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História A Herdeira dos Black II - Almofadinhas - part.II


Escrita por: AkannyReedus

Capítulo 56 - Almofadinhas - part.II


Fanfic / Fanfiction A Herdeira dos Black II - Almofadinhas - part.II

— Sim, Crouch é seu tio-avô.

Aquelas palavras me pegaram bem de surpresa. Tudo que ele disse ainda estava digerindo. Não que a revelação se comparasse quando descobri quem é meu pai. No entanto, isso não significa que não fiquei surpresa, pois não foi só uma e sim duas — a primeira sendo a pior — que me fez desejar o pior de Bartô Crouch.

— Crouch é irmão mais velho da sua avó, a mãe da Evanna — meu pai explicou. — Nunca falou muito com sua mãe, muitos nem sequer desconfiavam que eram parentes tão próximos. Mas quando sua mãe e eu decidimos morar juntos, ele decidiu ser presente. Pegou no pé, não aprovava nosso relacionamento; ficou mais insuportável quando nos casamos e Evanna engravidou. 

— E esse maldito ainda te mandou para aquele lugar?! Sem se importar com a minha mãe… — Sentia meu sangue se esquentar, elevei meu tom de voz, juro que se visse esse homem na minha frente todas as manchetes do Profeta Diário sobre ele seria: Bartô Crouch é encontrado morto.

Meu pai me olhou e sorriu fraco ao perceber minha irritação.

— Você se parece tanto comigo quando está nervosa — ele comentou com um tom de orgulho na voz.

Sorri. 

— Crouch costumava a ser chefe do Departamento de Execução das Leis da Magia — ele disse —, vocês não sabiam?

Olhei meus amigos e os três olhavam meu pai pasmo, negaram com a cabeça, mas eu o respondi de forma audível.

— Mais ou menos, acho que tinha ouvido uma vez do padrinho, mas não tinha certeza.

— Então agora você pode ter certeza — ele confirmou. — Previa-se que ele fosse o próximo ministro da Magia. Ele é um grande bruxo, Bartô Crouch, de grande poder mágico, e de grande fome de poder. Ah, nunca foi partidário de Voldemort — acrescentou, ao ver a expressão no rosto de Harry. — Não, Crouch sempre foi abertamente contra o partido das trevas. Mas, por outro lado, muita gente que era contra o lado das trevas… bem, vocês não entenderiam… são muito jovens…

— Foi isso que papai me disse na Copa Mundial — disse Rony, com um quê de irritação na voz. — Experimente nos contar.

Um sorriso perpassou o rosto magro de meu pai.

— Está bem, vou experimentar…

Ele andou até um lado da caverna, voltou e então disse:

— Imaginem que Voldemort detivesse o poder agora. Vocês não sabem quem são os partidários dele, não sabem quem está e quem não está trabalhando para ele; vocês sabem que ele é capaz de controlar as pessoas para que façam coisas terríveis sem conseguir se conter. Vocês próprios estão apavorados, suas famílias e amigos, também. Toda semana vocês têm notícias de mais mortes, mais desaparecimentos, mais torturas… o Ministério da Magia está desestruturado, não sabe o que fazer, tenta ocultar dos trouxas o que está acontecendo, mas nesse meio-tempo os trouxas estão morrendo também. Terror por toda parte… pânico… confusão… era assim que costumava ser. 

“Bem, tempos assim fazem vir à tona o que alguns têm de melhor e o que outros têm de pior. Os princípios de Crouch podem ter sido bons no início — eu não saberia dizer. Ele subiu rapidamente no Ministério e começou a mandar executar medidas muito severas  contra os partidários de Voldemort. Os aurores receberam novos poderes — para matar em vez de capturar, por exemplo. E eu não fui o único a ser entregue diretamente aos dementadores sem julgamento. Crouch combateu violência com violência e autorizou o uso das Maldições Imperdoáveis contra os suspeitos. Eu diria que ele se tornou tão impiedoso e cruel quanto muitos do lado das trevas. Ele tinha os seus partidários, me entendam — muita gente achava que ele estava tratando o problema corretamente, e havia bruxas e bruxos exigindo que ele assumisse o Ministério da Magia. Quando Voldemort sumiu, pareceu que era apenas uma questão de tempo para Crouch assumir o posto maior no Ministério. Mas então aconteceu uma infelicidade…” Meu pai sorriu amargurado. “O único filho de Crouch foi apanhado com um grupo de Comensais da Morte que tinham conseguido sair de Azkaban contando uma boa história. Aparentemente pretendiam encontrar Voldemort para reconduzi-lo ao poder.”

