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História A Lenda de Nós - Que Desate em Nós


Escrita por: Hall e busanct

Notas do Autor


Isso não são horas de postar, eu sei!

Mas era pra ter saído sexta á noite, só não saiu porque cheguei muito tarde, e ontem, idem. Por favor, perdão, acabei de terminar a capa da fic e tem bastante coisa errada nela, assim que tiver mais tempo eu corrijo, ó não queria deixar de postar.

Tänhren = Tae
Känhren = Yoongi
Shindîn = Jimin

Chega de falar, até o fim do rolamento, beijos na bunda.

Capítulo 1 - Que Desate em Nós


Fanfic / Fanfiction A Lenda de Nós - Que Desate em Nós

— Seu cara de terra!

— Orelhudo!

— Não são orelhas, é meu presente do deus do mar!

— Foi o que a sua mãe te disse, orelhudo?

— …

— …

— Foi.

— Se a tia disse, então é verdade.

 

O pequeno Shindîn apenas observava a interação de seus dois irmãozinhos postiços. Como eram bobos aqueles dois, ambos poderiam se concentrar em comer seus espetos de lula como ele.

 

Afinal, lula é muito mais gostoso que briga.

 

não é?

 

Notou que seu espeto já se encontrava vazio e, silenciosamente, tomou o espeto dos outros dois meninos que agora discutiam quem acreditava mais nas palavras da tia Mänra. Shin tinha medo daquela mulher, apesar de ser muito carinhosa e sempre fazer uma mousse delicioso com leite de baleia.

 

E ela tornava-se ainda pior, sempre que discutia com sua outra tia, Nahvi, a mãe de Känhren.

 

Ambas tinham algum tipo de rixa antiga, Shin não entendia bem, mas já ouvira sua vovó comentar que ambas culpavam uma a outra por terem perdido seu amor, que pareciam ser a mesma pessoa. Como se ele tivesse ignorado o sentimento das duas e se apaixonado por outra.

 

Shin não entendeu a lógica. Afinal, ele já tinha se decidido: só iria se apaixonar por espetinho de lula!

 

Afinal, o espetinho nunca o deixaria na mão. Custava apenas três denários e ele o fazia sentir cheinho e aconchegado. Aquilo era, sem dúvidas, amor.


 

— Aish, seu porco! Não acredito que roubou meu espetinho. — Tän tentou tomar-lhe o resto do espeto, mas Shin enfiou os dois na boca em uma velocidade tão grande que sentiu-se uma das sereias corredoras das Olimpíadas. — Ei, já é o quinto espeto que fica me devendo.

 

— Nada de lula para quem briga! — Foi o que Shin pensou dizer, apesar de ter soado como “nana ne nuna nana nem nina”.

 

— Você vai ficar um porco se continuar comendo tanto.

 

Tän riu.

 

— Ficará igual aquele animal que a professora mostrou — pôs suas mãozinhas em frente a boca, mas não pode segurar o escândalo de sua gargalhada. — como era o nome?

 

— Vaca? — Kän anunciou estufando as bochechas para segurar o riso, mas no fim, ambos explodiram em uma gargalhada alta.

 

Shin fez bico. Aqueles dois poderiam viver em pé de guerra, mas quando se juntavam para perturbá-lo, se tornavam insuportáveis!


 

Uma das sombras passou sobre eles, e Shin olhou para cima, ainda zangado. Sua zanga, no entanto, abandonou-o assim que viu qual navio era.

 

— São os pescadores!

 

Ambos os risonhos olharam para cima, boquiabertos.

 

— Ele demorou hoje. — reclamou Tän.

 

— Eu não gosto de esperar. — completou Kän.


 

Parecia desinteressante, mas o trio passava suas tardes após as aulas sempre ali, próximo ao cais, mas ainda em mar aberto. Esperavam os pescadores e, quando chegavam, apostavam qual pegaria mais peixes, o perdedor pagaria o espetinho do dia seguinte.

