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História A era dos Talamaurs - O galpão


Escrita por: Karimy

Notas do Autor


Oi pessoas!!! Tudo certo???

Fiquei muito contente por ver que gostaram do capítulo passado. Obrigada a todos que comentaram e deram suas opiniões.
A história tem crescido, e fico muito feliz por ver isto! Obrigada mesmo a todos!
Espero que gostem do capítulo!

Capítulo 22 - O galpão


Fanfic / Fanfiction A era dos Talamaurs - O galpão

— É, Sakura, não sou tão idiota quanto parece! — Ele fechou a porta e se aproximou, o coração dela disparou. — Achei que, depois desses meses, já me conhecesse o suficiente para saber que eu nunca te entregaria...

— Não acredito que você chamou ele aqui! — Sakura disse a Karin.

— Eu sabia que você não falaria nada por conta própria e também sabia que ele não te condenaria.

— Apostou minha vida nisso?

— Apostei a nossa vida. Não sei se você percebe, mas, desde que resolvi aceitar quem você é, me tornei uma cúmplice.

 Naruto sempre a respeitou nesse tempo todo, apesar das inúmeras tentativas de se aproximar demais dela. A verdade é que ela se sentia mais culpada por saber que agora ele também corria risco do que por saber que mais uma pessoa tinha descoberto seu segredo.

— É melhor irmos, Temari já deve estar esperando por nós — Karin disse.

Sakura apressou seus passos, pegou uma pesada cadeira e a apoiou contra a porta. Naruto e Karin ficaram assustados.

— Temari falou que era para nos encontrarmos com ela às três da tarde. Mal acordamos, por que a euforia? — Sakura estava séria.

— Como assim? Você mesma disse que isso pode ser uma emboscada.

— Eu sei, Karin, mas agora que Naruto sabe sobre mim, quero aproveitar para falar uma coisa que descobri ontem.

Os primos se entreolharam, visivelmente intrigados.

— É melhor você se sentar — dirigiu-se a Karin, a voz quase não saiu.

— O que foi? — Naruto questionou, sentando-se ao lado da ruiva. Sakura começou a andar de um lado para o outro.

— Se você não falar logo...

— É sobre Itachi... — Sakura soltou, interrompendo a amiga e olhando para Naruto, procurando ver se ele sabia sobre o que se tratava.

— O que tem ele? — O semblante de Karin endureceu.

— Ontem eu estava na cozinha...

— Você mal come. — A ruiva franziu o cenho. — A única coisa que faz é ficar treinando e treinando...

— Segui Itachi — enrubesceu —, é o meu trabalho — acrescentou em tom solene.

— Continua — Naruto disse entredentes.

— Depois de alguns minutos, um guarda entrou dizendo que o rei estava chamando o príncipe. Eu o segui mais uma vez.

— Está me deixando nervosa! — Karin tinha os olhos arregalados.

— Fiquei na antessala e vi Sasuke entrar também. Depois disso fiquei andando, olhando pela janela, não fazendo nada de específico e assim que tive a primeira oportunidade passei para o lado de fora.

— Como assim para o lado de fora? — Naruto questionou.

— Os guardas estavam conversando, aproveitei para pular a janela — explicou cautelosamente.

— Você é louca? Já viu a altura...

— Valeu a pena! — Sakura interrompeu a amiga mais uma vez. — Estou bem, não tem por que começar uma cena por conta disso. — Umedeceu os lábios, franziu a testa. — Sasuke estava calado, mas Itachi estava objetando com o pai.

— Mas por quê? Itachi sempre ouve e respeita muito o rei.

— O rei pretende abdicar o trono. — Sakura explicou, e Karin gelou. — Itachi estava tentando convencê-lo do contrário, tentando explicar que ele ainda não se sentia pronto para governar e que Fugaku ainda tinha pouco tempo de reinado para pensar em algo assim. Mas o rei foi incisivo, disse que já não se sentia mais à vontade, que estava velho e que já não aguentava mais o fardo da liderança.

