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História A Filha do Reverendo - 28 - Você quer isso tanto quanto eu.


Escrita por: SoulStripper

Notas do Autor


OLHA QUEM CHEGOOOOOOOOOOU, eu! Hahaha, dessa vez não demorei um século, né? Podem ficar felizes porque agora vou tentar ao máximo postar o mais rápido possível, tá?
Quero agradecer muito a vocês, estamos chegando a 3 mil favoritos! Isso é um sonho para mim e saber que vocês gostam tanto do Justin e da Maya me deixa toda chorona. Enfim, chega de enrolação, tenham uma boa leitura e não se esqueçam de comentar, ok?

A quem vai fazer o enem amanhã desejo toda sorte do mundo. Lembrem-se: uma nota NUNCA dirá sobre você, cada um é inteligente a sua maneira e não é uma nota que vai negar isso. Confiem em Deus e vão!

Capítulo 29 - 28 - Você quer isso tanto quanto eu.


Fanfic / Fanfiction A Filha do Reverendo - 28 - Você quer isso tanto quanto eu.

"A única pessoa que eu não posso estar junto é aquela que eu mais queria entregar meu coração." — A Casa do Lago

Ela analisou o anel por consideráveis dez segundos. O sorriso brando era a prova viva de sua perplexidade por aquele presente. 

— Agradeço muito por sua gentileza, mas não posso aceitar. É de sua família, quero que fique com ele. — o efeito da temperatura elevou com seu ato de unificar nossas mãos.

— E se eu te dissesse que foi um desejo do meu trisavô? — ela despencou a cabeça para trás e riu. — Qual é a graça? 

— Nada, é que... é que seu trisavô provavelmente nem saiba da minha existência. Como ele poderia desejar que eu ficasse com o anel? 

Inacreditável. Acho que pareço o maior idiota do mundo analisando-a como se fosse algum tipo de experimento antropológico da sociedade, não é comum uma garota da idade dela referir-se a um falecido, principalmente idoso, nesse linguajar. Diferente dela, extraio palavras do vocabulário como: "o velho morreu", fazer o que? Sou uma pessoa muito trivial.

— Desejo de anos. — segurei sua mão firmemente e coloquei o anel em seu dedo anelar. — Aliás, você deixou comigo algo muito importante para si mesma: a sua bíblia. Não vejo problema algum em retribuir. 

— Justin, lhe dei a bíblia de coração. Jamais desejaria algo em troca. — seus ombros caíram. 

— Eu sei, eu sei. Não quis dizer nada disso. — tentei me explicar em meio aos risos.

O máximo que fez foi cruzar os braços e frisar um semblante ligeiramente divertido. Não importa o empenho exercido, ela jamais conseguiria se zangar com alguém, essa é sua essência, a mais incrível que um ser humano poderia ter. 

Maya e eu temos uma conexão que ninguém jamais entenderá, somos apenas nós contra o mundo, veja que a vida tentou nos separar, nos fazer sofrer, mas mesmo assim continuamos unidos, pode não ser fisicamente, numa simples relação amorosa de namorados, mas é de coração, de alma e de vidas que necessitam da outra. Como o ar que respiro, preciso de Maya, preciso dela para saber que ao menos estamos juntos nessa jornada maluca, nos apoiando, nos amando, acho que isso já basta, porque é o que acontece quando se ama alguém tão intensamente. 

Amar. Amar é uma palavra tão bonita, com um significado tão forte e que talvez mude vidas. É essa palavra que quero levar para o resto de toda minha vida, porque essa palavra já tem o nome de Maya gravado. Agora entendo o motivo de Andrea e eu nunca termos dado certo, porque sempre fora ela, Maya, a pessoa reservada para mim e estou prometendo não somente a mim, mas a todos cúmplices desse amor, a maior culpada de me deixar louco assim... Se eu me enfiei nessas porras de problemas, eu posso muito bem dar o meu jeito e sair deles. 

