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História A Era dos Dragões III: Aprendiz de princesa - Caçada à princesa


Escrita por: nikahgreenleaf

Notas do Autor


Arrisque, tente, permita-se, mostre para si mesmo do que é capaz.

Capítulo 17 - Caçada à princesa


Fanfic / Fanfiction A Era dos Dragões III: Aprendiz de princesa - Caçada à princesa

Fechei os olhos, tentava controlar o ritmo de minha respiração, esvaziar minha mente das preocupações e manter a calma. Devia me portar com frieza, mas não conseguia evitar o martelar incessante das batidas do meu coração. Ele tinha bons ouvidos e acabaria por me achar.

  Voltei a correr, passando por entre as árvores. Conforme descia o caminho ficava cada vez mais íngreme, diminui o ritmo, tomando cuidado onde pisava, um único deslize e eu poderia rolar montanha abaixo. Estava tão preocupada em não cair no abismo gelado que acabei por pisar em um galho velho, quebrando-o, o ruído da madeira se rompendo foi o bastante para dedar minha localização, logo ouvi o urro próximo a mim. Ele estava chegando.

  Continuei descendo, esperava que a floresta fosse minha salvação, lá poderia me esconder, conhecia algumas pequenas cavernas onde ele era grande demais para entrar, se as alcançasse estaria protegida. Ouvi um novo urro, virei à esquerda tomando um caminho desconhecido, logo o monte de árvores havia acabado, ótimo, eu estava em um lugar aberto contra o vento... Havia uma presa mais fácil? Outro urro, abaixei-me, tentando me misturar a neve, meu casaco de frio era branco e isso poderia confundir sua visão, mas não seu incrível faro, ele saberia discernir o gelo de um pedaço quente e jovem de carne, uma meio humana tola que ainda não sabia controlar seus poderes.

  Olhei para frente, havia uma clareira entre mim e as cavernas, um longo caminho de gelo até a salvação. Eu ficaria exposta, mas se continuasse parada ali seria pega, não restou outra saída, fechei os olhos, precisava encontrar o equilíbrio entre minha áurea e meu frágil corpo humano, deveria direcionar minhas forças para as pernas, precisava ser veloz. Senti a eletricidade tomando conta de meu corpo, a poderosa estática se apoderando da minha mente, novamente abri os olhos e tive certeza de que estavam azuis, tomei um impulso e corri para imensidão branca.

O gelo estava firme, porém escorregadio, escorregadio demais para ser um caminho seguro, só agora me dava conta de que estava acima de um rio congelado. Boa Aimil, mais uma adição para a sua lista de “o que não fazer” e com certeza correr sob o gelo fino não era uma boa ideia. Como sairia daquela enrascada?

  Não houve tempo para pensar porque logo o avistei, a imensa criatura não se deteve pelo gelo, pelo contrário, isso pareceu deixa-lo ainda mais zangado e logo estava correndo atrás de mim. Tentei ser mais veloz, podia ver o reflexo de suas patas no gelo, estava em meus calcanhares, podia sentir seu hálito contra minha nuca, era hora de despertar o meu lado dragão.

  Usei a força do vento contra o meu próprio corpo, permitindo que eu deslizasse, tal como se estivesse em um ringue de patinação. Por duas vezes ele me alcançou e nas duas vezes consegui desviar, aos poucos, o medo de ser pega passou, substituído pela adrenalina, me sentia poderosa, me sentia livre. Esforcei-me para aumentar a força de meus poderes, afastando-me ainda mais dele, que agora urrava sem parar.

- Quem é a mais forte agora? – Gritei, dando algumas piruetas e deslizando sobre o gelo.

  Parecia tão fácil, como se eu pertencesse àquele lugar, nada e ninguém poderia me alcançar, Aimil Lace era invencível! Continuei a deslizar até sentir que algo estava errado, a placa de gelo abaixo de mim parecia muito fina, parei de me movimentar e vi rachaduras ao redor dos meus pés. Estava ai a razão para não andar sob um rio congelado, simplesmente porque você poderia cair nele e morrer de frio.

