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História A Herdeira dos Black II - Potter Fede


Escrita por: AkannyReedus

Capítulo 27 - Potter Fede


Fanfic / Fanfiction A Herdeira dos Black II - Potter Fede

Point of View: SUSANA BLACK

Eu tentei ao máximo ser forte durante os dias que foram se passando.

Eu estava bem? A resposta era um grande não! Por mais que tentasse odiá-lo, eu não conseguia da mesma forma que não conseguia tirá-lo da cabeça e nem do coração. Me deixei muito levar para o lado sentimental, fui uma tremenda ingênua, o que me fazia odiar a mim mesma.

Hermione era a única que sabia o que tinha acontecido, mas por um momento pensei em dizer tudo que estava rolando entre Malfoy e eu para ele, só que desisti na mesma hora. Mesmo suspeitando que algo aconteceu comigo. Rony não ficou muito de fora. Falando nos dois, ambos continuavam sem se falar — isso que tentativas para os juntar de novo era o que não faltava entre Hermione e eu —, mesmo separados não deixei nem o Harry e nem o Rony sozinho. Acabava sempre dividindo meu tempo com eles, ficando um pouco com cada um.

Dessa vez peguei para andar com Rony — Hermione estava com o Harry a gente revezava —, ele é claro que reparou na minha mudança de ânimo que persistia.

— Você está bem mesmo? — perguntou Rony pela vigésima vez na noite de quarta, enquanto tentava finalizar a tarefa de História da Magia.

— Rony, para! Eu estou bem — respondi tentando passar sinceridade, mas quem disse que ele acreditou?

— Hum... sei — ele bufou nervoso e se levantou do sofá com tudo.

Revirei os olhos bem devagar.

Sabia o que significava essa ceninha de Rony Weasley.

— Ei — chamei-o. — Vai fazer isso mesmo, Rony?  Vai me abandonar aqui mesmo?

— Ora, o que mais você quer que eu faça? — Rony tentou disfarçar, mas não conseguiu e pude ouvi-lo murmurando: — Claro… já deveria estar acostumado que o Harry é o seu melhor amigo.

Balancei a cabeça, sorri e dei uma breve palmada no lugar que ele estava sentado segundos atrás.

— Larga de dizer besteiras, Rony… você também é o meu melhor amigo.

— Sei...

— Acha mesmo que se não fosse sua amiga não estaria aqui te oferecendo as minhas respostas? — Arqueei a sobrancelha, tentando mudar o clima, o que lhe fez rir e balançar a cabeça. Mudando totalmente não só a cara emburrada dele como mudar o clima do meu ânimo.

De alguma forma ficar com Rony me ajudou a esquecer um pouco o Malfoy. Queria contar tudo o que estava passando comigo para eles dois, não só com Hermione, pois Harry e o Rony eram os meus dois melhores amigos e odiava esconder coisas dos dois. No entanto, o histórico dos dois em relação a Draco não era dos melhores e do jeito que os conheço sei que iriam pirar comigo e com o sonserino. Hermione, podia não gostar de Malfoy, mas era a minha melhor ouvinte.

Ao decorrer dos dias que se passaram com Malfoy, ele não me dirigiu nenhuma palavra, só não posso dizer o mesmo dos olhares. Era tão doloroso ficar num mesmo local que ele, imagina o olhar? Não queria olhá-lo porque sei que ia sofrer. Não garanto que iria chorar, pois a ultima vez que chorei foi aquela noite que escutei tudo, depois me botei uma barreira de não derramar mais nenhuma lágrima por ele.

Eu odeio chorar!

— Sabia que chorar às vezes é bom? — disse Hermione em voz baixa na aula de Feitiços enquanto o Prof. Flitwick explicava sobre os Feitiços Convocatórios.

— E? Está querendo chorar, Mione? — falei com sarcasmos. — Meu ombro já está perto de você.

— Boba — retrucou com Hermione, balançando a cabeça. — Você sabe que não é de mim que estava falando. E sim de você. — Essa última frase ela disse bem mais próximo do meu ouvido já que Harry estava do meu lado.

— Mione, eu já te disse que não vou chorar por causa dele.