Antes que pudéssemos reagir, um leque de areia saltou em nossa direção, cegando-me por completo. Maya apoiou-se em meu ombro e num súbito ato de proteção abaixou-se contra a areia abaixo de nós. 

— Ele está ali! — gritaram em uníssono.

Ao abrir os olhos enxerguei uma multidão de jovens rebeldes aproximando-se de nós, inclusive Adam, um cara da faculdade com um olhar de caçador. Eles corriam com tanta pressa que jurei vê-los tropeçar na areia. A foto pregada em regata branca de Adam é chamativa, dei-me conta do que se tratava e eu estava longe de buscar defesa. Eu não era o vencedor, Maya não era a última jogadora. Adam é que era e ele estava à procura de seu vitorioso prêmio. A minha foto seria o seu passaporte para a folga de 1 dia no iate do Ryan. 

— Ei, ei! Calma ai. — ele caiu sobre mim e quase me fez engolir a areia molhada. — Isso é golpe baixo, cara! — impelia as palmas de suas mãos para longe de mim, semicerrei os olhos.

— Cadê a foto, Justin? — ele perguntou, rodeando as mãos pelo meu pescoço. Protegi a minha foto o máximo que pude, trancando seu punho debaixo de meus braços e o empurrando com a perna. 

— Vai logo, Adam! — a namorada dele, Alissa, o apressou de braços cruzados.

— Cai fora, porra! — disse ríspido num tom defensivo, arrastando-me pela fenda com os cotovelos.

O alvo do risório sou eu, isso é humilhante. O canalha escondeu a própria foto por debaixo da camiseta antes de atacar, dificultando para os demais participantes que tentassem rouba-lo. O motivo de enxergar sua foto e criar uma ilusão, é porque sua regata branca é praticamente transparente. Relutei por exatos dois minutos, fugindo aqui e ali, mas não pude fazer nada a não ser permitir essa terrível derrota.

— Peguei! — lançou a fotografia no ar, rindo.

Antes de ir embora com o meu orgulho soterrado, Adam mirou desdém contra mim. Permaneci jogado ali, observando a paisagem azulada repleta de constelações proporcionada pela noite, jurando a mim mesmo revidar o ocorrido num futuro próximo. Detesto perder, detesto ainda mais quando não saio ileso. A vontade de esmurra-lo é grande, os nervos estão à flor da pele, e se eu não ponderar detalhadamente a ira, retraí-la para o fundo da alma, posso acabar remunerando uma consequência irreversível. Levantei-me num salto ligeiro, fazendo com que alguns grãos de areia se desagarrassem do tecido da roupa. A areia úmida grudou em mim como chiclete, não sai de jeito nenhum, por mais que eu balance e esfregue a mão. Observei a merda do grupo se afastar correndo, rindo à beça. Filhos da puta.

— Caralho. Que droga! — não privei os palavrões.

Retirei a camiseta na esperança de libertar-me da coceira agonizante. Estou imundo. Duvido que Maya tenha coragem de aceitar um abraço nesse estado... bom, pensando bem, não recusaria. Muito me admira esses questionamentos sem nexo. Maya é o tipo de pessoa que rasparia o cabelo apenas para confortar um portador de câncer e não deixa-lo que se sinta diferente de ninguém; daria dinheiro a um mendigo e orientaria a desviar dos caminhos profanos; e admiraria um animal por mais estranho que ele fosse. Então por que diabos recusaria um abraço sujo? E por que estou fazendo essa pergunta idiota? Que pensamento idiota é esse?

Maya entornou as pernas com os braços, apoiando o queixo nos joelhos próximos. Ela escondia os lábios numa linha fina para evitar rir, apesar da situação hilária — aos demais, menos para mim —, era evidente sua preocupação.

— Está tudo bem? Você se machucou? 

