Enquanto eles iam, desenterrei depressa a bolsa de dentro da terra.
- O que você tá fazendo cara!? – Perguntou Célia, me empurrando para longe da bolsa.
- Droga Célia, dá a droga de um tempo! Se algo ruim acontecer é bom termos armas brancas conosco! – Disse, levantando-me do chão e pegando um machado, um pé de cabra, uma faca e um canivete.
- Faz rápido. – Ordenou.
-Tá. – Quando minhas mãos calejadas tocaram o pé de cabra, uma sensação horrível passou-se pelo meu corpo, lembrei-me do que fiz com meus pais, da forma que esmaguei suas cabeças com a maior frieza possível. Senti meu estômago embrulhar-se só de lembrar naquele banho de sangue e tripas, daquele dia terrível.
- Enterra logo essa bolsa. – Ordenou Célia, posicionando-se com o rifle.
Peguei a pá e enterrei rapidamente, arrumando para não ser perceptível a elevação na terra. Ficou tão bem ajeitado que não íamos saber onde estava. Então cortei um pedaço da ponta da minha camisa e amarrei a um galho, cinco passos de distância do buraco. Jogando a pá atrás de uma árvore.
Coloquei as armas brancas sobre minha roupa, de alguma forma, enfiadas ao meu cinto. Posicionei-me perto da cerca, já com o rifle. Mas, não consegui ver ninguém, e nenhum movimento.
- Mas, que diabos! – Soltei o rifle e encarei Célia, que permanecia na posição, observando um belo nada. – Larga essa desgraça! Você tá observando o que? – Disse, dando um tapa em seu rifle. Célia me olhou enfurecida.
- Coloca a droga dessa sniper na cara e cuida do perímetro. – Argumentou, da forma mais imperativa possível.
- Não! Eles já devem estar lá dentro, e a gente não os seguiu para ver onde eles iam entrar, estamos ao que parece na lateral do local e não tem nada nem ninguém! Só uma parede de concreto. – Exclamei.
- Para de gritar, gralha. Que merda, você é uma péssima pessoa para dar cobertura.
- Ah cala essa sua boca, você que não sabe fazer isso, tá aí observando um perímetro VAZIO!
- Tem uma ideia melhor, “gênio”?
- Na verdade sim.
- Coloque-a em prática então.
- Eu vou mesmo. E vai se ferrar.
- Vai você, criança. E cuidado para não atirar em si mesma.
Minha raiva subiu à cabeça, peguei meu rifle, que estava com o silenciador e mirei rapidamente na árvore ao lado de Célia, propositalmente há um palmo de distância de sua cabeça. Dando um tiro certeiro na árvore. Célia jogou-se no chão.
- Você surtou, sua imbecil? – Exclamou.
- Quando estiver em perigo, não clame pela minha ajuda.
- Sua ajuda é inútil, você também.
Mostrei o dedo do meio e saí correndo, percorrendo o perímetro da cerca, até chegar a parte traseira de Terminus. Percebi movimento, então escalei rapidamente uma árvore ali. Tive a imagem, mesmo sem o rifle, de Rick, Michonne, Daryl e Carl com as mãos para o alto e suas armas no chão. Eles estavam na mira de 4 rifles, sobre o telhado do Terminus. Rick olhou para trás, gelei, torcendo para que ele não me visse.
Então, os caras do lado de fora do Terminus levantaram-se, apontando suas armas para Rick. Seria fácil mata-los.
Assim que Rick, Carl, Michonne e Daryl adentraram um vagão, e o cara que os ordenava se distraiu, um dos caras a minha frente abaixou-se. Dei um tiro certeiro e silencioso em sua cabeça. Haviam mais 4. Tirei meu velho revólver com silenciador do bolso. Apontando o rifle para um lado e o revólver para o outro. Dei dois tiros certeiros. Os dois que ainda estavam vivos me viram. Enquanto pulei da árvore, mirei o revólver para a direita e o rifle para a esquerda, um foi certeiro, o outro não.
Senti a bala raspar com tudo em meu braço.
- Filho da puta. – Disse enquanto caía ao chão.
O vi vindo em minha direção e levantei-me rápido, jogando meu machado em sua direção, acerto seu ombro, fazendo-o cair e derrubar a arma que segurava. Fui até o mesmo e dei uma faca na cabeça, antes que ele gritasse. Peguei a faca e o machado e saí dali.
Eu estava sangrando muito, então acabei por cair ao chão, quando já anoitecia. Apaguei.
Já era dia quando acordei, não sabia quanto tempo passei desacordada, e isso me assustou, e se eu tivesse sido deixada para trás? Levantei-me caminhei, voltando ao ponto onde Célia estava. Só que ela não estava mais lá. Ao seu lugar, uma mulher com cabelos grisalhos, vestindo um lençol cheio de sangue e tripas com fogos de artifícios em suas mãos, Apontou uma metralhadora para mim. Apontei meu rifle.
- cadê minha irmã? – Questionei. – Cadê a garota loira que estava aqui.
- Onde estão o garoto de boné e a mulher com a faca? – Perguntou ela, na hora abaixei a arma.
- Você os conhece? – Perguntei.
- Sim, vou atirar em você se não me deixar entrar.
- Calma, eu pertenço ao grupo do Rick... Você deve ter desaparecido ao ataque da prisão...
- O que?
Expliquei como encontrei Rick e os outros, rapidamente, ela explicou-me seu plano e disse que não sabia se todos estavam dentro do vagão. Ela vasculharia o perímetro em busca de mais alguém. Carol, como ela se apresentou, explodiu a cerca, passou um pouco de sangue de zumbi em minha face e disse que me proporcionaria cobertura, enquanto eu fosse para o vagão e ela fosse atrás do resto.
Corremos entre os zumbis, e então nos separamos. Com minhas armas a mão e meu braço sangrando, corri até o vagão. O caos havia começado, quando uma quantidade enorme de zumbis adentravam o interior de Terminus, fazendo com que todos dali fossem tratar de mata-los. Dei a volta no vagão e abri com dificuldade suas trancas, abrindo a porta com toda minha força e dando um passo para trás.
- Suprise, motherfuckers. Desculpe-me, eu sempre quis dizer isso! – Exclamei, levantando meu rifle.
- Cassie! – Ouvi a voz de Carl, vendo-o vir em minha direção, pulando o vagão. Ele veio até mim e me abraçou de tal forma que eu nem me importei com a dor do meu braço. Seus braços circularam minha cintura e levantaram-me do chão, rodopiando meu corpo. Logo soltou-me de volta ao chão e então estabeleceu uma troca de olhares estranha para mim.
- Que bom que está... – Fui interrompida, seu rosto veio próximo a mim depressa, tendo seus lábios tocados aos meus. Meu Deus, Carl estava me beijando...
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