— Escuta, eu também acho que ele não merece nenhuma lágrima sua, mas você não é de pedra e sei que por dentro está sofrendo.

— Quem é “dele”? — perguntou Harry de repente. — Corrigindo, quem é ele? De quem vocês duas estão falando?

Lancei um olhar feroz para Hermione por ter começado esse papo.

— Não é nada importante, Harry — respondi calmamente.

Ele levantou a sobrancelha.

— É sério, não é ninguém importante — falei mantendo a voz firme. — Eu juro!

— Que seja — ele apenas chacoalhou o ombro e voltou (ou não) a prestar atenção na aula.

— Conversamos depois — murmurei para Hermione que concordou, mas antes a vi revirando os olhos.

Essa garota é complicada.

Como sempre me sai super bem na aula do Flitwick, ao contrário de Harry que no final recebeu dever de casa suplementar — a única pessoa a receber à exceção de Neville.

— Na realidade não é tão difícil assim — Hermione tentou tranquilizá-lo quando saímos da sala de Flitwick. — Você simplesmente não se concentrou como devia...

— E por que teria sido assim? — perguntou Harry sombriamente, quando Cedrico passou por nós, cercado por um grupo grande de garotas que sorriu debilmente e olharam para Harry como se ele fosse um explosivim particularmente grande. Idiotas! — Mesmo assim, deixa para lá, não é? Dois tempos de Poções à espera da gente hoje à tarde...

As palavras de Harry me causaram uma reviravolta no estômago. Eu não estava nenhum pouco a fim de passar dois tempos na mesma sala com Malfoy. E nem mesmo com o Snape, algo que eu nunca vou conseguir me acostumar, nunca.

Quando chegamos à porta da masmorra de Snape depois do almoço, encontramos os alunos da Sonserina esperando, e reparei que eles usavam um distintivo no peito. Distintivo da F.A.L.E. que não era, disso tinha certeza, já que eram bem diferentes: o distintivo continha a mesma mensagem em letras vermelhas luminosas, que brilhavam vivamente no corredor subterrâneo mal iluminado.

 

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O VERDADEIRO campeão de Hogwarts.

 

— Gostou, Potter? — perguntou Malfoy em voz alta, quando Harry se aproximou. — E isso não é só o que eles fazem, olha só!

E apertou o distintivo contra o peito, a mensagem desapareceu e foi substituída por outra, que emitia uma luz verde:

 

POTTER FEDE

 

Os alunos da Sonserina rolaram de rir. Cada um deles apertou o distintivo, fazendo brilhar POTTER FEDE. Eu fuzilava o Malfoy que também me olhava sem demonstrar nada, apenas um sorriso satisfeito se formando nos lábios dele. Juro que eu queria voar na cara dele. Só que era o grupinho da Parkinson que estava dando mais raiva.

— Pare de latir — disse rispidamente a Parkinson que na mesma hora parou de rir e me olhou furiosa — buldogue!

— Ah, engraçadíssimo — dizia Hermione com sarcasmo — é realmente engraçado.

Mesmo com tudo isso acontecendo, Rony nem sequer tirou as costas da parede e veio defender o Harry, pelo menos ele não estava rindo.

— Quer um, Granger? — ouvi Malfoy perguntando, oferecendo um distintivo a Hermione. — Tenho um monte. Mas não toque na minha mão agora, acabei de lavá-la, sabe, e não quero que uma sangue-ruim a suje.

Não dei um tapa na cara dele como da última vez, mas dei um tapa forte na mão dele fazendo cair os distintivos.

— Harry! — O grito de Hermione me impediu de dizer algo para Malfoy, olhei para o lado e vi Harry com a varinha em mãos apontando para Malfoy.

— Anda, Potter, usa — disse Malfoy furioso, puxando a própria varinha. — Moody não está aqui para proteger você agora, use, se tiver peito...

Por uma fração de segundos, eles se encararam nos olhos, depois, exatamente ao mesmo tempo, os dois agiram.

— Furnunculus! — berrou Harry.

— Densaugeo! — berrou Malfoy.

Feixos de luz saíram de cada varinha, colidiram em pleno ar e ricochetearam em ângulo — o de Harry atingiu Goyle no rosto e, o de Malfoy, Hermione logo colocou a mão na boca chorando de dor.

