1. Spirit Fanfics >
  2. A Herdeira dos Black II >
  3. Há treze anos

História A Herdeira dos Black II - Há treze anos


Escrita por: AkannyReedus

Capítulo 9 - Há treze anos


Fanfic / Fanfiction A Herdeira dos Black II - Há treze anos

Acho que pela primeira vez na vida consegui sentir muito medo. A ponto de acabar fraquejando, parece que não fui a única, pois Hermione estava mais branca que papel e só Harry e Rony que olhavam sem entender o céu.

— Vamos, Harry e Rony, precisamos ir embora e agora — digo.

— Anda, precisamos ir embora — suplicou Hermione, desesperada.

Harry nem se mexeu, fui até ele e segurei sua mão o puxando.

— Que foi? — perguntou Harry, me olhando espantado, eu deveria estar no mesmo estado que a cara da Hermione.

— É a Marca das Trevas, Harry! — gemi, puxando-o com mais força. — É o sinal dele, Harry... É sinal do Voldemort!

Rony me olhou assustado, acho que ele se assustou por ter dito o nome e por saber de quem era o sinal.

Sem enrolação, Rony recolheu com pressa a miniatura de Krum e saímos de lá o mais rápido que podíamos. Conseguindo se afastar da clareira, mas antes da gente conseguir dar mais passos, ouvi Harry gritar:

— ABAIXA! — Ele me agarrou para o chão com Rony e eu levei Hermione junto.

ESTUPEFAÇA! — berraram várias vozes, desencadeando uma série de lampejos.

Fiquei com a cabeça abaixada por um tempo e só levantei quando ouvi uma voz conhecida.

— Parem! — berrou a voz. — PAREM! É o meu filho!

Era o Sr. Weasley correndo até a gente, com uma expressão aterrorizada no rosto.

— Rony, Harry... — sua voz tremia —... Susana, Hermione, vocês estão bem?

— Saia do caminho, Arthur — disse uma voz fria e ríspida.

Era o Sr. Crouch. Ele e mais outros bruxos do Ministério estavam em volta da gente, fechando tudo em nossa volta. Ao me levantar, pude reparar melhor no rosto do Sr. Crouch e parecia estar muito tenso.

— Qual de vocês fez aquilo? — perguntou aborrecido, olhando-nos. — Qual de vocês conjurou a Marca das Trevas?

— Nós não conjuramos aquilo! — respondeu Harry apontando o crânio.

— Nós não conjuramos nada! — disse Rony, que esfregava o cotovelo e via-o olhando com indignação para o pai. — Por que vocês quiseram nos atacar?

— Não minta, senhor! — gritou o Sr. Crouch.

— Não estamos mentindo — retruquei nervosa. — Nós não conjuramos a Marca.

— Eu mandei não mentir, senhorita! — gritou ele novamente, apontando a varinha para mim. — Vocês foram encontrados na cena do crime!

— Bartô — murmurou uma mulher —, eles são apenas crianças, Bartô, nunca teriam capacidade para...

— De onde saiu a marca? Respondam vocês três — mandou o Sr. Weasley depressa.

— Dali — respondeu Hermione trêmula, apontando para o ponto em tínhamos ouvido a voz —, havia alguém atrás das árvores... gritou umas palavras, uma fórmula mágica...

— Ah, havia gente parada ali, é mesmo? — disse o Sr. Crouch, virando seus olhos para Hermione, a incredulidade estava estampada no rosto dele e além de continuar com a varinha apontada para mim. — Disseram uma fórmula mágica, não foi? A senhorita parece muito bem informada sobre as palavras que conjuram a Marca, senhorita...

É meio impossível deixar de olhar furiosa o Sr. Crouch, ele parecia estar louco de vez, os olhos quase saltando e parecia não se dar conta que a gente estava dizendo a verdade. Ao contrário dele, os outros bruxos pareciam acreditar na gente, e no mesmo momento que ouviram as palavras de Hermione eles ergueram e apontaram as varinhas na direção que ela indicava, procurando ver entre às árvores escuras.

— Tarde demais — disse a mesma mulher que tinha ouvido agora pouco, sacudindo a cabeça. — Já devem ter desaparatado.