— Certo, mas... por que isso é tão importante? Acredito que Itachi será um ótimo rei — Naruto falou.

As lágrimas começaram a rolar dos olhos de Karin.

— Se ele assumir, teremos que nos casar o quanto antes — A ruiva explicou.

— Mas não é assim, de imediato.

— Não faz diferença se será hoje ou amanhã. O problema é que agora esse casamento não vai mais poder ser adiado.

— Achei que tinham adiado o casamento no começo do ano porque você queria se formar médica antes de se casar — o loiro disse. Karin riu, sentindo o gosto salobro de suas lágrimas.

— Vocês já tinham marcado a data antes? — Sakura perguntou.

— Pois é. — Ela enxugou as lágrimas, fungou e se ajeitou na ponta da cama. — O rei queria que nos casássemos o quanto antes, mas eu disse para Itachi que estava triste, porque queria ao menos estar formada quando isso acontecesse. Ele conversou com o pai e conseguiu adiar a data. Mas agora...

— Se ele se tornar rei, vocês vão ter que se casar logo. O próprio conselho vai pressionar — Naruto concluiu.

Depois da notícia, Karin acabou por desistir de tentar procurar por Temari. Sakura também ficou, não só para consolá-la, mas também para se assegurar de que a amiga não tivesse nenhuma recaída. Naruto ficou por Sakura e para entender melhor o fato de que sua prima não queria se casar com Itachi por não o amar romanticamente.

Karin se forçou a comer um pouco na hora do almoço, mas ainda se sentia depressiva. Itachi era bom e isso era o que mais a corroía.

Quando deram por si, já estava perto da hora marcada por Temari. O clima entre eles era como de luto, mas a freira estava contando com a ajuda de todos eles. Inclusive de Naruto, já que contar tudo sobre Sakura para ele foi uma ideia em conjunto, tomada por Temari e Karin.

Naruto se sentia desapontado. Esperava que um dia Sakura contasse seu segredo por escolha própria. Ele já sabia que ela era uma rebelde desde o primeiro mês em que eles estavam cortejando, isso porque ela sempre falava coisas estranhas, sem pensar muito. Não demorou até que ele começasse a segui-la, curioso, só que mais por ciúmes do que por qualquer outro motivo. Estava intrigado por ver que ela quase nunca conversava com ele, enquanto sempre que via Sasuke arranjava um jeito, mesmo que imbecil, de se aproximar do príncipe.

Na verdade, sentiu-se aliviado por descobrir que ela não estava fazendo isso por estar apaixonada, mas sim para, provavelmente, conseguir alguma informação dele. Agora Naruto já se sentia parte da insurgência, depois de ter ouvido por tantas vezes Sakura, Karin e Temari conversando sobre a situação da população, ele começou a perceber os erros que vinham sido cometidos por tantos anos pelos reis que já se passaram pela cidade. Estava certo de sua decisão, queria ajudar quem não podia se defender e, se isso significasse poder ser morto por traição, ele não se importaria, desde que conseguisse pelo menos despertar o povo.

Tocou a aliança que Sakura praticamente o obrigou a usar pendurada no pescoço por uma corrente de ouro. Depois de ter visto como Karin ficou deprimida por saber que seu casamento estava mais próximo do que imaginava, ele se sentiu perdido. Tinha medo de que Sakura não o amasse e que esse fosse o motivo para ela nunca o deixar se aproximar. Mas ele ignorou esses pensamentos, preferiu crer que ela era apenas tímida e que não sabia demonstrar carinho, mas que se ele persistisse e fosse decente com ela, logo a garota cederia.

Sakura seguia na frente. No começo as pessoas estranhavam o fato de ela sempre andar tão distante de Naruto, mas agora já era algo comum, e ela se sentia aliviada por isso. Talvez não mais por tê-lo em sua vida. Não queria dar o braço a torcer, mas desde que ela começou a ter que aceitar o cortejo do rapaz, ficou um pouco mais tranquila consigo mesma. Ele a distraía e sempre foi um bom ombro amigo, mesmo quando não sabia os motivos de ela estar frustrada.