  Senti o gelo ceder e o medo me dominou, não sabia o que fazer quando garras agarraram a minha blusa, me levantando no exato momento em que o gelo se rompeu, fui carregada por mais alguns metros e lançada contra o chão.

 Fechei os olhos, estava assustada, voltei a abri-los e me vi deitada no chão, entre duas enormes patas, seu rosto estava a centímetros de mim, podia sentir seu hálito, seus dentes eram realmente afiados, por alguns segundos ele me encarou com seus olhos de predador e urrou com toda força de seus pulmões. Eu havia sido pega.

- Arrrrrgh! – Bufou nervoso.

- Está bem. – Levantei os braços em sinal de rendição. – Você venceu.

 Tentei me levantar, mas ele colocou a pata sobre o meu peito, prendendo-me.

- Não tem graça, quero me levantar.

- Arargh ar! – Continuava a me reter.

- Estou com frio!

- Arghargh ar!

- Já entendi, não irei mais correr sob o gelo.

- Argh?

- Eu juro Boo.

- Arg arg. – Disse um pouco mais calmo, afastando-se.

- Como você é pesado. – Me levantei, limpando a neve do casaco. – Pensei que você afundaria no gelo fino.

- Argh? – O ieti pôs a mão no peito e suspirou ofendido.

- Não, eu não queria que você morresse Boo, só não esperei que me seguisse até aqui.

- Argh ar ar.

- Eu sei que você deve tomar conta de mim, mas estávamos brincando de pega-pega.

- Arrrr. – Falou muito sério apontando o dedo para mim. – Argh argh. – Apontou para o topo da montanha. – Argh ar.

- Também sei que meu pai te mataria caso algo acontecesse comigo, mas eu preciso testar meus poderes, caso o contrário serei uma inútil naquele colégio mágico. – Chutei um pedaço de gelo.

- Arrrr. – Boo balançou a cabeça, colocando a mão em meu ombro.

- Obrigada por me apoiar, não sei o que seria de mim sem você Boo.

- Argharr ar. – Boo sorriu esfregando minha cabeça.

- Ei, vai bagunçar meu penteado. – Apertei seus dedos peludos.

- Ar. – Sorriu, depois pareceu se lembrar de algo, se colocou sobre as quatro patas, tal como um lobo. – Ar ar.

- Já está no hora do almoço? Puxa, corremos a manhã toda. – Subi em suas costas. – Nem vi o tempo passar. – Agarrei em seu pelo. – Acho que estou ficando mais resistente.

- Argh argh.

- Eu sei que você ganhou o pega-pega.

- Argh argh.

- Não precisa me lembrar da aposta, você pode comer a minha mistura no almoço.

- Arrrr...

- E o suco também.

- Arrrr...

- Nem pensar, não falamos nada sobre a sobremesa.

- Argh.

- Devia ter piedade de mim, sabe que estou em fase de crescimento, assim não vou ter forças para estudar...

- Argh ar ar.

- Sabia que concordaríamos, com certeza a Ariel tem comida extra para você. Agora vamos, ela detesta atrasos.

  Posicionei meu corpo contra as costas quentes de Boo, ele correu para o abrigo, o ieti era rápido, em questão de minutos já estávamos em frente à cabana.

  Por fora o abrigo parecia uma pequena casa de pedras empilhadas, velho e abandonado, ninguém imaginaria o que havia escondido por debaixo dele.

  Desci do Boo e bati na porta, informando a senha.

- Não há melhor lugar para um dragão do que sua caverna.

  A pesada porta de madeira foi aberta pelo gnomo vigia.

- Senhorita Aimil. – Fez uma reverência. – Como foi o passeio?

- Animador e me deixou faminta.

- Não esperaria menos. – Sorriu. – Entrem. Ariel os aguarda.