— O filho de Crouch foi apanhado? — exclamou Hermione.

— Foi — disse meu pai, atirando o osso de galinha para Bicuço, e voltando se sentar ao lado do pão de fôrma, que ele cortou ao meio. — Imagino que tenha sido um choque e tanto para o velho Bartô. Deveria ter passado mais tempo em casa com a família, não acham? Deveria ter saído do escritório mais cedo um dia… procurado conhecer o filho. 

Meu pai começou a devorar grandes bocados de pão.

— O filho dele era um Comensal da Morte? — perguntou Harry.

— Não faço ideia — respondeu meu pai, enfiando mais pão na boca. — Eu próprio estava em Azkaban quando o trouxeram. Descobri a maior parte do que estou contando depois que saí. O rapaz foi sem a menor dúvida apanhado em companhia de gente que, posso apostar minha vida, era Comensal da Morte, mas ele talvez estivesse no lugar errado na hora errada, como esse elfo doméstico.

— Crouch tentou e conseguiu livrar o filho? — murmurou Hermione.

Meu pai deu uma risada que pareceu muito mais um latido.

— A resposta é não — eu disse olhando-o —, não é mesmo? Ele preferiu mil vezes deixar o filho em Azkaban do que sujar mais o nome e a posição dele. Assim como fez com a Winky, preferiu ignorar a inocência dela e a demitir. Do que mantê-la para ficar comprometendo seu título. 

— Bravo, filha! É exatamente isso — exclamou meu pai orgulhoso. — Qualquer coisa que ameaçasse manchar a reputação dele precisava ser afastada, ele dedicou a vida inteira a chegar a ministro da Magia. Vocês viram ele dispensar um dedicado elfo doméstico porque o associou com a Marca das Trevas, isso já diz tudo sobre o tipo de pessoa que você, filha, resultou. O máximo a que sua afeição paternal chegou foi dar ao filho um julgamento e, é voz geral, que isso não passou de uma desculpa para Crouch mostrar como detestava o rapaz… depois mandou-o direto para Azkaban.

— Ele entregou o próprio filho aos dementadores? — perguntou Harry em voz baixa.

— Isso mesmo — disse Sirius e ele não parecia estar achando graça alguma. — Eu vi os dementadores trazerem o rapaz preso, observei-os pelas grades da porta da minha cela. Não devia ter mais de dezenove anos. Foi encarcerado em uma cela perto da minha. Ao cair da noite ele já estava gritando pela mãe. Mas, depois de alguns dias, se calou… no fim todos se calam… exceto quando gritam durante o sono…

Engoli seco ao ouvir e imaginar meu pai naquele lugar horrível, isso era suficiente para odiar mais Pettigrew, tudo o que meu pai deveria ter passado em Azkaban era para ter acontecido com aquele maldito rato e pior. Inclusive, agora não me importaria se aquele imbecil virasse uma carcaça podre deixada pelos dementadores depois do beijo. Por mim, Pedro Pettigrew pode apodrecer.

A expressão mortiça nos olhos de meu pai se tornou mais acentuada que nunca, como se as janelas tivessem se fechado por trás de nós.

— Então ele ainda está em Azkaban? — perguntou Harry.

— Não — disse meu pai sem emoção. — Não, ele não está mais lá. Morreu um ano depois de o levarem para lá. 

— Morreu?