Não conseguia se imaginar casada com ele, isso ainda era algo completamente absurdo, mas era importante para ela tê-lo por perto, como amigo. Agora que ele já sabia de tudo e demonstrou não ter interesse algum em entregá-la, Sakura se sentiu muito mal. Ela realmente gostava dele, só que para um casamento, ainda era um sentimento pequeno demais.

Pegaram os cavalos e partiram em direção à igreja principal.

Assim que chegaram, deixaram os animais com um cuidador de rua, mais um dos muitos que vagavam sem emprego, com o corpo mutilado pelo trabalho no campo.

— Não estou vendo ela — Sakura disse, olhando por todos os lados.

— Acho que é ela ali. — Naruto apontou, nada discretamente, para um galpão que era anexado à parte traseira da igreja.

Sakura estreitou seus olhos na tentativa de encontrar Temari enquanto Karin já partia na frente. Depois de um tempo, conseguiu ver a batina da freira sendo agitada pelo vento. Ela estava deitada em cima do telhado do galpão. Sakura quase não acreditou no que ela aprontava.

— Não está com raiva de mim, não é? — Naruto perguntou enquanto eles se apressavam para alcançar Karin, tomando o máximo de cuidado possível para não chamarem muita atenção, o que era um pouco difícil, já que as pessoas ainda não haviam se acostumado com os cabelos rosas de Sakura.

— Não. Confiar em você é fácil. — E andou para não ter que conversar mais sobre isso.

Karin subiu o telhado com ajuda de Naruto, tentando imaginar como a freira tinha conseguido escalar aquela parede sozinha, ainda mais vestida com o hábito. Sakura ficou na parte lateral do galpão, onde conseguia ter vista para a parte da frente também, enquanto Naruto ficou na parte de trás.

Sakura já estava saturada de tanto esperar, nada acontecia há mais de duas horas. Sentia-se cansada, com sede e, apesar de tudo isso, o que mais a incomodava era ver Naruto saindo de seu posto para olhá-la de minuto a minuto. Mas tudo isso passou e a preocupação voltou ao ponto inicial.

Não teve como conversar com Temari, mas nem foi preciso, já que, ao ver dois homens carregando um baú para dentro da igreja, logo imaginou que era atrás daquilo que estavam. Esperou por um tempo, tentou avistar Naruto, mas temia deixar seu posto e perder mais alguma situação. Afastou-se para tentar fazer algum sinal para as garotas, mas elas já não estavam mais em cima do telhado. Ficou confusa. No momento em que ela mais precisava, Naruto não aparecia para que ela ao menos tentasse se comunicar com ele de longe, através de mímicas ou qualquer outra coisa do tipo. Resolveu que deveria entrar, ela poderia tentar alguma coisa se suas amigas estivessem correndo perigo.

A igreja estava mal iluminada, o sol já começava a se esconder, mas ainda era possível ver alguns de seus raios luminosos preenchendo a parte da lateral da catedral. Tinham algumas pessoas dentro da igreja, alguns sentados sozinhos a refletir, outros ajoelhados a orar, e uma freira que se movimentava, acendendo velas no canto esquerdo do altar.

Sakura entrou discreta e sorrateiramente pela porta que levava ao galpão, escondendo-se de súbito atrás da porta ao ouvir vozes. Eram os mesmos homens que carregavam o baú. Um sorria enquanto o outro contava uma piada. Sakura soltou a respiração quando eles terminaram de passar e começou a andar apressadamente pelo escuro corredor, segurando-se na parede e esticando seu pescoço para tentar espiar mais adiante caso mais alguém viesse em sua direção.

Passados cerca de cinco metros, que no momento pareceu ser bem mais, alcançou uma sala rústica e úmida, que nem mesmo parecia fazer parte da igreja, devido à deterioração. O local estava escuro, mas a pouca luz que se fazia presente já era o suficiente. Temari, que estava agachada, pronta para começar a mexer em um dos baús que ali estavam, deu um pulo, assustada ao ver Sakura parada na porta.

