1. Spirit Fanfics >
  2. A Herdeira dos Black II >
  3. Apesar de todo ódio mútuo...

História A Herdeira dos Black II - Apesar de todo ódio mútuo...


Escrita por: AkannyReedus

Capítulo 58 - Apesar de todo ódio mútuo...


Fanfic / Fanfiction A Herdeira dos Black II - Apesar de todo ódio mútuo...

Rita Skeeter já pode se considerar uma pessoa morta! Eu não ligo que ela mexe comigo, ou me mande várias cartas com pus para foder com as minhas mãos. Mas uma coisa que não admito de forma alguma é que mexam com todos aqueles que eu amo. Não admito que humilhe todos que façam parte do meu círculo íntimo: Harry, Hagrid, Hermione… agora ela vem colocar o meu pai e meu padrinho nessa história. Dizer assuntos, mentiras, que não lhe interessa e ainda contar uma enorme mentira.

— Eu já disse que estava brincando com os gatinhos e eles me arranharam — expliquei sem paciência a Harry e Rony, levantando a manga da minha blusa do uniforme e mostrando o machucado feio no meu pulso esquerdo. — Isso foi na noite anterior que recebi aquelas cartas daquela vadia, e parece, que quando o pus teve contado com a ferida aconteceu essa reação alérgica. 

— Parece até que vai sair um daqueles tal de alienígenas que os trouxas vivem comentando que existe fora do nosso planeta — comentou Rony fazendo careta. — Ai, desculpe…

— Juro que na próxima não vou te dar tapa, ouviu? — ele apenas assentiu com a minha ameaça. — Eu vou matar a Skeeter! Juro que ela me paga por isso e pelas cartas que ela também se atreveu a mandar para Mione.

Não só eu havia recebido algo da Skeeter, Hermione também recebeu, e como já sabia do que se tratava aquele tanto de cartas. Ela felizmente não conseguiu machucar a mão com os pus de bubotúbera. Parece que aquela imunda decidiu fazer uma troca entre nós duas.

Na primeira parte aquela idiota me mandou os pus, e para Hermione, fez uma matéria ridícula sobre ela e Harry estarem namorando. Além de dizer um assunto que só eu sabia, pois a própria Hermione me contou que foi o convite de Krum para ir visitá-lo na Bulgária.  Agora quem ficou com a matéria fui eu e minha amiga com as cartas. Só que na minha parte da matéria ela simplesmente revelou assuntos que não era todo mundo que sabia como eu ser filha de quem sou e também sobre o meu padrinho.

— Eu me pergunto como aquela vadia soube de tudo aquilo…  — murmurei irritada antes de entrar na estufa com meus amigos para aula de Herbologia.

Achei que a aula ia ser insuportável com vários indivíduos insignificantes me olhando. Felizmente isso não aconteceu. Só recebi olhares da própria professora que achei até normal, pois sei bem que estou longe de ser uma das alunas favoritas da professora Sprout. Outros olhares foram de um aluno para o outro quando ia coçar a “marca” nada agradável no meu pulso. 

Quando saímos para a aula de Hagrid, vi Draco descendo as escadas da entrada do castelo com Crabbe e Goyle. 

Naquele momento nossos olhos se encontraram, ele apenas me analisou de forma calma, me fazendo perguntar mentalmente se ele já sabia do que saiu no Profeta Diário, mesmo olhando tão atentamente não conseguia decifrar. Só tinha certeza de uma única coisa: eu queria beijá-lo. Queria me aproximar dele e beijar mais uma vez, talvez, mais uma vez conseguiria esquecer meus problemas como fiz da última vez que nos beijamos.

— Black, tudo bem? — Buldogue foi a culpada por tapar a minha boa visão. — Hoje você parecia estar muito perturbada no café da manhã. Pulso está bem? — debochou.

A fuzilei, trincando os dentes já sentindo a vontade enorme de quebrar a cara dela, a ponto de ficar banguela e nem a Madame Pomfrey poder arrumar — como ela fez com o Draco.

— Cuidado, Pansy, que ela pode te morder — brincou a ex-cabelo água de salsicha vulgo Daphne Greengrass. 

