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História A Chave Elemental - Capítulo II


Escrita por: Aquary

Notas do Autor


Meta do dia atingida, mas minha meta pessoal acabou falhando em 388 palavras, anotando aqui só para não esquecer depois.
Não planejei esse capítulo desse jeito, é estranho quando isso acontece, mas adorei o resultado.
Estou montando um pinterest com imagens de personagens, objetos e cenários, ver se coloco um link por aqui a partir do próximo capítulo que tem umas imagens que devo passar para privado, ou estraga os mistérios.
Podem cobrar.

Capítulo 2 - Capítulo II


No último capítulo:

— Querem respostas? – Arfou por fim e observou a sala revirada, como quem admirava uma obra de arte refinada. – Eu também.

 

Capítulo II

Já passavam das duas da manhã quando finalmente chegou ao undécimo templo, haviam tentado ajudar o jovem lemuriano como podiam, mas aquele era um fardo o qual não compartilhavam com o amigo. Depositou a pequena caixa de metal no balcão da cozinha, se as respostas para o tormento do jovem ariano estavam ali dentro, precisava começar o quanto antes.

Seguiu para o quarto procurando de alguma forma ficar mais confortável, a verdade é que a situação em si não lhe permitiria aquele conforto, mesmo assim começou seu ritual tentando relaxar a mente. Trocou a malha de treino por um moletom cinza grafite, tendo de tomar dados deu preferência para uma regata, deixou o quarto com os pés nus.

A biblioteca provavelmente seria mais eficiente para o trabalho, porém ele preferiu uma abordagem mais empírica. Tinha certeza clínica atestada por Shaka, Mu estava sofrendo de ansiedade. Sua mente vagava pelos sonhos e traumas da primeira infância tentando superar conflitos não resolvidos com o mestre. Se fosse o caso, ele melhor que ninguém poderia lidar com a situação.

Esfregou os pés contra o tapete felpudo da biblioteca, o desgaste mental do dia quase se esvaindo por completo. Tocou o armário de madeira buscando por um caderno de anotações que estivesse limpo, por fim escolheu uma caneta preta, apenas porque gostava do contraste da tinta escura no papel claro.

De volta a cozinha depositou seus instrumentos de estudo junto a ilha central e a caixa, gostava de ordem. Coisas ordenadas lhe davam a sensação de controle e segurança. Sorriu confiante e puxou um dos bancos que ficava por debaixo da pequena ilha central, sentando-se de frente para o objeto de sua pesquisa, e finalmente abriu a caixa.

Bougre¹. – Xingou depois de algum tempo observando o conteúdo da caixa. Sua exasperação era tal que logo alcançou a porta da geladeira, tirando lá de dentro um vinho doce que ganhará no último aniversário. – Connard².

Para Camus a lógica de Shaka não havia mudado, porém aquele sentimento não era ansiedade, mas culpa. Mu sentia-se culpado pelo que havia encontrado ainda quando criança e escondido de seu mestre, provavelmente sentia que o estava traindo da pior forma possível, ou pior, tratando-se de uma criança acreditava proteger o homem que era sua única família.

Removeu a rolha de madeira sem o charme da apreciação, usou a regata para limpar o gargalo da garrafa e sorveu o líquido sentindo a garganta arder e o peito esquentar. Era fato, estava comprometendo a interpretação da matéria de seu estudo, mas ele não era um psicólogo, havia se formado em química, conhecia bem seus limites.

Aproximou-se novamente da caixa, e ralhou novamente contra o ariano, fazendo sua primeira anotação no caderno, agora até mesmo a beleza de contrastes entre as duas cores lhe irritava. Dentro da caixa uma chave prateada brilhava contra a claridade da cozinha, tudo nela parecia debochar de si, se questionava se Mu havia lhe escolhido para zombar de si.

A chave adornada por arabescos denotava uma construção singular, seu segredo configurava um par lógico único para a função simbólica que se encerrava em si mesma, uma cruz estava entalhada no centro, necessitaria uma segunda e única cruz para funcionar de maneira adequada, além de dois dentes minúsculos que adornavam o segredo.