— Como entraram? — a rosada questionou.

— Claraboia — Karin sussurrou, apontando para cima e mostrando uma pequena passagem quadrada de madeira, a tela que tampava a entrada estava caída no chão. —  E fala baixo.

— Era para você ter ficado lá! — Temari reclamou.

— Não vi vocês no telhado, fiquei sem saber o que tinha acontecido.

— Vamos logo ver o que eles tanto escondem — Karin pediu.

Tinha uma grande estante de madeira na parede de trás do lugar, com várias caixas e cestas de vime. Algumas estavam abertas, outras furadas e a frangalhos, folhas grossas e amareladas saltavam de umas. Além do baú que os homens carregaram para dentro, havia mais outros espalhados pelo chão. As garotas começaram a mexer, com o máximo de cuidado possível para não fazerem muito barulho. Não percebendo isso, Sakura abriu o primeiro que viu. As dobradiças rangeram.

— Sabia! Você tinha razão, Temari — disse orgulhosa.

— Fala baixo! — Karin repreendeu mais uma vez.

Começaram a abrir os demais baús.

— Droga! — Naruto disse, assustando as garotas. — Eu não vi vocês, e também não vi a Sakura, então...

— Certo Agora que já está aqui...! — Temari falou.

— Como eles conseguiram isso? — Naruto questionou, aproximando-se e pegando de dentro de um dos baús uma espada.

— Não é difícil — Sakura falou. — Não são de boa qualidade, como as que vêm da Cidade Colossal, mas, nas mãos de uma pessoa habilidosa, isso não faria muita diferença. — Sacudiu uma das espadas no ar.

— Eu já estava começando a acreditar que eles tinham desistido desse plano estúpido — retrucou Temari. —  Pensei que... já tem meses que o papa foi preso...

— Eles não iriam desistir —  a ruiva disse convicta. — Estavam esperando a poeira baixar.

Uma lufada de ar escapou pela boca de Temari, ela se virou bruscamente em direção à porta. Todos ficaram em alerta. O sol estava se pondo e a sala já estava escura o suficiente para que todos ali conseguissem distinguir a luz de uma tocha.

Karin rapidamente acenou para Naruto, na esperança de conseguirem pular para fora daquele lugar pela claraboia, mas desistiu de sua ideia assim que Naruto se posicionou com as mãos cruzadas para que elas pudessem o usar para escalar. Se elas fizessem isso, ele ficaria para trás, e teriam mais chances de tentar uma desculpa se estivessem juntos.

— Você? — Temari perguntou incrédula. — O que faz aqui?

— Como assim? Estava passando, ouvi vozes e resolvi acender uma tocha para ver quem era.

— É, mas você nunca põe os pés em uma igreja!

— Bom... Na verdade eu estava procurando pelo Naruto. — O rapaz sentou-se em cima de uma caixa que estava próxima à porta.

— Por mim? — o loiro questionou em meio a um riso sem graça.

— É! Um cara estava com seu cavalo, imaginei que estivesse aqui na igreja. Agora a questão é —  continuou o rapaz, abriu as pernas e nelas apoiou seus braços —, o que essas espadas fazem aqui? — Todos ficaram tensos.

— Droga, Naruto! Viu só?! Se tivesse ficado lá fora, isso não teria acontecido — Sakura bradou.

— O quê? Mas você também entrou!

— Sim, mas...

— Gente... — Karin chamou, estava séria. — Não sei se vocês percebem a situação, mas ele é um conselheiro.

— Temari também — Sakura disse, tentando entender a lógica daquilo.

Shikamaru suspirou.

— Vocês estão dentro de uma igreja, cercados por armas. Temari... apesar de você ser do concelho, também é uma freira. — A garota engoliu em seco. — É melhor me contarem logo o que está acontecendo.

