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História A Luz da Espada - A Turbulenta Viagem


Escrita por: TheFadedOne

Capítulo 1 - A Turbulenta Viagem


O sentimento com o qual o jovem Isaac acordou era diferente, turbulento. Uma ansiedade, ou até mesmo medo, ia e voltava, como se estivesse alojada em seus vasos sanguíneos. Tal sentimento transparecia em sua respiração, irregular e de maneira que o fazia ofegar. Sua testa estava molhada devido à fria transpiração. Com a trêmula mão direita, afastou algumas mechas que lhe tapavam a visão. Já sem nenhuma barreira, sua visão acostumava-se à familiar escuridão do quarto. Lentamente, o garoto reconhecia o brilho das inúmeras medalhas que havia ganhado em competições de jiu-jitsu, tênis, basquete e algumas outras modalidades. O esporte sempre fez sua vida, e, desde criança coleciona suas medalhas e troféus e os guarda com muito esmero. Eram várias as prateleiras que preenchiam as paredes de seu quarto: fotos, medalhas, alguns troféus, miniaturas de personagens que ele mais gostava, pôsteres, desenhos entre outras coisas. 
        Ficou de joelhos no colchão para abrir a janela atrás de si. Tapando os olhos por conta da claridade, abriu por completo a janela. Um ar gelado invadiu o quarto acompanhado de sua luz. Isaac não sentia o calor do sol batendo no rosto enquanto se encolhia, então decidiu abrir os olhos para visualizar a cena que costumava sempre ser acompanhada do sol matutino revigorador. Não viu nada do que esperava ver. Os pássaros e seus cantos jaziam escondidos em algum lugar; as árvores eram golpeadas violentamente por um vento barulhento; O céu se encontrava cinza, quase tempestuoso e a rua estava vazia e era ainda iluminada pelos postes de luz, já que o sol não havia se mostrado e tudo continuava escuro a a não ser por aquele cinza fúnebre de fraco brilho. Era um cenário que fugia do conceito de noite e dia. Poderia tanto ser a tarde quanto de noite. As imensas nuvens tampavam tudo que poderia ser luz vinda de fora.
         Em qualquer outro dia, Isaac teria fechado a janela por conta do ar frio e tornado a se deitar. Porém, naquele específico dia ele não poderia faltar ao colégio. Se encontrava no fim do ano letivo e precisava fazer todos os testes que lhe passassem. Um destes testes aconteceria a apenas algumas horas. Com um lamento, fechou a parte de vidro da janela e levantou da cama num pulo. Se encaminhou à porta do quarto. Desceu as escadas para o primeiro andar, onde uma música familiar soava rápida e suave ao mesmo tempo. Era a sinfonia número 40 de Mozart, a preferida do avô de Isaac. O garoto aprendera a apreciar a música clássica e muitas outras coisas consideradas antiquadas ou velhas. A companhia de Henry, seu avô, causara isso. Henry criara Isaac desde seus 7 anos, época em que ambos compartilhavam de uma imensa e cruciante dor: a dor da perda. Se não fosse por seu vô, o garoto teria se perdido em tristeza, mágoas e em tantos outros malefícios que a vida pode te propiciar. O homem fora, sem dúvida nenhuma, um grande mestre na vida de Isaac: o ensinou a transformar dor em esforço, choro em mais esforço e raiva em mais esforço ainda. Esforço este que fora todo transferido ao esporte e leitura. Aprimorara seu intelecto a uma maneira surpreendente para sua idade. Adorava filosofia, teologia e história. Sociologia, astronomia e até mesmo ufologia. Muitas foram as vezes em que ele observara as estrelas junto do velho Henry no telhado da casa. Muitas foram as vezes que ambos derramaram lágrimas juntos por conta de doídas questões que jamais saberiam as respostas. Henry chorou a cada medalha e a cada vitória de Isaac. Tudo isso construiu um laço tão poderoso entre os dois, que nem mesmo a maior das mentiras ou a pior das verdades poderiam desmantelar a relação entre eles.  
       A medida que descia as escadas, além da música, o cheiro do café da manhã preencheu-lhe as vias respiratórias. Fechou os olhos num curto momento de genuína satisfação quando seu estômago se manifestou em resposta. Quase toda a mobília da casa era vinda dos anos 50, fato que Isaac gostava. Passou pela sala, com uma grande mesa em formato de círculo de madeira escura e suas altas cadeiras de cedro. A grande janela estava fechada e era coberta por uma grande cortina. Esta se encontrava à direita da mesa. À esquerda de Isaac se encontrava o sofá e a grande tevê. A cozinha não tinha porta, então foi possível ver o velho Henry dançando ao ritmo da sinfonia de Mozart. Cantarolava e fazia algo semelhante ao que uma bailarina sem pés faria. Seu roupão vermelho esvoaçava enquanto ele girava em torno da mesa no centro da cozinha. Esta, por sua vez, estava cheia de pães, bolinhos e biscoitos. O leite preenchia uma daquelas clássicas garrafas de vidro e duas xícaras emanavam fumaça, assim como o bule ao lado delas. Isaac adentrou a cozinha com um sorriso, acompanhando os desajeitados passos do velho com os olhos. 
   ------ Acha que eu não o notei aí criança ?----- Disse, de repentino, Henry em meio à música.------ Eu tenho uma alma dançante, como você sabe muito bem! 
    Isaac riu enquanto baixava a cabeça e cruzava os braços. Sentou-se à mesa e disse:
  ------ Vamos velho. Gostaria de comer com você e não assistir a uma apresentação fajuta----- riu. 
 ------- Muito bem----Respondeu Henry, sentando-se à frente de seu neto----- Você acordou cedo hoje, o que aconteceu? 
 ------- Não sei... Acordei num susto----- Ambos pegavam pãezinhos, torradas e xícaras para se servirem.----- O despertador só vai tocar daqui uns minutos. Deve ter sido o vento lá fora que me acordou. 
   Henry, olhou-o com a dúvida estampada no rosto enquanto segurava a xícara quente. Ele não parecia ter mais de 60 anos. Era um homem elegante, apesar das gracinhas. Parecia ser um daqueles atores da década de 50, que envelheceram e ficaram ainda mais bonitos. Seu cabelo era quase todo branco, sempre penteado para o lado esquerdo de quem via. 
 ------ Ora, mas o tempo lá fora está perfeitamente limpo!---- Disse Henry enquanto bebericava o café. Isaac não disse mais nada. Tinha certeza de que era uma brincadeira do avô. 