Sorveu o líquido novamente, irritado com as anotações que fazia, sentiu a roupa molhada pelo vermelho que não pode reter nos lábios pela falta de concentração. O calor, não mais sabia se pelo álcool ou por toda a situação, o levou a despir-se de modo que encontrava-se semi nu em sua própria cozinha, usando apenas uma boxer.

Um pouco mais calmo voltou-se para a análise que fazia, curioso com tudo o que se seguia. Uma corrente de metal serpenteava por todo o corpo da chave, um curioso padrão de seis por um que terminava em um ponteiro em formato de lua. Fez uma nova anotação enquanto ponderava se deveria ou não retirar a chave da caixa.

 

O sol já ia alto quando despertou, havia dormido na cozinha, e agora tinha o corpo dolorido por causa da posição em que se encontrava, deitado de bruços em uma cama que não era a sua, preso por um conjunto de fivelas que trançavam por suas costas e pernas, e que provavelmente deixariam marcas.

Num primeiro momento acreditou tratar-se de uma brincadeira de gosto duvidoso de algum dos amigos, porém o vento frio que o atingiu por trás proveniente do abrir de uma porta, indicava que não se encontrava mais no santuário, e provavelmente nem no Kansas, já que cores vibrantes e difusas chegavam-lhe aos olhos pela visão periférica.

Ouviu claramente quando a voz doce e angélica atingiu seus sentidos, não apenas pela audição, mas também por uma conexão mental. Nada havia compreendido, era um idioma diferente de qualquer outro que já havia conhecido, logo tensionou os músculos do corpo como reação defensiva, eventualmente sem qualquer resultado positivo, uma vez que sentira-se ser tocado pela estranha.

Dedos suaves e acetinados percorriam seu corpo, e ele usou cada neurônio capaz de expressar razão para não relaxar ou gemer com aquele simples toque. Aos ouvidos uma risada: delicada, feminina, jovial e que de forma irritante parecia divertir-se com aquela situação. Estava decidido, se ela usaria aquele tipo de tortura lhe mostraria toda sua inflexibilidade, enquanto pudesse.

Relaxou os músculos e procurou esvaziar a mente, podia sentir a presença dela, espreitando em suas lembranças enquanto continuava a lhe tocar. Precisava manter controle sobre a razão, já que não tinha o controle de seu corpo imóvel. Novamente ela buscou comunicação, e novamente ele não compreendeu o dialeto, porém agora ele podia ver o que ela desejava mostrar.

Encontrava-se em uma pequena cabana, além do cômodo onde se encontrava havia outro a esquerda, onde ele podia ver uma banheira e um espelho que refletia sua imagem na cama. Estressou-se ao perceber-se ainda mais vulnerável quanto imaginava que estaria, e novamente ela riu, subindo seus toques, da barra final da boxer na cocha, para a base da coluna.

Dedos hábeis serpentearam com grandes unhas por toda extensão das costas, estressado ele tentava pensar em números e fórmulas químicas, o que pareceu despertar a curiosidade da jovem que por alguns instantes interrompeu as carícias. Buscava em sua mente por tudo o que se relacionava aqueles símbolos estranhos, mas para sua perdição deitou-se sobre ele.

Números e química não ajudavam tanto quanto gostaria, a jovem era mais baixa que ele, poderia precisar exatos quatorze centímetros. Charmant³, ela não aparentava um corpo frágil devido a excesso de exercícios, pelo contrário era curvilíneo e suave. Suspirou com resignação, quando viu a razão abandoná-lo, tencionava seriamente medir o tamanho de seus seios.

Précieux¹¹, compreende meu dialeto? – Não conseguia mais raciocinar números e química, suas maiores paixões vencidas pelas formas do corpo de uma garota.

A garota voltou a ignorá-lo, ainda debruçada retomou a carícia anterior, passeando pela anatomia de seus braços, enquanto lhe mostrava o restante da cabana em um passeio mental. Havia fogo na lareira no centro da cabana, almofadas coloridas depositadas no chão em um padrão circular, logo acima um lustre rústico, feito dos chifres de um animal, lhe pareceu belo.

Grâce¹². – Foi a última coisa que a ouviu antes de ser arrastado para a escuridão.

