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História A era dos Talamaurs - O atentado


Escrita por: Karimy

Notas do Autor


Oi pessoas!!! Tudo certo???

Hoje o capítulo será revelador! rsrsrsrs
As coisas irão mudar muito a partir daqui e novas histórias aparecerão. Espero que gostem!

Obrigada a todos pelo incentivo nos comentários, pelo jeito carinhoso com que me tratam. Agradeço também aos novos leitores! Estou feliz por ver a história crescendo!!!

Capítulo 23 - O atentado


Fanfic / Fanfiction A era dos Talamaurs - O atentado

Floresta Negra

 

A construção do castelo havia terminado.

Os Hyuuga e seus aliados tinham se esforçado muito para poder arrematar o castelo, que agora se estendia de forma divinal pela floresta, com suas torres despontando majestosamente no céu em seu cume que alcançava trinta e sete metros de altura, perdendo por metros poucos para o Castelo Quatro Torres dos humanos. Deram-lhe o nome de Geri, que significa “recomeço” em latim, para marcar a volta deles à história.

Alguns talamaurs ficaram hospedados na cidade Cortina de Ferro por cerca de um mês à espera dos móveis que haviam encomendado. A dificuldade foi que, como os pedidos foram feitos em larga escala, tiveram que dividir a encomenda dos móveis por talamaurs, para não levantarem nenhum tipo de suspeita quanto à quantidade do pedido. Poderiam ter optado por fazer eles mesmos, mas levariam muito tempo, além de que teriam que desmatar uma vasta área de seus terrenos, coisa que não podiam fazer, já que as árvores lhes privilegiavam de uma acolhida mais segura.

Diferente do que foi feito na cidade dos homens, onde foram usadas pedras claras, os Hyuuga usaram pedras escuras para ornamentar o castelo, já que era o que mais tinha na região. Pelo que eles investigaram, ficaram sabendo que o castelo dos Otsutsuki tinha uma cor mesclada, por conta do local onde estavam.

Os aposentos do castelo Geri ficaram grandes o suficiente para que os moradores se sentissem confortáveis. Todos estavam animados com a nova moradia, mas isso não significava que se sentiam mais relaxados. Em cada uma das três torres do castelo, ficava um vigia, todos com habilidades de rastreamento. Nas portas de trás e da frente, também eram encontrados guardas, assim como ao derredor do local. Medidas que foram tomadas por Neji. Como protetor dos líderes, era dele essa obrigação, e não deixou que nada passasse. Durante o dia também havia turnos, e os talamaurs que se revezavam nesse horário ficavam acolhidos em cavernas rasas para vigiar o perímetro.

Só que agora era noite e metade dos Hyuuga e seus aliados estavam do lado de fora.

Por ordem do líder Yamanaka, Inoichi, estavam à procura de pistas que pudessem levá-los a desvendar o motivo de tanta mudança no planeta. O grande problema era que, por conta do sol, eles não tinham muito tempo para investigar, além do fato de que, com a inquirição que faziam, acabavam tendo que usar mais membros dos clãs do que deveriam.

Estavam preocupados com a ameaça de um possível conflito desde que ficou provado que Hinata poderia estar certa sobre a visita de Belial ao território deles e por esse motivo sempre tinham que sair em dupla. Dessa forma, esquematizaram as juntas sempre compostas por um Hyuuga, já que, como não possuíam instrumentos para análises, estavam usando a aguçada visão que esse clã tinha para terem maior chance de encontrarem algo, enquanto o segundo membro era de qualquer outro clã, para fornecer proteção.

Como sempre, Hinata e Ino estavam juntas. Esse era um dos raros momentos em que a Yamanaka desejava ter nascido com o dom da amiga. Era fascinada por história e sabia que, se conseguissem encontrar alguma coisa, entrariam para a história dos talamaurs, já que um feito dessa magnitude ia para o diário dos líderes. Mas não era o caso, e ela estava ali apenas para vigiar.

Enquanto Hinata usava seu Byakugan, olhando para baixo, concentrada, focando-se nos mínimos detalhes, Ino se contorcia de vezes em vezes por cima da garota, como se fosse conseguir ver como ela fazendo isso.