— Você não está vendo que essas armas pertencem à igreja? Enquanto você fica passeando por aí, estamos tentando fazer alguma coisa antes que os fanáticos comecem uma guerra — Sakura disse.

— E o que me garante que vocês não sejam os fanáticos? — Se levantou.

— Cara, sabe que não — Naruto falou.

— Shikamaru tem razão — Temari se pronunciou. — Se eu estivesse no lugar dele, também teria dúvidas. Mas acredite, nós estamos tentando ajudar, mais nada.

— Ajudar quem? E como? — Shikamaru colocou a tocha no candelabro da parede.

— Algum tempo atrás, assim que a última rebelião aconteceu e o papa foi preso junto com o líder islâmico, o rei pediu para que eu investigasse quem assumiria o lugar do papa, mas acontece que eu descobri que eles estavam planejando invadir o castelo para libertar o papa que foi preso.

— E por que não contou nada disso para o rei, nem falou nada nas reuniões do conselho?

— É complicado. Nem todos são culpados, mas se eu trouxesse o problema para o rei... provavelmente isso não seria levado em conta. A repressão seria total contra o catolicismo.

— E isso alimentaria ainda mais revolta entre membros de outras religiões — Karin disse.

— Como sabia sobre as armas? — Shikamaru questionou.

— Recebi um bilhete anônimo.

— Mas pode ter sido falso, pode até mesmo ter sido uma tentativa de outra religião para incriminar os católicos.

— Eu sei! Por esse motivo que pedi para Karin tentar convencer Naruto de vir até aqui com a gente. Se fosse uma emboscada, ao menos teríamos alguma chance — concluiu desconcertada.

Barulho de botas fez com que eles se calassem. A sensação de aproximação crescia a cada segundo, como um despertador que aumenta seu volume a cada toque. Eles não tinham para onde ir, não tinham como correr. A claraboia era alta, estava claro que, se tentassem fugir, nem todos conseguiriam passar. Com cuidado, cada um se apoderou de uma espada, menos Shikamaru, que tomou de volta a tocha em sua mão e se posicionou na frente de todos, olhando para a porta, alarmado.

Três padres entraram com espadas na mão.

— Eu sabia que viria — Kakuzu disse para a freira.

Temari segurava a espada com firmeza, mas por dentro estava tensa.

— Então foi você que mandou a carta anônima? Bem que eu imaginei.

Ele riu.

— Se tivesse imaginado, nem aqui estaria.

— Precisava saber até onde você iria.

— Você é uma traidora — outro padre disse. Seus cabelos negros estavam sujos de pó de serra, enquanto o outro ao seu lado apresentava sinais de calvície.

— O que vocês pretendem com isso? — Shikamaru perguntou.

— O que pretendemos? — Kakuzu deu um passo à frente, o conselheiro recuou. — Vamos impor a verdade. Não importa como. Prendam eles.

— Se tentar encostar um dedo na gente, as consequências serão…

— Cala a boca, Temari. Você escolheu seu lado, mas agora vamos te mostrar o verdadeiro poder da igreja — Kakuzu falou.

A tensão era grande, os padres não aparentavam medo, mas estavam em desvantagem, só que tentar uma investida também parecia algo complicado. Karin refletiu, buscou possibilidades, tentou calcular quais seriam os estragos provocados por conta daquele conflito. Eles foram enganados e agora, mesmo se conseguissem fugir daquela situação, estariam correndo risco de retaliação. Os fanáticos começariam a persegui-los, e, contando com o fato de que o rei não costumava intervir em assuntos religiosos, estariam sozinhos nessa. Pensou na hipótese de ter mais alguns religiosos esperando para entrar caso preciso fosse, mas descartou isso. Número... Eles tinham vantagem, mas não poderiam deixar que nenhum daqueles padres saíssem dali vivos, era a única forma de assegurar a vida deles no momento.

— Sakura? — chamou baixinho. — Temos que matar todos. — Naruto a olhou pelo canto do olho e, entendendo a situação, partiu em direção a um dos padres.

