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História A idade do sucesso - 1- Vida de merda!


Escrita por: LumiSan

Notas do Autor


Olá! 8D
A tia Lumi tem história pra terminar mas veio postar uma nova? Exatamente!
Inspirado em De repente 30 <3~

Capítulo 1 - 1- Vida de merda!


1- Vida de merda:

 

Takanori’s P.O.V   

 

- Taka, levanta logo e vem tomar café.

        Resmunguei qualquer coisa e cobri a cabeça com o edredom. Depois de apenas dois dias de final de semana ainda não estava preparado psicologicamente para enfrentar mais um dia naquele inferno também conhecido como escola.

- Eu não vou falar de novo, Takanori!

        Bufei, empurrando o edredom com os pés. Preguiçosamente desci as escadas descalço mesmo, a barra das calças arrastando no chão. Sentei-me à mesa, coçando os olhos enquanto minha mãe colocava um prato de panquecas na minha frente.

- Você tem que aprender a me ouvir e ir dormir mais cedo, depois fica aí que nem um zumbi andando pela casa...

- Tá bom, mãe.

- E nem vou falar nada sobre suas notas, se eu pegar mais um vermelho no seu boletim o coro vai comer...

- Desculpe, mãe.

- Garanto que isso é influência daquele seu amigo boca de pato...

- Não é, mãe.

- Vocês crescem e acham que são os donos do mundo, que não precisam mais ouvir os pais...

- Eu vou melhorar, mãe.

- Depois que você estiver com trinta anos, morando no meu sofá e fazendo supletivo enquanto trabalha no Mac Donald’s não venha reclamar...

- Isso não vai acontecer, mãe.

- Porque só quando eu morrer é que você vai pensar: “Porque eu não ouvi minha mãe?”...

-...

- Não se presta nem pra lavar um copo, é tudo eu nessa casa...

-...

- Quando eu falo as coisas é para o seu bem, porque você é o meu bebê e eu te amo.

- Eu também te amo, mãe.

- Come logo essas panquecas, tá’ muito cansado pra mastigar também? Não quero saber de você chegando atrasado. Na sua idade eu levantava às cinco da manhã e...

        E mais um dia normal começava na casa dos Matsumoto.

        Comi as panquecas enquanto ouvia pela 37465453 vez a triste história de vida da minha mãe que com vinte e dois anos já havia parada de trabalhar porque achou o senhor Matsumoto, também conhecido como papai, para sustenta-la.

- Se cuida, querido. Não esqueça de pegar seu lanche.

        Recebi um beijo na testa e peguei minha mochila, rumando para mais um dia de martírio.

        Quando você tem dezesseis anos com a altura de uma criança de doze, no meio de selvagens do ensino médio com mais de 1,70, acredite, sua vida pode virar um inferno.

        Ainda mais quando você é um desastre ambulante, que tropeça nos próprios pés, só tira nota vermelha, tem uma risada escrota, é um tanto quanto anti-social, não se dá bem com esportes, não é simpático, bonito ou talentoso...

        Resumidamente, este sou eu.

Também sou um garoto magrela com um senso de moda absurdamente maravilhoso mas nenhum centavo no bolso.

- Bom dia, nanico. Achei que nem ia na aula hoje. Tenho tanta coisa pra te contar. Minha mãe mandou um pedaço de bolo para você, me lembre de te dar... Te dar o bolo, não pense besteira, hahahaha. Mas agora é sério: Acho que o Yuu está preparando uma surpresa pra mim, desde ontem ele está estranho e perguntou se eu prefiro prata ou dourado, o que me faz pensar que só pode ser uma aliança...

        Kouyou era meu amigo havia alguns anos. Ele morava há duas quadras da minha casa, todos os dias íamos para a escola juntos e eu ouvia ele falar, falar, falar, falar e falar mais um pouco durante todo o trajeto.

        Além de ter uma altura invejável, era o antônimo de mim:

        Bonito, gracioso, um estudante nota dez, simpático, comunicativo, educado, caridoso...