— Acho que não — disse Amos Diggory, o pai de Cedrico. Agora que tinha reparado que ele estava aqui. — Os nossos raios passaram direto por aquelas árvores... há uma boa chance de termos atingido...

— Amos, cuidado! — disseram alguns bruxos em tom de alerta, quando o Sr. Diggory desapareceu na escuridão.

Alguns segundos depois, ouvimos ele gritar:

— Acertamos, sim! Tem alguém aqui! Inconsciente! É... mas... caramba...

— Você pegou alguém? — gritou o Sr. Crouch, parecendo muitíssimo incrédulo. — Quem? Quem é?

Ouvi gravetos se partirem, folhas farfalhavam e, por fim, passos quando o Sr. Diggory reapareceu por trás das árvores. E junto ele trazia algo nos braços. Que ao ficar mais próximo pude ver que era Winky.

Ninguém se mexeu, e via que o Sr. Crouch não mexia e nem falava nada, apenas observava o Sr. Diggory depositando a Winky no chão. Percebi que todos os bruxos se viraram para o Sr. Crouch.

— Isto... não pode... ser — disse o Sr. Crouch aos arrancos. — Não...

E saiu em direção ao lugar em que foi encontrada Winky.

— Não adianta, Sr. Crouch — gritou o Sr. Diggory para ele. — Não há mais ninguém aí.

Mas o Sr. Crouch não deu ouvidos e só ouvia ele andando por todos os lados.

— Meio embaraçoso — disse o Sr. Diggory sombriamente, contemplando o corpo inconsciente de Winky. — O elfo doméstico de Bartô Crouch... quero dizer...

— Pode parar, Amos — disse o Sr. Weasley baixinho. — Você não acredita seriamente que foi o elfo? A Marca das Trevas é um sinal de bruxo. Exige uma varinha.

— É — disse o Sr. Diggory —, e havia uma varinha.

— Quê? — exclamou o Sr. Weasley.

— Olhe aqui. — O Sr. Diggory ergueu a varinha e mostrou-a ao Sr. Weasley. — Estava na mão dela. Então, para começar, violação da Cláusula 3 do Código para Uso de Varinhas. Nenhuma criatura não humana tem permissão para portar ou usar uma varinha.

O Sr. Bagman aparatou no mesmo instante ao lado do Sr. Weasley. Parecendo sem fôlego e desorientado.

— A Marca das Trevas! — ofegou ele, quase pisoteando Winky, enquanto ficava girando e olhando o céu. — Quem fez isso? Vocês apanharam quem fez? Bartô! O que é que está acontecendo?

O Sr. Crouch voltou a aparecer e de mãos vazias. Via que seu rosto continuava branco como o de um fantasma e torcia tanto o bigode quanto as mãos.

— Onde é que você andou, Bartô? — perguntou o Sr. Bagman. — Por que é que você não assistiu à partida? E o seu elfo ficou guardando uma cadeira para você... Gárgulas vorazes! — Ele acabara de notar Winky caída aos seus pés. — Que foi que aconteceu com ela?

— Estava ocupado, Ludo — disse o Sr. Crouch, ainda falando aos arrancos como antes, além de mal mover os lábios. — E o meu elfo foi estuporado.

— Estuporado? Por gente nossa você quer dizer? Mas por quê...?

De repente ele entendeu; olhou para o crânio, ainda no céu, baixou-os para Winky e, em seguida, ergueu-os para o Sr. Crouch.

Não! —exclamou ele. — Winky? Conjurou a Marca das Trevas? Ela não saberia fazer isso! Para começar precisaria de uma varinha!

— E tinha uma — disse o Sr. Diggory. — Encontrei-a segurando uma, Ludo. Se o senhor não se opõe, o Sr. Crouch, acho que devíamos ouvir o que ela tem a dizer em sua defesa.

O Sr. Crouch não disse nada, mas o Sr. Diggory levou isso como sim. Ergueu a varinha e apontando-a para Winky disse:

Enervate!