A tocha caiu da mão de Shikamaru, a luz do fogo oscilava e dançava pelas paredes do galpão. O conselheiro pegou a primeira espada que avistou de um baú, mas, ao ir de encontro ao padre de cabelos pretos, Temari o empurrou contra a parede e a espada dela se chocou com a do sacerdote, provocando um forte e agudo barulho. A lâmina se prendeu na dele por um instante e, com um movimento circular perfeito, apartaram-se, começando a desferir golpes um contra o outro. Temari se defendia, sempre em alerta, fora treinada por seu pai antes que este falecesse, mas a batina em nada ajudava.

Karin estava com o coração acelerado, a tensão que sentia era diferente, agora entendia que toda aquela briga era muito maior do que imaginava. Viu como a freira lutava com dificuldade por conta de sua roupa e, por um momento, ficou se perguntando se deveria interferir. Pensou no que seria covardia, mas julgou que o método não importava, eles eram os covardes por usarem os fiéis em prol ao crescimento próprio. Sentiu suas mãos suarem, contudo se forçava a segurar a espada com firmeza. Temari caiu de joelhos no chão, não aguentando a pressão feita pelo padre contra sua espada.

— Ei! — a ruiva o chamou, o padre olhou de imediato, e Temari aproveitou a distração para se levantar. O sacerdote atacou Karin, mas ela conseguiu se abaixar e enterrou a espada que segurava na costela do homem. Ele se curvou, gemendo. Karin largou a espada, assistindo o homem desabar, com ela ainda enfincada nele.

Sakura inferiu sua espada contra o outro padre, mas ele se desviou e o aço se chocou contra a parede. Alvo do homem, Sakura usou o peso de seu corpo contra ele, empurrando-o com o tronco. Os dois caíram no chão e a espada do padre se arrastou, indo parar no outro canto do galpão.

Ela se desviou de uma caixa, e o padre, que estava embaixo dela, aproveitou para esmurrar a clavícula da garota, que largou sua espada com a força do golpe. Ele puxou os cabelos dela para trás, começando a inclinar seu corpo com dificuldades, na tentativa de se levantar. Com os olhos esbugalhados, Sakura buscava por algo, qualquer coisa que pudesse livrá-la daquilo, viu o momento em que Karin se posicionou ao lado do padre que Temari enfrentava, enterrando sua espada na costela dele. Sakura esticou o braço, mas o padre deu-lhe um soco na barriga. Ela se contorceu, porém o sangue estava quente e a pancada pareceu ter menos intensidade do que deveria. Tocou no cabo de uma espada que estava dentro de um dos baús com os dedos, mas quando puxou, apenas o cabo que veio.

Puxou todo ar que podia, e enterrou a empunhadura da espada na cabeça do padre. O homem, que já estava praticamente sentado, bateu contra o chão e largou os cabelos dela. A face de Sakura estava distorcida em raiva e dor, ela segurou o objeto com as duas mãos e, com toda força que tinha, começou a lançar ataques contra a cara do homem. Sangue espirrava nela, mas só parou quando Shikamaru a segurou o braço.

Naruto correu de encontro a Kakuzu, o galpão era largo e, mesmo com todos os objetos que o preenchiam, a locomoção era fácil. Ergueu sua espada, mas era experiente o suficiente para saber que ela não aguentaria muito, já que uma das faces da lâmina estava trincada.

As espadas dos dois se cruzaram no alto, eles as forçaram, fazendo com que as lâminas percorressem de cima abaixo, propagando um ruído fino. Quando se desencontraram, Naruto, com sua pesada bota de borracha, chutou o padre. Kakuzu tentou se equilibrar, mas foi lançado contra a parede, perto da porta. Sua espada caiu, porém pegou a caixa que Shikamaru usava como assento minutos atrás e lançou-a contra Naruto.