— Estou ótimo. Muito bem. — respondi entredentes, usando a pressão do vento para retirar o excesso de areia da camiseta.

— Tem certeza? — a fitei por um longo tempo, buscando assimilar o seu comentário.

— Tenho.

— Certo. — de soslaio notei seu sorriso de orelha a orelha. Indignado virei-me em sua direção.

— Está rindo de mim? — indaguei, franzindo o cenho.

— Não. — sua cabeça balançava freneticamente em negação. Seus braços estavam grudados frente ao seu corpo, as mãos unidas em punho e cobrindo a boca.

— Você está realmente rindo de mim. — ela soltou uma risada estridente assim que a joguei delicadamente sobre a areia. Nossos corpos estão unidos, nada muito imoral para ela. 

Fixei o olhar naqueles olhos cor de avelã que tanto amo. Ah, esses olhos... ele foi o motivo de diversas noites em claro, imaginando quando eu os veria novamente. Ela não tem noção do quão encantadora é, do quão linda é e isso é extremamente fascinante.

Eu devia ser condenado por carregar tantos pensamentos cálidos. Vamos, Justin. Concentre-se! 

— Sabe... — movi uma mecha de seu cabelo atrás de sua orelha, delineando sua face com o polegar. — Eu me preocupo com você, me preocupo muito com o que pensa sobre mim, com a visão que tem de mim... — nos olhávamos atentamente. Ela não se pronunciou, fez um ligeiro movimento labial e acariciou meu cabelo. 

— Eu sei. Não sou boba, você sabe. — ela sorriu graciosamente.

— Eu sei que não. — sorri de volta. — Gostaria de saber o que está pensando.

— Agora? — ela contraiu o rosto numa careta.

— Agora. — ri baixinho.

— Estou agradecendo mentalmente a Deus por mais um dia de vida, por você estar aqui, bem e sorrindo. — respondeu com ternura.

Os lábios avermelhados de Maya tornaram-se o foco dos desejos encarcerados por mim, meu corpo avança, meu cérebro reluta, é uma batalha sem fim entre o desejo e controle mental. Fiscalizei a feição duvidosa dela, não sou o único apreensivo com os sinais. Sei que sou culpado, sou culpado por fantasiar, mas sei que não vou sentir culpa se juntarmos nossos lábios, agora ela? Se autodenominara a pessoa mais sem juízo do mundo. 

— Não é melhor voltarmos? — pronunciou-se infelizmente. — Seus amigos devem estar preocupados conosco. É um tanto quanto irreverente deixá-los esperando por nós, não?

Concordei com a cabeça, desalento. Fui o primeiro a levantar, então concedi ajuda a ela.

Andávamos pelo extenso terreno praiano em silêncio, a todo instante eu a olhava de canto, observando o sopro do vento chocar-se contra suas madeixas castanhas e esvoaça-las.

Apesar do casamento compelido e da gravidez indesejada, não culpo Deus, aprendi isso com Maya. Quando você se dá a oportunidade de conhecer alguém tão extraordinária como Maya, você enxerga a luz desejada, não especificamente a do fim do túnel, mas da realidade, é um respeito mútuo e agradável. Você automaticamente se sente bem. Ter ficado longe dela acarretou diversas sequelas dolorosas, pensei jamais recuperar o bem-estar, o meu bom humor, entretanto, há um porém... o reverendo dizia: "Deus não ressente, não arrebata sonhos e esperanças por algo simplesmente ter saído do controle e ter feito seu filho furioso com a vida, se rebelar contra suas mais amáveis tradições e caminhos. Deus não aprova, mas não sentencia. Ele torna claro as barreiras, adverte sobre os cuidados, mas jamais falha com as boas respostas no final de tudo. Lembre-se, Deus não tira nada de ninguém, Ele redobra as coisas boas, por mais demoradas que possam ser a conquistar." 