O ponto mais interessante do Byakugan era que ele agia como se fosse um raio-x, em que as cores eram limitadas e foscas, transpassando paredes, chão, pedras, até que alcançasse seu limite de distância que chegava até dez quilômetros. Mas havia limitações. Apesar de ser dito que o alcance do Byakugan era de 360°, os talamaurs Hyuuga não conseguiam enxergar em um ponto; por cima da primeira vértebra torácica, também não conseguiam enxergar através de aço ou de névoas densas. Mas isso nunca foi realmente um problema para eles. Nem mesmo era naquele momento. A maior dificuldade que tinham era que estavam longe demais da união das costas terrestres, mas por segurança precisavam tentar fazer o que podiam por ali mesmo.

O trabalho pareceu fácil de início, mas, depois de algumas horas com o corpo encurvado e uso desenfreado do Byakugan, logo os Hyuuga ficavam exaustos e tinham que retornar para Geri. Esse era o atual estado de Hinata, que estava ali desde o momento que o sol se pôs, somando o total de seis horas em posições desconfortáveis e desgaste pelo uso do poder.

Hinata esticou seu corpo, colocou as mãos na cintura e fez um pequeno alongamento, estalando seus ossos das costas.

— Vamos voltar? — Ino perguntou, já sabia que sempre que ela fazia aquele gesto era porque já não aguentava mais o trabalho.

— Por favor. Isso é exaustivo. Ainda bem que estamos revezando, caso contrário, teríamos que nos alimentar antes. Não conseguiríamos expor nossas habilidades por tanto tempo, fracos como estamos! — Deu uma olhada ao redor, vendo que mais talamaurs, ao longe, já começavam a partir também. Desativou o Byakugan e começaram a caminhar.

— Tínhamos que dar um jeito de ir para a costa. Tentei falar sobre isso com meu pai, mas ele permaneceu irredutível. Droga! Se não fosse pelos Otsutsuki, talvez já teríamos descoberto o que houve com a Terra.

— Verdade, mas tenho que concordar com Inoichi. Não podemos ir para a costa sabendo que corremos risco de um ataque.

— Sabe outra coisa?

— Humm?

— Assim que ficou provado uma possível aproximação dos Otsutsuki, tínhamos que ter ido para outro lugar. Aqui estamos expostos... apesar de que uma hora ou outra eles descobririam onde estamos. — Suspirou resignada.

— É... Às vezes penso que nada irá parar essa guerra.

Continuaram a caminhar. Hinata não conseguia parar de pensar nas visitas que Ino fazia a Deidara, aquilo a estava incomodando de forma assustadora. Esteve, durante muito tempo, sentindo-se a culpada por seu relacionamento com Sasori não ir para frente. Tentou, mas nada que fazia parecia surtir efeito. Estava sempre envolta em uma constante dúvida que a levava de um lado para o outro, entre as tentativas e as falhas. Quando ia com sua amiga até a casa do humano, era inevitável que não os visse quando ativava seu Byakugan para olhar ao entorno. O jeito que riam, que se tocarem, a maneira amável que ele tinha para com ela, e o jeito simples e natural com que ela o respondia. Pareciam ter nascido para se encontrar. Mesmo com todos os obstáculos que os afastava, ainda assim permaneciam juntos.

Hinata refletiu por diversas vezes sobre como Deidara se comportaria se descobrisse que Ino não era realmente quem ele pensava, mas nunca conseguiu chegar a um resultado disso. No mais, ele parecia não se importar com o fato de Ino e ele nunca terem passado de beijos e abraços, respeitava-a. Hinata estava feliz por isso, por saber que sua amiga estava vivendo aquilo que sempre tinha sonhado, mas também sabia que ela sentia falta de poder ter um real e significativo relacionamento com o homem... homem... Era apenas isso que impedia o avanço da relação deles. Se tudo fosse tão fácil, como nos filmes da era passada, que mostravam pessoas comuns sendo mordidas e transformadas... Não era assim. Quando um talamaur mordia, a morte era certa para a vítima.

— Ino. Já tem uma semana que não vê Deidara...