Ia dar o primeiro impulso para ir para cima delas, mas Hermione foi mais rápida que minha ação e logo me segurou pelo pulso.

— Ignora — ela murmurou. — É isso que elas querem.

Bufei furiosa.

— Dane-se... — rebati furiosa, bufando e soltando com tudo meu aperto de Hermione.

Ignorei completamente Hermione e os garotos, apenas segui caminho até Hagrid pisando duro. Só que antes de me afastar mas entre os risos irritantes de Parkinson e Greengrass ouvi Malfoy:

— Vocês duas são muito sem noção, ein.

— Susana, bom dia! — exclamou Hagrid, assim que me aproximei. — Cadê os outros… 

Olhei para trás e vi que meus amigos ainda não tinham chegado, acho que andei tão rápido que me afastei bastante deles.

— Sei lá, devem estar vindo — balancei o ombro sem me importar.

Percebi que fui uma das primeiras a chegar.

— Tudo bem…

— O que é isso? — o cortei um tanto grossa.

— Ah, isso? — ele apontou para uns caixotes. — Pelúcios.

Ia pedir uma explicação melhor, mas antes disso o resto da turma finalmente se juntou, inclusive Hermione e os garotos foram se juntar comigo, mesmo sabendo que não era certo os ignorei. Não queria falar com ninguém. Meu humor hoje estava no nível péssimo. Fingi estar focado nos tais Pelúcios dentro dos caixotes. Eles eram bonitinhos, confesso. Eram bichos peludos e negros com longos focinhos. As patas dianteiras eram curiosamente chatas como as pás, e eles erguiam os olhos piscando para a classe, parecendo educadamente intrigados com toda a atenção.

— São pelúcios — anunciou Hagrid, quando a turma se agrupou ao seu redor. — São encontrados principalmente em minas. Gostam de coisas brilhantes… aí vêm eles, olhem. 

Um dos bichos tinha saltado repentinamente e tentado arrancar o relógio de ouro da Buldogue do pulso. O que conseguiu me animar quando ela gritou e deu um pulo para trás, quase caindo de costas no chão.

— São bastante úteis para procurar pequenos tesouros — disse Hagrid satisfeito. — Achei que podíamos nos divertir com eles hoje. Estão vendo ali adiante? — Ele apontou para um terreno que Harry e eu ficamos vendo da janela do corujal ontem, o mesmo cavando. — Enterrei ali algumas moedas de ouro. Tenho um prêmio para quem apanhar o pelúcio que encontrar mais moedas. Guardem as coisas valiosas que estiverem usando, escolham um bicho e se preparem para soltá-lo.

O único item valioso que usava naquele momento era o colar de minha mãe.

A aula fora sem dúvida muito produtiva e divertida, consegui me animar bastante com os pelúcios. Eles eram muito fofinhos, parecia que eles engoliam os ouros, então sempre que o meu aparecia no meu colo só fazia cócegas na barriga que saia o ouro. Precisei fazer isso quando o meu conseguiu pegar o meu colar no bolso, acabei deixando no meu pescoço mesmo e mesmo ele tentando sumir em mim para pegar, consegui afastá-lo. 

Até poderia estar me divertindo, não importando de sujar meu uniforme de terra, mas nada se comparava ao Rony que parecia o mais feliz da turma com o seu pelúcio.

— Bem, vamos verificar como foi que vocês se saíram! — disse Hagrid. — Contem suas moedas! E não adianta tentar roubar nenhuma, Goyle — acrescentou ele, estreitando os olhos negros. — É ouro de duende irlandês, de leprechaun. Desaparece depois de algumas horas. 

Goyle esvaziou os bolsos, emburradíssimo. O resultado final foi que o pelúcio de Rony tinha sido o mais bem-sucedido, então Hagrid entregou ao garoto o prêmio: uma enorme barra de chocolate da Dedosdemel. A sineta ecoou pelos jardins anunciando o almoço; o restante da turma saiu em direção ao castelo, mas Harry, Rony, Hermione e eu ficamos para ajudar Hagrid a guardar os pelúcios nos caixotes. Por um momento notei que Madame Maxime nos observava da janela da carruagem.

