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História A Escolha - O Livro


Escrita por: MrsRidgeway

Notas do Autor


Oie, meus amores.

Essa semana o capítulo chegou mais cedo, e eu devo aparecer mais algumas vezes per aqui até domingo.

Agora vamos ao que interessa!

Capítulo 10 - O Livro


– Ei, tá escorregando isso aí! – eu avisei, rindo – Você vai se sujar todo!

O meu comunicado foi em vão. Assim que eu terminei de falar, a bola de sorvete foi direto ao chão.

– Ops, caiu...

Ted olhou para onde o a sobremesa havia derramado. Seu rosto e sua camisa do uniforme estavam todos sujos de sorvete.

– É, caiu... – eu confirmei. Puxei-o para mais perto de mim e comecei a limpar o seu rosto com um lenço – E não vai ter mais. Esse é terceiro que eu pego pra você.

– Eu gosto de sorvete... – ele respondeu como se aquilo fosse explicação suficiente para que eu comprasse mais para ele.

– Se Remo souber que eu estou fazendo todas as suas vontades, eu vou levar reclamação.

– Papai é um chato. A vovó também – Ted reclamou, fazendo cara feia – Mamãe é a única legal. Ela sempre deixa eu tomar sorvete.

– Por isso que você fica sempre resfriado – eu repliquei e ele rolou os olhos. Meu afilhado era muito esperto para uma criança de apenas seis anos – Sua mãe deixa você fazer tudo o que você quer.

– Mamãe diz que é importante ser livre – ele respondeu orgulhoso.

– É, de liberdade ela entende bem – eu comentei, sorrindo. A mãe de Ted era uma mulher tão sem limites que acabava sendo uma pessoa muito engraçada – O que o seu pai achou desse seu cabelo verde?

– Ele ligou pra vovó, muito irritado – Ted explicou, sentando no meu colo para que eu limpasse melhor o rosto dele – E disse a ela que mamãe era uma incompisquente.

Eu soltei uma gargalhada.

– Ele quis dizer inconsequente, não? – o corrigi, ainda rindo.

– Isso... – ele confirmou, também sorrindo.

– E você, o que achou? – indaguei, interessado na opinião dele sobre a nova cor de cabelo.

– Que agora eu sou o Hulk! – ele levantou os braços, animado.

Continuei conversando com o garoto por mais algum tempo, enquanto terminava de limpar todo o sorvete pegajoso. Logo depois, Ted saiu correndo, desesperado como qualquer outra criança ativa, para a caixa de areia do parquinho. Poucos minutos ele já tinha feito algumas amizades no local. Eu permaneci sentado no banquinho, observando brincar alegremente. Aos poucos minha mente foi voando para algumas lembranças da minha infância.

--- x ---

– James! – Lily gritou da ponta da escada – Você já passou esse bendito protetor no Harry?

– Não! – ele gritou de volta, com Harry pendurado em seu pescoço.

A criança abaixou a cabeça, confusa, para encara o pai. Não havia nem cinco minutos que ele havia passado filtro solar no filho. James piscou um olho para Harry e fez sinal com o dedo, em cima dos lábios, indicando que o menino ficasse calado. Harry sorriu, entendendo a brincadeira.

– Pelo amor de Deus, será possível que você não consegue fazer nada que eu peço?!

A ruiva apareceu na sala, encolerizada. Ela pegou Harry dos ombros de James e colocou no chão.

– A gente vai pra praia! Prai-a! – a mulher soletrou, enquanto procurava algo em cima do sofá – Você acha correto deixar o menino torrando no sol?

– Amor, você anda muito estressada esses dias... – James comentou, ignorando totalmente a irritação da esposa.

– É você que me deixa assim... – ela rebateu entre os dentes e ele riu – Cadê a merda do protetor?!

– O que aconteceu com a regra de não xingar na frente do Harry? – James continuou provocando.

