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História A Intercambista - Apenas um loiro mal-humorado


Escrita por: Minbebe

Notas do Autor


Olá!
Me perdoem por estar sem capa, mas é que gastei toda minha criatividade do dia Kkk
Obs: • A personalidade de Jully é totalmente inspirada na minha.
• Jackson aqui é mestiço, mas possui a mesma aparência que nós conhecemos.
• O pai do Jackson chama Jin, mas não é o do BTS.

Capítulo 1 - Apenas um loiro mal-humorado


Para um bom admirador dos estudos de finanças, conseguir um intercâmbio na Austrália para completar os dois últimos anos da graduação em Ciências Contábeis era um sonho.
Sonho este que consegui realizar.
Posso dizer que isso foi por causa da minha sorte - até então, inexistente - e esforço, porque se fosse depender do dinheiro que eu não tinha, seria impossível estudar na Austrália.
Bom, explicando brevemente: Consegui uma bolsa de estudos do governo para estudar em uma Universidade particular de Minas Gerais e, após dois anos fazendo Contabilidade, candidatei-me à uma bolsa de intercâmbio que a faculdade oferecia e, obviamente, escolhi a Austrália como destino. A Universidade brasileira iria bancar meus estudos no exterior, mas somente eles e a moradia, pois eu quem teria que cuidar da minha alimentação, visto, passagem, etc.
Meu pai e minha irmã me bancaram tudo, como forma de presente, visto que eu ainda era uma bela de uma desempregada. Foi complicado deixá-los, meus poucos amigos também, mas acho que entenderam que foi o melhor pra mim.
Eu havia chegado em Sydney há um dia, porém, como sou levemente lerda estava há horas tentando encontrar o lugar que eu iria morar. Não tinha nenhum tutor para orientar-me de coisas como chegar na Universidade ou encontrar a casa de família, entretanto, eu não reclamaria, estava realizando o sonho de estudar na Austrália e isso já era o suficiente.
Sim, sou apaixonada pelo país. Isso é desde pequena, não me pergunte o porquê.
Olhei novamente o endereço escrito em inglês - o qual eu entendia por ter conseguido aprender com três anos de cursinhos do YouTube, séries e aplicativos gratuitos - e decidi pedir alguma orientação à uma estranha que passava. Eu não havia questionado ninguém até o momento, era tímida e ainda por cima tinha medo de me sequestrarem para roubar meus órgãos.
Paranóica, eu? Nem um pouco.
- Moça. - A chamei com receio, vendo seus passos na calçada pararem e um sorriso bonito surgir em seu rosto. Sorri de volta, já mais à vontade para tirar minha dúvida. - Sabe onde fica essa casa do endereço? - Mostrei a tela do celular para ela, que olhou atentamente. - Eu nunca tinha vindo aqui, e estou mais do que perdida. - Ri sem graça da minha própria desgraça.
A garota, a qual era loira dos olhos azuis e aparentava ser uns cinco mais velha que eu, voltou a olhar para mim.
- Você é intercambista, né? - Assenti com a cabeça. - Por que não pegou um táxi? - "Porque eu gastei o dinheiro​ do táxi com um MC Donald no aeroporto.", pensei, mas ela não deu tempo de responder. - Menina, você deu muita sorte! Quer dizer, eu acho, né!? - Ela falava rápido, tanto que eu me perdia com suas palavras às vezes, mas eu apenas concordava com a cabeça. - Não sei porque a família Wang decidiu ser homestay, mas deve ser alguma coisa de política, não faço ideia. - Ela pareceu pensativa, e eu me sentia cada vez mais perdida. A Universidade brasileira não me colocaria na casa de uma família importante, somente famílias comuns eram escolhidas, então por que o furdúncio todo? - Ah! Desculpa, menina, eu comecei a falar e falar e acabei esquecendo de te dizer onde fica o endereço.
Ela vai me dizer onde é! Amém, Cristo!
- Tudo bem. - Sorri sem graça, tentando transpassar que realmente não havia me incomodado.
Ela começou a me explicar onde ficava a casa, me levando até uma esquina próxima e dizendo onde eu teria que virar e qual o caminho seguir. Agradeci de prontidão, afinal, ela podia falar muito, mas era educada e me ajudou demais.