— Ele não foi o único — disse meu pai com amargura. — A maioria enlouquece lá, e muitos param de comer quando se aproxima do fim. Perdem a vontade de viver. A gente sempre sabia quando a morte estava próxima, porque os dementadores pressentiam e ficavam excitados. O rapaz tinha um ar bem doentio quando chegou. Por ser um importante funcionário do Ministério, Crouch e a mulher receberam permissão para visitá-lo no leito de morte. Foi a última vez que vi Bartô Crouch, meio que carregando a mulher ao passar no corredor diante da minha cela. Parece que ela também morreu pouco depois. Tristeza. Definhou como o filho. Crouch nunca foi buscar o corpo do rapaz. Os dementadores o enterraram do lado de fora da fortaleza, eu fiquei assistindo. 

Meu pai pôs de lado o pão que acabara de levar à boca e, em lugar disso, apanhou a garrafa de suco de abóbora e a esvaziou. 

— Então o velho Crouch perdeu tudo, quando achou que chegara ao topo — continuou ele, limpando a boca com as costas da mão. — Num momento, um herói, pronto a se tornar ministro da Magia… no momento seguinte, o filho morto, a mulher morta, o nome da família desonrado e, pelo que ouvi desde que fugi, uma grande queda na popularidade. Depois que o rapaz morreu, as pessoas começaram a sentir um pouco mais de simpatia por ele, e começaram a indagar como é que um rapaz de boa família tinha entortado daquele jeito. A conclusão foi de que o pai nunca se preocupou muito com ele. Então Cornélio Fudge ganhou o lugar dele ministro e Crouch foi deslocado para o Departamento de Cooperação Internacional em Magia. 

Houve um longo silêncio. Agora consegui compreender melhor o porquê Crouch parecia um maníaco na Copa Mundia de Quadribol e quando soube que Winky fora encontrada embaixo da Marca das Trevas.

— Moody diz que Crouch é obcecado por caçar bruxos da trevas — disse Harry ao meu pai.

— É, ouvi falar que se tornou uma espécie de mania nele — disse meu pai concordando com a cabeça. — Se você quer saber a minha opinião, ele ainda acha que pode recuperar a antiga popularidade capturando mais um Comensal da Morte.

— Ele veio escondido a Hogwarts três vezes para revistar a sala de Snape! — exclamou Rony com ar de triunfo, olhando para Hermione.

— É, e isso não faz o menor sentido — disse meu pai.

— Claro que faz! — disse Rony excitado.

Mas meu pai balançou a cabeça. 

— Escute aqui, se Crouch quisesse investigar Snape, por que então não tem ido julgar o torneio? Seria a desculpa ideal para fazer visitas regulares à escola e ficar de olho no Snape.

— Então você acha que Snape pode estar aprontando alguma? — perguntou Harry, mas Hermione os interrompeu.

— Olhem, eu não acredito no que vocês estão dizendo, Dumbledore confia em Snape…

— Ah, corta essa, Hermione — disse Rony impaciente. — Eu sei que Dumbledore é genial e tudo o mais, mas isto não significa que um bruxo das trevas realmente inteligente não possa enganar ele…

— Por que foi, então, que Snape salvou a vida de Harry no primeiro ano? Por que simplesmente não o deixou morrer?

— Não sei, vai ver pensou que Dumbledore lhe daria um chute…

— Affe, pelo amor… vocês não vão começar a ter o momento casal aqui… — rebati irritada, acariciando Bicuço no pescoço. — Façam isso no castelo. Só avisam antes para que Harry e eu façamos outra coisa longe de vocês.

— Concordo… concordo… — murmurou Harry balançando a cabeça.

Revirei os olhos pela cena que Hermione e Rony estavam criando, e olhei para o meu pai.

— Que é que você acha pai? — perguntei. — Claro que não sobre a discussão casal dos dois, mas sobre o que eles estavam dizendo sobre o Snape. 