Lily virou na direção do marido. Seus olhos verdes o encarando, obstinados. James amava aqueles olhos. Harry assistia os dois com um sorriso nos lábios, olhando de um para o outro, ainda que não entendesse muito bem o que estava acontecendo.

– Querido... – ela foi enfática no adjetivo – Onde está o filtro solar?

– Aqui... – o moreno levantou a mão, mostrando uma embalagem branca.

James sorriu dissimulado. Lily soltou um longo suspiro. Ela estendeu o braço para pegar o produto, mas ele puxou o protetor de volta, balançando a cabeça em negação.

– Você vai ter que vir buscar – o homem avisou, provocativo.

– James...

– Ah... Qual é, Lily? – ele instigou – Só são alguns passos...

A ruiva ajeitou a saída de praia e andou até o marido, decidida. Antes que ela alcançasse o filtro solar, James levantou a mão, pondo o produto acima da altura da sua cabeça. Lily alguns pulinhos, tentando atingir a embalagem. Após alguns minutos de perseverança, ela bufou e desistiu, irritada.

– Você é muito infantil! – ela empurrou o moreno com as mãos. Ele gargalhou – Me dá esse protetor, James!

– Só depois das palavrinhas mágicas... – ele avisou, tentando se proteger do assalto insistente da esposa.

– Argh, como você é irritante!

– Ainda não escutei...

– Me dá esse filtro solar, já!

Lily avançou mais uma vez, mas ele agilmente a segurou pela cintura, colando o corpo dos dois. James roubou um beijo da ruiva, que abrandou a postura logo em seguida, não conseguindo refrear um sorriso bobo.

– E então... como é que se fala? – o homem perguntou mais uma vez, sem desgrudar o braço da cintura da esposa. Seus olhos castanhos esperavam, divertidos, por trás da lentes redondas dos óculos.

– Por favor...? – a mulher pareceu duvidosa.

E com razão. Imediatamente James balançou a cabeça, negando.

– Não... as outras... – ele esfregou, levemente, a ponta do seu nariz no dela.

Lily revirou os olhos, antes de abrir um sorriso radiante.

– Eu te amo – ela falou, acariciando o rosto do marido. Dessa voz foi ele quem não conseguiu controlar a sua felicidade em escutar aquilo.

 Eles poderiam fazer mil anos de casados, mas ouvir aquela três palavrinhas da esposa nunca perderia a graça para James.

– Eu também te amo – ele a beijou novamente, dessa vez com mais intensidade. O homem andou até o sofá e pegou o filho no colo – Amo vocês dois.

Lily se juntou outra vez ao marido e afagou o rosto de Harry, carinhosa. Os três permaneceram ali, juntos, perdidos naquele abraço.

--- x ---

 

– Harry? – Ted me cutucou. Seus dedos pequeninos se movimentavam com urgência – Harry, acorda...!

– O quê? – eu respondi, despertando do transe – O que foi?

– Tá chovendo...

Assim que o menino falou, eu me dei conta de que grossos pingos de água caiam do céu. Coloquei a mochila de Ted nas costas e nós saímos correndo, de mãos dadas, até o carro. Devido um acidente na via principal, chegamos à casa de Lupin quase uma hora depois. Eu estacionei na vaga disponível, e carreguei o meu afilhado, que havia pegado no sono no caminho, até a entrada. Tateei a chave que Remo havia me dado e encaixei na fechadura rapidamente.

– O que você anda comendo, criança...? – eu sussurrei, enquanto atravessava a porta com Ted nos meus braços, com um pouco de dificuldade.

Dei uma olhada superficial pela sala, procurando onde o dono da casa estava. Estranhei não encontra-lo logo de cara, visto que o carro dele estava na garagem. Segui com Ted até o corredor. Antes que eu entrasse no quarto de Remo eu escutei uma pequena discussão entre duas vozes que eu conhecia bem. Encostei-me à porta, mas não entrei no cômodo.

– Você tem que dar um jeito de controlar a sua mulher – Snape falou. Sua voz levemente raivosa – Ela tá se metendo onde não deve...