 

Claro que suas mães não sabiam disso.

 

Todos na cidadela temiam o cais, pelos rumores dos Marinos que eram sequestrados por piratas Terrâneos, Shin nunca soube o que os piratas faziam, pois os adultos não diziam
às crianças, mas deveria ser algo realmente ruim.

 

Ele tinha apenas dez anos, mas sabia que os seres da terra e do mar não deveriam se misturar.

 

Na primeira aula do ano, todos os anos, todos os professores contavam a mesma história: em 2025, ano em que nascera, foi revelado ao público Terrâneo a existência dos Marinos. Houveram muitas brigas, algo sobre uma área 51 onde faziam experiências com Marinos que por desfortúnio, foram pegos por Terrâneos, também algumas coisas sobre medo do que somos.

 

Mas aqui no mar, dizia vovó, era ainda pior. Nós sempre soubemos dos Terrâneos, sempre tivemos medo deles e sempre os odiamos.

Vovó dizia que os “nojentos da terra” nunca nos fizeram nada além de mal, jogando lixo e poluindo nossos domínios e destruindo todos os nossos lares.

 

Eu não entendia bem o que isso significava, mas entendia uma parte: Os Terrâneos eram maus.


 

Entretanto, eu não tinha medo dos piratas, nem do lixo e nem da tal Àrea 51. Achava apenas fascinante como seus cabelos pareciam não se mover, a menos que tivesse... Qual o nome? Vento?

 

Isso soa gostoso.

 

Qual será o gosto do vento? Seria apaixonante como o de lula? Pensar nisso me fez sentir fome outra vez, enquanto colocava os espetinhos sujos na mochila de Kän, sem que ele percebesse.


 

— Eu quero o da bóia verde! — Anunciou Tän.

— E eu a azul! — Kän virava-se preguiçosamente na enorme âncora onde sempre nos sentávamos.

 

Há muito tempo, algum navio a deixara cair, provavelmente pela corda ter arrebentado. Agora, a âncora encontrava-se cercada por lodo com exceção apenas da parte em que geralmente nós sentamos.

 

— Não sei por que anunciar. Nós sempre escolhemos as mesmas cores.

 

Não seria para menos que eram nossas cores favoritas. Eu ouvi dizer, que os Terrâneos tinham cabelo de luto, com cores apenas castanhas e pretas. Os mais coloridos eram loiros e laranjas.

 

Como os Terrâneos podem viver?

 

Aqui embaixo, quando um pobre menino tem a infelicidade de nascer com um cabelo escuro, ele se torna motivo de piada pública. Não é algo que eu desejaria para ninguém. Mas ao que me contaram, quando um Terrâneo pinta seu cabelo para ter alguma vida, só então ele se torna motivo de chacota.

 

Vovó tem razão em chamá-los de loucos.

 

Como sendo um de nossos maiores orgulhos, as cores favoritas de cada marinho costumam ser a de seu cabelo.

 

Kän tinha os cabelos e olhos negros como uma toca de enguias, que contrastava perfeitamente com suas mechas azuis, discretas, porém fortes. Praticamente descreviam sua personalidade. E Shin, sempre que repara em seus cabelos, lembra-se da sopa de Lula com algas azuis que sua avó faz tão bem.

 

— O que está fazendo? — Kän preguiçosamente tirou sua atenção da pescaria e virou a cabeça (o quanto podia) para Shin que colocara alguns fios que bruxuleavam pelas águas, em sua boca.

 

— Eca! — Cuspiu os fios, enquanto o amigo lhe encarava

com seu melhor olhar de “Sério? Por que será?” — Seu cabelo não tem gosto de sopa de lula.

 

O amigo inflou as bochechas, magoado, enquanto Tän gargalhava dele.

 

— Sopa de lula! Sopa de lula! — traquinava Tänhren.

 

— Aish. — Kän cruzou os braços ainda de bochechas cheinhas, e virou-se para a pescaria novamente. Se animou assim que observou a situação. — Ele pegou, ele pegou!

