História A Louca Vida de Kim Jung-Hee - Capítulo 5 - Lembranças de omma: Um dia de princesa

Capítulo 5 – Lembranças de omma:
Um dia de princesa 

— Ok, hora de me arrumar como se fosse meu último dia de vida! - Assim que termino de limpar a casa inteirinha, me ponho de frente para meu guarda-roupa, já buscando por alguma roupa descente. - O que eu vou usar? 

Depois de batucar o dedo no queixo umas seis vezes, acabo por pegar todos os cabides e os jogá-los em cima da cama. O que foi, são poucos! Volto a ficar encarando as roupas, e depois de batucar o dedo no queixo mais seis vezes, acabo por decidir a coisa que eu deveria ter feito antes. 

— NAM!!! - Berro no corredor e logo vejo um louco correndo desesperado. 

— O que? Mais uma lagartixa? - Arregalo os olhos e fico olhando em volta de mim, apenas para confirmar que aquele excremento em forma de réptil não estava pensando em ficar perto de mim. Ah, só uma informaçãozinha: eu tenho medo de lagartixas. 

— Eu sei que você não é um irmão gay, mas... - Ele revira os olhos e dou um sorriso amarelo. - Você poderia me ajudar a escolher uma roupa pro jantar beneficente? - Alargo meu sorriso e ele o chacoalha, entrando no meu quarto. 

— Eu sabia que você ia me chamar. - Ele começa a mexer nas poucas roupas entre os cabides. - Aconteceu a mesma coisa no seu baile de formatura, no casamento de Jackson, até um dia que você ia para o parque de diversões pela primeira vez você me pediu ajuda! - Ele diz, completamente convincente de si mesmo, e apenas reviro os olhos ao me direcionar até ele. 

— Só me diga o que usar logo... - Encaro o relógio. - Yoongi vai estar aqui em menos de duas horas, e eu ainda estou com cheiro de água sanitária e suando feito uma porca. - Namjoon dá uma breve risada. 

— Ok, ok... - Ele começa a visualizar cada peça. - Você vai ter que ir formalmente, não é? - Afirmo com a cabeça. - Já sei... - Ele sai em disparada do quarto, não pra onde, e logo chega com uma caixa velha e empoeirada. - Aqui. - Ele me entrega e quando abro a caixa, sinto meu coração parar de bater. - Talvez agora as roupas da omma sirvam em você... 

Dou um pequeno sorriso, me lembrando de todas as vezes que havia pegado todas aquelas roupas antes do acidente, me fingindo de adulta e quase morrendo ao tentar andar de saltos. Depois de tudo o que aconteceu, não fiz questão de mexer em qualquer coisa que pertencesse aos meus pais, principalmente aqueles vestidos. 

Aquilo era uma relíquia, e provavelmente a coisa que mais me deixava próxima das lembranças com omma. 

— É, talvez sirvam... - Mordo o lábio inferior, segurando o choro, e jogo todas as minhas roupas no chão para deixar espaço aos vestidos. - Hora de caçar alguma coisa boa. 

Jogamos tudo o que tinha na caixa pelo colchão, já vendo os tecidos caros que ainda tinham boa aparência e boa qualidade. Claro que acabei não pegando os mais curtos, se não me enganam acabei sendo mais alta que ela, omma sempre foi baixinha. Separei todos os decentes e com um ar de formal, porém um deles fizeram os olhos de Nam brilharem. 

— Uah, é o vestido que ela usou no seu último aniversário... - Respiro fundo ao encarar o tecido rosado, que me fazia ficar arrepiada. O acidente ocorreu exatamente um dia depois daquela festa. - Mas acho que você não vai querer usar ele. - Ele o joga longe, pedindo para que eu não ficasse mal. Fiquei? Com certeza, mas eu precisava ser forte, já aceitei tudo e preciso agir como uma adulta. - Que tal esse? 

Nam ergue um vestido longo vinho tomara que caia, completamente lindo. Da cintura para cima, ele era cheio de brilhos e pedrinhas que pareciam ser bem caras, e a saia era reta, sem chances de ser um pouquinho rodada. Era aquele. Aquele era o vestido perfeito para a ocasião. 

— Esse mesmo. - Penso em pegá-lo com a mão e o sentir, porém eu me lembrei que eu estava sem condições de não injetar meu cheiro com um simples toque meu. - Quer saber? Você podia muito bem fazer o favor de deixá-lo um pouquinho no sol... - Ele sorri e afirma com a cabeça, já saindo do quarto. 

— Vai rápido que logo, logo trago ele pra você.  

Dou um grande sorriso e vou correndo até o banheiro, porém Tae estava indo pra lá na mesma hora e, assim que me notou, apressou o passo e entrou no banheiro primeiro que eu. Merda, por que é que isso sempre acontece? 