Seguindo o caminho pelo qual eu deveria, cheguei a pensar que estava indo para o lugar errado, já que no bairro que eu estava parecia ter somente mansões.
- Será que a moça estava certa? - Perguntei baixinho para mim mesma, usando minha língua nativa e sendo olhada torto por alguns que passavam perto. Não é todo dia que se vê alguém falando uma língua estranha sozinho. - Mas não teria sentido em eu ficar em uma mansão dessas. Será que esses Wang's são tão importantes assim?
Por fim, depois de muitos e muitos minutos andando e fazendo questionamentos, encontrei a casa, ou melhor, mansão. Era enorme, e parecia um palácio de tão bem arquitetada externamente. Não possuía muro, e o caminho para a porta principal era feito por pedras diferentes e bonitas, rodeado de flores e uma grama baixinha.
Mesmo receosa e abobada com a dimensão da mansão, segui em frente e toquei a campainha. Alguns segundos depois, a porta foi aberta por uma empregada de meia-idade, com o uniforme parecido com aqueles dos filmes. Ela ficou me encarando, franzindo o cenho ao notar a mala ao meu lado, esperando que eu me apresentasse.
- Boa tarde! - Eu cumprimentei com um sorriso, recebendo um simpático em troca. - Eu sou Jully, uma intercambista brasileira, e a Universidade que eu estudava me passou este endereço. - Desbloqueei meu celular mostrei a tela para ela, vendo-a assentir e voltar a atenção para mim.
- O senhor Wang avisou que uma intercambista chegaria aqui, desculpe-me, eu havia esquecido. - Sorriu soprado enquanto se explicava. - Fique à vontade na mansão. Irei chamar a senhora Wang, no momento ela é a única pessoa da família aqui.
Retirei meus tênis e entrei na mansão quando a senhora me deu espaço, e fiquei ainda mais encantada com a parte de dentro. A sala possuía um lustre enorme no teto, o piso era super limpo e branquinho, e as paredes possuíam um tom creme. Fiquei tão boba com tudo aquilo que só fui perceber que a senhora havia levado minha mala para outro lugar quando ela voltou e me disse que tinha deixado-a em um dos quartos de hóspedes. Se eu tivesse visto ela pegando não deixaria, afinal, Deus me deu um corpo perfeito para que eu pudesse fazer minhas próprias coisas, mas eu apenas agradeci, ela não tinha culpa.
Quando a senhora Wang chegou, confesso que fiquei ainda mais receosa. Não que ela me tratasse mal, pelo contrário, fui recebida muito bem, mas era evidente a diferença de classes e aparência. Ela possuía os cabelos longos, bonitos e claros, olhos esverdeados, um corpo escultural, postura, e vestes que pareciam custar mais que a casa da minha família. E eu com minha pele morena oleosa, bochechas salientes, corpo magrelo, cabelo desidratado e roupas básicas.
O contraste foi grande, só que ela não aparentava ter ligado pra isso, talvez fosse um problema com minha autoestima mesmo.
Ao conversar com ela, descobri que a família Wang era dona de uma rede de colégios famosos no país, estavam tentando fazer uma parceria com o governo para construírem uma Universidade, e abriram as portas de casa para receberem uma intercambista com o objetivo de conquistarem o povo com uma renda mais baixa. A Jay, como vou chamá-la agora, tinha um filho de 24 anos, dois anos mais velho que eu, e que agora tomava conta da administração de um dos colégios com o pai. Pelo que pude entender, o Sr. Wang era chinês e ela australiana, mas Jackson havia nascido em uma viagem estratégica à Toronto, sendo totalmente mestiço.
- Só não se assuste quando eles chegarem, tudo que os homens dessa família têm de bonitos têm de grossos, mas não são más pessoas. - Me alertou com um sorriso no rosto, e agora eu só pensava em receber patadas dos homens da casa. - Jackson, o meu filho, é um pouco mal humorado, e vivo dizendo pra ele que isso é falta de uma namorada. - Não aguentei e ri junto com ela. - O Jin, meu marido, é bastante rígido e leva as coisas a sério demais.