– Primeiro, ela não é minha mulher... – Remo corrigiu, calmo – Segundo, eu não posso simplesmente colocar uma coleira na Dora e impedir que ela saia de casa.

– Isso não é problema dela – Snape vociferou.

– Também não é seu – Lupin rebateu.

Snape contestou alguma coisa, porém eu não consegui escutar direito. Eu estava ao ponto de encostar o meu ouvido na superfície da madeira para poder ouvir melhor, quando Snape levantou a voz, mais uma vez.

– Que fique claro que eu não vou me responsabilizar pela estupidez de ninguém!

– Não precisa... – Lupin respondeu – Eu já estou dando um jeito nisso...

– Com aquela sua pesquisa? – Snape parecia incrédulo. Eu nunca tinha o visto falar dessa forma com Remo. Ainda que os dois nunca tivessem se dado muito bem, eles quase sempre mantinham uma postura educada. Pelo visto isso era apenas minha frente – Você realmente acredita que essa sua ideia infantil vai dar certo?!

– É a única brecha, Severo! – Lupin agora parecia estar irritado – Pelo amor de Deus, eu achei que você entendesse mais de paciência do que qualquer outra pessoa por aqui!

Senti Ted se movimentar nos meus braços. Ele estava acordando. Eu estava muito perto da porta, provavelmente o barulho que os dois homens estavam fazendo o despertara.

– Papai...? – o menino chamou, esfregando os olhos, ainda sonolento.

As vozes no quarto ficaram mudas. Eu retornei rapidamente para a sala, encenando uma chegada naquele momento. Alguns segundos depois Remo saiu do quarto, com Snape em seu encalço.

– Estamos conversados, Lupin. Eu não espero ter que te contatar de novo sobre isso – Snape falou, andando em direção à saída. Remo apenas balançou a cabeça, em concordância.

O homem passou por mim sem me cumprimentar, batendo a porta logo em seguida. Lupin se adiantou na minha direção.

– Ei, garotão... Já apagou assim tão cedo? – ele pegou o filho dos meus braços – Acho que eu vou ter que guardar a lasanha do jantar pra o almoço de amanhã, então...

– Não, papai... – Ted reclamou, bocejando lentamente – Eu já tô acordado, olha...

– É, eu tô vendo – Remo sorriu de canto, dando um beijo na bochecha do menino. Ele se virou na minha direção – Achei que vocês fossem demorar um pouco mais pra chegar. Você disse que ia passar no parquinho depois de pegar ele na escola.

– Eu passei, mas começou a chover e nós tivemos que voltar logo – eu expliquei, me jogando no sofá e pondo a mochila do garoto do meu lado – A gente teria chegado mais cedo se não fosse o congestionamento. Parece que rolou algum acidente na Central. Você tá sabendo o que foi?

– Não. Eu peguei um pouco de engarrafamento na vinda pra cá também, mas não cheguei a ver o que era – ele pôs Ted, já acordado, no chão. Lupin se virou para o filho – Vai indo pra o banheiro que eu já te sigo.

Ted concordou e partiu correndo para o quarto do pai. Remo entrou na cozinha e eu fui atrás dele. Queria entender o motivo da visita de Snape.

– Tava acontecendo alguma coisa aqui antes da gente chegar? – eu indaguei, como quem não queria nada – Eu ouvi algo parecido com uma discussão entre você e Snape...

– Ah... – Lupin abriu a geladeira e pegou uma garrafa de água, despejando o líquido no copo – Eu e Severo estávamos apenas resolvendo algumas questões acadêmicas.

– Certeza...? – eu insisti. Abri o pote de vidro em cima da mesa e peguei alguns amendoins – Ele não saiu muito animado daqui não.

– Quando você o viu empolgado com alguma coisa mesmo?

– Quase nunca – respondi rindo, enquanto mastigava.