— Mione! — Assim como Rony, não perdi tempo e logo fui socorrê-la.

Tentava tirar a mão da boca, mas ela se negava a tirar.

— Mione, tira a mão, deixa eu ver o que aconteceu — pedi pela segunda vez.

Ela decidiu tirar a mão e mostrou o resultado do “Densaugeo”. Os dentes dela da frente — que já eram maiores do que o normal — cresciam agora em ritmo assustador, a cada minuto a garota se parecia mais com um castor, pois seus dentes se alongavam, ultrapassaram o lábio inferior em direção ao queixo. Vendo no que estava se formando seus dentes, ela voltou a tentar tapar os dentes e soltou um grito aterrorizado.

— Vem, Mione, precisamos levar você para Madame Pomfrey, ela vai conseguir arrumar…

— Que barulheira é essa? — perguntou uma voz muito bem conhecida.

Era Snape. Os alunos da Sonserina gritavam tentando dar explicações. Snape apontou um dedo para Malfoy e disse:

— Explique.

— Potter me atacou, professor...

— Atacamos um ao outro ao mesmo tempo! — gritou Harry.

— ... E ele atingiu Goyle, olhe...

Snape olhou Goyle, cujo rosto agora lembrava a ilustração de um livro doméstico sobre cogumelos venenosos.

— Ala hospitalar, Goyle — disse ele calmamente.

— Malfoy atingiu Hermione! — disse Rony. — Olhe!

Rony praticamente obrigou Hermione a mostrar os dentes a Snape — ela se esforçava ao máximo para escondê-los com as mãos, embora isso fosse difícil, porque agora tinham ultrapassado o seu decote. Estava tentando me conter para não lançar uma azaração na Buldogue e seu grupinho que riam, apontando para Hermione pelas costas de Snape. Snape olhou friamente para Hermione e disse:

— Não vejo diferença alguma.

Hermione deixou escapar um lamento, seus olhos começaram se encheram de lágrimas, ela deu meia-volta e correu pelo corredor.

Aquilo para mim foi o basta para que eu explodisse com o Snape.

Bufando, arrumei minha bolsa no ombro e a bolsa de Hermione que tinha caído no chão.

— Onde pensa que vai, srta. Black? — questionou Snape.

Virei para encará-lo.

— Até onde me lembro não dei permissão para você se retirar... — Sem deixá-lo terminar, lhe mostrei o dedo do meio e disse:

— Vai se ferrar, idiota!

Sem delongas, sai o mais rápido daquelas masmorras para tentar alcançar Hermione.

A injustiça de Snape ficou martelando na minha cabeça, me fazendo ficar mais furiosa e desejar o pior para aquele narigudo desgraçado. Amaldiçoá-lo, desintegrá-lo em mil pedacinhos nojentos e tacá-los para os Trasgo se alimentarem dele.

 

(...)

 

— Você não deveria ter feito isso — advertiu Hermione assim que cheguei na Ala Hospitalar e contei que tinha mandado o Ranhoso para onde eu sempre queria mandá-lo. — Por mais idi... quero dizer que por mais injusto que ele seja, Snape continua sendo o nosso professor.

— Eu sei, Mione — disse revirando os olhos com impaciência. — Só que eu não aguentei. Eu fiquei com muita raiva pelo que fez com você e acabei agindo sem pensar.

Hermione balançou a cabeça. Eu sabia perfeitamente o que ela estava pensando, Hermione entendia o meu lado. Não tenho culpa por se tão impulsiva.

— Aquilo para mim foi a gota d’água — digo.

— Posso imaginar — diz Hermione. — Mas não posso negar que o que você fez foi errado. Amiga, você tem um defeito grave, desculpe falar assim, mas é a verdade e esse seu defeito se chama impulsividade. Você se explode muito fácil e pode acabar se prejudicando feio se não saber se controlar.

— Sei bem disso — bufei frustrada. — Já ouvi isso muito do meu padrinho.

