História The Snoopy BTSuga - IV. NÃO AS Caminhadas Matutinas e NÃO AO Café

 'NÃO AS' CAMINHADAS MATUTINAS 

— 'E NÃO AO' CAFÉ —

O Sol. Possui uma luz forte capaz de cegar algumas pessoas. Se você tentar olhá-lo irá se incomodar ou, se tiver a brilhante ideia de usar um telescópio durante o dia, creio que se daria muito mal. Já que a luz do sol, em determinadas circunstancias, é capaz de queimar seus olhos. As lentes ajudarão nisto.

O suor também é uma das piores coisas que já vi no verão. Por isto que ao dia gosto de acordar cedo, tomar um banho e permanecer quieta em meu quarto, já que não gosto muito da ideia de estar suada, com remela nos olhos ou com o rosto oleoso – minha face tem uma pele muito oleosa. A noite, quando a massa de ar quente sobe e a massa de ar frio desce, gosto de bater perna por aí com uma camisa cinza de manga longa, calça de moletom azul-marinho e tênis esportivos preto, azul e rosa.

Ao contrário de algumas pessoas que fazem caminhada diurna eu não vou para academias, praticar yoga ou coisa do tipo. Apenas dou algumas voltas em alguns quarteirões, paro em uma cafeteria diferente – sem olhar seu nome – e peço uma água, um chá gelado ou um suco e alguns petiscos, mas nunca tomo o café de cafeteria nenhuma.

Não que eu não goste de café. Uma balinha ou uma mascara com a levedura são meus xodós, mas beber algo quente é algo ao qual eu gosto de manter distância. Minha língua fica queimada e não consigo sentir o gosto das outras comidas ou comer algo sem sentir um leve – grande – incomodo, mesmo que o cheiro quente seja aconchegante e me lembre das manhãs das quais meu pai me acordava cedo para me levar a escola e o café da manhã já estava pronto.

Estava a terminar de comer meus pãezinhos e adivinhem só? Min YoonGi entra na cafeteria! E claro, não estava sozinho. Um homem bonito destes não estaria sozinho em uma sexta-feira quente. E devo ressaltar que a mulher era um tanto bonita, mas não mais que eu.

Ahh, qualé! Coreanas não tem bunda e aquela ali era a falsificada da representante de turma do segundo – agora terceiro – ano, Lalisa Monoban. E bem coreana ela é! Ela namora Mark Tuan, jogador de basquete que estudou comigo no ano passado, mas reprovou um ano. E agora sua namorada está dando em cima do meu vizinho, vulgo: seu coordenador. Não que eu me importasse com as merdas que são capazes de acontecer, na verdade eu quero assisti-las de camarote.

Depois de pesquisar bastante sobre Min YoonGi, descobri que namorou muitas garotas mais jovens que ele. E também descobri sua senha de E-mail. Descobrir senhas é a coisa mais fácil do mundo.

E sim, também sou uma hacker. Este é o meu terceiro hobby. E talvez até eu me inscreva para o FBI, ou a CIA, ou a SNI da Coreia do Sul. Qualquer empresa de segurança, de preferência, ultra-secreta. Já que – para a pessoa aqui – não é muito difícil saber tudo sobre a vida das pessoas, se elas simplesmente deixam expostas! Ou se você simplesmente tem um dom natural de achar coisas.

Me levantei para pagar meu lanche e – como a sorte sempre esta comigo – Lalisa Monoban me viu, se levantou de seu acento e, juntamente com isto, jogou seu café em mim.

De propósito? 
Claro que não. – sinta o veneno da minha ironia.

Min YoonGi me encarou e abriu aquele sorriso doce que... Me perdoe. Eu não estou apaixonada por ele! Não depois de ele lançar aquele sorriso maligno e depois mudar a expressão para surpresa e espanto.

Suspirei e revirei os olhos.

– Me desculpe Clarice, eu não sabia que estava aqui. – Lalisa começou a tentar dar uma de inocente.

De inocente, querida, você não tem nada.

A melhor forma de fazer uma pessoa passar mais vergonha que você é: fingir que não a conhece. E isto cai muito bem quando alguém diz seu nome.

