Quando o Sr. Wang chegou na mansão - já no fim de tarde -, que pude perceber de verdade o porquê do empresário ter fama de grosso. O homem loiro com a aparência de quarenta e tantos anos conseguiu ser mais desagradável que Jackson.
"Pelo menos Jackson olhou na minha cara.", pensei e revirei os olhos.
Soltando um suspiro alto e com muita preguiça, me levantei da cama macia do meu - agora - quarto, e peguei minhas coisas para ir até o banheiro do mesmo. O espaço que os anfitriões me deram era aconchegante; desde as paredes num tom creme até a cama de solteiro coberta por um lençol de desenhos geométricos.
Enquanto tomava meu banho, resolvi relaxar para tentar tirar a ansiedade que tomava conta de meu corpo. Vez ou outra meus pensamentos voavam para a parte que daqui a alguns minutos eu estaria na universidade dos meus sonhos, mas quando pus-me a cantar foi como se estivesse em um mundo paralelo.
"Voz desafinada, mas o importante é sentir a letra."
Saí do banheiro me sentindo renovada, mas foi só olhar para a mochila preta em cima da cama que meu nervosismo voltou.
Em meio aos meus pensamentos, abria a mala para procurar minha escova de cabelo. Depois de pentear meus fios, tentei fazer algum penteado diferente, mas acabei desistindo e apenas deixando-os soltos, partindo-os no meio.
Como maquiagem, optei por algumas camadas de rímel, um BB Cream de leve, um pouco de blush e um gloss cor de boca.
- É, não ficou ruim. - Sorri para mim mesma no espelho, me observando agora arrumada por completo. Minha roupa era casual: t-shirt cinza com o brasão de Hogwarts, calça jeans preta com um rasgo em cada joelho e um tênis branco da Adidas... Falsificado, é óbvio.
Peguei meu celular e comecei a navegar na internet, tentando entender novamente como funcionava as linhas de ônibus ali, percebendo que o que eu pegaria seria daqui a 30 minutos. A mansão, pelo que olhei no mapa do site, parecia ser cerca que uns 10 minutos até o ponto. Ou seja, eu tinha que ser rápida no lanche da tarde.
Joguei minha mochila nas costas de qualquer jeito, me olhando no espelho para conferir minha aparência de novo, e só saí do quarto depois de ter certeza que estava apresentável. Corri até o térreo, sorrindo ao imaginar mamãe me dando bronca pelo risco de me machucar.
- Olha...! - Jackson surgiu do nada, sorrindo de canto. - A intercambista fica rindo sozinha?
Revirei os olhos e bufei.
"Era demais para ele me chamar pelo nome?", pensei.
- Sim, fico. - Tentei demonstrar o máximo de ignorância possível em meu tom de voz, vendo o loiro lindo franzir o cenho. - 'Que foi?
- Nada, ué! - Deu de ombros e sorriu cínico.
- Ótimo, porque 'tô com pressa. - Passei por ele rapidamente, indo em direção à saída, afinal, seria mais fácil comer meu Ruffles no ponto de ônibus... Se eu não ficasse perdida, é claro.
- Onde você vai, querida? - A voz suave de Jay me fez parar com a caminhada, e acabei virando para olhar nos olhos da anfitriã.
- Vou ir para o ponto de ônibus. - Sorri um pouco sem jeito enquanto coçava a nuca, por nervosismo.
- Quem disse que você vai de ônibus? - Colocou a mão na cintura e franziu o cenho. - O Jackson provavelmente estuda na mesma faculdade que você, já que as outras que oferecem finanças não são tão perto do bairro. Você vai com o Jackson! - O sorriso da loira era tão sincero que me senti desconfortável em dizer que eu não me sentia à vontade com o seu filho, então fiquei quieta e desviei rapidamente o olhar para o rapaz, o qual olhava para a mãe com uma incredulidade estampada no olhar.
- Mamãe, por que eu tenho que dar carona à ela? - Jackson perguntou, tão manhoso que me segurei para não rir de sua infantilidade.
