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História A Chave Elemental - Capítulo I


Escrita por: Aquary

Notas do Autor


Observações importantes sobre a fanfic
Essa é uma fanfic para o NaNoWriMo, ou seja, até o dia 30 de Novembro pretendo trabalhar exclusivamente nela, e ela deve ter por volta de 50.000 palavras.
A sinopse é a mesma utilizada no registro do NaNoWriMo, para que as coisas fiquem mais organizadas na minha cabeça, ela não entra muito em detalhes, mas é porque eu “sou vida loca” e não tinha me preparado para o evento de maneira adequada. A sinopse porém resume adequadamente todo o enredo da trama.
A Chave Elemental é um cenário próprio, o qual foi inspirado em Saint Seiya, então nada mais justo que começar a desenvolver o cenário em uma fanfic de SS.
Existe um jornal sobre o cenário da Chave Elemental, e devo continuar uma série de jornais exclusivos sobre a trama, se for do interesse das pessoas que estiverem acompanhando, como está sendo criado o cenário, personagens, reinos e símbolos – que não são poucos, gosto muito de usar esse tipo de informação para criar narrativas.

No mais espero que vocês curtam o desenrolar da história, se gostarem por favor comentem, se não gostarem comentem também e digam o que está ruim, isso só ajuda a melhorar. Bom Novembro para quem se inscreveu no NaNo 2016, para quem não se inscreveu também, e bora história.

Capítulo 1 - Capítulo I


O ruído constante do relógio de parede atormentava seu espírito, guiado por Hypnos para os confins de seu inconsciente, o sonhador encontrava-se em meio ao vazio, no mundo governado pelos sonhos. Conforme tensionava os músculos do corpo, as esmeraldas escondidas pelas pálpebras tomavam consciência do mundo ao seu redor, junto aos outros sentidos.

Tudo era branco, nada podia ouvir, o ar penetrava seus pulmões com dificuldade, sentia o peito arder pelo frio que fazia. Tentou estender sua mente, alcançar alguma outra consciência, inteligente ou não, próxima ou longinquá, porém desorientou-se ao perceber que não sabia aonde estava, e por fim a força empregada naquela simples ação, o levou de volta ao inconsciente.

Ainda podia ouvir, o ruído constante do relógio. O vento sussurrava em seu ouvido, divertindo-se com o balançar suave dos fios de seu cabelo, ele ainda sentia frio, e uma segunda vez abriu os olhos para o branco, que não mais estava vazio. Pequenos flocos de neve bailavam nos mais diferentes formatos, impelidos pela gravidade de encontro ao chão.

Logo soube que se continuasse ali congelaria, uma segunda vez tentou alcançar outra consciência, com esforço e dificuldade encontrou o que buscava a uma longa distância. Fechou os olhos com força, sua mente latejava, era difícil mentar-se consciente, mas abriram-se nova e rapidamente, conforme o peito apertava pelo cheiro de sangue que sentia cada vez mais perto.

Não soube dizer quando deixou de ouvir, um ruído constante e incomodo, mas agradeceu mentalmente por não mais ouvi-lo, podendo então dedica-se exclusivamente a fera que espreitava oculto entre as sombras da mata distante. Largado no meio da estrada, nada além da neve para lhe acompanhar, podia ver com clareza nítida o cenário a sua volta.

Encontrava-se bem distante da sociedade urbana, tão pouco encontrava-se nas montanhas do Tibete, a sua frente, a dias de viagem podia ver uma cadeia de montanhas, as quais não reconheceu. Nuvens de tempestade formavam-se ao seu redor, formadas pelas montanhas geadas, pelo orvalho acumulado nas copas das árvores da floresta, que abrigava o animal que agora o caçava.

Olhos negros na escuridão verdejante, entre eles um grande lago, o inverno chegaria logo, constatou pela fina camada de gelo que se formava na superfície aquosa. Por enquanto ele estaria seguro, mas por quanto tempo, ele não saberia dizer. Uma última vez buscou por outra consciência, não poderia dar-se ao luxo de perder os sentidos na mais completa solidão.