— Acho que os dois têm uma certa razão — disse meu pai, olhando pensativo para Rony e Hermione. — Desde que descobri que Snape estava ensinando na escola, tenho pensado por que Dumbledore o contratou. Snape sempre foi fascinado pelas artes das trevas, era famoso por isso na escola. Um garoto esquivo, seboso, os cabelos gordurosos — acrescentou meu pai, precisei encostar minha cabeça no Bicuço para abafar o riso. — Snape conhecia mais feitiços quando chegou na escola do que metade dos garotos do sétimo ano e fazia de uma turma, que, na maioria, acabou virando Comensal da Morte. 

Meu pai ergueu a mão e começou a contar nos dedos.

— Rosier e Wilkes, os dois foram mortos por aurores um ano antes da queda de Voldemort. Os Lestranges se casaram, estão em Azkaban. Avery, pelo que ouvi dizer, livrou a cara dizendo que tinha agido sob o efeito da Maldição Imperius, continua solto. Mas até onde sei, Snape nunca foi acusado de ser Comensal da Morte, não que isto signifique grande coisa. Muitos deles jamais foram presos. E Snape certamente é muito inteligente e astuto para conseguir ficar de fora.

— Snape conhece Karkaroff muito bem, mas não quer divulgar isso — disse Rony. 

— É, você tinha que ver a cara de Snape quando Karkaroff apareceu na aula de Poções ontem! — disse Harry depressa. — Karkaroff queria falar com Snape, disse que o professor andava evitando ele. Karkaroff parecia realmente preocupado. Mostrou a Snape alguma coisa no braço, mas não pude ver o que era.

— Ele mostrou a Snape alguma coisa no braço? — exclamou meu pai, parecendo sinceramente espantado. Passou os dedos, distraídos, pelos cabelos, depois encolheu os ombros. — Bem, não faço ideia do que possa ser… mas se Karkaroff está genuinamente preocupado, procurou Snape para obter respostas…

Meu pai ficou olhando para a parede da caverna, depois fez uma careta de frustração.

— Mas ainda temos o fato de que Dumbledore confia em Snape, sei que Dumbledore confia no que muita gente não confiaria, mas não consigo vê-lo deixando Snape ensinar em Hogwarts se algum dia tivesse trabalhado para Voldemort.

— Então por que Moody e Crouch estão tão interessados em entrar na sala de Snape? — insistiu Rony.

— Bem — respondeu meu pai lentamente —, eu não duvidaria que Olho-Tonto tivesse revistado as salas de todos os professores quando chegou em Hogwarts. Ele leva a sério a Defesa contra as Artes das Trevas, o Moody. Não tenho certeza de que ele confie em alguém, e depois das coisas que tem visto, isto não é surpresa. Mas vou dizer uma coisa a favor do Moody, ele nunca matou ninguém se pudesse evitar. Sempre capturou as pessoas vivas, quando era possível. Ele é durão, mas nunca desceu ao nível dos Comensais da Morte. Já Crouch é outra conversa… ele está mesmo doente? Se está, por que fez o esforço de se arrastar até o escritório de Snape? Três vezes ainda por cima… E se não está… o que é que ele anda tramando? Que é que ele estava fazendo de tão importante durante a Copa Mundial que não apareceu no camarote de honra? Que é que ele está fazendo enquanto devia estar julgando o torneio?

Meu pai caiu em silêncio, ainda fitando a parede da caverna. Bicuço fuçava o chão empedrado acredito que à procura de ossos que pudesse ter deixado passar. 

Finalmente meu pai ergueu os olhos para Rony. O mesmo pediu para que o ruivo mandasse uma carta ao Percy perguntando sobre Crouch. E também para perguntar se tinha informações sobre a tal Berta Jorkins que ainda se encontra desaparecida.

 — Bagman me disse que não tinham — informou Harry.