– Quem é você? – pergunto me afastando – E como sabe meu nome?

Todos na cafeteria nos encaravam e tentavam – de forma impossível – disfarçar alguns risos. Provavelmente isto esta dando certo, mas se caso não estiver, eles estão rindo de mim.

– Você estudava na Escola de Daegu...

– Primeiro, eu não sei quem você é. Segundo, nem sei como sabe meu nome ou como sabe sobre meu histórico escolar. Sabia que eu posso processa-lá por estar me perseguindo? Ou por ter jogado este café em mim de propósito? – atirei todas as minhas balas – Eu vi você me encarar garota, era evidente! Por isto quis ir embora logo.

Ela respirou fundo e continuou a me encarar de boca aberta.

– Com licença, tenho que pagar meu lanche. – sigo até o caixa e reviro os olhos quando tenho tempo de encarar a minha roupa encharcada de café.

Lalisa Monoban era o inferno da escola, não adiantava ser um ano mais nova que eu, sempre estava a humilhar os menos favorecidos e, claro, eu estava incluída neste grupo, só porque nunca tive um namorado ou porque estava classificada como a "anti-social", "nerd" ou a "viajante da maionese".

Mas vou te contar um segredo, eu só conseguia pegar as provas antes mesmo de fazê-las, por isto passava de ano. E, claro, tudo por causa do meu terceiro hobby.

Caminhei em direção a minha casa, a noite estava fria e eu estava com sono. Quando o vento batia em mim, meus cabelos eram lavados para trás. Soltei um bocejo e uma lágrima de saudade da minha cama escorria rapidamente por minha bochecha esquerda. Como o vento pode ser tão forte a este ponto?

São onze e meia da noite. Segundo o meu relógio de pulso. Eu já estava chegando perto da avenida principal. Um carro entra na rua onde eu estava, e ouço parar ao meu lado.

– Arice!

Uma das coisas que me irritam muito nos gringos é: pronúncia de nome errada. E isto é pior ainda quando se é um desconhecido.

– Sei que é minha vizinha de direita. Quer uma carona? Está frio e é perigoso aí fora.

Perigoso. A última palavra que eu poderia usar para classificar a Coreia do Sul seria perigoso. Ele provavelmente nunca esteve nas ruas de Copa Cabana em plenas dez da noite.

Perigosa sou eu!
Quando eu descobrir seus podres e revela-los a você mesmo, estarás beijando meus pés!

Se bem que um encontro com uma aluna já é um podre...

Continuei a caminhar, a avenida principal está bem perto, o condomínio é do outro lado. Mas adivinhem só: ele me seguia com seu carro preto em uma velocidade lenta demais para um Volvo. As pessoas pensariam – facilmente – que aquele carro era um bebê engatinhando ou, na pior das hipóteses, um carro idoso! Creio que até mesmo um Fusquinha dos anos 70 andaria mais rápido que aquilo, mesmo com o barulho irritante do motor e da lataria e um cheiro insuportável de gasolina queimando.

– Eu lamento pelo o que aquela garota fez, também lamento por não saber do que se trata um açúcar... açúcar o que? – ele realmente não pararia de falar!

Correr seria uma péssima opção, ele conseguiria acompanhar meu ritmo e no final das contas, eu chegaria morta de cansada em casa. Ainda tenho de tomar um banho rápido para tirar este cheiro de café que está deixando a pele dos meus seios grudenta e isto é insuportável!

– Eu acho que começamos de uma forma errada. – tenta puxar assunto – Me chamo Min YoonGi – ele colocou um de seus braços para fora do carro. Ignorei.

– Sei quem você é M Y G 3 9 9 1. – digo sua senha de E-mail – Também sei muito bem quem é Lalisa Monoban. Tome cuidado com ela.

Olhei para ele e sua mão continuava estendida para fora do carro, mas seu rosto estava com uma cara surpresa, um perfeito O de absurdo estampado em uma face tão bela – uma pena pertencer a um ser humano ignorante.

Continuo andando e o ignoro por todo o caminho. Preciso ignora-lo mais vezes.