atrasa eles. — Sai sem ouvir algo, entrei no elevador, e fiquei apertando o botão para descer a cada um minuto. Assim que a porta do mesmo se abriu, corri direto para o carro, o liguei e pisei no acelerador. A rua estava quase vazia, maravilha, aumentei a velocidade do carro. Parei com tudo quando vi o semáforo vermelho. Três longos minutos depois ele abre, acelero o carro, viro uma curva, e entro no condomínio. O portão de casa se abre e entro pelo jardim. Saio do carro correndo, entro em casa, subo as escadas de dois em dois e entro no escritório. Arrumo tudo, e coloco em outra maleta que tinha perto da mesa. Sai do escritório, desci as escadas. Ouvi vozes e olhei para o lado.

— Filho! — Patrícia diz animada e me abraça.

— Pensei que chegaria apenas de tarde. — murmuro em seu ouvido e ela dá uma risada.

— Assim que você ligou, eu vim pra cá. — sorri animado, e a abracei ouvindo sua risada. — Calma, eu estava com saudades.

— Eu também mãe. — cheirei seus cabelos.

— Irmão! — Jaxon e Jazmyn falam, abraço eles rapidamente. Estava muito, muito atrasado.

— Cadê a Lorena? — Pergunto, não vendo ela.

— Aquela babá? — Minha mãe diz com nojo. Arqueio uma sobrancelha.

— É.

— Pedi para ela ir embora. — a encarei.

— Embora?

— Sim, ué. Não gostei dela. — revira os olhos. Lorena é um amor de pessoa, como uma pessoa pode não gostar dela?

— Eu a contratei, você não tem esse direito de mandá-la embora! — Falo.

— Ela tem pele escura!

— Dana-se, mãe, eu gosto dela. — Falo alto. Vejo meu pai sair da cozinha com Bryan em seus braços e Blair ao seu lado. Meu pai o coloca no chão e logo ele vem até mim, com os olhos cheios de lágrimas. Agacho-me e beijo sua bochecha. — O que foi, amor?

— Eu quero a tia Lorena. — Movimentou as mãos, olhei para minha mãe negando com a cabeça. Ele começa a chorar alto, e pego ele no colo.

— Calma anjo. — balanço ele, tentando o fazer parar, mas não adianta. Ele queria a Lorena.

Pego meu celular e mando uma mensagem pedindo para que ela volte. Em dois minutos ela responde dizendo que estava perto daqui ainda.

— Ela está vindo.

A porta se abre e ela entra, aponto para Bryan e logo ela o pega. Em questões de segundos o mesmo para de chorar.

— O que houve com ele? — sorri com sua preocupação.

— Ele queria você. — olho o relógio, estava bastante atrasado. — Preciso ir. — olho para minha mãe, que estava parada ainda. — Ela fica mãe! Bryan gosta dela.

— Ele já parou de chorar. — olhou para Bryan, que ameaça chorar de novo quando minha mãe tenta tirá-lo do colo de Lorena.

— Parou nada. Deixa-o com Lorena, mãe. — Ela assentiu e sentou no sofá. — Tenho que ir.

— Vai chegar que horas? — Lorena pergunta. Chego perto dela e a abraço junto a Bryan. — Justin, sua mãe e seu pai estão aqui, por favor.

— Tudo bem. — me afasto um pouco, dou um passo em direção a ela parando em frente ao seu rosto, mas ela vira corando. Beijo sua bochecha e saio de casa, entro no carro. Depois de um tempo paro em frente à empresa. Já no elevador, arrumo meu terno e meu cabelo. A porta se abre e saio do mesmo, indo para a sala de reuniões. Entro e vejo todos os homens com quem conversei na Rússia. — Vamos começar, aqui estão todas as imagens de como irá ficar o carro.

— Ficou bom. — apenas mostrei o modelo de como ele ficaria, não com o desenho e a pintura. — E a pintura, como fica?

— Só irá ver no dia. — Wesley me encara.

— Preciso ver agora!

— É o seguinte, ou você espera até a entrega do carro ou procura outra empresa para fazê-lo. — Falo, dando de ombros. Tanto eu quanto Wesley queríamos ver como o carro ficaria. Ele assente, assim como os outros. — Reunião terminada.

Sai da sala e pedi minha secretária para chamar os meninos. Entro em minha sala e me deito no sofá que havia ali. Só queria saber o porquê de minha mãe não ter “gostado” de Lorena. É a primeira mulher em cinco anos que gosto. Minha mãe deveria ficar feliz, ou tentar. Mesmo assim ela só se importa com o fato de que Lorena é apenas a babá das crianças. Eu estou apressando as coisas e ela quer ir — bem — devagar. Afrouxo o terno, abrindo-o. Nem percebi que estava fazendo calor, ligo o ar e a porta se abre.

— Fala Justin. — Chaz disse me empurrando, sentei-me no sofá com ele ao meu lado. Abusado.

— Tive uma “reunião”, hoje.

— Não sabíamos. — Ryan deu de ombros.

— Sobre o modelo novo. — completei.