 

Ambos os outros garotos assustaram-se ao ver a vara de pescar com a boia azul fisgando um Beta verde que nadava por perto.

 

— Ei, eles não podem pescar esse! — Kän gargalhava do escândalo de Tän — Pare de rir, é sério! Eles não podem pescar Betas por aqui, apenas sardinhas e salmão.

 

— Eu não gosto quando pescam salmão também. — Shin se manifestou.

 

Antigamente, as vilas Marinas eram separadas por clãs. Ele não entendia sobre isso, já que reservava suas aulas de história da professora Lämba Rinha* para colocar o sono em dia. Assim como a maioria da turma. Porém, sua Vovó adorava falar disso.

 

“Era uma época maravilhosa, sabe?” Dizia ela. “Os mares eram melhores quando éramos sinceros quanto às nossas rivalidades e apenas assumiamos não gostar de outros clãs, não é como a falsidade que temos hoje, de fingirmos gostar dos Terrâneos.”

 

Shin, apesar de não se interessar muito por história, adorava ouvir sua avó contar dos tempos antigos. Mesmo que nem sempre concordasse com ela. Nesse caso por exemplo, ele se lembrava que a maioria dessas rivalidades entre clãs quase se tornaram guerras. E ele entendia que guerras eram como brigas: Não tinham gosto de espetinho.

 

No entanto, em meio às histórias, Shin aprendeu que cada clã tinha um animal marinho como seu símbolo, ou algo assim. Os antigos, incluindo sua avó, ainda acreditavam que estar próximos de seus animais regentes lhes dava poder, e perdê-los, tirava.

 

Sempre que via um salmão ser pescado ou servido em um prato, Shin sentia-se enjoado e triste, como se tivesse vendo Tän ou Kän naquela situação, como se perdesse um amigo.

 

Shin entendia o sentimento de Tän com aquele Beta, só não esperava que o menino fizesse o que fez.

 

Havia uma linha imaginária, traçada pelos garotos para que nunca se aproximassem demais dos navios, dessa forma não correriam perigo de ser vistos ou atingidos.

 

Mas Tän simplesmente ignorou-a, e correu com seus cabelos loiros repletos de mechas verdes tremulantes junto às suas barbatanas que se repuxavam para trás, dada a velocidade que nadava em direção ao cardume de Betas, que no momento, nadavam muito afastados de suas colônias no leste.

 

Os outros meninos tiveram reações opostas, Shin entrou em pânico e estagnou onde estava, enquanto Kän gritou algo como “Cérebro de plâncton”, que com sua língua presa soou como “Celeblo de planton” e disparou atrás do amigo.

 

Mas para a surpresa de ambos, novamente, Tän não foi tirar o Beta do anzol, fez uma curva em direção ao resto do pequeno cardume enquanto tirava seu casaco do uniforme escolar e abraçava-os com ele. Acelerou novamente até a beira que dava na parte mais aberta do mar, aquela que ia em direção às fazendas de baleias e algas da zona Leste da vila, e soltou-os ali.

 

Os peixinhos que pareciam usar vestido, espalharam-se para se juntar outra vez um pouco à frente e nadar de volta para casa.

 

Aliviado, Shin permitiu-se voltar a pensar. se levantou e nadou até onde Kän havia parado.

 

— Ele é um bobão.

 

— Sim — Shin afirmou — Um bobão de orelhão.

 

Os dois riram.

 

— não riam dos outros pelas costas! — Tän gritou, ainda virado para a direção que soltara os peixinhos, garantindo que seguiriam um caminho seguro.

 

Um salmão parou ao lado de Shin, que acariciou-lhe as lindas barbatanas brilhantes. Ele era lindo.

 

— Se você virar para cá, eu rio de você pela frente também. — rebateu Kän.

 

Shin permitiu-se rir disfarçadamente da interação dos dois.