 

Passados alguns minutos, Isaac se encontrava na porta da frente, com uma grossa blusa e a bolsa nas costas. Estava agachado amarrando os cadarços. Henry veio lhe trazer a lancheira e, abrindo a porta e pegando-a ao mesmo tempo, despediu-se de seu avô. Um forte vento golpeou Isaac no rosto e fez voar suas mechas castanhas. Cerrou os olhos e ergueu o zíper da jaqueta até tampar os lábios e deu o primeiro passo para fora de casa. A rua estava vazia e os postes ainda acesos. O céu parecia ainda mais carregado e as árvores dobravam-se ligeiramente perante à força do vento. Folhas voavam em pequenos rodamoinhos e era possível ver algumas sacolas de plástico voando pelo céu. O rapaz começou a caminhar sentindo o vento lhe empurrar de leve. Um mau pressentimento invadiu-lhe e ele apertou o passo. O frio era congelante, diferente da ''chama'' que Isaac sentia dentro de si. Um sentimento diferente com o qual havia acordado. Este, de agora, parecia ser uma espécie de coragem... 
      Caminhou alguns minutos. Estava quase no colégio quando ouviu o primeiro trovão ribombar. Estava tudo muito escuro até o raio cruzar os céus e iluminar boa parte da rua e da cidade. '' Droga! Devia ter ficado em casa!'' este foi o pensamente que fez a mente de Isaac no momento. Qualquer um consideraria aquele tempo como uma simples tempestade não tão incomum. Mas Isaac sentia e sabia que havia uma coisa de errado... Algo, com toda a certeza, estava prestes a acontecer. Pôs-se a correr em disparada e, como se tivesse esperando a deixa, o vento ganhou força total, atirando Isaac de cara ao chão. Com um grunhido de dor, ele tentou se levantar. Não conseguiu, pois o vento triplicara de potência e força. Seus cabelos chicoteavam enquanto era empurrado pra frente. Sua bolsa lutava pra se desprender dele. O vento lhe causara surdez. Tapou os ouvidos enquanto se encolhia no chão. Escondeu a cabeça entre os braços, como uma tartaruga se esconde dentro do casco. O chão tremeu e ele sentiu pedras voando sobre suas costas e pernas. Mais uma vez o chão tremeu violentamente, porém, desta vez Isaac ouvira. Eram raios caindo logo atrás dele. Ele abriu os olhos, decidido a levantar e correr, e viu os clarões dos raios ao seu redor. Um zumbido preenchia seus ouvidos e ele esperava não ter ficado surdo permanentemente. Uma onda de adrenalina o fez levantar num impulso e correr. Era como se houvesse alguém invisível ali, dando-lhe murros e empurrões fortíssimos, de modo que o fazia cair em cheio no chão. Novamente, o vento lhe golpeara, fazendo-o cair de lado e rolar até a calçada. Uma dor tomou-lhe a cabeça. Havia cortado o rosto logo acima do olho direito. A força do vento o pressionava no chão, de modo que Isaac mal podia se mover. Decidiu, em meio ao desespero, que o melhor a ser feito era se manter de bruços. 