O loiro não conseguiu se desviar a tempo, foi rápido demais para que acompanhasse. A caixa era de madeira e apesar de fina, pesada. Bateu em seu ombro e ele caiu no chão. Viu quando a caixa quase atingiu o rosto de Sakura e se voltou a seu oponente, mas era tarde demais, Kakuzu já estava com a espada de volta nas mãos. Naruto levantou o braço para proteger seu rosto do golpe, mas se sentiu aliviado ao perceber que a lâmina não o havia atingido.

Shikamaru, que havia acabado de se recuperar do empurrão que Temari o deu, protegeu Naruto com uma espada. Só que o padre era habilidoso, e os dois entraram em um combate de empurrões, um segurando o braço do outro. Shikamaru foi lançado para longe. Kakuzu era esperto, viu que os homens que o acompanhavam estavam a perder e largou tudo para correr para fora do galpão.

Naruto havia entendido a fala de Karin, sabia que, se algum deles escapasse, estariam com problemas ainda maiores. Já de pé, pegou a espada que antes usava e foi atrás do padre, seguindo o corredor escuro até que chegasse no salão da igreja. As poucas pessoas que ali estavam ficaram espantadas ao ver o escudeiro correndo atrás do padre, cada um com uma espada na mão.

Ao chegar do lado de fora, Naruto não tinha mais visão do homem. Olhou para os dois lados até que, mais à frente, conseguiu avistar Kakuzu montando em um cavalo. O loiro correu até o homem que cuidava do seu animal, usou sua espada para cortar a corda que o prendia, assustando o mendigo. Montou no cavalo, e o animal disparou ao sentir Naruto batendo as rédeas.

A cidade estava tranquila, poucas pessoas passeavam pela rua, algumas mulheres carregavam bacias na cabeça, voltando do mercado para casa. Olhavam para a perseguição sem conseguir entender o que estava acontecendo. Kakuzu olhou para trás, grunhindo ao perceber que ainda era seguido. Alcançou o portão da cidade, quase atropelando um dos soldados que fazia a guarda.

— Onde está Naruto? — Sakura perguntou assustada, ainda se levantando de cima do corpo do padre que jazia no chão com o rosto desfigurado.

— Foi atrás do padre Kakuzu — Shikamaru respondeu. Estava com um pequeno corte no braço, mas não era nada sério.

Sakura empalideceu. Sua costela doía por causa da pancada que havia levado, mas temeu por Naruto de forma tão desesperadora, que não pensou em si. Saiu em disparada para tentar alcançar seu noivo.

Entendeu ainda mais nesse momento a situação de Karin, que era noiva do príncipe, não o amava, mas se preocupava sempre em nunca o magoar. Naruto era importante para ela da mesma forma e, apesar de não querer se casar com ele, não conseguia imaginá-lo ferido por alguém.

Ao chegar do lado de fora da igreja, não avistou ninguém, mas as pessoas olhavam para ela de forma inquisitiva. Questionou ao mendigo o que tinha acontecido, e ele apontou a direção que Naruto seguiu. Sakura montou em seu cavalo e foi na direção dada.

Karin tentou correr atrás da amiga, mas foi detida por Shikamaru. Tinham que dar um jeito de se livrarem daqueles corpos. Ela ficou, mas temeu por Sakura.

 

A noite estava quente, a lua se mostrava majestosa no céu, redonda e parecendo maior do que de costume, mas nuvens carregadas se aproximavam dos limites da cidade. Naruto não conseguia mais ouvir o trotar do cavalo de Kakuzu. Sentia-se perdido. Estava dando voltas na mata, embrenhando-se por entre as árvores, cavalgando mais lentamente à procura de qualquer sinal do padre.

Ouviu o barulho de um galho se quebrando, como se fosse o crepitar do fogo, desceu do cavalo, desembainhou a espada e começou a caminhar a passos lentos e cautelosos, deixando o animal sem amarra alguma. Estava longe de Cortina de Ferro, nem sabia há quanto tempo tinha cavalgado, cansado, atento a cada pequena coisa que lhe aparecia. Nunca havia entrado naquela floresta, só passava por ali quando ia para a Cidade Colossal. A respiração pesava, o coração batia forte.