- Porque eu sempre te ensinei a ser gentil, então seria um bom ato você oferecer ajuda a Jully, principalmente por ela não conhecer nada daqui, correr risco de se perder, parar em um lugar perigoso e ser sequestrada.
"Opa, parece que arrumei uma dupla pras minhas paranóias!", pensei enquanto concordava com a cabeça com as últimas palavras da mulher.
- Você é medrosa igual a mamãe? - Jackson perguntou, me tirando de meus devaneios. Respondi com um "Hã?", por não ter entendido sua pergunta mesmo. - Você é sonsa... - Bufou.
Vi sua mãe lhe dando um tapa no forte, e apenas baixei a cabeça sem jeito pela situação, mas ao mesmo tempo queria rir por vê-lo sendo repreendido.
- Enfim... - Ergui a cabeça para observar a loira que voltava a dizer. - Querida, você vai com o Jackson. - Eu iria revidar, mas ela foi mais rápida. - Nós nos propusemos a cuidar de você, e eu não me sentiria à vontade te deixando andar por um lugar que nem conhece. O Jackson vai para a universidade, e você vai junto à ele, é bom que vocês se aproximam. Podemos até tomar um café juntos.
Jay estava tão animada para me aproximar de Jackson que eu chegava a ter dó por saber que o loiro nunca seria meu amigo.
[...]
O caminho para a universidade foi repleto de discussões sobre as músicas que passaria no carro.
Jackson queria Green Day, enquanto eu, BIGBANG. Implicante como sempre, o loiro disse que Green Day era melhor e que o carro era dele, então era sua a escolha final. Quando me dei por vencida, só me restou ficar calada e alternando o olhar entre o rapaz - que cantava baixinho ao som de Holiday - e a paisagem.
Jackson tinha muitos traços asiáticos, mas parecia mais com sua mãe que com o seu pai. Era tão bonito quanto os k-idols que eu acompanhava desde que conheci o BIGBANG, pena que ficava menos atraente por causa de sua personalidade irritante.
- Chegamos, intercambista. - Ele disse naturalmente enquanto saía do carro.
Olhei ao redor pelo vidro, me assustando em ver que realmente estávamos na universidade onde Jackson estudava e, lendo a logo em led da mesma, caiu a ficha de que realmente estudaríamos no mesmo local. Saí do carro ainda sem tirar os olhos da logo, sentindo meus olhos arderem por saber que eu estava realizando meu sonho.
- É igual às fotos. - Deixei escapar baixinho, encantada com a dimensão daquilo.
Quando tirei saí de meu pequeno - grande - momento, pude ver que Jackson não estava ali mais, e que diversos alunos saíam de seus veículos e deixavam o estacionamento, rumo ao real interior do campus.
- Com licença.
Virei para trás ao ouvir uma voz masculina, dando de cara com o rapaz mais lindo que já vi na vida. Sem exageros, ele devia ser um anjo. Toda abobalhada, sorri para o moreno lindo, quase babando, e respondi:
- Oi.
- Você sabe onde fica o bloco das turmas de finanças? - Perguntou, um pouco tímido.
"Ele também era de finanças!", gritei, mentalmente, é claro.
- É que não deu tempo de baixar o mapa antes de vir, e estou perdido e sem internet. - Se explicou, coçando a nuca, parecendo sem jeito.
- E tinha mapa? - Franzi o cenho, assustada.
- Tinha. - Sorriu abertamente, provavelmente achando minha lerdeza engraçada. - Pelo visto você está mais perdida que eu.
- Desculpa. - Pedi, mordendo o lábio inferior, algo que eu sempre fazia quando não sabia o que fazer.
- Tudo bem. - Continuou sorrindo. E, meu Deus, que sorriso... - Desculpa eu quem peço, nem me apresentei. - Estendeu a mão, a qual eu apertei meio desengonçada. - Sou Jaebum, futuro administrador. - Riu divertido, arrancando um sorriso sincero meu.
- Jully, futura contadora.
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