– Então não é bem uma surpresa, não é mesmo? – Remo manteve a sua resposta, escorregadio – Fique tranquilo, Harry. Não foi nada demais.

Resolvi não reiterar o questionamento. Eu não iria conseguir tirar nada dali. Lupin seguiu até o banheiro, para dar banho em Ted e eu voltei para a sala. Acabei esquecendo sobre o assunto. O final de semana passou tranquilamente e no final da manhã do domingo Ginny tocou a campainha, no horário combinado. Remo preparava o almoço e eu havia acabado de sair do banheiro, então Ted, curioso, correu para atender a porta.

– Oi! – ele falou, encarando a ruiva.

– Oi! – ela respondeu, se curvando para ficar na altura dele – Esse menino lindo aqui eu acho que é o Teddy, não é?

Eu parei para assistir os dois, perto da estante.

– Sou sim! – Ted respondeu, encantado com o elogio.

– Olha, você é muito famoso, viu?! – Ginny balançou a cabeça, e levantou as sobrancelhas – Ouvi falar bastante sobre você.

Ela afagou os cabelos de Ted e as bochechas dele coraram. Lupin se manifestou, a porta da cozinha.

– Filho, que tal deixar a Ginny entrar? – ele sugeriu, divertido.

 – Ah, é mesmo – Ted sorriu, abrindo passagem com a mão estendida – Entre, por favor...

– Meu Deus, como ele é fofo! – Ginny elogiou, andando em minha direção – E educado também.

– Foi minha vovó que me ensinou – Ted falou, orgulhoso.

Nós rimos da empolgação dele. Remo saiu da cozinha e veio cumprimentar a visita. Nós conversamos até o almoço ficar pronto. Ginny e Teddy me ajudaram a arrumar a mesa, enquanto Lupin retirava o pernil do forno. Sentamos para comer logo depois.

– Meu cabelo também é colorido – Ted apontou para os fios verdes na cabeça.

– Só que o da Ginny é natural, filho – Remo salientou.

Ted arregalou os olhos, surpreso.

– Verdade?! – Ginny confirmou com a cabeça, sorrindo com a admiração do menino.

– Toda a minha família é ruiva – ela explicou, enquanto cortava a carne distraidamente – Exceto a minha sobrinha. Ela é loira como a mãe.

– Você tem sobrinha? – o garoto continuou a chuva de indagações.

– Sim, ela é filha do meu irmão mais velho. O nome dela é Victoire – Ginny não pareceu se importar com as perguntas – Ela é um pouco mais novinha que você.

– Quantos irmãos você tem? – Teddy largou a comida do prato, interessado na conversa.

– Seis. São todos mais velhos que eu.

– Nossa... – Ted encarava Ginny, fascinado – Eu não tenho nenhum.

– Só você já vale por dez – eu comentei e Lupin concordou, balançando a cabeça enquanto mastigava.

– Você e Ginny vão ter muitos filhos também? – meu afilhado se virou na minha direção, entusiasmado – Eu queria ter alguém pra brincar comigo...

Eu quase regurgitei a minha comida. O rosto de Ginny assumiu um tom de vermelho tão vibrante quanto os cabelos dela. Remo nos encarou, divertido, sem fazer um pingo de questão de controlar a língua do filho. Fiquei momentaneamente sem saber o que responder, até que a ruiva se adiantou no meu lugar.

– Digamos que esteja muito cedo pra qualquer pessoa aqui pensar em filhos, Teddy – Ginny se esquivou, esperta. Só que não tão sagaz quanto o menino.

– Mas a mamãe me disse que eu nasci quando ela tinha a idade do Harry... – ele argumentou, sem entender.

     Ela só não te contou que você foi um acidente, né?

– É que eu e a Ginny, a gente... bem... – me embolei um pouco para explicar, largando o meu garfo de lado – A gente não estabeleceu algumas questões ainda, Teddy.

O menino franziu o cenho por alguns segundos, absorvendo a informação. Pouco tempo depois ele se manifestou. Parecia empolgado com alguma descoberta.