Ajeitei-me melhor na cama que Hermione estava deitada. Quando chegou Madame Pomfrey depois de ter examinado Goyle, deitado na cama do lado oposto que estávamos e bem afastado. Seu rosto estava horrível e acredito que vai ficar assim por um bom tempo, ao contrário de Hermione que segundo Madame Pomfrey é só ajustá-los. Só que primeiro eles têm que parar de crescer, e a própria já deu algo para Hermione beber que fez parar o crescimento dos dentes.

— Snape vai fazer algo em relação ao que você fez, não é mesmo?

— Com certeza — respondi. — E se bobear ele vai tentar me dar uma suspenção e não meses de detenção, ou perde pontos, e se não for suspensão vai ser...

Por um momento senti um enorme frio na minha barriga, só de imaginar as chances de ser expulsa.

— Eu não quero ir embora de Hogwarts — murmurei tão baixo que Hermione nem pode ouvir direito, mas pela cara que fiz ela entendeu a minha preocupação.

Antes que ela pudesse dizer algo, a voz da Profª McGonagall ecoou pela enfermaria silenciosa.

— Senhorita Black — ela me chamou.

— Sim?

— Me acompanhe, por favor.

Assenti.

— Agora.

Sem enrolação, levantei da cama e Hermione disse:

— Vai ficar tudo bem.

Concordei, tentando me mostrar forte e segura. Eu sabia muito bem o motivo da professora ter me chamado, e nem era preciso perguntar. Minha intuição dizia que tinha algo relacionado ao que fiz. Provavelmente o Snape contou tudo a ela. Claro que isso ele não ia deixar de fazer e se bobear, a história vai chegar até nos ouvidos do diretor.

— Professora, aonde exatamente estamos indo? — indaguei ao perceber que estávamos em um corredor diferente da sala dela.

— Nada de perguntas — disse ela com a voz ríspida. — Apenas me siga!

Engoli em seco e apenas concordei.

Do nada estávamos em frente a uma gárgula de pedra.

— Torrão de barata — disse a professora, recebendo um olhar torto meu, mostrando que não estava entendo nada.

Levei um susto quando a gárgula ganhou vida e saltou para o lado.

— Adiante, senhorita Black — disse a professora.

— Quê?

— Adiante — ela repetiu me lançando aquele olhar severo dela. — O diretor está lhe esperando no escritório dele.

Droga! Isso foi a única coisa que pensei na hora.

Era só isso que me faltava, o diretor já saber o que aconteceu. Agora não tenho dúvidas que vou ser expulsa. Ele já me salvou de uma expulsão em Beauxbatons, mas duvido que ele vá me salvar dessa, até porque dessa vez eu não “ataquei” um aluno e sim um professor.

Sem enrolações, passei depressa pela abertura nas paredes e pisei no patamar de uma escada em espiral, que de repente se deslocou lentamente para o alto, ao mesmo tempo em que as portas se fechavam às minhas costas. Olhei por cima do ombro e pude ver a professora desaparecer assim que a porta se fechou. Antes que me desse conta já estava em frente a uma porta de carvalho polido com uma maçaneta de latão.

Assim que pisei no patamar e cheguei perto da porta, consegui ouvir vozes vindo de dentro da sala.

— Aquela garota é um perigo... — Soube na hora que a voz pertencia ao Snape. — Não é à toa que Madame Maxime disse aquilo dela. É uma petulante como o pai. Não se tem um pingo de respeito com seus superiores e nem com ninguém.

— Já basta, Severus — escutei a voz calma do diretor. — Não acho que seja conveniente falar isso sobre a garota, até porque ela acabou de chegar como foi pedido e está esperando para entrar.

A porta foi aberta com nenhuma delicadeza pelo Seboso.

— Oi — disse na maior cara de pau acompanhado pelo queridíssimo sorriso cínico.

— Srta. Black, entre, por favor — convidou o diretor. — Severus dê passagem para a senhorita.

Snape obedeceu contra sua vontade. Acredito que ele queria mesmo é me empurrar da escada. Eu não o culpo porque eu também tenho essa vontade, só que eu no caso quero empurrá-lo da torre de astronomia.

O escritório do diretor era uma sala muito bonita e circular, cheia de ruídos engraçados. Havia vários instrumentos de prata curiosos sobre mesas de pernas finas, que giravam e soltavam pequenas baforadas de fumaça. As paredes estavam cobertas de retratos com os antigos diretores cochilando. Havia também uma enorme escrivaninha de pés de garra, e, pousado sobre uma prateleira atrás dela, um chapéu de bruxo surrado e roto — o Chapéu Seletor.