— Ah, sim! Com esse trabalho, tenho me sentido cansada... sabe? — A voz estava baixa, parecia não conseguir refletir sobre o que falava ou talvez estivesse refletindo demais, Hinata não conseguia identificar. — O tempo de nos alimentarmos está próximo, achei melhor ficar um pouco distante.

— Entendo. — Sentiu que tinha que falar mais alguma coisa para a amiga, mas não conseguiu pensar em nada. Estava confusa demais.

Minutos depois avistaram Geri. Poucas lamparinas estavam acesas e isso fazia com que a beleza do castelo ficasse ainda mais aparente. Com um ar sombrio, suas pedras escuras refletiam a pouca luz do luar em certos pontos.

As duas se despediram assim que entraram no salão principal e cada uma seguiu para um lado. Ao chegar na porta de seu aposento, Hinata viu sua irmã sentada no canto do corredor, limpando a adaga ondulada. Aquele objeto havia se tornado o novo bichinho de estimação da jovem talamaur, mas Hinata não estranhava, já que Hanabi sempre possuiu um grande apreço por armas.

— Achei que ajudaria na investigação hoje — disse Hinata ao se aproximar.

— Não. Troquei com uma amiga, estava fazendo a contagem das armas. Por que, exatamente, precisamos fazer isso? — questionou, olhando intrigada para Hinata.

— Apesar de estarmos longe dos humanos e de sabermos que eles dificilmente descobrirão sobre nós, não podemos descartar nada. — Se sentou ao lado da irmã. — Os humanos podem pensar que somos como eles e, se isso acontecer, precisamos estar preparados, porque eles certamente desconfiariam de outros humanos vivendo tão próximos a eles por todo esse tempo, sendo que nunca nos viram.

— Acha que eles poderiam tentar... uma guerra?

— Eu não sei, mas como disse: não podemos descartar nada. Eles não são mais como eram antes, Hanabi. As coisas estão tão difíceis para nós, quanto para eles.

— É, e eles se assustam facilmente.

Hinata riu com o comentário.

— Por que não está em aula, já que não foi para a investigação?

— Os líderes estão em reunião, Sasori também está lá agora... então os Yamanaka deram uma folga para nós hoje. — Suspirou. — Não aguento mais, Hina, já tenho 150 anos, não deveria estar estudando mais!

— Bom... se for parar para pensar, é como se você ainda tivesse 50. O tempo que hibernamos não deve ser contado assim. E você só tem mais esse ano. — Afagou os cabelos da garota. — Logo termina.

A única coisa nisso tudo que deixava Hinata amargurada era saber que, assim que o período de aprendizagem de Hanabi acabasse, logo ela começaria a participar das reuniões dos líderes, e isso era algo terrível na mente da Hyuuga. Queria poder preservar sua irmã mais nova de toda burocracia, de toda podridão e do fardo de ser uma integrante do conselho. As coisas eram muito mais intensas do que pareciam, e ela temia que sua irmã pudesse se corromper com toda essa sujeira. Mas agora não podia fazer nada, a não ser tentar se mostrar útil novamente, para, quem sabe um dia, conseguir seu cargo de volta e afastar Hanabi de tudo aquilo.

No entanto isso parecia um sonho que nunca se concretizaria, já que Hiashi se mantinha indiferente. Hinata pensou por algumas vezes em contar a verdade dos acontecimentos passados para seu pai, mas imaginar o sofrimento dele por isso a corroía. Tinha que encontrar outro meio.

As duas se despediram e Hinata resolveu ir até a antessala do conselho. Precisava estar por perto, mostrar interesse, tinha que tentar de tudo. Os meses estavam passando rápido demais e ela se sentia retrocedendo.

Ouviu um barulho, como se algo tivesse caído. Segundos depois, o barulho se intensificou. O corredor estava mal iluminado, a noite, quente, e nem todos os talamaurs tinham voltado para o castelo ainda. O barulho cessava e recomeçava, mas o eco produzido naquela parte do castelo fazia com que fosse difícil que Hinata conseguisse identificar de onde o som vinha. Resolveu se apressar.

Naquela área não havia quartos, apenas a enorme sala de estudos, a antessala e a sala do conselho, chegou a pensar que algum líder pudesse ter se estranhado com outro, coisa não muito comum, mas que já tinha acontecido. O barulho cessou mais uma vez, só que agora parecia que não mais retornaria, porém Hinata continuou a andar a passos largos.