– Aaaah, já sei! – ele se voltou para Remo. Pelo movimento do corpo eu podia perceber que o menino balançava as pernas no ar, agitado, sentado na cadeira – Vocês são tipo o papai e a mamãe!

Agora Lupin que se sufocara com um pedaço de carne. Ginny pôs a mão na boca, prendendo o riso. Já eu fiz questão de gargalhar abertamente.

– Isso, isso. É mais ou menos isso... – confirmei, ainda dando risada – Inclusive você deveria pedir um irmãozinho a eles, que tal?

– Verdade... – os olhos do garoto brilharam com a minha sugestão – O que você acha, papai?

– Eu acho que é melhor você voltar a comer – Remo ajeitou a gola da camisa, um pouco suado – Seu prato tá esfriando...

– Mas pai... – Ted insistiu, tentando questionar.

– Não tem mais, nem meio mais, Edward – Lupin interrompeu, firme – E se você insistir nesse assunto, vai ficar sem sobremesa.

Ted voltou a almoçar, contrariado. Remo me lançou um olhar assassino antes de direcionar a sua atenção ao prato mais uma vez. Ginny me fitou, brincalhona, e eu sorri de volta, também retornando ao meu pedaço de carne. A tarde passou tranquila, sem tocarmos no assunto novamente. No inicio da noite eu me despedi de Lupin e do meu afilhado e parti para levar Ginny em casa. Ela perguntou se eu não iria subir e eu acabei negando. Eu tinha que passar na mansão para pegar uma última caixa de pertences. Geralmente, no domingo à noite Snape costumava sair religiosamente para fazer algumas coisas. Coisas essas que na verdade eu nunca soube o que eram. O importante para mim era não me encontrar com ele, então esse seria o momento perfeito para ir até lá.

Subi diretamente para o meu antigo quarto, assim que cheguei à casa dos meus pais. Como eu imaginei, não havia nem sinal de Snape no local. A caixa permanecia no mesmo lugar onde eu a deixara, apoiada na lateral da cama. Dei uma olhada superficial, conferindo se tudo que eu arrumara estava mesmo ali dentro. Depois de constatar que sim, me apressei em sair do quarto. Contudo, antes que eu atravessasse a porta, meus olhos se prenderam em algo que eu nunca tinha visto por ali. Apoiado na mesinha de estudo, um livro descansava, solitário.

Recuei alguns passos e escorei a caixa de papelão em cima da madeira, usando a mão livre para pegar o exemplar. Eu já havia lido aquela obra alguns anos antes, no colégio. Era um livro muito famoso de uma escritora norte-americana. Falava sobre os problemas do racismo e da intolerância na sociedade contemporânea. Abri a capa do volume em minhas mãos e me deparei com uma dedicatória na folha de contracapa. Era a letra do meu pai.

"Para aquela qual o conceito de justiça nunca foi dúbio,

E que a bondade sempre se fez presente,

Acompanhando-a de mãos dadas.

Com todo amor do mundo,

James.

30 de Janeiro de 1991."

 

Admirei o que estava escrito por mais alguns minutos, um pouco emocionado. Resolvi levar o livro comigo. Coloquei o exemplar dentro da caixa e saí do quarto apressado.

A semana passou sem muito cansaço, exceto pelo trabalho de química que estava se mostrando bastante exaustivo. Ron havia me mandado a parte dele na etapa da pesquisa na noite de quinta, então no dia seguinte, depois do almoço, eu resolvi me dedicar a adiantar logo a minha cota no processo. Tomei um banho rápido e, como o dia estava quente, vesti um short de algodão simples e me pus diante do computador. Aproximadamente duas horas depois de eu ter iniciado o meu trabalho, a campainha tocou atrás de mim. Levantei da cadeira onde eu estava e andei até a porta. Dei de cara com Cho, sorridente, do outro lado. Ela segurava alguma coisa dentro de uma vasilha plástica.