Dumbledore se encontrava atrás da mesa, sentado em uma cadeira grande de madeira, muito bem polida e nela continha almofadas.

— O senhor que me chamou? — perguntei naturalmente, enquanto entrava e observava o diretor se levantar de seu lugar. — A Profª Minerva não me disse o motivo de ter me chamado.

— Como você é cínica, Black — disse Snape resmungando. — Você sabe perfeitamente o motivo da sua vinda para cá. Ou achou mesmo que nada iria acontecer com o seu ato desrespeitoso de hoje a tarde?

— Escute eu...

— Eu tinha pedido a Profª Minerva para te chamar porque gostaria de ter uma conversinha com a senhorita a sós — diz o diretor dando ênfase no “sós” para o Ranhoso. — Severus poderia se retirar.

— Diretor, não acho que seja uma boa ideia ficar a sós com essa garota — diz Snape.

— Agradeço seu comentário, mas ficarei muito bem com a senhorita Black.

— Essa garota é uma mentirosa nata assim como o pai. Ela vai te contar um monte de mentiras...

— Professor Snape, por favor, poderia nos deixar a sós — Dumbledore voltou a dizer só que agora com a voz mais firme e um tanto elevada.

O diretor fez um gesto indicando a porta, e percebendo que não ia conseguir dizer mais nada, Snape me lançou um olhar mortal e seguiu seu caminho até a porta se retirando.

— Enfim a sós, bom, sente-se — pediu o diretor tranquilamente.

Aceitando o pedido do diretor, me sentei em uma cadeira quase igual ao que Dumbledore estava sentado, só que menos sofisticada, de frente a ele.

— Servida?

— Não, muito obrigada, diretor, mas eu não sou muito fã de vapts de alcaçuz — digo olhando a pequena bacia ao meu lado lotado de vapts de alcaçuz. — Acho eles muito ariscos.

— Acredite, você não é a única a achar isso — comentou o diretor sorrindo e afastando a bacia do meu lado.

Ele me observou por um tempo e disse:

— Por que o nervosismo, senhorita Black?

Olhei Dumbledore surpresa o que acabou fazendo-o rir, mas eu não ri e ignorei o seu ato. Jura mesmo que ele foi me fazer essa pergunta? Será que não é meio óbvio o meu nervosismo? Digamos se eu fosse mesmo responder essa pergunta na sinceridade ia dizer: ora diretor porque eu vou ser expulsa por culpa daquele Seboso Filho de um Trasgo. Mas como eu tenho muita consideração pelo diretor, vou responder de um jeito menos ignorante.

— Diretor eu posso imaginar o porquê me chamou aqui — disse sem desviar os olhos do diretor. — Mas eu tenho os meus motivos pelo que fiz e imagino que o cabelo lambuzado contou uma versão muito diferente, e de fato, lotada de mentiras.

— Acha mesmo que ele contou só mentiras?

— Tenho certeza de que sim, já que ele é injusto com todos e ele me odeia.

— E como a senhorita pode ter certeza se não esteve aqui ouvindo o que ele me disse?

Engoli em seco.

O diretor voltou a rir, balançando a cabeça e disse:

— Antes da gente ir para o assunto em questão, queria conversar apenas com a senhorita e lhe apresentar alguém.

— Me apresentar alguém? — repeti sem entender.

Quem ele iria me apresentar?

Será que ele vai me apresentar um diretor de outra escola? Provavelmente o diretor se arrependeu de me trazer para Hogwarts e vai me mandar para outra escola. E não iria me surpreender se fosse uma escola do outro lado do oceano.

— Quem o senhor vai me apresentar?

— Você verá — disse o diretor se levantando e indo para um dos quadros que estava vazio.
            Acredito que seja um dos quadros dos ex-diretores e só agora que tinha reparado que ele era o único vazio.
            — Fineus — chamou Dumbledore. — Fineus apareça.
            Nada aconteceu.
            — Acho que ele deve estar no outro quadro — comentou um dos quadros que tinha despertado do seu sono.