 

— Nós perdemos a contagem… — comentou ao perceber que o de boia rosa pescava uma sardinha — quem vai pagar o espeto amanhã?

 

— Tän deveria pagar. — Respondeu-lhe Kän — ele quem nos preocupou.

Tän resmungou, magoado, mas concordou. Logo acima deles, a sombra do pequeno navio de pesca oscilava pelas pequenas ondas do alto mar.

 

— Será que algum dia nós vamos conhecer um deles? — Shin questionou-se, observando o movimento do navio.

 

Os outros estranharam, mas entenderam a pergunta assim que viram para onde o rosado olhava.

 

— Não parece uma boa ideia, e eu sou péssimo nas aulas de coreano. Talvez você e o Tän conheçam algum.

 

— Será que eles vão conseguir pronunciar nossos nomes? Eles falam tão estranho…

 

Os olhos de Shin brilharam pelo reflexo do sol na água, e ele animou-se.

 

— Vamos criar nomes Terrâneos para nós!


 

— Você é doente? — Manifestou-se Kän.

— Legal! — anunciou Tän ao mesmo tempo.

 

Ambos se olharam incrédulos.

 

— Pare de ser chato. — Tän reclamou.

— Ei, eu não sou chato.

— É sim.

Kän grunhiu.

— Vamos então.

 

Os mais novos comemoraram.

 

Shin sentiu um toque fino e frio em sua nuca, mas ignorou.

 

— Vamos logo antes que eu desista de permitir essa perda de tempo. — reclamou.

 

Shin riu.

 

— Então você consente? — Olhou sapeca para Tän, que logo entendeu o objetivo do amigo.

 

— Você deve se chamar Yoon.

 

Shin riu, ele se lembrou da aula de coreano, em que o professor explicava alguns verbos e adjetivos, que em coreano eram considerados os mesmos, já que um adjetivo seria como “ser aquilo”. Confuso e chato. Mas era a aula que gerava as melhores piadas.

 

Naquela aula, o professor que gostava de ser chamado de Eric Nam, como seu nome Terrâneo, ensinou também a palavra Yoon, que significava consentir. Agora, sempre que emprestavam algum brinquedo, brincavam com essa palavra.

 

— Ei, seus bobões! — ambos riram.

 

— YoonGi — Tän gritou e Yoongi passou a correr atrás do garoto depois de alguns segundos tentando entender.

 

Gi supostamente significava bravura. Apesar de não ser bravo nesse sentido.

 

Os meninos claramente não eram tão bons em Coreano.

 

— Min Yoongi — Shin e Tän riram, e até mesmo o, agora, Min permitiu-se parar de perseguir o amigo para rir junto. Ser chamado de “O rápido Bravo que Consente” não era assim tão ruim afinal.


 

— Até que não ficou ruim… Mas e vocês? Vai imitar meu nome outra vez, Tän? — Um sorrisinho diabólico demais para uma criança surgiu nos lábios do mais pálido dos três.

 

— Claro que não! — Reclamou Tän. — quero o nome mais diferente do seu possível.


 

A mãe de shin ria sempre que lhe contava a história das mães de seus amigos. Ambas sentiam raiva uma da outra, porém quando mais jovens, ambas eram muito próximas. Por esse motivo, ainda não sabiam diferenciar os sentimentos que tinham.

 

Quando Känhren nasceu, fora batizado assim, como o Bom Grande, Tia Mänra, querendo ser superior, deu ao seu filho o nome Tänhren, que seria o “Mais Grande”. Ambos tinham nomes únicos, já que não existiam antes na língua Légola conhecimento com pessoas usando a palavra grande.

 

Esse tipo de coisa era quase um costume Terrâneo: Usar palavras de forma inteligente para criar nomes.

 

Para Shin isso era apenas dor para sua cabecinha. Não queria entender seu nome.

 

— Sinceramente, eu devo ter um nome cheio de pedras preciosas. Para quem sabe chegar perto de como sou incrível.