— É, ele é citado no artigo do Profeta. Alardeando que a memória de Berta é bem ruinzinha. Bem, talvez ela tenha mudado desde que eu a conheci, mas a Berta que conheci não era nada desmemoriada, muito ao contrário. Era um pouco obtusa, mas tinha uma excelente memória para fofocas. Isso costumava metê-la em muita confusão, nunca sabia quando ficar boca calada… Eva criou tanta briga com ela por causa das fofocas. Posso entender que representasse um certo risco para o Ministério da Magia… talvez tenha sido por isso que Bagman não se importou de procurar por ela tanto tempo…

Meu pai deu um enorme suspiro e esfregou os olhos contornados de sombras escuras.

— Que horas são?

— São três e meia — informou Hermione.

— É melhor vocês voltarem para a escola — disse meu pai, se levantando. — Agora, escutem aqui… — E olhou mais insistentemente para Harry e eu. — Não quero vocês saindo escondidos da escola para me ver, certo? Me mandem bilhetes para cá. Continuo querendo saber de qualquer coisa estranha. Mas vocês não devem sair de Hogwarts sem permissão, seria uma oportunidade ideal para alguém atacá-los.

— Até agora ninguém tentou me atacar, exceto o dragão e uns dois grindylows — disse Harry.

Mas meu pai amarrou a cara para ele.

— Não quero saber… Vou respirar outra vez em paz quando esse torneio terminar, o que não vai acontecer até junho. E não se esqueçam, se estiverem falando de mim entre vocês, me chamem de Snuffles, OK?

Ele me olhou.

— Pai…

— Nem se atreva, Susana, e estou falando sério. 

— Tudo bem — disse por vencida — como você quiser.

Meu pai devolveu a garrafa e o guardanapo vazios e foi dar uma palmadinha de despedida em Bicuço.

— Tchau, Bicuço — me despedi do mesmo que voltou a me dar beliscada. — Vê se não come mais nenhuma touca do Dobby, viu? Dobby é amigo.

— Inclusive, ia te perguntar isso antes, mas vou perguntar agora.

— Sobre? — olhei meu pai.

— O que aconteceu com suas mãos?

— Rita Skeeter.

— Como assim?

— Briguei com ela no Três Vassouras da última vez em Hogsmeade, ela ficou irritadinha e me mandou várias cartas com pus de bubotúbera puro. — Levantei minhas duas mãos enfaixadas e disse: — esses foram os resultados.

— Vadia… — murmurou meu pai irritado. — Da próxima queima as mãos dela.

Ri, entendendo a referência do “queima”.

— Obrigada pela dica, papai — digo me aproximando dele.

— Acompanho vocês até a entrada do povoado — disse ele apoiando a mão no meu ombro, me guiando com ele até a saída da caverna —, vou ver se consigo catar mais um jornal.

— Tem certeza que não posso te visitar nenhuma vez...? 

— Filha…

— É só pegar a capa do Harry e vi…

— Susana… Não! Nada de capa de invisibilidade, nada de Mapa do Maroto e nada de passagens secretas. E sim, isso é uma ordem do seu pai.

Suspirei derrotada. 

Se fosse outra pessoa falando isso eu iria retrucar de forma grossa, mas com meu padrinho e muito menos com ele, meu pai, iria conseguir fazer tal coisa. Inclusive iria fazer o que ele me ordenou. Minha regra: obedecer apenas às ordens do meu pai e do meu padrinho. O resto é resto, pois não mandam em mim.

Abracei meu pai antes dele se transformar em cão. 

Fui me vestir com a capa quando chegamos perto do povoado, antes me despedi mais uma vez do meu pai, dessa vez com um carinho na cabeça e abraçando. Admito que naquele momento senti um aperto porque não queria me separar, queria ficar aqui com ele, não me importo de ficar naquela caverna. Eu só queria ficar com ele e conversar sobre vários assuntos, jogar conversa fora, ou só ficar no mesmo teto com ele e ter também a companhia do Bicuço.

Infelizmente isso não foi possível e voltei com meus melhores amigos para Hogwarts. 

Chegando precisei me distanciar dos três,  nesse caso voltei pela passagem da Dedosdemel queria ficar um pouco sozinha e também ninguém suspeitar de estar com os três. 