É espantoso recordar dessa passagem prescrita e inventada por ele, aliás, quem não se recordaria depois de levar uma bronca daquelas? Era uma tarde de segunda-feira, véspera de natal, a igreja estava repleta de enfeites e comida para a ceia natalina disposta pelo reverendo e organizada pelos frequentadores. Maya também estava lá, usava um belo vestido longo e vermelho, cintilava nas pontas, todas a elogiaram como sempre e eu a desprezei da maneira mais repugnante possível. Foi entre um deboche e outra que o reverendo chamou nossa atenção — exato, nossa, Ryan sempre fora meu parceiro até nas broncas —, ele citou sobre o bom comportamento e em seguida nos surrou com palavras, incluindo a frase sobre rebeldia. Foi vergonhoso ter toda a igreja nos olhando com caras feias. Depois daquela humilhação nunca mais esqueci do que foi dito por ele.

— Como está sua mãe? Faz muito tempo que não a vejo. — o silêncio é quebrado e agradeço mentalmente por não ser graças a mim.

— Ela está bem. Voltou a trabalhar na clínica há uns dias.

— Isso é incrível. — animou-se, pulando em minha frente. — Talvez ela possa atender alguns cachorrinhos que encontrei. Você precisa conhece-los, são animais incríveis, infelizmente não estão muito bem de saúde, mas eles têm um coração repleto de amor para dar. Eu os encontrei na beira da estrada para Westville, estavam dentro de uma caixa acobertada e úmida. Não tive coragem de deixá-los largados lá e os levei para casa por enquanto. Minha tia está espalhando cartazes de adoção por toda cidade, mas ninguém quer cachorros que não sejam de raça e isso me dói muito. 

Eu ri de seu entusiasmo, apesar de sentir uma leve pontada no coração ao ouvir o relato dos cachorrinhos abandonados. Posso ser durão, mas não sou um monstro.

— Posso conversar com ela. — agarrei sua mão. — Tenho certeza de que ela irá adorar ajuda-los. 

Ela mostrou-se contente e agradecida.

— Muito, muito obrigada. Busquei clínicas veterinárias por toda cidade, a maioria cobrou caro por uma estadia e observação, eu não tenho dinheiro para isso, até distribui alguns potes pelos comércios e jardins das casas, mas nenhum somou a quantia necessária para ajuda-los. — abaixou a cabeça, quase chorando. — Quanto você acha que sua mãe cobrará? 

— Para você? Nada. — amo ver seus olhos brilharem de esperança ao se levantarem.

— Meu Deus! — perdi a visão de sua face ao ser estampada por suas mãos. — Obrigada. Deus irá recompensa-los por isso. 

— Já tenho tudo o que quero bem aqui. — puxei-a delicadamente pelo braço para aninha-la em meu peito.

Um casal de idosos passeavam por ali com seu cachorro maluco correndo de um lado para o outro, eles nos olharam e sorriram.

— Vocês formam um lindo casal. — a senhora disse. — Não acha, querido?

Este elogio ruborizou as faces de Maya, que sorriu gentilmente para eles mesmo assim.

— É, eles lembram nossa juventude. — concordou o marido. — Éramos como vocês na nossa época.

— Vamos, Husky! — a senhora chamou pelo cachorro, ele voltou correndo com a língua para fora. — Tenham uma boa noite. Que Deus os abençoe.

— Valeu. — agradeci.

— Amém. Que Deus os abençoe também, senhora. — Maya devolveu a benção.

Fiquei feliz com o elogio, o que realmente incomodou foi o fato de ter nos comparado com eles. Mas, se isso aconteceu e eles estão casados até hoje, significa que foram felizes e superaram tudo, não?

— Ouviu só? Um casal lindo. — gabei-me.

— Não somos um casal. — de supetão entrelacei nossos dedos.

Ai. Acertou bem no meu ponto sensível.

— Ainda não. — pisquei para ela. — Somos de alma e coração por enquanto.