— Taehyung, vai logo que eu vou sair e preciso ficar arrumada! - Bato em sua porta e escuto o mesmo rir baixo. Ah, não. Deu ruim. - Taehyung, eu não estou brincando! 

— Ah... Awn... Ah... - Aquele filho de uma mãe... Por que é que ele sempre tem que gemer quando eu estou o apressando pra sair do banheiro? - Não dá, noona... - Ele diz rouco. - Eu estou... Ah, ocupado... - Reviro os olhos e começo a socar a porta. 

— Garoto, você pare com essa gracinha que você vai é gemer de dor assim que eu conseguir entrar nesse banheiro! - Não adiantou nada. Ele continuou gemendo feito um ator pornográfico. - KIM TAEHYUNG! - Começo a virar a maçaneta várias e várias vezes, já me preparando pra fazê-lo se arrepender dessas brincadeirinhas idiotas. - Taehyung, eu vou contar até cinco, se você não abrir essa porta você vai se ver comig... - Puft. Tae abriu a porta na mesma hora que eu tentava arrombá-la, e acabei indo pro chão, mas me levanto rapidamente. - Eu tô bem. - Olho para meu irmão mais novo, com um pouco de raiva. 

— Ops. - Ele finge de surpreso. - Acho que você caiu... - O encaro com ódio, e ele rapidamente sai da minha frente, me dando espaço para poder usar o banheiro. 

[...] 

Saio do banheiro enrolada na toalha, já me direcionando para o relógio e apressando meu passo para o quarto quando vejo que tenho uma hora para me arrumar.  

Mal tranco a porta atrás de mim e já jogo a toalha na cama após me secar, colocando meu sutiã e minha calcinha em apenas três segundos, as duas peças juntas, e indo me maquiar. 

— Hum, será que eu deveria deixar os lábios ou os olhos mais escuros? - Fico me encarando no espelho, pensando nas múltiplas possibilidades. - É, olhos... - Pego minha pequena maleta, onde apenas tons das cores rosa e preto tinham destaque, e retiro de lá o que usaria. 

Lápis preto, sombra preta, cinza e branca, delineador, rímel e um gloss cor de rosa. 

Pronto. Aquilo era o suficiente, além de claro preparam minha pele. 

Assim que termino, me viro para a cama e visto meu vestido, logo me encarando no espelho e me sentindo com uma dor no coração. Eu realmente estava parecida com a omma daquele jeito... Só faltava um pequeno detalhe. Pego uma mecha de cabelo de cada lado de minha cabeça e as prendo atrás, liberando espaço para a minha testa e deixando meus olhos mais visíveis. 

— Hee? - Escuto Jin me chamando na porta do quarto. - Já são seis e meia, ok? - Afirmo com a cabeça, mesmo sabendo que ele não via o que eu estava fazendo, e abro a porta, recebendo um olhar enorme de meu irmão mais velho. - Nossa, você... - Ele me olha dos pés à cabeça e me dá um sorriso no final. - Está linda. - Sorri com vergonha e pego meus saltos que estavam atrás da porta. 

— Eu sei que você ia falar que estou parecendo a omma, não precisa simplesmente inventar algo... - Dou um pequeno sorriso e desço as escadas, tentando respirar direito. De verdade, enxergar minha omma no espelho não foi uma das melhores coisas... 

— Hee, você... - Nam diz para si mesmo assim que paro no último degrau da escada e vejo meus outros dois irmãos jogando, porém os mesmos pararam tudo assim que me olharam. - Tem certeza que você não tem mais quinze anos? - Dou um grande sorriso. - Deus, parece que ontem você estava indo no baile da escola, e agora... - Ele se põe de pé e vem até mim. - Parece uma mulher bem madura. - Desvio o olhar, com vergonha. 

— Se você não fosse minha irmã, eu juro que eu iria tentar algo contigo... - Dou um peteleco na testa de Tae assim que o besta diz essa coisa horrível e o dirijo um olhar feio pra ele. - Eu estou elogiando você, mal agradecida! - Bato em seu ombro novamente e escuto a campainha tocar. 

— Eu atendo... - Digo indo até a porta. Mas... Nem são sete horas ainda para ser Yoongi!  

Realmente, não é o Yoongi. 

— Oi, Tae, eu... - Jungkook arregala os olhos assim que vê a irmã mais velha de quem ele estava procurando à sua frente, indo logo em direção ao decote com o olhar. - Hee? - Ele pergunta, tentando não olhar para o local proibido. 

— Sim. - Digo seca, o olhando indiferente. - O que quer com Taehyung? - Pergunto enquanto cruzo os braços. Merda. Isso só piorou as coisas... 

— Ah, eu... - Ele molha os lábios, com mais dificuldade ainda em não encarar meus dois amigos melões. - Eu... Vim aqui pra devolver o jogo dele, só isso mesmo... - Ele engole em seco e tenta fingir um sorriso. Palhaço. 