Winky foi acordou aos poucos. Abriu os olhos lentamente e os piscou várias vezes de um jeito meio abobado. Ela observava a todos que estavam a sua volta em silêncio, e depois foi se levantando. Vi-a erguendo os olhos assustada para o Sr. Diggory ao seu lado, e depois olhou para o céu. Ao ver o crânio, ela soltou uma exclamação, olhou a clareira em volta, agitada, e irrompeu em soluços aterrorizados.

— Elfo! — disse o Sr. Diggory severamente. — Você sabe quem eu sou? Sou do Departamento para Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas!

Winky começou a se balançar no chão para frente e para trás, a respiração saia em fortes arquejos.

— Como você está vendo, elfo, a Marca das Trevas foi conjurada aqui há alguns instantes — disse o bruxo. — E você foi descoberta, pouco depois, logo embaixo dela! Sua explicação, por favor!

— Eu... eu... eu não estou fazendo isso, meu senhor! — Winky ofegou. — Eu não estou sabendo, meu senhor!

— Você foi encontrada com uma varinha na mão! — vociferou o Sr. Diggory.

Eu estava sentindo um grande aperto no coração de ver a Winky daquele jeito. Será que ele não percebia que estava assustando-a?

Meus pensamentos estavam tão ligados na Winky, que acabei me assustando quando Harry disse do nada:

— Ei... é minha varinha!

Olhei para o Harry e depois desviei o olhar para o Sr. Diggory reparando na varinha que ele segurava. E realmente era a varinha de Harry.

— Perdão? — disse o Sr. Diggory incrédulo.

— É a minha varinha! — repetiu Harry. — Deixei-a cair!

— Deixou-a cair? — repetiu o bruxo incrédulo. — Isto é uma confissão? Você se desfez dela depois de conjurar a Marca?

 Era só que me faltava agora!

— Amos, lembre-se de com quem está falando! — disse o Sr. Weasley, muito zangado. — Acha provável que Harry Potter conjure a Marca das Trevas?

— Hum... claro que não — murmurou o Sr. Diggory. — Desculpem... me empolguei...

— Em todo o caso, não a deixei cair lá — disse Harry, indicando com o polegar as árvores debaixo do crânio. — Dei por falta dela logo depois que entramos na floresta.

— Então — disse o Sr. Diggory, se virando novamente para Winky encolhida aos seus pés, com um olhar duro. — Você encontrou a varinha, não foi, elfo? E você a apanhou e pensou em se divertir com ela, é isso?

— Eu não estava fazendo mágica com ela, meu senhor! —guinchou Winky, as lágrimas correndo pelos lados do nariz achatado e grande. — Eu estava... eu estava... eu estava só apanhando ela, meu senhor! Eu não estava fazendo a Marca das Trevas, meu senhor, eu não sei fazer!

— Não foi ela! — Hermione e eu acabamos dizendo ao mesmo tempo. Eu olhava furiosa para o Sr. Diggory, estava com muita raiva dele, a forma que ele tratava a Winky a culpando. Principalmente pelo fato dele a chamar de elfo, que merda, ela tem nome.

Troquei olhar com Hermione que parecia também furiosa. Mesmo com todos esses bruxos, nos mostramos decididas e com um aceno, Hermione começou a falar.

— Winky tem uma vozinha esganiçada e a voz que ouvimos dizer a fórmula era muito mais grave!

— Exatamente, a voz era muito diferente, parecia a voz de um homem e não de mulher — digo. Olhei para os lados à procura de Harry e Rony, à procura de apoio. — Não parecia nada com a voz da Winky, parecia?

— Não — confirmou Harry, sacudindo a cabeça. — Decididamente não parecia voz de elfo.

— É, era uma voz humana — disse Rony.

— Bem, logo veremos — rosnou o Sr. Diggory, sem se impressionar, parece que o que dissemos entrou por um ouvido e saiu pelo outro. — Há uma maneira simples de descobrir o último feitiço que a varinha realizou, você sabia, elfo?

Elfo, não! É Winky! Será que não se dá conta disso? Que raiva, ainda não gritei com ele, pois ele é o pai do Cedrico, mas se ele vier falar mais besteira eu não vou me controlar e vou mostrar que eu sou.

Winky estremeceu e sacudiu a cabeça freneticamente, as orelhas abanando, quando o Sr. Diggory ergueu a própria varinha e encostou-a, de ponta com ponta, na de Harry.