Que virada. A deixei sem falas.

Regularizei o espaço entre nós, agarrando-a pelas pernas e girando-a no ar, ela se assustou e segurou-se em meus ombros. Nunca fiz isso com ninguém, muito menos com Andrea, não tinha motivos, não tinha felicidade cabível que pudesse projetar uma recordação dessa, ocupávamos o tempo discutindo, as amigas tagarelas dela ajudavam-na a enxurrar adjetivos negativos a meu respeito, nunca éramos nós dois. Lembro de sentir nojo em programar um final de semana divertido na praia da cidade vizinha, lá tem umas cabanas específicas para casais e amigos, e quando fomos pela primeira vez — fui forçado —quase incendiei a cabana, alguns visitantes reclamaram sobre adolescentes delinquentes, citaram até o líder do nosso esquadrão, no caso, eu, fomos banidos temporariamente por 1 ano e meio, Andrea ficou louca e quis dar um tempo no nosso relacionamento. Nesse meio tempo afastados, ela fingia um relacionamento quente com Brad, um carinha panaca que se acha astro de rock. Nem preciso dizer que foi desespero por atenção, não? Para mim não fez diferença, não sou chegado a finais de semana com uma namorada chata e uma galera sem noção.

Ela abriu os braços e fechou os olhos, segundos depois sentiu que perderia o equilíbrio e voltou a apoiar-se em mim, debruçando-se e apoiando nossas testas. Esse ato ajudaria a evitar a tontura. Ela se divertia, eu também. Nossas respirações se entrecortavam devido as risadas.

— Futuramente quem sabe não sejamos declarados por um papel e uma aliança simbólica? — ela se espantou.

É loucura pensar nessa possibilidade, atualmente estou noivo da mulher mais irritante e mandona do universo, estou amarrado numa pedra afundando. Estou prestes a me afogar e a Maya é a única a ressuscitar-me. Ela me traz uma alegria sem fim, me traz esperança.

— O que? — havia um pequeno sorriso no canto de seus lábios.

— Nada. Deixe para lá, pensei alto demais. — depositei um beijo em sua testa ao coloca-la no chão.

Atravessamos quase toda a praia para chegarmos ao iate próximo ao píer. Jonah enlouqueceu ao ver Maya, abraçando-a, agindo assim parece que ela acabou de ser resgatada do perigo. Fiquei sobrando na conversa particular deles, a conversa era sobre a Inglaterra e suas belezas extraordinárias, acabei descobrindo também que a igreja estava em reforma e que em breve voltaria a funcionar, um novo reverendo assumiria o cargo de preencher o coração dos fiéis do amor de Deus.

— É incrível que as pessoas não tenham desistido de ir à igreja depois do que aconteceu. É em memória ao meu pai e sempre a Deus. — ela disse.

— Você ainda canta ou toca? — Jonah questionou, bebericando de um copo de plástico barato.

— Claro. — e lá vai ela novamente sorrir. — É uma paixão que assumi. Não é porque as estribeiras decidiram aterrorizar nossas vidas que devemos desistir de buscar a Deus, de viver, muito pelo contrário, devemos nos agarrar ainda mais e viver ainda mais.

— É assim que se fala. — ele afagou as costas dela. — Deixa eu te perguntar, você tem falado com o Jake?

Meu corpo entrou em uma combustão tensa, notei que Maya ficou inquieta com a pergunta. Por que Jonah tinha que abrir a boca e estragar as coisas? Justo agora que eu estava começando a gostar dele. Peguei um copo aleatório apenas para conseguir engolir aquele assunto.

— Não... não tenho notícias dele há muito tempo. — sibilou.

Os sinos do amém estão rondando a minha mente agora.

— Você sabe como ele está? — essa não. Não faz isso, Maya.

Porra. Agora os sinos do amém estão pegando fogo e martelando minha mente.