— E o que disseram?

— Nada demais, só mostrei como ele ia ficar. Não mostrei com a pintura. — Falo. — Wesley queria ver, mas dei um jeito.

— Era só isso? Tenho uma reunião agora junto com o Chris. — Ryan fala, assinto e logo ele sai com Chris.

— Como foi com a Lorena?

— O que? — encaro Chaz.

— Esquece. — assinto, vejo as horas e pulo do sofá. Já estava de tarde. — Vou indo.

Chaz sai e relaxo.

(...)

Abri a porta de casa e entrei. Ela estava bem silenciosa. Deixei minha maleta no sofá e subi as escadas. Entro no quarto das crianças, vazio. Sai do quarto deles e andei um pouco até o meu, entrei e vi uma cena… Fofa. Lorena estava no meio da minha cama com Blair e Bryan, ambos ao seu lado. Ando até ela e a cutuco. Ela abre seus olhos marrom escuro.

— Justin? — Pergunta.

— Sou eu. — Falo quase em um sussurro. — Fica aí, só vou tomar um banho. — Ela assente e sorri. Peguei uma cueca e entrei no box. Tomei um banho rápido, coloquei a cueca, logo sai secando o cabelo com a toalha. Assim que ele secou, deixei a toalha em cima de uma cadeira. Fui em direção à cama e coloquei Blair mais perto de mim. Lorena fez a mesma coisa com Bryan, assim ficando frente a frente comigo.

— São que horas? — Sua voz saiu rouca. Olhei o relógio, e voltei a olhar para ela.

— Duas da tarde. — Falo.

— Você quer que eu saia?

Olho para ela e nego com cabeça.

— Eu ainda sou a babá deles. — Disse me encarando.

— Eu sei. É só que… Não quero ficar longe de você, entende? — Digo, dando um suspiro depois.

— Justin, eu pedi para irmos com calma. — Fala.

— Porque você é assim?

— Como? — franziu o cenho.

— Fechada, reservada.

— Eu só não quero me magoar, Justin. — Suspirou.

— Alguém no passado tem fez algo? Parece que você não era assim.

— Longe disso. E que, bom, eu nunca cheguei a ficar com caras. — Encarei seus olhos. — Por muito tempo, você é o primeiro em anos.

— Quando foi a última vez que você ficou com alguém?

— Isso não é algo que se fale para um homem! — Exclama, vejo seu rosto ficar vermelho.

— Estamos ficando, então sim, você pode me falar qualquer coisa. — Falo sorrindo, vejo seu rosto ainda mais corado.

— A última vez que fiquei com um cara foi quando eu tinha dezenove anos. — Fala baixo, mas eu ouvi perfeitamente.

— Agora você tem quantos anos? — Pergunto abobado.

— Vinte e dois. — Deu de ombros.

— Pouco tempo, sweet. — De soslaio vejo ela revirar seus olhos.

— E você?

— Eu o que?

— Quanto tempo não fica com ninguém?

— Cinco anos. — respondo. Agora não me sentia mal em falar sobre esse assunto.

— Uau, muito tempo. — riu. Sinto Blair se mexer, logo ela levanta a cabeça e sorri ainda com os olhos fechados.

— Já é outro dia? — Gargalho alto. Sinto uma ardência no braço, Lorena havia me dado um tapa e aponta para Bryan que agora estava com os olhos abertos.

— Não, amor. — Me sento na cama, ainda com Blair sobre mim. — Estão com fome?

— Sim. — Blair fala animada.

Assinto e saímos do quarto. Descemos as escadas indo para a cozinha. Preparo um lanche para todos, pego uma jarra de suco de abacaxi e ponho na mesa.

— Cadê meus pais, Lorena? — Coloco o suco em cada copo.

— Foram embora, não te avisaram? — Nego com a cabeça.

— Falaram quando voltam?

— Não. — Fala. — Acho que sua mãe não gostou de mim.

— Quem tem que gostar de você sou eu, não ela. — A encaro. — E eu gosto.

Novamente ela cora.

— Justin! — Fala alto. Bryan e Blair gargalham quando olharam para Lorena, e viram suas bochechas vermelhas.

— Tá saindo sangue da bochecha da tia Lorena. — Blair fala, ouço um grito e um choro. Olho para Bryan que estava vermelho.

— E brincadeira meu amor, olha. — Lorena fala pegando as mãos dele e tocando sua bochecha. Ele a abraça. — Viu? Não é de verdade.

Me aproximo de Blair que estava assustada.

— Porque ele chorou? Eu fiz algo?

— Não, anjo. E que ele se apegou a Lorena, apenas isso. — Falo e ela suspira me encarando. Pego ela no colo e a levo pro jardim, nos sentamos na borda da piscina. — Ele especial, entende?

— E porque ele não fala? — Assinto e encosto a cabeça dela em meu peito.

— Mas ele se apegou tanto a ela, que fica assim. Então você não pode mais fazer isso, ok?

— Ok. — Me levanto e entramos na cozinha. Nem tinha percebido que ainda estava de cueca.