Prior Incantato! — rugiu o Sr. Diggory.

Arregalei os olhos ao ver a imagem da Marca das Trevas sair da varinha, mas era uma mera sombra do crânio verde no céu, formado por uma espessa fumaça cinzenta.

Deletrius! — brandou o Sr. Diggory, e o crânio difuso desapareceu transformado em um fiapo de fumaça. — Então — disse o Sr. Diggory com um tom furioso triunfo, fixado Winky, que continuava a tremer convulsivamente.

— Eu não estava fazendo isso! — guinchou Winky, seus olhos reviraram aterrorizados. — Eu não estava, eu não estava, eu não sei fazer!

— Você foi apanhada com a mão na botija, elfo! — rugiu o Sr. Diggory. — Apanharam com a mão na varinha culpada!

Que droga, já dissemos que não foi ela!  — exclamei furiosa, recebendo de indignação do Sr. Diggory. — Será que o senhor não ouviu o que tínhamos dito? — Olhei para Harry, Hermione e Rony que me olhavam espantados. — Por mais que a varinha tenha estado nas mãos dela e a Marca tenha aparecido, isso não quer dizer que foi ela. A voz era diferente, Harry tinha perdido a varinha, por tanto na hora que ele perdeu a pessoa que conjurou a Marca das Trevas deve ter muito bem fugido e jogado a varinha, ou atacado a Winky, e deixando a varinha com ela. De qualquer forma, ela não conjurou nada! Ela é inocente!

Revirei os olhos impaciente.

— E outra, pare de chamá-la de elfo, ela tem nome e é Winky — resmunguei irritada.

— Ora, senhorita, não vou permitir que fale desse jeito comigo — protestou o Sr. Diggory irritado. — Inclusive por ser quem é...

— Amos — disse o Sr. Weasley em voz alta —, já chega! Agora vai culpar a garota? Ela é só uma menina. Pare para pensar, pense um pouco... pouquíssimos bruxos sabem fazer esse feitiço... onde ela, Winky, o teria aprendido?

— Talvez Amos esteja insinuando — disse o Sr. Crouch, a fúria reprimida em cada sílaba — que eu rotineiramente ensino meus criados a conjurar a Marca das Trevas?

Um silêncio profundo e muito desagradável tomou conta no mesmo instante.

Já o Sr. Diggory pareceu horrorizado.

— Sr. Crouch... de... de jeito nenhum...

— Você agora já chegou quase a denunciar as duas pessoas nesta clareira que menos provavelmente conjurariam aquela Marca! — vociferou o Sr. Crouch. — Harry Potter... e eu! Suponho que você conheça a história do garoto, Amos?

— Claro, todos conhecem... — murmurou o Sr. Diggory, parecendo extremamente sem graça. O que me fez sorrir vitoriosa.

— E espero que se lembre das minhas provas que tenho dado, durante a minha longa carreira, de que desprezo e detesto as Artes das Trevas e aqueles que praticam — gritou o Sr. Crouch, os olhos saltando das órbitas outra vez.

— Sr. Crouch, eu... eu nunca insinuei que o senhor tenha alguma coisa a ver com isso! — murmurou o Sr. Diggory.

— Se você acusa meu elfo, você acusa a mim, Diggory! Onde mais ela teria aprendido a conjurar a Marca?

— Ela... ela poderia ter aprendido em qualquer lugar...

— Precisamente, Amos — disse o Sr. Weasley. — Ela poderia ter aprendido em qualquer lugar... Winky? — disse ele bondosamente, virando-se para ela, que acabou se encolhendo como se ele também tivesse gritado com ela. — Onde foi exatamente que você encontrou a varinha de Harry?

Winky estava muito nervosa, torcia a barra da toalha de chá com tanta violência que o pano se esfiapava entre os dedos.

— Eu... eu estava encontrando... encontrando-a lá, meu senhor... — murmurou ela — lá... no meio das árvores...

— Está vendo, Amos? — disse o Sr. Weasley. — Quem quer que tenha conjurado a Marca poderia ter desaparatado logo em seguida, deixando a varinha de Harry para trás. Uma ideia inteligente, não ter usado a própria varinha, que poderia tê-lo denunciado. E Winky aqui teve a infelicidade de encontrar a varinha momentos depois e de apanhá-la.