Não soube dizer se por sorte ou azar, a consciência vinha do outro lado do rio, numa pequena, diminuta e branca cabana, aos pés das grandes árvores, engolida pela escuridão. O ser que dormia solitário e doente, se encontrava tão incapacitado quanto ele próprio, mas não havia outra solução. Sentia fome, sentia frio, sentia medo, e vazio.

Abriu os olhos para o cenário a sua volta, marcas na estrada, grandes rodas de carroça, muitas patas para um único cavalo, muitos pés em passos apressados. As pessoas saíram apressadas, fugindo de algo em algum lugar, correndo em bando para algum outro lugar, seguiam a estrada na única direção a qual ainda não havia olhado.

Suor frio escorria molhando o robe triplo que usava, enquanto sua mente trabalhava constante, até finalmente aquietar-se frente aquela assustadora conclusão. Uma vez, a muito tempo, estivera ali, em um sonho de criança, quando ainda vivia no Tibete, com seu mestre. No sonho o lobo o devorava, outrora o protegia, ambíguo como o signo que o ocultava.

Acordou sobressaltado de volta a realidade, não era mais um menino constatou na turbulência de pensamentos que invadiam sua mente, entre a culpa e o medo, constatou que também não tinha mais o mestre ao seu lado. O ruído constante do relógio de madeira estranhamente lhe conferia segurança e paz, porém intimamente recordava o motivo pelo qual o odiava.

 

Aquela manhã nada parecia diferente no Santuário de Atena, a rotina dos lendários santos que protegem a paz e harmonia na Terra incluía, o treinamento físico da elite no coliseu, seguido pelo treinamento vespertino dos aprendizes. Aquela manhã porém ele não conhecia concentrar-se, já havia sido derrubado pelo menos três vezes, mais uma e começariam a falar.

No que dizia respeito a treinamento físico, o segredo estava no olhar. Olhos atentos ao movimento do adversário, uma leitura precisa de precipitação, uma antecipação fatal. E novamente ele estava no chão. Ele preferiu ignorar os comentários dos colegas, enquanto ouvia o virginiano aproximar-se, e ele soube, sem precisar de ninguém alertar.

— Mu de Áries, é melhor você começar a falar. – Shaka de Virgem, havia despertado o inquisidor dentro de si. Seu estado inquieto havia despertado o pior lado do amigo, e isso lhe causaria muita dor, se não começasse logo a falar.

— Vou guardar para mim por mais um instante. – Ouviu a censura coletiva, os santos decidiram por se afastar, era raro que houvesse algum tipo de desentendimento entre os dois, ainda mais iniciado por ele. Nesses casos, Shaka de Virgem poderia não ser tão pacífico quanto aparentava ser. Não que ele se importasse tanto, havia um bom motivo para o ditado ser lobo em pele de cordeiro.

— Se faz tanta questão de continuar a se machucar. – Permaneceu de olhos fechados por mais algum tempo, instante no qual os olhos do lobo em seu sonho encontraram o caminho de seu consciente e ele assustou-se ao se por de pé, apenas para cair novamente, pelo golpe que o atingiu em cheio, fazendo-o desmaiar.

Quando despertou encontrava-se em sua casa, mais precisamente em seu quarto, constatou pela macies da cama e pelo badalar do relógio na parede. Não abriu os olhos, não queria ter de lhe encarar, sentiu algo gelado ser depositado em seu fronte, e tentou ignorar o súbito desejo de retornar aquele lugar, no lago, na estrada.

Sentiu quando o peso sobre o objeto gelado diminuiu, ouviu os passos se afastarem, mas não deixaram o quarto, também pode sentir a presença de outras três ou quatro pessoas no aposento, constatou rapidamente como sendo virgem, aquário, leão e escorpião, apesar de captar a presença distante do taurino em companhia de seu pequeno aprendiz.

— Tenho tido pesadelos. – Anunciou por fim. Não era mais um menino, mas tinha um menino sobre sua responsabilidade agora, não poderia correr o risco de colocá-lo em perigo apenas por ter seu orgulho ferido. Sim, não havia outra explicação para aquele sentimento, orgulho ferido pelo medo do desconhecido.