Pisou com sua bota preta no primeiro degrau que levava à antessala, subiu mais três e colocou as mãos nas maçanetas ornamentadas da porta de madeira de jacarandá-africano. Apesar de serem pesadas, abriram com tanta facilidade, que era como se estivessem deslizando para dentro. Hinata subiu na plataforma mais alta, seus olhos arderam e suas narinas se dilataram. O fôlego escapou de seus pulmões.

Hiashi abriu a porta do conselho, metros à frente da filha, permanecendo na parte mais alta da escada que havia do outro lado da sala, assim como ela. Se olharam. Hinata continha o choro como podia.

O corpo de Neji jazia no mármore frio. Suas roupas, que sempre eram alvas, agora estavam manchadas de rubro. O chão se tornou um lago de sangue, e o pescoço dele era como se fosse a nascente. Sua mão direita estava fechada, deixando escapar um pedaço de tecido branco, a rigidez dos dedos mostrava o quanto ele queria se agarrar àquilo, fosse o que fosse.

Hinata nada falou, nada fez, tentava amortecer seu desespero nos princípios dos clãs, acalmando-se ao menos na parte exterior de seu ser, porque ela sabia que aquele golpe perduraria para sempre em seu coração.

Ele era como o irmão que nunca teve. E a cabeça dele estava a meio metro dela, na parte mais baixa da escada que dava para a antessala, os olhos estavam fechados e a boca rija. Os cabelos negros e longos formavam linhas flutuantes na poça de sangue. Não havia mais nada a ser feito.

— O que aconteceu? — Hiashi sussurrou para ele mesmo. Inoichi apareceu por detrás do ombro dele, o rosto se tencionou e os olhos se arregalaram.

Hinata engoliu em seco, vendo seu pai caminhando em direção ao corpo de Neji. A respiração dela voltou acelerada e cortante. O Líder Supremo se abaixou perante o corpo, suas sandálias se embeberam em sangue. Hinata não aguentava mais olhar aquilo. Desceu pelo canto esquerdo da escada, evitando a seiva de seu primo. Foi em direção à janela. A pessoa que fez aquilo deveria estar por perto. O barulho...

Era dali que aquele barulho vinha e a Hyuuga não conseguia parar de pensar que, se tivesse sido mais rápida, que se tivesse corrido, ou ao menos acionado o Byakugan talvez nada disso tivesse acontecido, mas agora era tarde demais. Só lhe restava a vingança, era a única forma de saber que Neji descansaria em paz. Tocou a vidraça da janela e seu fôlego escapou mais uma vez ao ver as figuras escapando.

— O que aconteceu? — questionou Sasori, passando por entre os líderes que estavam à sua frente.

Hiashi se levantou, em suas mãos segurava o tecido que estava na mão de seu sobrinho; o bordado branco em formato de floco de neve, o símbolo do clã Koori.

— Shurado — Hinata disse, suas bochechas estavam vermelhas. — Está fugindo. Pai, tenho que ir atrás dele. — A respiração descompassada fazia seu peito subir e levantar rapidamente, sentia-se sufocando.

— Não. Sasori, você deve fazer alguma coisa. Ele é do seu clã. Traga ele para mim. — Esmagou o tecido na mão com todas as forças, veias saltaram de seu pescoço.

— Pai, por favor? Ele não está sozinho. Tem mais dois com ele — pediu, aproximando-se um pouco mais.

— Hiashi, sabe que ainda não estamos alimentados — Inoichi falou. —A talamaur é uma assassina. Então dê o trabalho a ela.

Hinata se assustou com a maneira que Inoichi se referiu a ela, mas, ao olhar para ele, pôde entender que só disse aquilo, daquela forma, para que ela pudesse ajudar.

— Você está certo. Sasori, agora você é o novo protetor dos líderes. — Seguiu para o corredor, seus cabelos esvoaçaram com a passada acelerada. O coração de Hinata se partiu.

O corpo de Neji ainda nem havia esfriado e o Líder Supremo já tinha dado seu posto para outro, como se o talamaur não fosse nada. As lágrimas teimavam em inundar seus olhos, mas ela lutava firmemente contra elas, impedindo que caíssem.