– Oi, Harry. Tudo bom? – Cho me cumprimentou, animada.

– Tudo... E com você? – respondi educadamente.

– Estou ótima! – ela se apressou em responder – Ontem foi o aniversário da minha sogra e sobraram muitos doces. Eu acabei me atrevendo a colocar alguns aqui pra você. Espero que você goste.

Cho estendeu os braços, me oferecendo a vasilha. Eu aceitei e agradeci.

– Você não quer entrar? – perguntei, abrindo espaço para que ela passasse.

– Eu não tô incomodando? – ela questionou, hesitante.

– Que nada. Entra aí – insisti. Não custava nada ter o mínimo de hospitalidade, depois de ela ter se preocupado em trazer comida para mim – Eu só tô adiantando algumas coisas do trabalho de Snape.

Cho passou por mim, tímida. Ela deu uma breve olhada ao redor, reconhecendo o espaço.

– Seu apartamento é muito bonito, Harry – a mulher elogiou, sincera – Adorei a cor das suas cortinas.

– Ah... essa foi a Ginny que escolheu. Tem umas duas semanas – expliquei, andando até a cozinha – Quer água, suco, refrigerante...?

– Suco, por favor... – entreguei um copo cheio a ela, que me agradeceu depois de pega-lo. Cho se virou na minha direção assim que eu passei por ela até a mesa de jantar – Você disse que tava fazendo o trabalho de Snape. Vocês estão conseguindo desenvolver a segunda etapa?

– Sim... – respondi, sentando novamente na cadeira – Por quê?

– Eu e Marietta estamos estacionadas praticamente – ela lamentou, sentando-se ao meu lado – Somos péssimas em química. Tá sendo um horror fazer qualquer tipo de processo.

– Vocês escolheram qual marco? – indaguei, interessado em ajudar.

– O Lago d’Ouro velho.

– Nossa... bem longe, hein?! – esse lago ficava bem depois da Serra, há mais de 600 km da nossa cidade.

– A família da Mari é de lá – Cho se justificou – Ela pegou as amostras quando foi visitar a tia, eu acho.

– Bom... e em qual parte vocês estão empacando?

– Não sabemos o que fazer depois da destilação fracionada.

Cho começou a detalhar as suas dificuldades e eu fui dando alguns toques no caminho. Nós nos perdemos na explicação, pois ela tinha muitas dúvidas. Não sei quanto tempo passou desde quando nós começamos a estudar. Eu só despertei novamente no momento em que a sineta tocou mais uma vez. Deixei a mulher ao meu lado analisando algumas anotações e levantei, novamente me direcionando a porta. Ginny me deu um beijo e entrou no apartamento, cheia de sacolas nas mãos e falando ininterrupta sobre várias coisas. Percebi que ela parou de súbito quando viu a presença de Cho no local. As duas se encaram por um tempo. A ruiva virou para mim e semicerrou os olhos cor de mel, pedindo uma explicação silenciosa. Eu fiquei sem reação.

– Boa noite? – o tom que Ginny usara foi ameaçador – Atrapalho?!

– Não, não... – Cho se ergueu da cadeira rapidamente – Eu já deveria estar de saída.

– Aaah, jura? – Ginny sorria para Cho, mas eu sabia que era ironia pura – Não precisa se apressar, querida...

– Precisa sim – ela respondeu, passando pela ruiva e caminhando na minha direção – Bom, Harry. Obrigada pela ajuda. Até segunda.

Cho saiu do apartamento e eu fechei a porta, rindo. Quando eu voltei para a sala Ginny me esperava, de braços cruzados e olhos estreitos.

– O que foi toda essa cena? – perguntei, me aproximando dela.

– Não chega perto...! – ela estendeu a mão, ameaçadora, indicando que eu permanecesse no lugar – O que é que ela estava fazendo aqui dentro?