— É bem provável — concordou o diretor. — Poderia chamá-lo, Everardo?

— Claro — disse o tal Everardo.

— Diga a Fineus que tem alguém que gostaria de apresentá-lo — e o diretor me olhou.
            Uma coisa que eu odeio é quando estão falando de mim, mas não sei o que é. Quem é Fineus?  E por que merda o diretor quer me apresentá-lo? Barbas de Merlin! Para que tanto mistério?  É mais fácil o diretor dizer de uma vez que não faço mais parte de Hogwarts. Vai doer saber que não faço mais parte da escola, só que é melhor mandar tudo em uma tacada do ficar enrolando.

Everardo antes de sair a procura do tal Fineus me analisou e se retirou.

 — Quem é Fineus? — perguntei assim que o diretor voltou a sentar.

— Fineus Nigellus é um dos ex-diretores de Hogwarts — respondeu Dumbledore.

— Hum... e por que o senhor disse que quer me apresentar a ele? Até onde sei eu não o conheço e nem sei quem ele é.

— Obviamente que a senhorita não conhece, assim como ele não te conhece e nem se quer saber da sua existência.  Afinal de contas ele morreu a muito tempo.
            — Beleza, isso eu entendi, o que não entendi é o motivo do senhor querer me apresentá-lo. Por quê?

— Sirius não gostaria que eu lhe dissesse isso, mas vou contar de qualquer forma — disse o diretor. — Acontece que Fineus é o seu...

— Dumbledore, ele não quer vir — anunciou Everardo. — Tentei convencê-lo, mas sabe como ele é difícil.

O diretor suspirou balançando a cabeça como se compreendesse.

— É melhor deixar para um outro momento — falou Dumbledore.  — A outro retrato de Fineus — Dumbledore me explicou — e ele fica na maioria das vezes neste outro quadro. Acho que observando a casa da família.

— Então diretor, o que você ia mesmo dizendo — disse meio que ignorando o que ele disse do outro quadro do tal Fineus. — O que ele é meu? É algum parente meu?

— Digamos que sim, mas é melhor conversarmos sobre o que você fez hoje de tarde se não essa conversa vai se estender e a senhorita vai acabar se atrasando para o jantar.

Revirei os olhos.

— Ok — retruquei nervosa. — Só que o senhor me deu uma explicação melhor sobre esse tal de Fineus Não Sei do Que.

— Fineus Nigellus — corrigiu o diretor com a voz risonha. — Não se preocupe que muito em breve você terá uma explicação melhor.

— Então, acho que é melhor não enrolar mais e dizer logo que vou embora de Hogwarts.

— Embora de Hogwarts? — repetiu o diretor com o cenho franzido. — Eu não me lembro de dizer que a senhorita seria expulsa do castelo. Ou eu disse?

— Eu não vou?

— Até onde saiba não — diz Dumbledore.

— Ah, se não vou ser expulsa então, vou ser suspensa por muito tempo? — sugeri com sarcasmo.

— Também não — respondeu o diretor tranquilamente.

— Também não? — suspiro aliviada.

Só de ouvir aquelas palavras me deixa muito mais tranquila.

— Por um momento achei que sim — falei me sentando mais confortável na cadeira. — Achei que o Snape tinha conseguido o que bem queria.

— Professor Snape, srta. Black — corrigiu o diretor, o que me fez revirar os olhos. — E sim, de fato, o Prof. Snape tinha me dito para lhe expulsar. Segundo ele era o melhor castigo pela sua falta de educação com um superior seu.

— Acho que o sem educação foi ele e não eu — disse tentando controlar meu tom de voz. — Eu apenas estava defendendo a Hermione, ou será que ele não te contou a injustiça que ele fez com ela? Óbvio que não. E se contou deve ter uma história bem esfarrapada. Como ele próprio disse um monte de mentira.

— Compreendo o seu ato de defesa a favor da srta. Granger, mesmo assim o que você fez não foi certo — disse Dumbledore. — Ele é seu professor e deve ser respeitado.