 

— Então isso é a tal arrogância que a vovó disse? — Shin questionou mais para si próprio, mas acabou por fazer Tän se emburrar, e o Min gargalhar.

 

— Eu estava falando sério! Algo como Kim Tae.

 

— Que nome sem graça, Tänhren. — Comentou Min.

— Está meio sardinha. — Concordou Shin.

— Pequeno.

— Você não é bom nisso. — Ambos pareciam ter um consenso sobre a falta de tato do amigo.

 

Erc*, vocês são insuportáveis! — Reclamou-se o “Muito Cristal Dourado” pelo que chutava ser seu nome, com o pouco de Coreano que sabia. — Pois bem, Kim Taehyung. Fica menos incompleto.

 

Kän fez uma careta, e prosseguiu, ignorando seu amiguinho.

 

— E você, Shin?

 

— Eu gosto do meu nome… — Shindîn estava tímido.


 

Ele realmente gostava de seu nome, e não conseguia pensar no motivo para um Terrâneo ser tão importante ao ponto de merecer chamá-lo por um de seus nomes.

 

— Depois eu quem sou sem graça — queixou-se Tae.

— Fique quieto, menino dourado. — Yoongi riu do outro, que se emburrou novamente.

— Erc.

— Pare de repetir “Erc”.

— E-R-C. — Soletrou o loiro, já se pondo a nadar para longe do amigo.

 

Shin sentiu novamente o toque frio, agora em seu pescoço. Limpou delicadamente com as pontas dos dedos, com medo de ser algum peixinho. Ele não queria machucá-los.


 

— Mas — Tän parou bruscamente, e Kän o acompanhou, quase chocando-se com ele. — Se nós temos nomes Terrâneos, significa que iremos lá para cima algum dia?

 

Shin se arrepiou. Ir lá para cima? Isso não parecia nada saudável. Talvez ficar e comer espetinhos fosse mais agradável à sua saúde.

 

Sentiu o toque gélido ainda em sua derme, desta vez, subindo lentamente e arranhando sua pele imaculada.

 

Assustado, o menino se desesperou e debateu-se contra o que quer que fosse aquilo.


 

Péssima idéia.


 

O que ele descobriu depois ser um anzol, prendeu-se em sua orelha como o mais dolorido e assustador brinco de todos, arrancando-lhe um grito exasperado que imediatamente chamou a atenção dos amigos.

 

Levaram alguns segundos para cair a ficha dos meninos. Por que ele estava puxando a própria orelha? Não, não era ele quem puxava. Então olharam para cima e repararam em uma linha brilhante, fina e quase imperceptível. Uma linha de pesca.

 

Só então puseram-se a trabalhar, Tän pensou pouco, apenas nadou afoito até o amigo e passou a tentar cortar a linha com os dentes, sem muito sucesso. Kän demorou-se um pouco mais, maquinando um plano de um segundo e logo em seguida disparando a nadar, mas não em direção ao rosado.

 

O novo Min, dando jus ao seu nome “ágil”, foi até onde se encontravam as mochilas dos amigos, junto à grande âncora, onde pegou uma tesoura escolar e voltou onde ambos se desesperava: Shin segurando a linha, muito próximo ao anzol, e Tän um pouco acima, cortando seus lábios com a linha, mas sem se importar com a dor.

 

Kän cortou a linha transparente, que rapidamente se encolheu, desaparecendo em direção à superfície.

 

Quem sabe o que aqueles pescadores pensaram ter encontrado? Kän notou que, curiosamente, a boia da vara que quase pescara Shin, era a cor de rosa.


 

Que coincidência trágica.


 

Ambos os três se encontravam sentados na areia que dançava levemente junto a fraca corrente que passava por alí, estavam estagnados e perplexos, como se esperassem sua alma travessa voltar do passeio.


 

Tän foi o primeiro a emitir algum som, que foi o de seu choro assustado.