— Vamos! — disse Sasori, seguindo para fora do lugar. Hinata olhou para Inoichi, Chouza e os demais líderes, todos estavam com tristeza nos olhos. Olhou para o chão vermelho pelo sangue mais uma vez e partiu.

Pensou em buscar um dos cavalos no estábulo, mas isso poderia atrapalhar. Hinata viu Shurado e os outros dois talamaurs a correr, e fazer o mesmo seria mais desgastante, mas o resultado seria melhor. Já tinha sido pega desprevenida em uma emboscada em cima de um cavalo uma vez e não foi uma experiência agradável.

— Quem mais estava com Shurado? — Sasori perguntou, enquanto os dois cruzavam a porta principal do castelo.

— Ren e Yukiko.

Talamaurs já começavam a subir assombrados, os membros como do clã Inuzuka possuíam o faro mais aguçado, era certo terem sentido o cheiro de sangue.

Hinata e Sasori começaram a correr assim que puseram os pés na terra, do lado de fora do castelo.

 Nas costas, Sasori carregava uma bolsa, as alças se apertavam com força na curvatura de seus ombros. A face dele era severa, mas Hinata entendia bem isso. Neji e ele não eram muito próximos, mas se conheciam desde sempre e, como se isso não fosse o suficiente, os responsáveis pela morte dele eram membros do grupo que o ruivo agora liderava.

Hinata estava vermelha, o coração parecia que explodiria dentro do peito a qualquer momento. Estava se esforçando, correndo mais do que em qualquer outro momento que se lembrava. O vento chicoteava seu corpo e as pedras do caminho não faziam significado ao se encontrarem com sua bota. As marcas das pegadas eram profundas por conta da força e aceleração.

Estavam correndo lado a lado quando Sasori começou a diminuir o ritmo. Hinata não conseguia identificar as coisas à sua volta, menos ainda o motivo de ele estar parando. Encontrava-se mais emocionada do que deveria, tentava se manter calma. Sempre fora preparada para tais ocorrências, mas a teoria era muito diferente da prática. Entendeu o sofrimento das viúvas que choraram copiosamente depois do deslizamento das pedras e imaginava como deveria ser difícil para os demais de sua raça, que se reservavam de forma brutal.

— O que está fazendo? — ela perguntou ao parar. Estava inconformada.

— As pegadas... — Apontou para o chão.

— Se dividiram.

— É. Você vai reto, eu vou pela direita.

— São dois — disse aflita. Não queria perder mais ninguém.

— Eu também! — Apontou para a bolsa em suas costas, onde estava sua marionete. Ela acenou positivamente e tornou a correr. Era melhor não pensar.

Estava completamente focada em tentar alcançar quem quer que seguiu pelo caminho que ela estava. O desespero em seu peito começava a sumir, era como se estivesse anestesiada, mas não queria ficar assim, ela queria continuar a sentir a dor excruciante de ter tido seu primo e mestre arrancado dela. Queria poder olhar nos olhos do assassino e arrancar-lhe o coração do peito em uma só tentativa, queria inflamar-se com a sensação de dever cumprido, de honra a Neji.

Não. Hinata não levaria o culpado de volta para julgamento, como era costume. Era uma assassina, então que diferença faria? Só levaria um escalpo. Foi o que ela decidiu, nunca estivera tão certa de algo quanto agora.

Ouviu um barulho, tentou parar rápido demais e tropeçou. Se agachou, apoiou a mão esquerda no chão, deixando que ela mantivesse seu equilíbrio enquanto suas pernas deslizavam na poeira, fazendo com que uma nuvem marrom se erguesse ao seu redor. Nesse momento ela viu Shurado saindo da mata, mas ele não fugiu.

Você — rosnou, como um cão raivoso. Ativou o Byakugan.

— Não era para ser assim, nem agora — ele falou, vendo-a se levantar.

— Está querendo dizer que isso era inevitável? — Até sua voz tremia.

— Sim. Não importa o método. Aconteceria de qualquer forma.

Hinata avançou.