— Não exatamente. A última vez que nos falamos foi há um mês, ele perguntou de você. — Jonah deu de ombros.

Cale a porra da boca, falei mentalmente.

— Ah, foda-se. — grunhi.

Eles me olharam. Acho que falei alto demais.

— O que? — Jonah poupou o papel de indignação de Maya.

— Nada. Está tudo certo. — desconversei, o encarando com desprezo.

O sal do mar juntou-se ao aroma dos ventos uivantes, na costa o mar movimentava-se com frequência. Estava tudo tranquilo, até a formação de pessoas nas grades do iate, gritando por socorro.

— Ai meu Deus! — uma garota clamou em pânico.

Escutei o barulho de algo caindo no mar, descruzei os braços e tentei enxergar algo por cima de tantas cabeças, determinado a descobrir o que acontecera resolvi passar por entre as pessoas, pendurei-me na grade e havia um cara lutando contra o mar, imergindo e emergindo, sacudindo os braços desesperadamente. Corri por alguns quilômetros do iate para acompanhar o trajeto do cara.

— Ajudem! Ele não sabe nadar!

Eu estava tão assustado quanto eles. Vendo-o se debater e gritar ninguém se habilitou a salvá-lo. Não podia deixar o cara morrer afogado, então fiz algo que pensei jamais fazer, incerto da consequência e se sairia vivo dessa, saltei por cima da grade e o vento quente chocou-se contra meu rosto, o vapor indicou a aproximação da água debaixo de meus pés, não escutei absolutamente nada ao colidir-me e ficar totalmente imerso pelas ondas. Agradeço mentalmente pelas aulas de natação na minha infância, eu odiava, ia forçado por minha mãe, parecia que jamais usaria essa prática longe das piscinas, hoje tenho a chance de salvar a vida de alguém. Os preocupados no iate se calaram, atentos a qualquer movimento brusco ou perigo próximo. A uns quatro metros de mim captei a imagem do cara, seu rosto empalideceu com a presença de vários peixes de cor avermelhada, o desespero dele deixou óbvio, está sob efeito do álcool e esse maldito erro custou o seu equilíbrio.

Nadei contra a maré com cuidado, projetando os movimentos dos braços para frente.

— Fique calmo. Vou ajuda-lo, apenas respire. — tentei acalma-lo, se ele continuasse apavorado poderia me afogar por acidente.

(A partir daqui coloquem Secrets do OneRepublic para tocar)

Aproximei-me dele por trás, passando um braço por baixo da axila e do queixo dele, ajudando-o a manter a boca fora d’água. O meu braço mais hábil é o esquerdo, então o deixei livre para nadar até a costa da praia. Usei do nado militar, remando com o braço esquerdo e movimentando as pernas para ganhar impulso, conforme nos aproximávamos da terra firme o pessoal descia do iate para prestar socorro. Finalmente sai do mar, respirando tão fundo a ponto de sentir uma dor profunda do peito, é a famosa adrenalina entrando em conexão com o alivio. Segurei os dois braços do cara e o arrastei até a areia.

— Ele morreu? — a garota loira que anunciou o afogamento questionou aos prantos. Deve ser namorada ou alguém da família.

— Não, só está inconsciente. — afirmei, apoiando a cabeça dele na mão e aproximando o ouvido de seu nariz e boca. Preciso saber se está respirando.

Já assisti programas de primeiros-socorros por culpa do basquete, queria estar preparado para qualquer acidente durante os jogos — tornar o trabalho dos emergencistas um pouco mais fácil, especificamente —, um deles ensinava um ser humano comum a agir como um bom herói salvando uma vítima do afogamento, então tenho uma noção do que fazer.

— Vou ligar para a emergência. — Ryan tirou o celular do bolso da bermuda e discou os números.

— Você é um herói, Justin.

Ignorei o comentário. Não estou preocupado com isso agora.