— Mas, então, ela deve ter estado a poucos passos do verdadeiro responsável! — disse o Sr. Diggory com impaciência. — Elfo? Você viu alguém?

O fuzilei com os olhos. Que merda, será que tão difícil ele falar Winky?

Olhando-a, vi que ela tremia mais que nunca. Os olhos piscaram indo do Sr. Diggory para o Sr. Bagman e dele para o Sr. Crouch.

Então ela disse:

— Eu não estava vendo ninguém... ninguém...

— Amos — disse o Sr. Crouch secamente —, estou muito consciente de que normalmente você iria querer levar Winky para interrogatório no seu departamento. Mas vou-lhe pedir que me deixe cuidar dela.

O Sr. Diggory fez cara de quem não achava a sugestão muito boa, mas acho que pelo fato do Sr. Crouch ser um funcionário tão importante no Ministério, ele decidiu não recusar o pedido.

— Pode ficar tranquila de que ela será castigada — acrescentou o Sr. Crouch friamente.

— M-m-meu senhor... — gaguejou Winky com os olhos cheios de lágrimas. — M-m-meu senhor, p-p-por favor...

E eu quase pensando que o Sr. Crouch tinha um bom senso. Estava batendo palmas por ele ter falado um monte para o Sr. Diggory, mas agora eu vi que era farinha do mesmo saco.

Olhava-o com tanto desprezo e a vontade de consolar a Winky era muito forte. Os soluços dela estavam me dando aflição.

— Esta noite Winky se portou de uma forma que eu não teria imaginado possível — disse ele lentamente. — Eu a mandei permanecer na barraca. Mandei-a permanecer ali enquanto eu ia resolver o problema. E descubro que ela me desobedeceu. Isto significa roupas.

— Não! — berrou Winky, prostrando-se aos pés do Sr. Crouch. — Não, meu senhor! Roupas não, roupas não!

De uma coisa eu sabia dos elfos domésticos era que a única maneira de os libertar era presenteá-los com roupas.

Vendo a cena dela, Winky, aos soluços sobre os sapatos do Sr. Crouch. A vontade de gritar era tanta, eu não aguentava mais, iria acabar explodindo e falar mais coisas. Dizendo que a coitada tinha pavor de alturas, e na hora do ataque, ela estava morrendo de medo. Só que antes de dizer tudo o que pensava, acabou sendo outra pessoa que explodiu.

— Mas ela estava assustada! — explodiu Hermione tão aborrecida, quanto eu, encarando o Sr. Crouch. — O seu elfo tem pavor de alturas, e aqueles bruxos estavam fazendo as pessoas levitarem! O senhor não pode culpá-la por ter querido sair de perto!

O Sr. Crouch deu um passo atrás, desvencilhando-se do contato de Winky, e via-o examiná-la como se fosse algo imundo e podre que contaminava.

— Não preciso de um elfo doméstico que me desobedeça — disse ele friamente, erguendo os olhos para Hermione. — Não preciso de uma criada que esquece o que deve ao seu senhor e à reputação do seu senhor.

Eu juro que queria tanto quebrar a cara dele, arrancar esse resto de bigode ridículo, ou tacar uma pedra bem no meio da cabeça dele. Queria acabar com esse homem! Meu sangue fervia, o choro da Winky era uma tortura, como esse homem pode dizer algo assim dela. Será que não percebe que ela também tem sentimentos?

Ouvi alguém murmurar atrás de mim, era a voz do Sr. Weasley dizendo para gente ir, mas eu não me mexi em nenhum momento. Não conseguia tirar os olhos da Winky aos soluços.

— Susana! Hermione! — chamou o Sr. Weasley com mais urgência.

Virei o rosto para Hermione que encarava Winky.

— Vamos — murmurei em tom seco.

Ela não respondeu nada, mas a partir do momento que deixamos a clareira, Hermione perguntou no mesmo instante.

— Que é que vai acontecer com Winky?

— Não sei — respondeu o Sr. Weasley.