— Ok. - Dou passagem para que o mesmo entrasse. Ele entrega o jogo e já vai indo embora. 

— Até outro dia, Hee. - Ele diz apressado, com a mão entre as pernas. 

E você acha mesmo que eu não entendi o motivo? Aish, que horror... 

— Estranho... - Digo indo em direção aos meninos. - Bem estranho... - Os três dão risada e me sento no sofá, porém na mesma hora a campainha tocou novamente. - Aish, de novo! - Nem terminou de encostar meu bumbum no estofado e volto para o caminho para a porta, com uma cara não muito boa. Porém isso acabou assim que girei a maçaneta... 

— Olá, senhorita... - Semicerro os olhos e ele aumenta seu sorriso. - Quer dizer, olá Jung-Hee. - Dou um sorriso sem os dentes, já ouvindo meus irmãos pigarreando atrás de mim. 

— Olá, senhor... - Ele faz o mesmo gesto que o meu e dou uma pequena risada. - Olá, Yoongi. - Ele abaixa o olhar, seguindo um caminho com os olhos dos pés até a cabeça, me olhando espantado. Ai, será que está muito forçado? 

— Está muito linda, Jung-Hee. - Ele dá um pequeno sorriso e sinto minhas bochechas ficarem rosadas. 

— Ah... - Começo a coçar miha nuca de nervosismo. - Obrigada, o senhor também... - Engulo em seco. - Seu terno realmente é bonito. - Dou um sorriso forçado. - Não que o senhor  não esteja também, é que... Aish! - Escuto três risadinhas irritantes e sinto minhas bochechas queimarem mais do que já estavam. - Desculpe por gaguejar, eu só queria dizer que também está muito lindo, Yoongi... - Digo abaixando a cabeça e ele sorri. 

— Então... Podemos ir? - Ergo a cabeça novamente e afirmo com a mesma sorrindo, indo em direção aos meninos. 

— Bom, eu vou voltar tarde, então se virem pra lavar a louça. - Os três reviram os olhos. 

— Só não vá pra casa dele fazer outras coisas, Hee. - Bato no ombro de Taehyung e o mesmo começa a rir feito retardado. 

— Jin e Nam, controlem essa peste e não o deixem dormir tão tarde. - Tae bufa. - Pode ficar acordado até meia-noite, nada mais que isso. - Aperto seu nariz e dou um beijo na bochecha de cada um. - Me desejem sorte. - Sussurro e viro as costas, porém escuto passos atrás de mim. 

— Prazer, Min Yoongi. - Ao ver meu chefe dando um aperto de mão com Jin, sinto parar de respirar na hora. 

— Prazer, Kim Seokjin... - Meu irmão dá um pequeno sorriso. - Só espero que eu não me arrependa de dizer essa frase, caso faça alguma coisa para a minha irmã. - Fecho os olhos e nego com a cabeça. Que. Vergonha. 

— Pode ficar tranquilo, vou tratá-la da melhor forma possível. - Recebo um pequeno sorriso de Yoongi. - Vamos? - Afirmo com a cabeça e seguimos até seu carro. 

[...] 

O salão do jantar era enorme, várias pessoas conversavam entre si elegantes enquanto uma música clássica tocava por um pianista. Aquilo realmente parecia uma cena de filme, e eu nunca imaginei que viveria alguma coisa do tipo na vida real, nunca mesmo! 

— Uau. - Acabo dizendo sozinha, sentindo um sorriso de Yoongi, que apenas deu seu braço para que eu conectasse o meu nele. - É muito lindo... 

— É, a família de meu cliente é muito refinada e sempre pensa em cada detalhe, principalmente nas escolhas que o marketing deve tomar. - Ele diz enquanto reverenciava para as pessoas que ele conhecia. - Se a senhorita se sentir desconfortável, me diga que iremos embora imediatamente. - Dou um sorriso e afirmo com a cabeça. - Ah, ali está o meu cliente! - Ele aponta para uma mesa, onde a única coisa que pude notar foi o bicho encaracolado que estava preso no alto da cabeça de alguém. - Boa noite, senhor Choi... - Yoongi diz sorridente, e sinto que alguma coisa estava por vir. 

— Ah, senhor Min, que bom ver o senhor por aqui! - Yoongi dá um sorriso. - E veio bem acompanhado... Uma moça bem bonita. - Dou um pequeno sorriso e reverencio. - Bom, essa aqui é a minha família... - Ele passa o braço por toda a mesa. - Minha esposa, Yuna, meu genro, Hoseok... - Puta. Merda. Não, não é possível... - E minha filha, que me ajudou bastante com tudo na festa, Yerin. 

Assim que aquele nome é dito e a mesma, com o bicho encaracolado na cabeça que na verdade era o próprio cabelo dela, se vira para a nossa direção, me sinto realmente num filme, porém na parte em que o personagem em questão diz em alto e bom som... 

... NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOOOO!!!! ...