Shurado, com uma perna na frente da outra, abaixou-se um pouco, colocando os braços cruzados em frente à face, enquanto pela fresta viu Hinata saltar sobre uma pedra. O impulso somado à velocidade fez com que seu corpo se elevasse a três metros, o braço direito para trás, em posição de ataque, a palma da mão aberta. O impacto seria forte demais, então ele se desviou no último instante, jogando seu corpo no chão e rolando na poeira.

Hinata caiu sobre o pé direito e o joelho esquerdo, sua mão bateu contra o chão, cavando um buraco que acolheu parte de seu antebraço. Poeira voou em seu rosto, ela fechou os olhos cheios de terra e seu corpo vibrava por conta do impacto.

Tirou a mão do pequeno buraco que se formou, mas, assim que abriu os olhos, pôde ver o punho de Shurado crescendo em direção à sua cara. O soco acertou em cheio, o corpo dela foi jogado para trás com a velocidade do golpe. Capotou, girou três vezes, a bota saiu do pé esquerdo, o braço ralou e comeu terra. Ofegante, dolorida, Hinata limpou o pó do rosto com as costas das mãos e começou a se levantar do chão como um gato que se apoia nas quatro patas. Os movimentos deslizantes faziam parecer que seu corpo era livre de ossos.

Por um momento, Hinata tinha se esquecido de um detalhe importante; Shurado era quase 300 anos mais velho que ela e, pela força demonstrada nesse golpe, estava alimentado. Se não fosse cautelosa, esse seria seu fim.

Traidor! — disse em meio a cuspes. — Por que fez isso?

— Você não entenderia, princesa. Essa guerra envolve muito mais do que aparenta. — Suspirou. Seu rosto e seu corpo se enrijeceram, com as pernas paralelas ao quadril, Shurado bateu um punho contra o outro, parecia um touro enfurecido.

Hinata sabia o que aquilo significava, o oponente, apesar de fazer parte do clã Koori, era remanescente de um outro clã, portanto seu poder era diferente. Nunca tinha enfrentado ele, nem mesmo visto uma batalha de Shurado, só sabia que ele era capaz de fazer com que seu corpo ficasse rígido. De qualquer forma, ela não pensou muito nisso, nem teria tempo, a batalha já tinha começado desde o momento que ele tocou em Neji.

Em um movimento sincronizado, os dois correram de encontro um do outro. Shurado levantou o braço direito na altura do ombro, Hinata se jogou no chão no mesmo momento, evitando ser acertada mais uma vez por ele. A parte de trás da blusa que ela usava se rasgou, formando um grande buraco no meio. Ela se levantou o mais rápido que pôde e espalmou as costas dele. A mão de Hinata ardeu, ela abaixou mais uma vez, livrando-se de mais um soco. Aproveitou o momento para chutar o joelho dele e Shurado se desequilibrou. Ela levantou de uma só vez, com a palma da mão mirando a face dele, dando-lhe um golpe no queixo de baixo para cima. O corpo de Shurado saltou elevando-se a pouco mais de um metro do chão e indo de encontro um uma árvore na encosta da estrada.

Não querendo perder a vantagem que tinha, Hinata correu de encontro a ele, pulou, e antes que o talamaur atingisse o chão, ela o acertou com um golpe no pescoço. A árvore se partiu ao meio com o impacto, perfurando superficialmente o corpo de Shurado. Ele se levantou, e a fúria ergueu junto com ele, que já retornou com o punho preparado, acertando um soco na barriga da talamaur.

Hinata se contorceu, cuspiu sangue. Shurado ia acertá-la mais uma vez, mas, a um passo na frente, Hinata se preparou, puxou o ar e o atacou, atingindo-lhe o peito. As unhas dela cravaram na carne dele, formando um buraco. Hinata jogou para fora todo ar que sugou de uma só vez, seu corpo trepidou, caiu de joelhos, ainda com a mão dentro dele. Sentiu cada ossinho de seus dedos se quebrando, correndo em uma reação em cadeia, subindo pelo seu pulso, indo em seu cotovelo, enquanto a única coisa que ela conseguia ouvir era um barulho, como de pedras se batendo uma contra pedras; era o som de seus ossos trincando, dos dedos até o ombro, por conta da rigidez do corpo dele.