O frio na minha barriga permaneceu constante, e eu só fiquei um pouco mais relaxada quando a própria Jay me apresentou à casa. Tinham tantos quartos e salas que eu perdi a conta, um jardim lindo, uma sauna e uma área de lazer com piscina.
- Ah, com licença. - Ela pediu quando seu celular tocou, indo para uma área afastada dali.
Fiquei apreciando a beleza da água cristalina daquela piscina enorme, suspirando ao ter consciência de que nunca nadaria ali.
Primeiro: eu nunca soube nadar.
Segundo: eu não acreditava que nunca me sentiria à vontade o suficiente com a família a ponto de participar de um momento de diversão.
- Olha, a intercambista é negra! - Assustei quando uma voz levemente rouca e grossa surgiu atrás de mim. Virei em um - quase - pulo, encarando com os olhos arregalados o jovem lindo que estava na minha frente. Ele tinha os cabelos loiros escuros, os olhos num castanho também escuro, parecia ter um pouco de músculo por trás daquela roupa social, e era alto.
Entretanto, parando de ressaltar mentalmente sua beleza, pude perceber que ele deu ênfase na minha raça.
- Você é preconceituoso? - Questionei baixo, dando um passo pra trás.
- Não! - Disse como se fosse óbvio, e confesso que fiquei aliviada. - Negras são atraentes, no geral. Não que você seja, é claro. - Sorriu soprado enquanto eu franzia o cenho com seus comentários. - Duvido que você aguente conviver conosco por muito tempo.
- Por que?
- Você parece ser meio sensível, eu diria até que ficou com medo de mim; e digamos que papai e eu não somos as pessoas mais agradáveis do mundo. - Sorriu ladino, me fazendo ter vontade de quebrar aqueles dentes branquinhos dele.
"Ótimo, eu iria conviver com dois ogros.", pensei.
Não sei de onde tirei ousadia para responder ao nível, talvez fosse o meu orgulho falando mais alto, acabei cruzando os braços e dizendo:
- Pode ficar tranquilo, porque aguentar pessoas ignorantes é o de menos. Já passei por coisas péssimas, e não vou desistir de um sonho simplesmente por causa de falta de educação.
Ele ficou me encarando por um bom tempo com um sorriso debochado estampado no rosto, mas depois acabou por suspirar alto e sair dali, me deixando sozinha e com cara de tacho.
- Oh! - Jay apareceu, tipo, do nada, enquanto guardava o celular no bolso traseiro de sua calça. - O Jackson já chegou ou eu imaginei um vulto do meu filho? - Perguntou divertida e surpresa ao mesmo tempo, ganhando uma risada fraca minha.
- Chegou sim.
- Ele te tratou mal? - Ela parecia preocupada, e eu neguei com a cabeça. - Querida, pode falar, sei como é meu filho.
- Não, sério, ele não me tratou mal. - "Nem tanto.", pensei.
- Ah, fico aliviada então. - Colocou a mão no peito, levemente dramática. - Que bom que ele chegou cedo hoje, assim dá tempo de descansar antes de ir pra universidade.
- Ele é universitário? - Perguntei, não segurando minha curiosidade.
- Sim, ele é formado em Administração e agora está fazendo Ciências Contábeis. - Falou com um sorriso no rosto, mostrando o orgulho que sentia do filho. Entretanto, eu não consegui esboçar reação por estar incrédula com a coincidência. - E você? Faz qual curso?
- Contábeis também... - Sorri sem graça por ainda estar desnorteada com meu azar. - Estou indo pro quinto semestre.
- Não creio! - Tampou a boca com a destra, arregalando os olhos. - Jackson também!
Eu queria me enfiar num buraco, sério. Eu teria que conviver com aquele garoto lindo debochado até na universidade?
- Fico tão empolgada! - Seu sorriso concordava com sua fala, enquanto o meu era mais falso que a... Deixa pra lá. - Espero que sejam bons amigos!

[...] Continua no próximo capítulo.


Notas Finais


Obs: Caso nunca tenham ouvido falar, esse tipo de estadia que a Jully está tendo é chamado de homestay, que também é chamado de casa de família. O intercambista se "hospeda" nessa casa, enquanto o governo concede benefícios pra família anfitriã. Bom, ao menos foi isso que eu entendi, podem me corrigir se estiver errado kkk
Obrigada! ❤


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