História A Hunter - Capítulo 3

- Não aceito isso! - o garoto rodava pelo quarto bradando os braços enquanto seu valete segurava sua roupa recém-lavada - Acha justo, Kan? E papai nem teve decência de vir me falar pessoalmente.

Releu o bilhete que o pai havia mandado a ele por meio do criado. Estava possesso pelo ocorrido e pela falta de interesse do pai para com ele.

- Não, mi lorde. Venha, você precisa se vestir, a comitiva chegará a qualquer momento. 

- Do que adianta? Ela não estará junto, não receberei nenhum subordinado. - Tritão se aproximou do valete para que ele o vestisse.

- Mas é seu dever de filho mais velho estar em todas as reuniões formais, mi lorde. - ele ajeitou o cinto que prenderia a espada – Ou você prefere que seu irmão o substitua nisso?

- Quando foi que ganhou essa intimidade, Kan? - empurrou o garoto que era quase da mesma idade que si - Você é apenas um empregado qualquer. Trate de se colocar no lugar e deixar de falar asneiras.

- Desculpe mi lorde. Avisarei aos empregados da cozinha que já desce para o café!

- Avise a meu pai que encontrarei ele após o desjejum. - o garoto fez uma reverência exagerada e saiu do quarto.

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- Do que se trata essa conversa, Tritão? - o homem mais velho se dirigiu ao filho.

Estavam em uma sala da torre central, onde o pai lia algumas cartas recém-chegadas de todos os cantos do reino.

- Gostaria de saber o porquê do atraso da comitiva. - Tritão abrandou as palavras para falar com o pai – O senhor havia me prometido que conheceria minha prometida no dia do meu nome.

- Pelo visto, a família Chase achou melhor chegar alguns dias depois de sua comitiva de frente. Alguns ataques aconteceram. Discutirei isso com Lorde Chase quando chegarem.

Poseidon não levantou os olhos das cartas para ouvir o garoto, estava farto dos chiliques do filho em busca de atenção.

- Mas não é justo! Havia me prometido ... - o rapaz repetiu com a voz alterada.

- E o que quer que eu faça? - respondeu-lhe no mesmo tom, o encarando – Vá buscá-la a cavalo para sua festinha? Cresça Tritão, ou será necessário treinar Calleb, Sonnen ou Perseu para lhe substituir.

Sentiu a raiva subir como uma água em fervura assim que ouviu o nome do meio-irmão. Fez menção de sair da sala mas voltou a atenção para o pai. Engoliu o orgulho que vinha à tona, para falar com o mais velho.

- Então podemos adiar o jantar até que ela chegue? - ele falou baixo e exitante.

- Que seja, o jantar ocorrerá no dia após a chegada, seja daqui uma semana ou ano que vem. - ele fez um gesto com a mão, expulsando o filho da sala. - Estou muito ocupado com outros problemas para resolver suas criancices.

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- Entrando, Lorde Chase, acompanhado de seus filhos Malcolm Chase e Annabeth Chase – a voz grave foi ouvida por todos no salão.

Na entrada, os três circundados por diversos empregados se destacavam pelos belíssimos cabelos loiros areia e pelas finas vestes. Frederick, o mais velho esboçava um sorriso sereno no rosto, diferente do filho, que parecia tão tenso quanto a irmã gêmea ao lado. Provavelmente esta era a primeira viagem “diplomata” do rapaz. Já a garota, quem sabe se pelo atraso ou pela preocupação.

- Lorde Chase – Poseidon apertou firmemente a mão do convidado.

- Lorde Ollimpus – Frederick retribuiu o cumprimento.

O salão foi liberado para a refeição, enquanto os Senhores comiam na grande mesa. Coincidentemente, os Chase's conseguiram chegar a tempo para não ser necessário o adiamento da festa, o que alegrou bastante Tritão.

- Permita-me apresentar meus filhos: Sonnen e Calleb. - ele colocou a mão sobre o cabelo de cada descendente enquanto os nomeava – E Tritão, que se tudo organizar-se bem, esposará sua querida filha.

Tritão parecia explodir em fogos por dentro. Lá estava ela, na sua frente finalmente sendo apresentados. Pegou as mãos delicadas da menina e curvando-se, depositou um beijo nas costas. Esboçou seu mais bonito sorriso para ela.

- É uma grande honra conhecê-la, Srta. Chase.

Ela sorriu levemente, ainda acanhada pela grande multidão. O jantar seguiu-se noite afora, como programado. Logo todos na vila já sabiam do que ocorreria dali a três dias, os jovens seriam prometidos, e o casório poderia acontecer em qualquer momento a partir dali.

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- Vamos com isso, Kan, preciso descer rápido. - ele trouxe a roupa de montaria de Tritão – Viu como ela sorriu para mim ontem a noite?

- Não senhor, mi Lorde. Eu não estava no …

Interrompendo o valete, Tritão assume um olhar sonhador para si mesmo através do espelho. Jogou a primeira parte da roupa sobre os ombros, se vestindo adequadamente.

- Cale-se. Esse passeio no campo será perfeito! Desça e avise que já vou para o desjejum. Apesar do meu atraso, hoje o dia será bom!