Não houve sinal de respiração, tomei a decisão de iniciar a ventilação boca-a-boca, tampando o nariz dele e assoprando a boca, repeti o ato, logo depois iniciei uma série de quinze massagens cardíacas, jogando o peso sobre as duas mãos, que permanecem apoiadas uma sobre a outra no centro do esterno dele, comprimi o tórax e soltei levemente. Eu alternei o ciclo da respiração boca-a-boca duas vezes e a massagem umas quinze vezes. O corpo saltou em questão de minutos, babando a água ingerida, mais uma vez ergui sua cabeça para que não se engasgasse.

— Os paramédicos já estão vindo. Disseram para tentar uma massagem cardíaca e assim que ele acordar, mantê-lo aquecido. — Ryan voltou, ao olhar para a situação sob controle, os braços caíram. — Quem fez isso?

— Justin se prontificou. — Maya surgiu no meio das pessoas. Meu coração se aqueceu ao ver o orgulho estampado naquele olhar.

— Obrigado. — o cara agradeceu, apoiando os cotovelos na areia para levantar-se.

— Fique aí. Os paramédicos estão chegando. — o impedi de prosseguir, forçando-o a permanecer deitado.

— Estou bem agora. — sua voz está embargada. Revirei os olhos.

— Não está não. Você está bêbado e acabou de se afogar. — o cara já está querendo encher o saco. — A partir de agora vê se faz o favor de não agir como um maníaco compulsivo por bebida e cair no perigo, da próxima pode ser que você não tenha a mesma sorte. — solavanquei uma perna e me pus de pé.

A exaustão me consumiu por completo, praticamente arrastava-me para sair do raio de visão deles, puxando o ar salgado para os pulmões. Senti os olhares sobre mim, uns de admiração, outros de perplexidade e alguns babacas invejosos da coragem, não suportam o fato de eu ter sido o herói da noite.

— Justin, espere! — não virei o corpo por completo, mas enxerguei a mesma garota loira aproximar-se de mim. Fui acometido por um abraço repentino. Que diabos é isso? — Muito obrigada por salvar meu irmão. Estamos muito agradecidos. Você é realmente um herói e merece uns pontos extras. — ela riu fraco.

Reconheço segundas intenções, a garota está usando o salvamento como pretexto para algo a mais. A frequência do toque em meu ombro é irritante, a olhei com desinteresse por conta daqueles sinais estranhos.

— O que acha de me levar para sair num dia desses? — ela tocou a própria boca, abusando dos sinais de sedução obviamente falhos.

Eu não sou seduzido, quem seduz aqui sou eu. Ela bem que podia perceber que a conquista não está a seu favor.

— Estou atrapalhando? — aquela doce voz me derruba. Os olhos de Maya brilham com a emissão do brilho da lua.

Esquivei-me da interesseira, puxando meu antebraço de suas garras perfeitamente pintadas de preto. A cada passo até Maya o sorriso se alargava e acometia aborrecimento na garota plantada no ponto fixo de onde a deixei sozinha, ela observou a minha ação suspeita e cruzou os braços desacreditada, abrindo a boca aviltada quando prendi o queixo de Maya e selei nossos lábios com um beijo delicado. Ela correspondeu pondo seus dedos macios em meu rosto. O que mais dói dentre tantos outros problemas é a saudade, tenho certeza disso.

— Você quer isso tanto quanto eu. Não negue. — falei entre um selinho e outro.

— Eu nunca neguei nada. — seus lábios se repuxaram num sorriso.

Descobri em mim mesmo sensações das quais nada nessa Terra pode explicar, a única explicação lógica é que fui feito para ama-la. E quer saber? Foda-se as regras estúpidas impostas por ela e pelo universo. Eu a quero e isso ninguém pode negar. 

CONTINUA


Notas Finais


E chegamos ao fim de mais um capítulo. Espero que tenham gostado, meus amores<3
Até o próximo capítulo.

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