— Que foi que você fez com as mãos e o pulso, Susana? — perguntou Hagrid, com o ar preocupado. — Não é a primeira vez que vejo suas mãos enfaixadas. E o pulso…

— Você leu a matéria da Skeeter não leu? 

Vi ele fazendo uma careta de pensativo, provavelmente pensando se responderia ou não. Revirei os olhos e disse:

— Eu não tenho marca nenhuma no braço… O que tenho no braço são arranhões do meu gato, que pioraram depois que aquela bruaca da Skeeter me mandou um envelope cheio de pus de bubotúberas, junto com cartas anônimas. 

— Você não me deve explicações nenhuma, sei muito bem que você não é esse tipo de pessoa que ela colocou na matéria, mas é… eu acabei sabendo, assim como todos os outros professores…

Crispei os lábios. 

— Saiba que sobre o seu pai, não é novidade para nenhum dos professores e nem para mim, e o mesmo sobre você ser criada pelo Lupin — dizia Hagrid como se tentasse me acalmar de alguma forma. — O que posso dizer é para não se preocupar, todo mundo sabe que Rita Skeeter só diz mentiras. Dumbledore sabe disso. Inclusive deixou mais que claro o banimento dela no castelo.

— Se Dumbledore baniu ela do castelo, então como essa vaca ouvi tudo que é falado aqui dentro, ou quando é tecnicamente impossível ela estar por perto sem ser visível?

— Não sei como responder isso, mas sei o que ela faz, é de gente que não bate bem, Susana. Ignore as cartas e tudo que ela fizer para te atacar. Ignore.

— É fácil você dizer isso…

— Também recebo cartas assim desde que a Rita escreveu sobre minha mãe. “Você é um monstro e devia ser morto.” “Sua mãe matou gente inocente e se você tivesse alguma decência se atiraria no lago.”

— Não! — exclamou Hermione chocada.

— Sim! — respondeu Hagrid, erguendo os caixotes de pelúcios para guardá-los junto à parede da cabana. — Como eu disse é gente que não bate bem.

— Aquela imunda ainda me paga muito caro — digo quando regressamos ao castelo. — Juro que me paga! Ou eu não sou filha de Sirius Black.

Andava bem mais a frente deles três e só escutava umas reclamações do Rony, que confesso ter reparado que desde que a aula acabou ele ficou bem quieto. 

— Por que você não me falou do ouro? — ouvi Rony, mas não sabia para quem ele perguntou.

— Que ouro? — perguntou Harry.

— O ouro que lhe dei na Copa Mundial de Quadribol — disse Rony. — O ouro de leprechaun que lhe paguei pelos meus onióculos. No camarote de honra. Por que você não me contou que ele desapareceu?

— Ah… — disse Harry depois de uma curta pausa. — Não sei… nunca reparei que tinha desaparecido. Eu estava mais preocupado com a minha varinha, não era?

Subimos os degraus para o saguão de entrada e foram para o Salão Principal almoçar.

— Deve ser legal — falou Rony abruptamente, depois que sentamos e começaram a nos servir de rosbife e pudim de Yorkshire, massa assada embaixo de carne sangrenta. — Ter tanto dinheiro que nem se repara que os galeões guardados no bolso desapareceram.

— Escuta aqui, eu tinha outras preocupações na cabeça naquela noite! — retrucou Harry com impaciência. — Todos tínhamos, lembra?

— Eu não sabia que ouro de leprechaun desaparecia —  murmurou Rony. — Achei que estava lhe pagando. Você não devia ter me dado aquele boné do Chudley Cannon no Natal.

— Esquece isso, tá?

Rony espetou uma batata assada com o garfo e ficou olhando para ela. Depois disse:

— Detesto ser pobre.

Admito que aquelas palavras me pegaram, me senti sentida pelo Rony, e com esforço tentei revirar minha cabeça para dizer algo a ele. Mas não consegui achar nada o que me deixou com raiva. Olhei para Harry e Hermione que também me olharam. Acho que não era a única que não sabia realmente o que dizer.

— É uma droga — disse Rony, ainda encarando a batata. — Não posso culpar o Fred e o Jorge por tentarem ganhar um dinheirinho extra. Gostaria de saber fazer o mesmo. Gostaria de ter um Pelúcio.