— O jeito como a trataram! — disse Hermione, furiosa. — O Sr. Diggory chamando-a de “elfo” o tempo todo... Susana, você fez muito bem em falar daquele jeito com ele e merecia mais... e o Sr. Crouch! Ele sabe que não foi ela e ainda assim vai despedir Winky! Não se importou que ela tivesse sentido medo nem que estivesse perturbada, era como se ela nem fosse humana!

— E ela não é — disse Rony.

Dessa vez, não só Hermione, como eu me voltei contra ele.

— Isso não significa que não tenha sentimentos, Rony — digo com frieza —, é repugnante o jeito...

— Meninas, eu concordo com vocês — disse o Sr. Weasley depressa, fazendo sinal para a gente continuar andando —, mas agora não é hora de discutir os direitos dos elfos. Quero voltar à barraca o mais depressa que pudermos. O que aconteceu aos outros?

Então explicamos que tínhamos nos perdido deles, e assim voltamos para a barraca. E no momento que saímos, muitas pessoas vieram ao encontro do Sr. Weasley a procura de explicação, perguntando se era mesmo ele. Tudo foi respondido pelo Sr. Weasley impaciente.

Passando pela aglomeração conseguimos chegar na barraca e fomos recebidos por Carlinhos metendo a cabeça pela abertura da barraca.

— Papai, o que é que está acontecendo? — perguntou ele no escuro. — Fred, Jorge e Gina já voltaram, mas os outros...

— Estão aqui comigo — respondeu o Sr. Weasley, entrando na barraca. Nós entramos logo atrás dele.

Gui estava sentado à pequena mesa da cozinha, apertando um braço com um lençol, que parecia ter se machucado feio. Carlinhos tinha um rasgão na camisa e Percy ostentava um nariz ensanguentado. Fred, Jorge e Gina pareciam ilesos, embora parecessem abalados.

— Pegou ele, papai? — perguntou Gui bruscamente. — A pessoa que conjurou a Marca?

— Não. Encontramos o elfo de Bartô Crouch segurando a varinha de Harry, mas não ficamos sabendo quem realmente conjurou a Marca.

Quê? — exclamaram Gui, Carlinhos e Percy, juntos.

— A varinha de Harry? — disse Fred.

— O elfo do Sr. Crouch? — perguntou Percy, parecendo estupefato.

Com muito esforço e ajudando o Sr. Weasley, contamos tudo o que aconteceu na floresta. Só que quando terminei, eu só não taquei uma caneca na cabeça de Percy porque estava muito cansada... Os nervos estavam ao meu limite.

— Ora, o Sr. Crouch tem toda razão em querer se livrar de um elfo desses! — exclamou Percy. — Fugir desse jeito depois que ele o mandou expressamente fazer o contrário... envergonhando o dono diante de todo o Ministério... que iria parecer se ele tivesse que comparecer no Departamento para Regulamentação e Controle...

— Ela não fez nada, só estava no lugar errado na hora errada! — disse bruscamente Hermione a Percy, deixando-o muito espantado. Até onde sei, ela era a que se dava melhor com ele.

— Hermione, um bruxo na posição do Sr. Crouch não pode se dar ao luxo de ter um elfo doméstico que endoida com uma varinha na mão — disse Percy, pomposamente.

— Ela não ficou maluca! — gritou ela de volta. — Ela só apanhou a varinha do chão!
            — Olha aqui, será que alguém pode explicar o que significava aquele crânio?

— Rony, você não ouviu o que eu tinha dito? — questionei sem paciência, sentando-se em uma das poltronas. — É a marca dele, Rony, do Vol... Você-Sabe-Quem. E é óbvio que as pessoas ficaram desesperadas, até onde sei, não é vista há treze anos.

— Exatamente — confirmou o Sr. Weasley em voz baixa. — É como a Susana, disse, não é vista há treze anos. É claro que as pessoas entraram em pânico... foi quase o mesmo que rever Você-Sabe-Quem.

— Não estou entendendo — disse Rony, franzindo a testa. — Quero dizer... é apenas uma forma no céu...