A verdade é que não fui me juntar logo com os três ou fui para Torre da Grifinória. Eu até cheguei perto da escada para o corredor que dava para o quadro da mulher-gorda, mas desisti de prosseguir e quis voltar para o saguão para jantar (ou só beliscar).  Durante o caminho e com os pensamentos a mil, direcionado a minha mais “nova” família: Crouch. Não gosto de pensar nisso, mas é um grande peso pensar que você carrega tanto sobrenome pesado. 

Durante o caminho acabei me encontrando com alguém que não queria encontrar.

— Ah… tinha que ser… — murmurei. — Olá, professor Snape.

— Sem dúvida que o respeito anda muito longe de você,  srta. Black — falou Snape secamente. — Acho que o Lupin anda falhando miseravelmente na sua educação. 

— Fique o senhor sabendo que meu padrinho tem compostura e sempre me deu a melhor educação. Acontece que eu tenho a seguinte opinião: não vale a pena ser educada com quem não te trata da mesma forma.

Snape pareceu furioso com minhas palavras como de costume; da mesma forma eu não me importei.

— Insolente — grunhiu o mesmo — é muita ousadia sua vir me dizer isso. 

Rolei os olhos.

— Aonde pensa que está indo, senhorita Black?! — ele perguntou assim que ia seguir meu caminho de antes. — Eu ainda não terminei.

— Eu já — murmurei apenas para mim. — Eu estou indo comer. Estou com fome querido professor — debochei.

— Seu estômago vai esperar. — Olhei irritada, cruzei os braços na altura do peito e batendo com o pé com impaciência.  Snape mexeu em seu bolso e de lá tirou um frasquinho com uma poção incolor, e o colocou na minha frente. — Sabe o que é isso?

— Sei lá, uma poção de bolhas de sabão? — Quase ia responder um “shampoo pro seu cabelo seboso”, mas achei melhor ficar na minha.

Veritaserum.

Ah, porque não disse antes?

— Pela sua cara já deve ter se recordado do que se trata.

— É a poção da verdade — respondi de forma natural. — E porque está me mostrando isso?

— Já que sabe o nome, deve também saber do que ela faz, não é mesmo? — diz ele ignorando o que tinha dito. — Basta uma única gota que até mesmo Você-Sabe-Quem diria seus segredos mais obscuros.

— Hm… e?

— E, que é lamentavelmente proibido usar isso em alunos — ele me fuzilava. — Contudo não iria me responsabilizar que uma gota caiu acidentalmente em seu suco de abóbora.

Arregalei meus olhos de indignação. O que esse imbecil está falando?

— Não me faça essa cara de desentendida — disse Snape elevando o tom no seu nível máximo que não era tão alto. — Eu juro que se entrar denovo na minha sala para roubar ingredientes para Poção Polissuco você vai se arrepender amargamente por isso, Black.

— Pera aí! Tem um grande erro nisso tudo — protestei. — Primeiro, eu não sou nenhuma ladra, você está olhando para a pessoa errada. Segundo, por mais que você ache que seja eu, vou te informar que eu nem faço ideia como se faz uma Poção Polissuco. Caso não se lembre só entrei o ano passado em Hogwarts. — Mostrei três dedos. — Terceiro, boa noite professor, pois estou com fome e não estou afim de ouvir suas acusações lambuzadas. 

Foda-se se ia perder vários pontos depois da lambuzada, só sei que saí de lá ignorando o meu professor de poções e bufando de raiva. Era só que me faltava eu ser acusada de ladra. É, isso era o que estava faltando na minha lista “estou definitivamente sendo fodida”, detalhe, ainda não é fodida no sentido de quatro. Do jeito que estão as coisas, não duvida nada chegar o momento de ser fodida por um órgão masculino.

 

Point of View: DRACO MALFOY

— Maldito. Maldito… — Ouvi passos pesados descendo as escadas de mármores junto com uma voz muito conhecida.