— Bem, então já sabemos o que comprar para você no próximo Natal — disse Hermione animada. Mas vendo que meu amigo continuava chateado, acrescentei:

— Vamos Rony, podia ser pior. Pelo menos você não é o centro das atenções por causa de um braço que sofreu reação alérgica por causa de pus de bubotúbera; que foi publicado por uma rapariga que diz ser o início da marca de um moribundo.

  Afundei o meu garfo na batata com força como se fosse a cabeça da Skeeter.

— Juro que vou me vingar dela da pior forma.

Nunca levei muito a sério o tal famoso ditado trouxa: tudo que é bom, dura pouco. Só comecei a dar moral nesse ditado hoje mesmo, ou melhor, nesse exato momento.

Por quê?

Porque até o momento que estava indo jantar, tudo estava indo bem. Parecia que ninguém tinha lido aquela porcaria de matéria. Então não tinha virado cem por cento o centro das atenções, isso até duas najas vulgo os nomes são Daphne Greengrass e Pansy Parkinson me colocar no pedestal em pleno saguão.

— Sabe, Daph, tem pessoas que não se tocam — dizia Buldogue em voz alta bem no momento que descia a escadaria de mármore com meus amigos. 

— Ora, Pansy, e porque diz isso? 

— Porque existe uma lobinha que vive falando mal de mim, colocando apelidos de cachorra, me chama de Buldogue, você sabe pessoas de baixo nível que acha legal humilhar os outros como se fosse a perfeita — Parkinson soltou um risinho. — Mas a lobinha não se toca que fala de alguém que tem as mãos limpas. Não percebe que a suja e pulguenta aqui é ela.

— Ignora… — pediu Hermione me puxando para dentro do salão.

— Que horror! — exclamou Greengrass de volta. — Não se pode também esperar muito de alguém criada por um mestiço nojento.

— Igno… Susana!

— Perdeu alguma coisa Black? — perguntou a ex-cabelo de salsicha com um sorriso cínico. 

— Sim, eu estou me perguntando onde está o galinheiro porque duas galinhas fugiram e como uma boa pessoa, preciso comunicá-las.

Diferente de quem passava, ou estava parado no saguão vendo a cena, eu não ri. 

— Enquanto você se pergunta do galinheiro, nós nos perguntamos sobre onde é o canil que você dorme, Black. Se é que lobos dormem em canis — Greengrass rebateu se aproximando de mim. 

Enquanto isso, a Buldogue ficou latindo.

Fechei o punho com força, minha respiração estava ofegante e só contava os minutos para tirar a varinha do meu bolso para atacar essa cobra nojenta.

— Inclusive! Será que todo mundo já sabe o tipinho de pessoa que você é? — debochou ela novamente, sorrindo e olhando para os alunos presentes. — Acho que não, não é mesmo? 

— O que você quer? — perguntei irritada.

— De você? De você não quero nada — ela respondeu. — Apenas estou informando a todo mundo para tomarem cuidado com nossa colega que mora no mesmo teto que um Lobisomem — Greengrass terminou o que dizia em tom alto. — Ah, também tem outro detalhe que é melhor todos tomarem cuidado.

Greengrass olhou para todos que nos olhavam — agora a quantidade era bem grande — e sorria de forma vitoriosa. 

— A toda poderosa Susana Black não passa de uma traidora nojenta de sangue — ela foi aumentando o tom de voz. — Para quem não sabe vivemos no mesmo teto de alguém que é a criada por um Lobisomem e tem mais meus amigos: Susana Black é nada mais que a filha do assassino Sirius Black!

— Cala a boca! CALA A BOCA, GREENGRASS! Se não eu juro que…

— Se não o que? Vai colocar o seus dons assassinos que você herdou do seu papai?

— Não se atreva dizer sobre meu pai...

— Esquece! Você não vai colocar em prática os dons do seu pai, é mais fácil colocar em prática os dons do seu padrinho, não me surpreenderia que você assim como o nosso ex-professor de Defesa contra as Artes das Trevas saísse por aí mordendo os outros.

Porque nunca ninguém me leva a sério quando mando calar a boca?

Eles acham mesmo que eu estou brincando?