Naruto ouviu mais um barulho, só que antes que se virasse, foi lançado contra uma árvore. Kakuzu segurou o punho do escudeiro, batendo-o contra o tronco da árvore para que largasse a espada, mas Naruto jogou sua cabeça para trás, as veias do pescoço subiram fazendo-o ficar com o rosto vermelho, voltou sua face com força e rapidez contra o padre, dando-lhe uma testada.

O nariz de Kakuzu quebrou. A dor forte o fez encolher e soltar Naruto e a espada, escondendo o rosto entre as mãos enquanto tentava suportar a fina e profunda dor que aquilo lhe causou. Deu passou para trás e tropeçou em uma pedra, caindo de costas. Naruto não perdeu tempo, subiu em cima do padre com a pretensão de desferir-lhe socos. O padre cruzou os braços na frente do rosto, recebendo dois socos seguidos do escudeiro.

Com os olhos semicerrados, Kakuzu avistou um galho de árvore caído no chão, ainda apresentava uma boa coloração, o que significava que, apesar de não estar mais preso à árvore, ainda era firme. Esticou a mão direita e pegou o galho, sendo atingido com um soco na orelha no mesmo momento.

Ficou um pouco tonto, ouvindo um zunido, mas forçou seu corpo para cima, e Naruto se desequilibrou, mantendo-se como podia até que sua mão, pronta para mais um soco, parou no ar. Kakuzu enfiou o galho na barriga de Naruto, usando toda sua força. O pedaço de pau se quebrou no meio, mas isso não diminuiu o efeito do ataque. Naruto se contorceu, rolou para o chão, e Kakuzu se levantou.

O escudeiro olhou para o galho enfincado em sua barriga, vendo que ele era grosso o suficiente para que Naruto já cogitasse que não sobreviveria. Estava longe demais do castelo. Aproveitando que o oponente permanecia caído, o padre pegou uma das espadas do chão e a apontou para Naruto, passou a mão na base do nariz, limpando o sangue que escorria em sua máscara e batina.

— Idiotas! Vocês já perderam. Vamos revolucionar este mundo e ninguém poderá impedir isso. — Kakuzu ergueu a espada e lançou-a contra Naruto.

O loiro, por puro reflexo, segurou a lâmina. Os olhos estavam fechados, mas logo os abriu ao perceber que aquela era a espada que ele estava usando, e ela estava cega. O cortou superficialmente as palmas das mãos, mas Naruto, mesmo ainda embriagado pela dor, resistiu.

Kakuzu forçava a espada com as duas mãos contra ele, este, por sua vez, apoiou um dos pés no padre, puxando a lâmina de uma só vez, sentindo a parte lascada da espada se enfincando em uma de suas palmas e a ponta dela se enterrando em sua clavícula por conta do puxão.

Naruto urrou de dor, mas Kakuzu soltou a espada. O loiro se levantou com dificuldade, segurando com uma das mãos a barriga de onde saía a vara que lhe foi fincada, do outro lado segurava a espada, que era banhada pelo sangue que escorria da mão dele. O padre olhou para a outra espada que estava caída no chão, mas ela se encontrava longe demais.

— Não é de religião que o povo precisa. — Cortou a garganta de Kakuzu.


Notas Finais


É isso aí, gente!!!! O Naruto sequer hesitou! Agora verão a participação dele com maior frequência e junto poderão ver as todas as coisas começando a se entrelaçar.
O Shikamaru meio que entrou em uma grande roubada, né?! Estava tão quietinho no reino e foi logo dar de cara com o pessoal da confusão kkkkkkk

Vou aproveitar para deixar o link de uma das minhas histórias para vocês!
Corações divididos - Itasaku: https://spiritfanfics.com/historia/coracoes-divididos--sakura-e-itachi-itasaku-6796287

Bjnn!


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