– Ela veio trazer uns doces do aniversário da sogra – expliquei calmamente, parado onde ela ordenara – E depois acabou tirando algumas dúvidas sobre o trabalho de Snape.

– E você precisava ficar sem camisa pra dar aula? – ela apontou para mim, inquisitória – Tem certeza que você tava ensinando química mesmo?

– Tá fazendo calor, Ginny – continuei sereno – Eu nem estava me lembrando disso.

– Aposto que ela estava... – Ginny bufou, ficando de costas para mim e mexendo nas sacolas – E eu cheguei na hora errada, provavelmente.

Eu andei até Ginny e a abracei por trás.

– Largue de besteira, pequena... – falei, dando um beijo em sua nuca.

– Me solta, Harry. Ainda não estou boa com a sua cara – ela movimentou os ombros, tentando se desvencilhar sem muita vontade.

– Viu o que eu senti quando eu vi o Miguel na sua casa naquele dia? – eu a virei de frente pra mim e ela rolou os olhos.

– O Miguel não representa nenhuma ameaça – Ginny argumentou, fazendo bico – A Cho sim.

Eu soltei uma gargalhada.

– É bonitinho te ver com ciúmes, sabia? – falei, distribuindo alguns beijos pelo rosto dela.

– Ah... você acha? – ela empurrou o meu peito, sarcástica – Você acha bonito se divertir as minhas custas, Potter... É isso?

– Acho – provoquei rindo, enquanto tentava segurar a mão dela.

– Pois agora eu vou mostrar a você quem é que manda nesse lugar...

Ginny me empurrou até o sofá, onde eu caí desajeitado. Ela sentou no meu colo, ladeando o meu corpo. Sua boca foi em direção ao meu pescoço, mordendo minha pele com intensidade. Automaticamente eu deslizei minhas mãos por suas costas, parando em seus quadris e apertando com vontade. Ela se afastou um pouco e segurou os meus braços, decidida. Antes que eu reclamasse, Ginny comunicou.

– Hoje quem dita às regras sou eu – a forma autoritária como a frase foi dita, fez um arrepio subir pela minha nuca, me deixando excitado. Ela agarrou meus cabelos, forçando a minha cabeça de leve para trás – Estamos entendidos?

– Completamente – respondi obedientemente. Ginny mordeu os lábios, satisfeita.

Nós seguimos para o quarto, onde a ruiva me mostrou como era ótima em comandar qualquer coisa. Quando resolvemos jantar, já havia passado das nove da noite. Ela esquentou no micro-ondas a comida que estava na sacola que ela trouxera mais cedo. Conversamos um pouco sobre como fora o nosso dia enquanto comíamos e logo depois seguimos para o quarto novamente, só que dessa vez para dormir. Ginny acabou pegando no sono assim que deitou. Eu permaneci acordado por mais algum tempo, distraído com os meus pensamentos. Estiquei o meu braço até o criado-mudo e peguei o livro que trouxera da mansão. Eu o tinha folheado durante a semana, em alguns momentos. Às vezes, ler durante a noite me ajudava a dormir mais rápido.

Abri na pagina onde eu havia marcado e prossegui com a leitura. Alguns minutos depois, a ruiva se movimentou do meu lado, se encaixando no meu abraço. Segurei o livro no ar, com uma mão, desajeitado e ajustei o meu corpo com a outra, para acomodar Ginny melhor. Com deslocamento desengonçado das páginas, um papel, que antes eu não tinha reparado, caiu de dentro do exemplar. Pus o livro de lado e peguei o papel, curioso.

Me deparei com um número de telefone, seguido de uma identificação.

xxx-xx 9510-2805

Mad-Eye

Découvertes Corporation

Prendi o ar assim que terminei de ler o papel.

     Você conhece bem essa corporação, Harry...

Como aquele número havia aparecido dentro daquele livro?

 


Notas Finais


Então, meus amores. O que vocês acharam do capítulo?
Deixem aqui embaixo os lindos comentários de vocês!

Beijos ♥


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