Conforme a Greengrass ia falando, eu ia me aproximando dela, como uma verdadeira leoa atrás de sua presa que no meu caso seria atrás da serpente.

— Que foi? Por acaso estou dizendo alguma mentira?

— Não sei — fingi de desentendida, balancei o ombro. — A esperta aqui não é você? 

— Black, se toca que você perdeu moral…

— Cala a boca, Buldogue, que o papo ainda não chegou no canil — rebati.

— Canil? — ela segurou um riso. — Olha só quem fala de canil, a Lobinha.

— E a cadela decidiu rebater a Lobinha aqui que novamente pede calar a boca, se não eu mesma calo.

Parkinson ia abrir a boca, mas se calou quando Greengrass falou primeiro:

— Calma, Pansy, pois ela só late só que não morde.

Eu comecei a rir com aquele ditado ridículo.

— Está rindo do que?

— De você — respondi. — Greengrass só para você saber, quem late aqui é a sua amiga já eu sou a que mordo.

— Hm… sei, vai me morder?

Fiz uma falsa carreta que estava pensando e disse:

— Você que pediu.

Tudo foi bem rápido, e antes dela fazer algo, puxei o cabelo com força para baixo. Greengrass gritou, e quando tentou também puxar o meu cabelo eu segurei o braço dela e lasquei uma mordida forte bem no braço dela. Fazendo-a soltar outro grito para a minha felicidade.

— SUSANA!

Obviamente que não soube quem gritou meu nome, pois me preocupava mais em ferrar com aquela imunda que veio tirar uma da minha cara. Ela achou mesmo que eu estava só falando por falar? Ninguém mexe comigo! Muito menos falar mal da minha família! Ninguém!

— Crabbe! Goyle! Separa elas duas! — gritou uma voz conhecida no momento que já estava no chão do saguão agora batendo e puxando com todas as minhas forças o cabelo sedoso de Daphne Greengrass. 

 

+++

 

Ouvi passos se aproximando, mas nem virei o rosto para saber quem é, em seguida veio a voz que logo soube quem era.

— Susana, oi.

— Oi… quer alguma coisa, Malfoy?

— Malfoy? — ele segurou um riso. — Achei que você ia começar me chamar pelo meu nome.

Do lago-negro que agora está completamente escuro, olhei para o Malfoy, que estava parado à minha frente com as duas mãos dentro do bolso da calça. Com um detalhe a mais que era seu cabelo bagunçado. O que era um verdadeiro charme dele. Mesmo com o uniforme da Sonserina, Draco estava muito bonito como ele sempre foi, isso não tem como negar.

— Vou pensar no seu caso — digo. — Ainda não sei se te chamo de Malfoy, Doninha, Madame ou Draco. Qual você prefere?

Achei que ele ia gritar comigo ou algo do tipo, mas fora ao contrário ele riu e respondeu:

— Draco. Gosto mais de te ouvir falar Draco, o Malfoy é só para quem eu não gosto, e quem sabe futuramente você também prefira o sobrenome Malfoy.

Não sei se foi a intenção dela, porém, eu consegui entender outro significado dessa palavras dele: quem sabe futuramente você também prefira andar com o meu sobrenome. Ou que não seja ruim Susana Black se tornar Susana Malfoy. Será que isso seria uma proposta de casamento? Ele pretende me fazer sua esposa futuramente?

Sorri, pois por um momento me imaginei sendo esposa dele.

— Será? — Não falei mais nada e voltei a olhar a escuridão do lago que só era iluminado pela lua e estrelas.

Um silêncio profundo voltou a se instalar naquele lugar, o mesmo que me acompanhou desde a minha saída da sala da professora McGonagall depois da briga que tive com a Greengrass — ela no caso foi para Ala Hospitalar já que havia feito um machucado feio no braço dela, a ponto de sangrar e também arranquei uma boa quantidade de cabelos dela —. Como minha mente estava cansada quis ficar sozinha ao invés de ir jantar ou ir para Torre da Grifinória.

— Olhando você e aqui, sentada debaixo dessa árvore e olhando para o lago me veio uma lembrança — diz Draco se sentando ao meu lado.

— Qual?