— Pesadelos são comuns em nossas vidas. – As vezes achava engraçado quando Shaka tentava usar de sua moral contra ações impulsivas dos amigos, mas tinha de admitir que poderia ser desagradável quando ele era o alvo do sermão. – O fato de termos tido ensinamentos diferentes, não muda o fato de que passamos pelas mesmas batalhas, enfrentamos os mesmos inimigos. Se há alguma coisa que ainda incomoda deveria conversar conosco. Não é como se não fossemos entender.

— Não é bem esse tipo de pesadelo Shaka – Preferia mil vezes sonhar com Radamanthis, a morte dos amigos, e a sua própria. Seria mais simples de explicar. – Tive esse mesmo pesadelo durante semanas quando tinha a idade de Kiki, por mais de uma década não tive nenhuma lembrança deles, como pode agora, depois de todos esses anos, ainda causarem tanto medo.

— Sonhos muitas vezes podem ser mensagens do inconsciente. – O sotaque forte e francês não o aborrecia, mesmo assim suspirou, forte e longo denotava impaciência, rara marca registrada de sua ansiedade. – Mas gosto de pensar que são apenas uma válvula de escape.

— Era lúcido, frio, desconhecido e assustadoramente mortal. – Interrompeu de maneira grosseira e apressada, sentando-se e encarando o vazio por alguns momentos, lembrando – Pode dizer que era Asgard se quiser, mas conheço toda Asgard, cada rocha, morro, ou montanha. Nada. Nada para mim é um mistério em Asgard, mas aquele lugar.

— É inverno no hemisfério sul, mas não neva entre os trópicos e a linha do Equador. Existem animais realmente assustadores na Oceania, versões maiores, mais violentas, quase primais se quiser a minha opinião – Camus tremeu levemente enquanto observava o teto do quarto, provavelmente referindo-se a aranhas.

— Mestre Shion já tentou analisar essas referências Camus. – Suspirou resignado mudando o pano frio, do nariz ensanguentado para a nuca. Não pode conter a careta devido a grande mancha vermelha do pano, mas o virginiano apenas sorriu minimamente para si. – No sonho havia uma cadeia de montanhas estranha, deveriam ser dias de viagem até a base, uma floresta de árvores altas subia o caminho em direção as elevações distantes, e um lago.

— Se o mestre não encontrou nada parecido com o lugar dos seus sonhos Mu, então é porque são apenas sonhos. – A afirmação não o deixou mais calmo, sentia-se inseguro, inquieto com o futuro, que agora não parecia estar tão distante – Estamos em paz já faz algum tempo, foi uma graça a qual devemos agradecer a oportunidade de termos nossas vidas de volta, imaginar que algo, em algum lugar não está bem é natural. Não fomos preparados para viver em paz, a vida as vezes não faz sentido quando não há um conflito para ser resolvido.

— Eu estava no meio da estrada Aiolia. – Sabia que entre todos quem mais sofria naquele momento era aquele leão, tentava viver uma vida comum ao lado da ruiva que tanto amava, mas depois dos eventos em Asgard, era certo que Aiolia não seria mais o mesmo. – Haviam marcas de cavalos e carroças, como se as pessoas estivessem fugindo, mas havia algo mais. Na floresta, no lago, nas montanhas, que era familiar e ao mesmo tempo assustador. E por mais que digam que compreendem o que eu estou sentido, vocês sabem que a verdade não é bem assim.

 

O silêncio tomou o aposento, uma mistura de sentimentos: raiva e mágoa, misturavam-se a dor e a sensação de abandono que dele emanavam. A maioria ali eram órfãos, exceto Milo cuja família possuía uma ligação pessoal para com o santuário, porém na distância pelo treinamento, o tempo já havia se encarregado da maioria de seus parentes.

Mas Mu era uma incógnita, seu passado, sua origem, nem mesmo o próprio Shion conhecia. Sabia que pertenciam a mesma linhagem, as marcas do clã confirmavam isso, mas quem foram seus pais, em que colônia viviam, se ainda viviam. Mu de Áries era uma incógnita, cuja origem não era puramente humana.