    Os raios golpeavam furiosamente o asfalto, abrindo vários buracos de onde voavam estilhaços. Isaac se virava para contemplar o caos ao seu redor: inúmeros raios caíam -quase sem intervalo de tempo- por toda a cidade, apesar do foco ser onde o garoto estava. Árvores se encontravam incendiadas, telhas se desprendiam das casas, galhos se partiam emitindo um ''CREC'' característico. Uma das telhas veio voando em direção ao rosto do menino, que, graças ao reflexo que tinha, conseguiu erguer os braços em defesa. Porém, depois da dor que sentiu, tinha certeza de que havia quebrado um dos antebraços. Soutou um grito de genuíno desespero, mas, nem mesmo ele ouviu devido àquele caos todo. Será que ninguém dentro das casas poderia vir ajudá-lo? Será que havia, de fato, alguém dentro de qualquer uma das casas? Com esse questionamento, ele se virou novamente de bruços e tentou se levantar, lutando contra algum tipo de pressão. Engatinhou alguns centímetros enquanto observava aquele show de luzes de raios, clareando toda a cidade. Foi quando finalmente estacou devido ao pânico. O medo perante à força da natureza havia finalmente vencido: Um raio, Muito maior e mais brilhante que os outros caiu a cerca de 100 metros dele. Pedras enormes voaram e algumas atingiram-no nas costas; o chão vibrou mais forte do que nunca. Como tudo aquilo poderia estar acontecendo daquela forma, tão repentinamente? Isaac já estava em um estágio além de querer sobreviver, pois sabia que não conseguiria; ele tinha apenas se entregado ao que quer que viesse. Jamais havia se sentido tão pequeno e inferior. 
      O colossal raio abriu uma cratera na rua, fazendo explodir encanamentos de água. Então, contra toda a razão possível, O garoto ignorou o sentimento de perigo e correu até o buraco em disparada. ''Por quê estou fazendo isso?!'' pensou, enquanto observava o corpo agir. O vento lhe golpeava, fazia-o cair e ele se levantava novamente. Apenas se sentia imensamente atraído pelo que quer que estivesse no fundo daquela cratera. Mais raios no caminho: ele tampava o rosto mas as suas pernas não paravam. Havia uma batalha acontecendo dentro dele no momento. Finalmente, depois de quedas e tropeços, ele chegara à borda do buraco. Ele esperava ver uma enorme marca incandescente no fundo ou fumaça, simplesmente. Mas no fundo ele sabia que não veria nada daquilo. O seu cérebro, que clamava por explicações, deixaria o cargo de tentar buscar alguma razão depois de registrar o que os olhos viram no fundo daquela cratera. O que estava lá era algo parecido com uma galáxia em espiral, girando como um vórtex, quase criando um tufão. ''O que..''  Isaac desistira das perguntas.  Muitas e muitas cores giravam naquele poço. Era possível ver estrelas! Ou miniaturas delas. Ele apenas se ajoelhou na borda e observou. A imagem da mini galáxia tremulou e um braço saiu lá de dentro. Era coberto por uma luva metálica, como se pertencesse a uma armadura. A mão se contorcia com o esforço de sair de lá até que finalmente se fechou, com uma força que emanou impacto. Ela então começou a brilhar e emitir tanta luz que forçou Isaac a fechar os olhos.  A luz de repente cessou e o garoto abriu os olhos a tempo de ver o cometa, que aparentemente saíra da misteriosa mão, voando em sua direção. O cometa, de luz dourada, atingiu-lhe o peito e o fez voar. Provavelmente, seu cérebro julgou que já era demais para uma mente sã processar, e decidiu desligar todos os sistemas. 
     O garoto, com apenas dezesseis anos e sobrevivente de um caos, mergulhou profundamente no silêncio e na escuridão da inconsciência. 

        

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

evigorador. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Notas Finais


e


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