  A cabana era realmente pequena, não havia mais do que quatro metros quadrados, uma pequena escrivaninha em frente à janela de onde os gnomos vigiavam a entrada, um sofá velho e um tapete redondo. O gnomo puxou o tapete, batendo com a ponta dos dedos no chão, magicamente surgiu um alçapão, Boo puxou a alça, a entrada secreta do esconderijo. Descemos pelas escadas, seguindo por um frio corredor e novamente tive que falar a senha para abrirem outra pesada porta de ferro.

  Finalmente estava no interior na colmeia, eu que dei o apelido, foi a melhor forma que encontrei para descrever o lugar. O abrigo possuía andares subterrâneos, cheios de câmaras e portas secretas, só tinha permissão de perambular pelo primeiro andar, onde ficava a cozinha, uma sala de jogos e o salão principal e no segundo andar, que possuía os dormitórios e a biblioteca. Curiosa como sou, tentei investigar o local, desci todas as escadas, contando seis andares iluminados apenas por tochas, mas todas as portas estavam fechadas e logo eu fui repreendida pelo gnomo Fatuo Olvir.

  Fomos direto para cozinha, Boo quase trombou com uma fadinha que carregava um caldeirão de sopa borbulhando.

- Ei, olha por onde anda. – Bateu suas asinhas, voando para o salão.

- Argh. – Boo se desculpou.

- Já disse que ietis são proibidos na minha cozinha. – Ariel, em sua forma humanoide, estava no balcão cortando legumes. – Nada de pelos em minha comida!

- Argh. – Boo baixou a cabeça, tristonho.

- Desculpe Ariel, é que Boo está com fome.

- O almoço sai em meia hora, enquanto isso Boo deve aguardar no salão com os outros.

- Depois a gente se vê Boo. – Acenei para o ieti, que se afastou derrotado.

- Você o deixou mal acostumado Aimil. – Ajeitou seu cabelo laranja preso a um rabo de cavalo. - Antes de sua chegada ele mal passava da cabana, agora fica andando por todos os lados como se fosse o seu cachorrinho.

- Ele não é uma gracinha? – Roubei uma fatia de cenoura crua. – Se eu pudesse levá-lo para o colégio...

- Está querendo chamar a atenção de todos? Boo é o último ieti dessa montanha e nem todo mundo o considera uma gracinha, ainda existem caçadores à espreita.

- Boo sabe se virar, é muito esperto e sempre está disposto a me salvar. – Suspirei um pouco triste.

- Não precisa ficar com medo Aimil. – Me encarou com seus gentis olhos amarelos. – Está protegida na montanha.

- E será a mesma coisa nesse colégio de granfinos mágicos?

- Não o chame assim, é a Escola de Ensino Médio para Alunos Brilhantes, ou colégio E.E.M.A.B.

- Pra mim parece o mesmo, já que meus amigos não vão estar lá.

- Por falar em amigos, tenho uma boa notícia. Sabe a terrível internet que não funcionava há três dias?

- Sim? – Apertei as mãos, ansiosa.

- Instalaram uma nova antena e ela está funcionando.

- Não acredito! Posso usá-la agora?

- Pode, mas faça isso rápido, logo vou servir o almoço.

- Sim senhora. – Corri para o meu quarto.

  Peguei o celular que estava carregando, sim, tinham tomadas nas paredes de pedra, moderno não? Nem tanto, considerando que a internet deles ainda era discada e eu mal conseguia falar com meus amigos ou família.

  Abri minhas mensagens, a primeira da lista era de Cinnia.

Aimil Maluquinha Lace? Onde raios se meteu? Não me diga que foi abduzida ou algo do tipo?

Sei que está em uma montanha, protegida por seres mágicos e tal, mas parece que se encontra em outro planeta... Flan e eu tentamos entrar em contato por dias. Você aprontou alguma coisa e o seu pai dragão cortou a internet?