 

De volta a sua realidade sentia-se atordoado, como quem acaba de acordar de um sonho erótico interrompido pelo despertar abrupto produzido por uma manada de elefantes. Não que Milo fosse uma manada de elefantes, mas o fato é que não era nem de longe a bela jovem de seu sonho. Louco, pecaminoso e delicado sonho.

— Finalmente. – O amigo parecia atormentado, quando finalmente deu-lhe espaço para erguer-se do banco, estava de volta a sua cozinha, sentado no mesmo banco no qual adormecera. Estranhamente não sentia dor pela posição na qual dormira, ou por qualquer fivela que pudesse tê-lo mantido em cativeiro.

— A quanto tempo estou dormindo? – Perguntou aproveitando o tempo para situar-se novamente na segurança de seu templo. Milo, Afrodite e até mesmo Shura encontravam-se em sua cozinha, por sorte nenhum deles pareceu notar a caixa no centro da mesa. Pegou-a conferindo para sua sorte, ou profundo pesar, que a chave ainda encontrava-se dentro dela.

— São dez da manhã Camus. – Compreendia o tom ansioso do pisciano, vizinhos de casa a tantos anos, era natural que ele soubesse seu padrão de sono. Dormir cedo, acordar cedo. Dez horas estava muito além de seu horário habitual – Chamei o Milo quando descobri que não tinha aparecido em lugar nenhum, você não é de dormir na cozinha, que dirá em trajes menores chère¹³.

Sorriu. Um sorriso torto e breve acompanhando o pensamento do outro, fechou os olhos ainda buscando pela doce lembrança da garota de seus sonhos, e finalmente levantou-se do banco para procurar por suas vestes, que curiosamente não encontrou. Analisou friamente o cenário a sua volta, o vinho ainda estava ali, o caderno de anotações, a chave.

O olhar analítico não passou despercebido pelos amigos, que também puseram-se a buscar por qualquer coisa incomum na casa, sem nem mesmo saber por onde começar a procurar, ou o que procurar. Suspirou cansado e uma segunda vez aquela dia deu-se por vencido, estava cansado aquela noite, bebendo vinho para esquecer seus próprios problemas, tentando resolver o dos outros.

— Ótima carta Milo. – Caminhou até a garrafa que jazia na bancada de granito da pia, porém assim como suas roupas não encontrou a rolha, optou por uma abordagem rápida, buscando outra na gaveta da mobília. Não poderia dar-se ao luxo de ter Shaka em seu encalço depois daquele sonho, sabia perfeitamente bem qual seria sua análise do assunto.

— Boa companhia chère? – A pergunta vinha carregada de um tom divertido e malicioso, enquanto guardava o vinho na geladeira, buscava por mais pertences ausentes, distraindo-se com o a pergunta do colega, não deu pela falta da caneta que usará na noite anterior.

— Não estive acompanhado Afrodite. – Afirmou com presteza ao notar os olhares inquisidores dos outros dois, acrescentou. – Vocês dois saberiam, e no que diz respeito a você Milo, o santuário inteiro saberia a uma hora dessas.

— Nesse caso como explica todas essas marcas? – Seguia para o quarto enquanto era seguido pelos demais, o tom erótico característico de Milo o deixou curioso. Havia tido um sonho erótico para seus próprios padrões pessoais, mas nada que pudesse sugerir o teor de tal aventura exceto por sua ereção.

— Do que estão falando? – Em seu quarto preparava-se para vestir uma camisa mais solta, sua mente trabalhava no fato de que as roupas perdidas realmente não se encontravam no armário, mas foi quando ergueu os braços que as viu.

Qu'est que cela signifie?²¹ – Vermelhas e largas, marcavam a pele alva das costas, as tiras de couro nas quais esteve amarrado estavam ali. Mais que isso, as marcas das unhas também estavam ali. Mudo, surpreso e confuso, o grito encheu o quarto e espantou as pequenas aves que faziam ninho em seu jardim. – Áries.


Notas Finais


Notas de tradução, todas em francês

¹ Bougre – Miserável
² Connard – Cretino
³ Charmant – Agradável, ou charmosa em francês – ou porque o tradutor apontou as duas palavras
¹¹ Précieux – Preciosa
¹² Grâce – Grata
¹³ Chère – Meu caro
²¹ Qu'est que cela signifie? – O que isso significa?


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