— Respeitado? Desculpe dizer isso ao senhor, mas eu sempre respeitei muito o Snape do meu jeito. Diferente do queridíssimo professor que nunca mostrou respeito por ninguém que não fosse Sonserina. A prova disso foi o que aconteceu hoje, o que ele fez com a Hermione, foi uma grande injustiça. Por isso que fiz o que fiz, defendi minha melhor amiga, já que ela é atacada pelo próprio professor.

— E é por isso que não acho justo a senhorita ganhar suspensão e nem ser expulsa — falou Dumbledore compreensivo. — Só que não posso deixar de lado a detenção.

— Claro que não.

— Um mês de detenção — disse o diretor.

Precisei contar até dez para não sair quebrando nada.

— Um mês?

Devo dizer que isso não me impediu de falar.

— Diretor isso é muito tempo! Não é justo eu receber um mês de detenção por ter defendido minha amiga de uma injustiça — protestei indignada.

— Infelizmente essa é a consequência pelo que fez — disse o diretor calmamente. — O que a senhorita fez foi muito grave.

— Acredite, não foi tão grave quanto a injustiça daquele Ranhoso — digo trincando os dentes.

— Professor Snape, srta. Black — corrigiu Dumbledore com censura.

— Foda-se — retruquei furiosa.

Assim que olhei o diretor reparei que tinha feito mais uma besteira, o que me fez bufar e revirar os olhos me xingando por pensamento.

— Aah, droga, me desculpe pelo que disse diretor — falei ainda me xingando de tapada. É duro ser tão impulsiva.

Dumbledore balançou a cabeça e disse:

— Não se preocupe, pois entrou por um ouvido e saiu pelo outro.

A única coisa que precisava naquele momento era ficar sozinha e refrescar o meu sangue que estava fervendo. Incrível como o meu ódio pelo Snape só aumenta. Ele deveria ganhar um prêmio por fazer isso tão facilmente.

Peguei a minha bolsa que estava no chão e me preparei para levantar, antes perguntei:

— É só isso que o senhor tem para conversar comigo?

— Até onde me lembro, sim — respondeu o diretor. — Como Fineus decidiu não aparecer, então é só isso mesmo que tinha para falar com a senhorita.

— Ok — me levantei e coloquei a bolsa no ombro. — Então eu já vou me retirando. Quando vão me comunicar sobre a minha detenção?

— Amanhã mesmo a professora Minerva irá lhe passar mais detalhes sobre a detenção.

Não disse mais nada, apenas virei e segui rumo para a porta, mas antes de sair reparei em um poleiro que tinha perto da porta. Havia um pássaro lindo que me encarava bem atento, me aproximei melhor e ele soou um pequeno pio. Ao me aproximar na hora vi que tratava de uma fênix: penugem em tom de vermelho com laranja e amarelo.

— Não sabia que o senhor tinha uma Fênix — disse ainda olhando o pássaro.

Por um momento toda a minha raiva desapareceu.

— Poucos alunos sabem da existência de Fawkes — dizia Dumbledore se levantando da sua cadeira. — Harry é um dos poucos que a conheceu.

— Ela foi quem o salvou na Câmara Secreta — digo.

— Ele te contou sobre o que ouve? — perguntou o diretor curioso.

— Harry só me fez um breve resumo do que aconteceu na Câmara, contou sobre o diário de Tom Riddle e do basilisco que estava atacando os nascidos trouxas, e que ele derrotou no segundo ano.

Desviei o olhar de Fawkes para Dumbledore com cenho franzido.

— Sabe, eu sempre tive a curiosidade de saber o verdadeiro motivo do senhor ter me mandado para Beauxbatons e já ouvi muito do meu padrinho que era por causa do meu pai. O que eu não acredito. Sei que tem um motivo maior que não é o meu pai.

— E qual o motivo que a senhorita acha que é?

— Acredito que eu deveria fazer essa pergunta ao senhor, não acha?

— Susana, a sim um motivo maior, mas esse não é o momento para te dizer.

— E qual vai ser o momento? — indaguei sem paciência.

— Sinto que muito em breve esse momento vai chegar — respondeu o diretor tranquilamente.

Revirei os olhos.

— Boa noite, diretor — digo.

— Boa noite, senhorita — ele retribuiu.