 

— Eu achei que nunca mais fosse te ver! — ele se agarrou ao amigo, ignorando o sangue que empapava seus cabelos róseos e tremeluzia na água ao seu redor — Que você iria ser comido por aqueles porcos que fedem a terra no almoço, com uma travessa de salmão!

 

Kän queria chamá-lo de bobão e rir dele por ser tão otário (palavra que havia aprendido havia pouco tempo e já amava), mas só então percebeu que tremia, e que seu corpo também se retorcia em um choro sofrido.

 

Ao invés de se reprimir, o menino se jogou sobre ambos os amigos, abraçando-os com força.


 

O que antes era um total silêncio, agora era um perfeito coro de três crianças chorando.


 

— Ai. — Reclamou Shin depois de um tempo — Kän, está encostando na minha orelha.


 

Os três se separaram, tímidos por se verem tão próximos, porém, tristes por se afastarem.


 

Os três foram embora e ficaram de castigo, por irem à um lugar tão perigoso como o Cais, principalmente após Tän deixar escapar que sempre iam lá. Foram colocados para estudar após as aulas, com a supervisão da avó de Shin, o que não era tão ruim, visto que ela sempre lhes fazia comida gostosa e que eles mais brincavam e jogavam video-game que estudavam.

 

Quanto à orelha de Shin, os adultos retiraram o anzol e, depois de higienizado, Shin quis ficar com ele, como um símbolo e uma lembrança da amizade dos três.



 

— Como pode a língua dos Terrâneos ser tão estranha? — Questionou-se Shin novamente. — Uma mesma palavra significa um conjunto de pessoa que inclui você e algo feito para segurar uma rede de pesca. — Eu preferia estar comendo espetinho…

 

Os três revisavam o conteúdo de Coreano para a prova, não porque queriam, mas porque, após seis meses de castigo, seus pais acharam uma boa ideia a seção de estudos após o almoço e mantiveram o costume.

 

Não que os meninos estivessem a favor.

 

— Talvez as duas não sejam completamente diferentes. Quem sabe elas não tenham o mesmo significado. — Tän se mantinha tão concentrado (no desenho que fazia em seu caderno, claro), que não percebeu como pareceu inteligente falando. Em seguida ele levantou a cabeça sorrindo bobo — Ou talvez eles estivessem sem criatividade. — Shin pensou que, talvez, não tão inteligente assim.

 

— Se vocês puderem calar as suas respectivas bocas e terminar essa revisão para podermos zerar o jogo ainda hoje, eu vou agradecer eternamente. —  Kän estava até mesmo de bom humor.


 

Shin remexeu seu brinco em forma de anzol, um hábito que adquirira.


 

Sim, talvez os dois Nós não fossem assim tão diferentes. Afinal, o que tinha com seus amigos, já havia se tornado mais que um laço. Era eternamente mais apertado, e mantinha-lhes muito mais unidos. Eles eram um nó de marinheiro, daqueles que unia várias cordas e as tornavam maiores.

 

Shin imaginou que novos nós e laços criaram-se durante sua vida, mas sua reflexão foi interrompida por uma voz feminina, rouca e agradável.


 

— Quem quer bolo de algas? — Ouviram a senhora de cabelos rosa escuros gritar da cozinha.

 

— Nós vamos ter tempo para zerar depois — Kän já se levantava e ia em direção à voz da senhora. Shin riu.



 

Quem diria que seu próximo laço seria o que ele mais iria querer desatar?


 


Notas Finais


*ERC - Expressão ou vício de linguagem Marina, algo como Aish ou vish.
*Lämba Rinha - Entenderem? Tipo, Lambari HAUHAUHAUHA perdão.

Dessa vez não vai ter divulgação, (ou sim).

Esse é o link da fic original da Side, caso você não tenha vindo dela, recomendo muitíssimo ler:
https://spiritfanfics.com/historia/a-lenda-do-amar-9728723/

Eu estou morrendo de sono, mas se já tiverem comentários antes de ir dormir eu já respondo, ok? Tia Hall ama cêis tudo.

×Beijokas da Lauroka


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