        E o mais interessante, de todas suas qualidades, era o “caridoso”, porque nada nesse mundo poderia me convencer que aquele relacionamento que ele mantia com Yuu não era uma puta de uma caridade que iria lhe garantir o melhor lugar que o paraíso pudesse oferecer.

-... E então eu resolvi que vou tentar o loiro mel, pois acho que um platinado iria ficar estranho em mim. Aliás, acho que você iria ficar ótimo loiro.

        Quando estávamos passando pelos portões do inferno... Digo, escola, que voltei minha atenção para a conversa.

- Eu? Loiro? Me poupe, Kouyou.

- E porque não? Você nunca tentou. Só anda com esse cabelo preto, escorrido, sem graça e sem vida.

        Outra qualidade – ou não – de Kouyou era a sinceridade brutal.

        Segurei as alças da mochila e me encolhi ao lado de meu amigo, tentando passar despercebido no meio daqueles trogloditas, mal educados que esbarravam no seu ombro e não pediam desculpa, conversavam com a boca cheia e gritavam para falar.

        Ainda faltavam alguns minutos para a aula começar quando entramos na sala que estava um verdadeiro zoológico, com gritos, risadas, bolinhas de papel voando e alunos sentados em cima das carteiras.

        Corri para meu cantinho próximo à janela, onde gostava de sentar e ficar observando os garotos do terceiro ano fazerem educação física.

        Porque sonhar faz bem e não custa nada.

        Kouyou se perdeu no meio do caminho, conversando com algumas pessoas. Todos o adoravam, os populares, as gostosas, os artísticos, os normaizinhos, os feios, os nerds... e eu, que não me encaixava em nenhum daqueles grupos.

        Pensando bem, Kouyou ter a coragem de dizer que eu era seu melhor amigo para quem quisesse ouvir deveria ser outra caridade que garantiria sua vaguinha lá no céu.

        E por falar em nerd, não demorou muito para o sortudo do século entrar timidamente pela porta.

-Yuu!

        Kouyou prontamente deixou todos falando sozinhos e pulou no pescoço de Yuu, que retribuiu o abraço apenas com uma mão, já que a outra estava ocupada com uma pilha de livros.

        E ter a imagem de Yuu na minha frente me causava emoções contraditórias. Eu ficava extremamente feliz e extremamente triste por ele.

        Deixe-me explicar melhor:

        Yuu era um moreno desengonçado, com cabelos escorridos e negros que chegavam ao meio de suas costas encurvadas e cobriam metade de seu rosto absurdamente espinhento.

        E o que o cabelo não cobria, o óculos gigantesco de armação preta e pesada cobria, o que de repente era um favor para todos nós, já que nos poupava da visão livre de sua cara tão – como diz meu amigo apaixonado – exótica. 

        Agora combine tudo isso com roupas três números maiores, um All Star rasgado e uma personalidade obsessiva por conhecimento, leve desinteresse por sexo, gagueira e senso de inferioridade.

        E isso me deixava extremamente feliz!

        Porque em toda aquela escola, com centenas de alunos, pela primeira vez eu era melhor do que alguém.

        A parte triste da história, que me deixava com pena da criatura, é que eu sabia que quando passasse o efeito da macumba que ele havia feito para conquistar o loiro – porque aquele relacionamento não tinha outra explicação – ele iria ficar acabado. Tirando os estudos, ele só tinha olhos para Kouyou. 

        Acordei de meus devaneios quando senti algo bater na minha cabeça. Levei a mão aos cabelos e encontrei uma bola de papel repleta de cola.

        Dois idiotas sentados em cima de uma carteira riam descontroladamente.

        Haha, que engraçado! Outra mecha de cabelo perdida pelas malditas bolinhas de cola.

        Não demorou muito para a aula começar e todos se acomodarem. O casal vinte sentados bem à minha frente enquanto a carteira colada à minha ficava vazia, já que ninguém queria sentar ao meu lado. A não ser o babaca do Akira, mas graças ao bom Deus ele ainda não tinha aparecido, e mesmo que aparecesse fiz questão de deixar minha mochila sobre a cadeira vazia ao meu lado.