— Da primeira vez que te vi chorando...

— Só que eu não estou chorando...

— E da nossa primeira vez…

— Eu sou virgem.

— E eu disse que a “nossa primeira vez” é relacionado a sexo?

Trocamos olhares e pela primeira vez eu ri.

— Estava me referindo a primeira que nos beijamos, mas nunca sabemos o que o futuro nos reserva, não é? — ele me lançou um sorriso convencido o que me fez rir mais e dar um tapa na perna do mesmo, me acompanhando no riso. — Ora, estou falando uma mentira?

— É bem melhor ficar quieto, se não eu vou te morder — provoquei.

— Hm… Mas acho que seria uma mordida mais gostosa do que a Daphne recebeu. 

Eu ri, mas ouvindo ele dizer aquilo senti uma súbita vontade de chorar ao lembrar o quanto eu ferrava com tudo ou pela tamanha das injustiças que me ferraram ao mesmo tempo.

— Naquela vez que a gente se beijou, sempre me veio uma dúvida pelo que você fez e nunca tive uma respostas exata. 

Draco me olhou com o cenho franzido.

— Por que me beijou?

— Boa pergunta — ele franziu mais o cenho como se tentasse pensar na respostas — também queria saber. A verdade é que não sei porque te beijei… acho que vou um ato automático, não sei. — Draco voltou a me olhar e ficou me analisando, e mesmo com a pouca iluminação, senti os olhares dele na minha boca. — Antes eu realmente não entendia porque eu te beijava, mas o engraçado é que agora eu sei o porque eu te beijo.

— Então… porque?

— Você realmente não desconfia o porquê? — ele acariciou meu rosto levemente e parou no meu queixo. — A resposta não é difícil… assim como a sua também não é. 

O tom de voz dele foi diminuindo conforme senti sua respiração próxima, não sei pensei muito, apenas fechei os olhos e me deixei aproveitar aquele momento.

Talvez ele tenha razão em dizer que a resposta não seja difícil, principalmente a minha, será que é tão óbvio que o motivo de beijá-lo é porque eu o amo? 

E ele. Será que o dele é a mesma resposta da minha?

 

...

 

Os dias seguintes seguiram chatos, chatos e mais chatos. Agora era definitivo que a notícia de eu ter a suposta marca de Voldemort brotando no meu braço era oficial, sem contar a minha vida familiar. Todos agora já sabiam sobre quem era meu pai, que o antigo professor de Defesa contra as Artes das Trevas deles é o meu padrinho e um lobisomem. Tudo isso foi motivo de me tornar o assunto principal das fofocas, nem o suposto triângulo amoroso de Hermione com Harry e Krum ficou tão no alto, quanto o meu tema. Hermione e eu continuamos a receber cartas de ofensas daquela vagabunda; como Hagrid sugeriu ignoramos.

Minha situação era tão ruim que até os professores começaram a me parar, nem todos, mas o professor Moody foi o primeiro a me parar na aula dele me fazendo mostrar o meu braço cheio de arranhões de gatos. Agora o segundo da lista é...

— Srta. Black, você fica. — Era o Seboso que no final da aula dele me chamou e disse o que acabou de dizer. 

Só minha cara já dizia para Harry, Rony e Hermione me socorrerem, eles entenderam, assim como Snape deve ter entendido e mandou os três irem embora. 

— Vocês três vazam!

— Encontro vocês depois… — disse e eles assentiram.

— Vamos esperar você lá fora — diz Hermione.

Quando eles saíram e me deixaram sozinha com Snape.

— O que deseja, professor? — disse desanimada.

— Seu braço, senhorita.

— Como?

— Me mostre o seu braço esquerdo.

Solto um bufo bastante frustrada, estava considerando arrancar meu braço pra me livrar daquele tipo de exigência e pra ver se me livrava de vez daquela alergia maldita. 

Snape não disse nada, só olhou e se virou indo até uma porta que supostamente dava para o seu estoque pessoal de ingredientes e poções. Tentava olhar para o que ele procurava. Será que finalmente ele iria me matar como sempre desejou? Ou agora sim ele vai tentar me dar a veritaserum. 