Shurado cambaleou, mas se manteve firme. Preparou um soco para ela, mas não aguentou e caiu para trás. O braço destroçado de Hinata se desprendeu do peito dele, mas o talamaur ainda não tinha morrido, ela ainda não tinha esmagado o coração dele.

Os dois estavam cansados, os ferimentos de ambos eram graves e demorariam a sarar. Hinata possuía a maior desvantagem, já que sequer estava alimentada.

Cada um de um lado, tentando se levantar como podia. Cambaleando como bêbados, seus corpos se ergueram. Hinata tentou dar um passo à frente, mas quase caiu, Shurado, por outro lado, apesar de estar com o peito aberto em um rombo, estava alimentado e conseguia se manter em pé. Mas ele sabia que era o mais exposto ali, enquanto seu peito não se fechasse, não poderia entregar sua sorte ao acaso.

Em meio a um urro de dor, que fez com que sua voz lembrasse a de um urso, Shurado arrancou a blusa do corpo e cobriu com ela seu enorme ferimento, que o lavava com sangue, deixando o chão como se fosse argila vermelha. Se pôs a correr. Hinata tentou ir atrás, mas no primeiro passo que deu, caiu no chão outra vez e gritou de dor. Seu braço estava mole como se fosse uma gelatina. Quase se desesperou.

Sem condições, Hinata permaneceu estirada no chão. Com seu Byakugan ainda ativado, pôde ver os passos desordenados que seu oponente dava. Estava acabada, já tinha levado a desgraça ao seu clã uma vez e agora, pouco tempo depois, estava fazendo isso de novo. Questionou-se, tentou descobrir um motivo para viver, para tentar ir atrás de Shurado, mas sentia-se inútil e incapaz. Desejou ter morrido no lugar de seu primo, desejou isso mais do que qualquer outra coisa em sua vida.

Com os dentes, Hinata rasgou as alças grossas de sua blusa, transformando-a em uma tomara-que-caia. Com a mão boa e a ajuda dos dentes, amarrou uma alça na outra, depois prendeu as pontas. Com dificuldade, contorcendo todo seu corpo em dor, ela enfiou o braço na tipoia improvisada, levantou-se em seguida. Pegou um pedaço da árvore que tinha se quebrado e enfiou por baixo do braço, alcançando o cotovelo.

Decidiu: não iria desistir.

Ela viu que Shurado fugia, já longe dela. Não conseguiu manter o Byakugan e o desativou. O lugar que antes estava estrepitoso se tornou taciturno, grilos cantavam e um pingo caiu sobre sua testa. Olhou para o céu, vendo que nuvens avermelhadas se formavam mesmo em meio ao calor que fazia. Hinata começou a andar, sentindo seu braço doendo tanto que parecia que seu corpo inteiro queimava por dentro. Entrou na mata, julgou que, caso Shurado estivesse esperando se recuperar para poder atacá-la, dessa forma ela teria ao menos o mínimo de vantagem.

De repente, começou a escutar um barulho que a lembrava uma estação de rádio em um carro velho. O som era distante, mas ela resolveu segui-lo, mesmo sem saber o que era realmente. A cada passo que dava, mais próximo o som se tornava. As árvores dificultavam o trabalho que ela tinha de tentar identificar de onde ele vinha, mas ela continuava, até que percebeu que era uma música. Uma música do velho mundo.

Se apressou na medida que pôde e depois agarrou-se a uma árvore, parando, atenta. Não conseguia discernir que música era aquela, era como se o som estivesse abafado. Sua vista começou a enegrecer, mas, mesmo assim, ela conseguiu distinguir uma silhueta. Se aproximou, pisando em um galho seco que estalou com seu peso. Era um homem. Ele a olhou.

Hinata ativou seu Byakugan e começou a se aproximar. Havia outro homem caído no chão, suas vestes celibatárias estavam manchadas de sangue, e a figura que estava sentada ao pé da árvore não estava diferente, com um machucado na mão e um galho quebrado enfincado em sua barriga. Ela podia ver que era fundo e que chegou a perfurar o pulmão do rapaz. Na clavícula, ele tinha outro ferimento, este era menos grave, mas ela sabia que ele não sobreviveria. Então seria sua presa.