— Rony, Você-Sabe-Quem e seus seguidores projetavam a Marca das Trevas no céu sempre que matavam alguém — disse o Sr. Weasley. — O terror que isso inspirava... você não faz ideia, era muito criança. Mas imagine a pessoa chegar em casa e encontrar a Marca das Trevas pairando sobre ela, sabendo o que vai encontrar lá dentro... — O Sr. Weasley fez uma careta. — O que todos temem mais... temem mais do que tudo...

Houve um silêncio momentâneo.

Então Gui, foi quem quebrou o silêncio, enquanto verificava o corte no braço.

— Bem, não fez nenhum bem à gente esta noite, quem quer que tenha conjurado aquilo. A Marca das Trevas afugentou os Comensais da Morte no momento em que a viram. Todos desaparataram antes que chegássemos bastante próximos para arrancar a máscara deles. Aliás, seguramos os Roberts antes de atingirem o chão. A memória deles está sendo alterada.

— Comensais da Morte? — perguntou Harry. — Que são Comensais da Morte?

— É o nome que os seguidores de Você-Sabe-Quem davam a si mesmos. Acho que vimos o que restou deles hoje à noite, pelo menos os que conseguiram ficar fora de Azkaban.

— Não podemos provar que eram eles, Gui — disse o Sr. Weasley. — Embora provavelmente tenham sido — acrescentou desanimado.

— É, aposto que eram! — disse Rony repentinamente. — Papai, encontramos Draco Malfoy na floresta, e ele praticamente nos disse que o pai dele era um dos idiotas mascarados! E todos sabemos que os Malfoy eram íntimos de Você-Sabe-Quem!

— Mas o que é que os seguidores de Voldemort... — começou Harry. Só que logo parou quando viu todos – menos eu -, se encolheram. — Desculpem — disse ele depressa. — Mas o que é que os seguidores de Você-Sabe-Quem pretendiam fazendo aqueles trouxas levitar? Quero dizer, qual era o objetivo?

— O objetivo? — disse o Sr. Weasley com uma risada desanimada. — Harry, esse é a idéia que fazem de uma brincadeira. Metade das mortes de trouxas quando Você-Sabe-Quem estava no poder foi feita de brincadeira. Imagino que eles tenham tomado uns drinques esta noite e não puderam resistir ao impulso de nos lembrar de um grande número deles continua em liberdade. Uma reuniãozinha simpática — terminou ele desgostoso.

— Mas se eles eram realmente os Comensais da Morte, por que desaparataram quando viram a Marca das Trevas? — perguntou Rony. — Deveriam ter ficado feliz de ver a Marca, não?

— Usa os miolos, Rony — disse Gui. — Se eles eram realmente os Comensais da Morte, se viraram de todo o jeito para não serem mandados para Azkaban quando Você-Sabe-Quem perdeu o poder, e contaram um monte de mentiras de que ele os forçaram a matar e torturar gente. Aposto como sentiriam ainda mais medo do que nós ao ver que ele estava voltando. Negaram que estivessem metidos com Você-Sabe-Quem quando ele perdeu o poder e voltaram às suas vidinhas de sempre... acho que o Lorde não ficaria muito satisfeito de ver essa gente, não é mesmo?

— Então... quem conjurou a Marca das Trevas... — digo pensativa — estava fazendo isso para manifestar apoio ou amedrontar os Comensais da Morte?

— O seu palpite vale tanto quanto o meu, Susana — disse o Sr. Weasley —, mas vou-lhe dizer uma coisa... somente os Comensais eram capazes de conjurar a Marca. Eu ficaria muito surpreso se a pessoa que conjurou não tivesse sido um dia Comensal da Morte, mesmo que não o seja agora... Olhem, é muito tarde, e se sua mãe ouvir falar do que aconteceu vai morrer de preocupação. Vamos dormir mais um pouco e depois tentar pegar um portal bem cedo para sair daqui.

Voltei com as meninas para a nossa barraca. Por mais que eu esteja cansada, eu não consegui dormir tão rápido, o que aconteceu hoje ficou muito grudado na minha cabeça. E então me lembrei do que o Sr. Weasley disse da Sra. Weasley preocupada; acho que quando meu padrinho ficar sabendo ele vai ser outro que vai morrer de preocupação e para acalmá-lo irei escrever uma carta para ele assim que voltar para A Toca.


Notas Finais


E ai, o que achara?


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...