— Braço — ele pediu novamente, agora voltando com algo que parecia uma agulha e dois frascos com líquidos transparentes.

A contragosto fiz o que foi pedido.

Sinto a mão ossada segura meu pulso com firmeza, aproximando ainda mais do rosto avaliativo. Logo mais ele se afastou, pegando um livro numa de suas estantes, folheando rapidamente seu conteúdo e voltando logo em seguida, ele pegou outro frasco no caminho para pingar nos dois frascos. O líquido passou para o tom verde e meu braço foi picado por uma agulha, que foi jogado em um dos frascos ao passo que o professor furava um de seus dedos e pingava um pouco de seu sangue em outro frasco.

O líquido de ambos então deixou de ser verde e cada um sofreu uma reação distinta; o frasco com a agulha que me picou ficou efervescente e ficou da cor laranja, já o frasco com o sangue dele não expressou reação maior que mudar para cor azul. Por mais que seja excelente em poções não estava entendendo absolutamente nada do que era aquilo. Apenas fiquei olhando aquilo com cara de quem esperava sair bebês dragões dos potes para com meu cabelo ou explodir a cara do cientista (sou que é esse o nome dos trouxas que mexe com produtos semelhantes a nossas poções) louco vestido de preto.

— Parece que a pessoa que lhe mandou o pus de bubotúbera, não só mandou o pus como também te mandaram junto um veneno misturado, e por causa desses dois machucados passou para sua corrente. Criando essa reação alérgica horrível. Andou brigando com algum gato?

Hoje ele estava com o cinismo atacado!

E não. Não vou me rebaixar e responder uma pergunta dessas.

— Enfim — ele dá de ombros e volta para seus armários, tirando deles um pequeno frasco. — Você tomar essa poção e passar essa tomada, todos os dias no mesmo horário e enfaixar. Vai ajudar com essa sua reação alérgica. Lembre que a pele inflamada não pode entrar em contato com a luz solar pelos próximos dois dias. Em uma semana seu estará livre da temida “Marca Negra”.

— Porque está fazendo isso? — a pergunta foi automática, afinal ele está me ajudando e isso não é nada normal vindo dele. 

— Pode não parecer, mas já tive sua idade — ele voltou a segurar o meu braço, pingar três gotas do pequeno frasco em um pano e passou em minha alergia com um conhecia com meu padrinho. — E como toda pessoa na sua idade, tive problemas como os seus.

Isso é estranho… 

Não consigo parar de acompanhar o Ranhoso em cada movimento, mesmo que mínimo movimento, aquilo era estranho vindo dele. Ele não tinha o que ganhar cuidando da minha alergia como fazia agora, aliás, ele não tinha razões para isso, o mais lógico seria ele me fazer piorar! Meu pai o odeia, eu o odeio e ele odeia nós dois! Ele devia era estar reforçando o rumor e arrumando maneiras de me sabotar. Isso não faz sentido e é estranho. 

— Terminei — anunciou me entregando o frasco com a poção e fazendo um gesto para sair. — Não conte a Madame Pomfrey. Ela não gosta quando os outros professores tentam ser curandeiros. Apenas se cuide e não disse para ninguém, Srta. Black.

Passo por ele até a porta ainda tentando entender o porquê.

— Porque? — Era minha única dúvida excruciante, eu não ia conseguir ir embora sem saber. Sem contar que tenho algo em mim chamado orgulho. E quero mantê-lo intacto.

— Porque, apesar do todo ódio mútuo, eu ainda sou seu professor e como seu professor eu tenho a função de cuidar de sua segurança e integridade física e emocional — explicou com seu tom austero. — Além do mais, não suporto as sandices de fofoqueiros inconvenientes e incheridos que sou obrigado a suportar pelo bem desta instituição. Se dependesse de mim, já teria dado cabo desse tipo de incompetente. Mas como não é o caso, me resta apenas ser um bom professor. Tenha um bom dia, Senhorita Black.

Dando o primeiro passo para fora da sala já teria um único significado: minha relação com Snape vai continuar a mesma. Não será a cura da minha alergia que vai fazê-lo ser meu professor favorito. Como bem disse eu tenho orgulho próprio.


Notas Finais


E ai, o que acharam?


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...