Aqui as aulas já começaram, foi uma loucura entrar no primeiro ano, me sinto em um zoológico aonde eu sou o bichinho a ser observado, todos querem ser meus amigos. As líderes de torcida me trazem lanches, os bombados do futebol me convidam para suas festas e os nerds me presenteiam com livros.

Querem que eu faça parte de seus grupinhos, isso é tão cansativo e falso, ainda bem que tenho a Flan, uma amizade verdadeira com massa encefálica, mas você está fazendo muita falta, afinal, não tenho ninguém pra me criticar e me botar nos eixos.

Quando sair do castigo vê se me responde ok? Caso o contrário vou ai ter uma discussão com o grande dragão azul sobre o direito das mulheres.

  Essa Cinnia... Sempre maluquinha, aposto que vai botar fogo no colégio, ainda bem que tem a Flan para impedi-la, ou não, do jeito que a nossa ruivinha é tímida, deve estar odiando as atenções proporcionadas por sua amizade com uma Lestyn, vamos ver no que isso vai dar.

  Abri a mensagem de Bard. Havia uma foto dele com um cutelo no açougue de seu pai.

Oie Aimil. Queria te informar que desossei o meu primeiro boi hoje. Legal né? Quando voltar vou te preparar um suculento filé a La Teobard. Estou com saudades. Beijos.

  Sorri. Contanto que eu não o visse desossando nada, ficaria feliz em provar sua comida, tenho certeza que Bard será um grande chef.

  Abri só mais uma mensagem, senão me atrasaria para o almoço. Era de Alanis, uma foto com toda a minha família reunida à mesa.

Despedida do Conan. Os meus passarinhos voaram e agora só ficou a irmã mais velha. Estamos com saudades. Todos mandam beijos e abraços.

  Apertei o celular contra o peito. Que saudades da minha família!

  Há uma semana havia tomado à decisão mais difícil de minha vida: Ser uma princesa.

  Depois do incêndio criminoso no restaurante Lace, o qual eu tinha certeza que fora obra dos dragões brancos, após o príncipe Doru Neculai afirmar que conhecia o meu segredo e tentar me chantagear com ele, decidi que não havia outro caminho alem de aceitar quem eu era. Precisava proteger minha família, agora eles eram constantemente vigiados pelos soldados do meu pai dragão, Sheridan, que concordou em proteger os Lace e enviar dinheiro todo o mês para que pudessem se reerguer.

  Mamãe conseguiu um emprego de gerente em um café de uma amiga, Malloy estava fritando hambúrgueres em uma lanchonete, Alanis fazia suas entrevistas e vovó cuidava da casa e dos gêmeos. O restaurante ainda estava fechado e eles viviam em uma casa cedida pelo Sr. Sullivan, pai de Flan.

  Havia me esquecido de que era sábado e amanhã Conan partiria para servir o exército vermelho. Eu tinha medo por meu irmão, de que ele se ferisse em uma batalha, não que ele realmente fosse para alguma batalha agora, Conan era só um soldado, um principiante, assim como eu.

  Daqui a três dias seria enviada para um colégio mágico, minha identidade não poderia ser revelada, estava ali apenas para estudar e aprender a me comportar como a primeira escala azul, não que eu realmente pertencesse a ela, enquanto os da primeira escala azul eram metade fadas, cheios de poder e grandiosidade, eu era metade humana e metade dragão azul, a primeira de minha espécie e tinha muitas coisas a provar, para o reino e a mim mesma. Eu era Aimil Lace: Aprendiz de princesa.

 

 

 

 


Notas Finais


Gostei bastante do primeiro capitulo e com certeza você já tem uma leitora garantida. Eu realmente pensei que ela estava sendo perseguida e não que fosse um treinamento. Foi muito envolvente e cheio de suspense. Do jeito que eu gosto. A Aimil sempre se supera e é por isso que gosto tanto dela. Gostei muito e aguardo o próximo capitulo, porque esse me deixou com gostinho de quero mais, muito mais.

Ynalima ( Primeiro lugar no concurso)


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