Hinata parou a meio metro do rapaz. Ele era loiro, com os cabelos espetados para cima, tinha uma boa forma e um rosto bondoso, apesar da situação que se encontrava. Os olhos azuis estavam arregalados, e Hinata podia vê-lo tremendo só por olhá-la, provavelmente por conta de seu Byakugan, que por si só já era diferente o suficiente para causar espanto a um humano, talvez também por conta das condições em que ela se encontrava. Hinata não saberia dizer.

Em uma das coxas, o rapaz tinha um pequeno dispositivo do velho mundo, um dos últimos a ser lançado com a tecnologia revolucionária que tinham adquirido antes do cataclismo. Ele era pouco maior que uma caixinha de fósforos, quadrado, e o som que saía dele era alto. Hinata ficou impressionada por um momento por encontrar algo assim nesse tempo.

— Moça, preci... precisa de ajuda?

Hinata ficou desconsertada, ele estava morrendo, mas fez uma pergunta como essa. Ele tossiu e uma bola de sangue saiu da boca dele.

— Sim... preciso — respondeu, com a cabeça baixa. Desativou o Byakugan.

— Acho que eu também! Mas vou fazer o que puder para te ajudar.

O coração dela disparou. O que tinha de errado com ele? Era só o que ela questionava. Se aproximou, ficaram a menos de um passo de distância. O clã Hyuuga e seus aliados mantinham uma relação de respeito para com suas presas, mas eram suas presas. Com o braço bom, ela o agarrou pelo pescoço, erguendo-o acima de sua cabeça. O dispositivo sonoro caiu. Os pés do rapaz ficaram abanando no ar. Ele tentava se libertar, mas estava fraco demais.

— Sinto muito. E obrigada — sussurrou, e cravou os caninos no pescoço dele em seguida.

O corpo de Hinata formigava, era uma sensação estranha, mas julgou ser por estar machucada demais. Continuou. O braço da talamaur começou a se restaurar pouco a pouco, o progresso se intensificava conforme o sangue era sugado, mas, de alguma forma, ela não conseguiu ver o brilho dos olhos dele se extinguir. Soltou o corpo no chão.

O braço já estava quase cem por cento curado. Recolheu as presas e limpou a boca. Começou a correr.

Depois de alguns minutos, Hinata arrancou a tipoia improvisada que fez, notando que seu braço já estava completamente curado graças à refeição. Acelerou. Tinha que resgatar sua honra no clã e vingar seu primo.

Minutos depois, Hinata parou. O corpo de Shurado estava jogado no chão. Mutilado, todo rasgado, o coração esfacelado. Hinata olhou ao redor, à procura do responsável pela situação. Usou seu Byakugan ao máximo, mas não conseguiu ver ninguém. No lado direito, a cerca de quatro metros, havia uma placa de aço, que ela julgou ser parte de alguma construção do mundo antigo que se manteve de pé. Pensou em ir até lá, tentar ver mais além, mas não o fez.

Arrancou o capuz de Shurado, expondo cabelos negros e espessos. Agarrou-os com a mão direita e segurou o queixo dele com a mão esquerda. Em um só puxão, escalpelou o talamaur, que provavelmente foi morto por algum Otsutsuki, que o usou e o descartou. Era a única explicação.

Hinata voltou para Geri, mas a morte de Shurado não foi capaz de acalentar seu coração. Seu primo estava morto e nada mudaria isso. Ao chegar, Sasori já esperava por ela, e os dois homens que ele tinha ido atrás estavam aprisionados, à espera do julgamento.

Hinata sabia que seu pai brigaria com ela mais uma vez, pois a ordem fora para capturar, não para matar, mas estava triste demais para discussões. Passou por Hiashi, batendo com a mão no peito dele. O talamaur ia realmente repreendê-la, mas, quando ela o soltou, o escalpo caiu nas mãos dele.

Hinata foi para o quarto.

O temporal começou.


Notas Finais


É isso aí pessoas!
Muita coisa rolando... Estou doida para saber o que vocês pensam sobre tudo isso! Já que sei que muitos esperavam uma ajudinha... não isso! rsrsrsrs

Bjs!


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