- Vo-vo-vo-cê vai a-a-a-ado-do-rar.

        Observei o desengonço em pessoa puxar um pacotinho de dentro da mochila enquanto os olhos de Kouyou brilhavam. 

- Nossa! Uma bússola. – o loiro sorriu amarelo depois de desembrulhar seu presente.

        A sinceridade brutal de Kouyou só não era usada com Yuu. Pobre pato, não era uma aliança.

- A-a-a histó-tó-tória da bu-bus-sola é bem –in-in-inte-te-ressan-san-te...

        E pacientemente Kouyou ouviu a história da bússola, parecendo encantado com a inteligência do namorado.

        Enquanto uma entediante aula de literatura começava usei a última folha de meu caderno para rabiscar alguns modelos de roupas que eu sonhava ter mas nunca teria dinheiro para comprar.

- Pensa rápido!

        Quase cuspi meu coração pela boca com o susto que levei ao ver um estojo vindo em minha direção mas parar milímetros antes de acertar minha cara.

- Tsc, seu reflexo é péssimo.

        E o babaca que eu havia mencionado antes acabara de chegar. Tirou minha mochila de cima da cadeira vaga, a jogando em meu colo antes de sentar-se ao meu lado, fazendo a sala inteira olhá-lo devido a barulheira que fazia.

- Posso continuar minha aula, Akira?

-Claro, professora, me desculpe.

        Pendurei a mochila no encosto da cadeira, deixando claro em meu rosto o quanto Suzuki não era bem-vindo ali, mas isso nunca pareceu afetá-lo de qualquer maneira.

        Akira era a pessoa mais absolutamente irritante, inconveniente, sem graça, mal educada, bruta e sem desconfiômetro que eu já tive o desprazer de conhecer.

        Esse cara simplesmente me perseguia desde a sexta série com suas piadinhas sem graça, brincadeiras fora de hora e comentários sem noção. Ele basicamente impunha sua presença goela a baixo, eu gostando disso ou não. E o mais interessante de tudo era que ele nunca foi maldoso comigo, aliás, muitas vezes ele me poupou de levar uma surra depois de tropeçar no ar e derrubar o almoço de alguém.

- Seus desenhos são ótimos, deveria investir nisso.

        Cochichou próximo ao meu ouvido, aliás, próximo de mais. Pude até mesmo sentir seu hálito quente.

        Fechei o caderno com força, o puxando contra o peito e, sugestivamente, passando a manga da blusa no ouvido. Qual é, não quero um babaca desses cafungando no ouvidinho.

- Não meta seu nariz de batata nas minhas coisas, Suzuki.

        Akira era o único – depois de Yuu – com quem eu me permitia ser grosseiro sem ter medo de perder os dentes. Apesar de descontraído e folgadão, Akira era uma pessoa do bem, nunca em todos nossos anos de convivência forçada ele havia entrado em alguma briga. 

        E a aula decorreu dentro da normalidade. Chata, entediante, com Akira me cutucando e falando besteiras a cada cinco minutos, Yuu concentradíssimo na matéria e Kouyou divando com seus óculos de leitura. 

        Quando o sinal tocou anunciando o intervalo, me levantei, espichando os braços para me espreguiçar. Foi aí que senti minha calça sendo repuxada na bunda.

        A senhora Matsumoto iria amar quando visse.

- Vish, você não viu esse chiclete antes de sentar, não? – Akira perguntou alto o suficiente para que todos a nossa volta se virassem para mim e rissem do fio grudento de chiclete rosa que se estendia da minha bunda até o assento.

        Cola no cabelo e chiclete na bunda.

        Tinha como piorar?

- Hoje eu vou almoçar com vocês. Tenho ótimos bolinhos de arroz.

        Claro. Um almoço forçado com Akira. Sempre tem como piorar.

        Vida de merda!

 

~Continua...


Notas Finais


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