Parei no saguão antes de entrar no salão principal, tinha falado para Crabbe e Goyle irem na frente, pois iria deixar o que comprei em Hogsmeade para alguém em especial. E assim que subi as escadas ouvi a voz que reconheci de qualquer lugar. Susana descia as escadas pisando duro, e reclamando de algo.

— Susana! — chamei-a fazendo parar no último degrau.

— Que foi? — ela rebateu de forma grossa.

— Hm… Tudo bem?

Fui me aproximando dela e a mesma desceu o último degrau, revirou os olhos e respondeu:

— Tudo. Não tenho nada… 

Arqueei de leve as sobrancelhas deixando claro que não acreditei.

— Não é o que parece — disse me encostando no corrimão da escada.

Susana me olhou por um momento, suspirou e parecia querer desistir do que responder.

— Como está a mão? — Tentei mudar de assunto para algum dela continuar aqui, queria ficar mais com ela, e felizmente deu certo — pelo menos eu acho.

— O que acha? — ela disse irônica levantando as mãos ainda enfaixadas. — Que saber? Eu não ia te responder nada, mas vou responder como estou nesse exato momento.

— Diga.

Ela se aproximou, e disse:

— Eu não estou nada bem, se é o que você queria saber. 

Conforme ia dizendo ela se aproximava mais.

— Estou fula da vida querendo quebrar a cara do primeiro que vier me irritar. E não, não é você, isso se você não chamou para gracinha.

— Dessa vez pode ter certeza que não — sorri. — E o que está te deixando irritada? 

— Tudo — ela respondeu rispidamente. Agora ela parou bem próxima de mim, tocou em minha mão que estava apoiada no corrimão, e percebi sua respiração ficando ofegante. — Inclusive queria te fazer uma pergunta.

— Qual?

— Posso fazer uma coisa?

— Fazer alguma coisa? — repeti estranhando o pedido. — O que exatamente você quer fazer?

— Isso…

Ela do nada me puxou pela gola da camisa e selou nossos lábios, realmente, foi um ato bem repentino sendo que demorei um pouco pra sacar que mais uma vez depois de tanto tempo pude sentir a boca dela.

Susana se separou, mas não permitiu que fosse por muitos centímetros. 

Trocamos olhares intensos, os olhos azuis dela brilhavam de desejo, e acredito que os meus também. Não deixei que ela falasse ou pensasse em dizer algo, eu voltei a beijar, mas dessa vez sem delongas, nossas bocas logo se abriram para que nossas línguas passassem e se tocassem. Era como se quiséssemos matar a saudade — pelos menos de minha parte era exatamente isso — eu queria aproveitar, recordar cada momento daquele beijo e da boca dela. 

Merlin que faltava sentia dessa mulher.

Encostei atrás da escada, sei que não iria adiantar muito caso algum ser brotasse, mas naquele momento queria grudar meu corpo com o dela. Ela mesma me puxava pela cintura para mais perto de si. Separamos apenas quando nossa falta de ar se fez presente. Mais uma vez ela me surpreendeu quando deitou a cabeça no meu peitoral, depois virou para esconder o rosto perto da curva do meu pescoço.

Céus. Isso não estava prestando nenhum pouco a respiração dela no meu pescoço me arrepiava, e aproximei do cabelo dela inalando aquele perfume único de morango. Não trocamos uma única palavra, e nem tinha aberto os olhos, mas quando abri vi o nosso único presente: o perdedor do Diggory. Fiz questão de sorrir vitorioso para o imbecil, beijei o topo da cabeça de Susana e devagar levantei seu rosto pelo queixo, seus olhos estavam semi-fechados, mas não reclamou quando lhe beijei. Dessa vez foi algo bem mais calmo, era movimentos leves, só estávamos aproveitando o nosso momento.

Internamente me sentia feliz em vários sentidos, tanto por finalmente tê-la comigo, como não ter esforços para esfregar mais na cara do Diggory que ela nunca foi dele. Ela gosta de mim e só.


Notas Finais


E ai, o que acharam?


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