Sabia que não ia adiantar de nada perguntar mais sobre esse assunto a Dumbledore. Harry uma vez me disse que quando Dumbledore se nega a dizer algo, ninguém consegue tirar uma palavra sequer dele e na hora soube que não ia conseguir nada. Eu já sabia, na verdade, sempre soube que tinha algo na minha ida para Beauxbatons. Só que meu padrinho me disse uma vez que era por causa do meu pai. Para eu ficar longe dele e não saber do meu vínculo com Sirius Black.

Antes mesmo de chegar no final do corredor encontrei quem eu menos queria, Draco Malfoy.

— Susana ignore — disse para mim mesma.

Tentei passar reto, Malfoy estava encostado na parede e depois tentou entrar na minha frente. Eu não ia fazer nada, mas quando eu vi o distintivo do Harry na capa dele, eu voltei a me lembrar do verdadeiro motivo de ter ido à sala de Dumbledore e concluir que o culpado de eu ter recebido um mês de detenção foi dele.

— Soube que Dumbledore lhe chamou... — Antes dele terminar tirei o distintivo da capa dele e taquei com tudo na parede, fazendo-o se espatifar. — Ei por que fez isso?

— Porque você é um idiota — respondi furiosa. — Por sua culpa fiquei de detenção por um mês?

— Minha culpa? — repetiu Malfoy no mesmo tom com o semblante de raiva. — Foi você que xingou o Snape e não eu.

— É sua culpa sim — disse aumentando mais ainda meu tom de voz. — Se você não tivesse feito aquelas porcarias de distintivo sobre o Harry. Nada disso teria acontecido.

— Claro que tinha que ter o Potter nisso tudo — falou Malfoy com sarcasmo. — Sempre é o Potter. Você sempre tem que o defende? Sendo que ele é o culpado de tudo.

— Ele é culpado de tudo? — soltei um sorriso irônico. — Você por acaso já se olhou no espelho?

— Não venha mudar de assunto!

— Do que é que você está falando?

— Eu sei que é por causa do Potter que você terminou comigo!

— Quê?! Por causa do Harry?

Agora não entendo absolutamente nada.

— Não precisa fazer papel de desentendida porque eu sei — disse ele, furioso.

Ainda o olhava sem entender. Ia dizer algo, mas ele falou primeiro.

— Por acaso vai negar e dizer que tudo é mentira?

Como assim o Harry é o culpado do que aconteceu entre nós dois?

Ele só pode ter batido a cabeça.

— Pense o que quiser — murmurei.

Eu sei onde ele quer chegar com isso, mas eu não vou deixar.

— Só vou te dizer algo caso você não se lembre: não havia nada entre nós dois para terminar.

— Então quer dizer que para você o que rolou entre a gente não significou nada?

Juro que não queria chorar, engoli em seco e mordi o lábio para impedir um ataque choro como da última vez. Claro que significou algo para mim. E até demais, mas não iria dar nenhum gostinho a ele, não perdoarei pelo que fez. Não vou ser aquela garota fácil que ele achou que eu fosse.

— Só saiba que você é um idiota — disse friamente o olhando da mesma forma — e que eu te odeio.

Malfoy me olhou por um tempo com um semblante diferente, seus olhos estavam brilhando. Ele não me disse nada, apenas balançou a cabeça e antes disse uma única palavra que acabou me atingindo em cheio:

— Também.

Senti meus olhos se encherem de lágrimas, minha respiração falhar e meu coração aperta.

— Susana? — ouvi uma voz baixa e conhecida me chamar.

Era Gina que tinha aparecido atrás da armadura que tinha no corredor.

— Você ouviu tudo? — perguntei em voz baixa.

Encostei na parede e enxuguei as lágrimas que estavam saindo.

— Ouvi sem querer — respondeu ela meio sem jeito.

Gina se encostou ao meu lado e tocou meu ombro.

— É verdade aquilo que ouvi? — Gina indagou. — Você e o Malfoy estavam realmente ficando?

Não tive mais forças para segurar o choro e deixei as lágrimas saírem.

— Sim é tudo verdade e não sei como eu me arrependo amargamente por isso, Gina.

— Por que diz isso?

— Porque eu acabei me apaixonando por Draco Malfoy.


Notas Finais


E ai, o que acharam?


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