— Quando eu era menino, passava horas tentando entender esse sonho. Olhava as montanhas buscando qualquer pista que pudesse me levar até aquele lugar. Mas nunca encontrei nada. – Fechou os olhos com força, o sentimento de impotência amargo na boca, sentia ter fracassado, consigo mesmo e com qualquer outra pessoa que precisasse dele.

— Era só uma criança Mu, o que você poderia ter feito? – Conhecia bem a extensão de seu próprio poder, mas perante as habilidades natas de Mu sempre seria apenas um homem comum. De certo, as vezes invejava sua capacidade além da compreensão de um humano. Noutras porém.

— Poderia não ter esquecido.

A voz do menino misturou-se as badaladas do relógio, ainda havia mais, aquilo que tanto o prendia ao sentimento de culpa e o consumia como a um condenado. O menino adentrou o quarto e falava qualquer coisa sobre o almoço, ele por sua vez passou a funcionar no piloto automático, um sorriso característico que não correspondia aos seus sentimentos.

Mu de Áries afagou os cabelos vermelhos do discípulo, em seu fronte a marca do clã, mas ele havia conhecido a mãe do menino, uma jovem nascida no Himalaia, descendia de um dos antigos mestres ferreiros da linhagem terrena, como eram chamados aqueles cuja família era exclusivamente nascida na Terra. Mas ele, não era um terreno.

Passou a tarde da pior forma possível, fora acompanhado por, pelo menos, dois dourados todo o tempo. Durante o treinamento com Kiki, que havia ficado radiante com a possibilidade de treinar contra Shaka. As compras no mercado, mas ele sabia que Aldebaran o fazia apenas por amizade e companhia nada mais.

Mas a noite já estava irritado, concordará em Kiki passar a noite com Milo, Shura e Máscara da Morte, jogariam videogames até tarde da noite, afinal o dia seguinte era sábado. Mas não esperava receber novamente a visita de Shaka e Camus em sua casa, não quando ele estava justamente tendo um ataque de nervosos.

As badaladas do relógio eram o único som proveniente da sala que ele utilizava para o reparo das armaduras, um cálice de vinho, uma garrafa vazia, a sobriedade já havia partido quando ele usou uma de suas ferramentas para dar o mesmo fim ao objeto de sua atenção. Havia feito aquele relógio quando era apenas um menino.

Os delicados arabescos esculpidos a mão haviam deixado marcas desastrosas para época, formavam asas ao redor do visor de vidro que o mestre fizera com esmero, havia uma grande engrenagem central por detrás dos números que ele havia pintado de branco, assim como os ponteiros, eram a úncia parte de metal da peça.

Não ouviu quando os amigos tentaram chamá-lo de volta a razão, não parou até finalmente nada restar além de uma caixa de metal protegida por um selo. Havia escondido aquele pequeno segredo do mestre, de todos, do mundo e até de si mesmo. Ele não queria lembrar, não queria voltar aqueles pesadelos, era apenas um menino.

— Queriam respostas. – Arfou por fim, observou a sala revirada como quem admirava uma obra de arte refinada. – Eu também.

 


Notas Finais


As postagens devem ocorrer diariamente, sim já que é uma fanfic para o NaNoWriMo 2016 eu pretendo cumprir prazos, e no final, quem sabe dar uma revisada geral na história, resolvendo erros, acertos e confusões gerais que tenham ficado para trás.
Se não der tempo, farei isso em dezembro mesmo, mas não será diariamente, talvez semanal, para dedicar-me as histórias que ficaram em pausa por causa do Nano.

E se você chegou até aqui através do acompanhamento das minhas atualizações, saiba que sim, Certas coisas sobre eles e sobre nós – Papilon estará durante o mês de novembro entrando em uma pausa. Mas ele voltará a ser atualizado normalmente conforme o NaNo terminar.
Já a fanfic do Clã da Estrela, ela precisará ser revista, isso deve acontecer no mês de dezembro em diante, certos argumentos que não estou gostando nela me impedem de continuar a escrever com o mesmo prazer que eu tinha antes, e essa acaba sendo uma situação muito chata para mim.


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