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História A Luz Que Nos Tira Da Escuridão - A Crise


Escrita por: Aly_Aomine

Notas do Autor


Então, eu não sei pq eu não achei, mas muitas pessoas podem achar esse capitulo pesado.
Então eu já vim nas notas para avisar antecipadamente!

Capítulo 13 - A Crise


 

Fecho os olhos respirando fundo. Então encaro o professor dando aula a minha frente. É, incrivelmente depois de mais de duas semanas, Taiga e eu voltamos as aulas. Apesar de ter recebido alguns sermões do diretor, não foi nada como um fim de mundo.

Os garotos pareceram surpresos quando nos viram passar pela porta. No entanto nenhum comentou sobre o fato de estarmos tanto tempo sem ir para a aula, o que tirou bastante peso das minhas costas.

Apesar de que, por algum motivo, eu queria que uma certa pessoa tivesse perguntado.

"Alunos, como devem saber, próxima semana será uma aula para revisar os conteúdos..."

Desvio meus olhos para o caderno em minha mesa. Não é como se eu não quisesse voltar para a escola ou não prestar atenção na aula. Apenas que eu realmente não consigo. Desde aquela ligação, meu sono vem ficado bem desregulado. 

Foi uma luta conseguir dormir cedo e acordar bem para vir para cá. O pior nem foi meu sono, mas sim ver Taiga preocupado comigo e tentando me ajudar da melhor maneira possível. Tenho tomado alguns remédios para dormir escondido dele, mas traindo minhas expectativas, Taiga sempre descobre. 

Começo a rabiscar meu caderno. Sei que o motivo de não estar dormindo direito, é o medo de que quando acordar, ele vai estar em minha frente, pronto para fazer da minha vida um inferno.

Me surpreendo quando um papel é lançado em minha mesa. Olho para Taiga que desvia o olhar para frente. Reviro os olhos com um sorriso no rosto enquanto abro o papel escondido do professor.

'Não está se sentindo mal não é? Nem com sono? Sabe que pode pedir para ir a enfermaria certo?'

Olho para Taiga com uma sobrancelha arqueada e então desvio o olhar amassando o papel. Nem pensar que eu vou dormir agora. Não quero ter pesadelos na escola, é constrangedor de mais pensar em alguém me ver assim.

Mexo minhas mãos enquanto brinco com o lápis. Já faz um tempo que fiquei com a mania de ter algo nas mãos para me acalmar um pouco. Taiga percebeu isso primeiro que eu. Na verdade, sempre parece que Taiga sabe mais sobre mim do que eu mesmo. 

"Eu tenho uma agradável surpresa para vocês." O professor fala chamando minha atenção. "Termos uma prova surpresa agora!" 

Puta. Que. Pariu.

Arregalo os olhos e olho para Taiga assustado, o vejo franzindo o cenho enquanto a maior parte da sala exclama e começa a falar com o professor para adiar a prova.

Respiro fundo quando o vejo começar a distribuir as provas. Certo, não é nada para me preocupar, né? Taiga me 'ajudou' a estudar nesses dias então não deve ter nada de errado, certo? Então para o meu desespero, o professor joga a carta final, tirando a pequena confiança que eu tinha.

"Como é uma ótima prova surpresa, vocês terão uma hora a partir de agora para responder a dez questões. A partir de trinta minutos vocês já podem começar a entregar. Eu corrigirei hoje e entregarei ainda nessa aula."

Pego a caneta e sinto minhas mãos tremerem. Olho para Taiga que me lança um sorriso e me acalmo um pouco, começando a fazer a prova enquanto lembro de como Taiga me 'incentivou'.

"É bom você pegar essa droga de livro agora e começar a estudar comigo agora, Tatsuya Himuro!" Solto um gemido de sofrimento encarando Taiga sentado no chão.

"Pra que fazer isso, posso estudar tudo um dia antes de voltarmos." Digo olhando para a Tv, no entanto, escuto o barulho de alguém se levantando e em menos de alguns segundos sou levantado nos braços de alguém e posto no chão. Olho incrédulo para Taiga. "Eu não acredito que você fez isso."

O encaro desligar a Tv e se sentar do outro lado da mesinha. Ele me encara com um sorriso e tenho a impressão de que seus olhos brilharam no momento que um tigre apareceu atrás de si. Taiga é assustador quando quer.

"Se você não pegar essa merda e começar a estudar, eu juro por tudo que é mais sagrado Tatsuya, você não vai ver tão cedo seus filmes de terror ou aqueles doramas guardados em seu quarto." Eu não acredito que fui ameaçado com filmes e doramas, ele é realmente meu irmão?

"Eu não acredito que você vai fazer isso." Digo negando com a cabeça enquanto estou incrédulo.

"Quer pagar pra ver? Ou nós sofremos estudando ou você sofre só sem seus doramas e com notas baixas." Olho para o rosto calmo de Taiga e começo a resmungar. Não é possível que sejamos irmãos do mesmo sangue. Taiga é cruel de mais.

Pego um livro qualquer e finjo ler, no entanto, são apenas uns dois minutos para Taiga se levantar e ir para o meu quarto. Ao voltar, sinto meu coração parar quando vejo o que está em suas mãos. A cor do meu rosto some. Não é possível que ele tenha achado aquilo tão rápido.

"Então Tatsuya, ou você começa a estudar de verdade, ou eu vou destruir seus doramas a cada vez que perceber que você não está estudando." Ele diz se sentando em minha frente.

"Eu estou estudando!" Me defendo. "Até peguei o livro!"

"A é?" Ele pergunta e eu confirmo com a cabeça, então ele sorri enquanto arrqueia as sobrancelhas. " Então porque o livro que está nas suas mãos está de cabeça para baixo? Não me diga que você adquiriu uma nova habilidade que permite ler desse jeito?"

Olho para o livro. Merda. Realmente está de cabeça para baixo. Rapidamente o ajeito e começo a ler enquanto sinto minhas bochechas e minhas orelhas esquentarem. Não posso perder meus filmes. Seria trágico de mais para mim.

[...] 

O professor passa por mim entregando as provas e solto um pequeno sorriso ao ver o 85 estampado la em cima. Suspiro de alívio imaginando que não terei que aguentar uma nova seção de tortura- quer dizer, estudos com Taiga.

"Então? Tirou quanto?" Falando em meu irmão... Vejo Taiga se aproximar para olhar minha prova, solto um sorriso e o mostro. Ele abre um pequeno sorriso. "Hoho, 85? Parabéns Tatsuya! Deve ter sido uma das maiores notas!"

As vezes eu me pergunto se Taiga não me mima de mais. "E você?" Pergunto e Taiga pega a folha em sua mesa me mostrando sua nota. Quase tenho a impressão de ter uma gota na cabeça, que nem nos desenhos que assisto. "Você acertou tudo? E passa na minha cara? Serio?"

Ele balança os ombros e fecha os olhos virando a cara. Reviro os olhos. Idiota. Solto uma risada anasalada.

"Kagami-kun? Himuro-kun?" Olho para Kuroko se aproximando com sua prova em mãos. "Conseguiram tirar mais do que 70?" Confirmo com a cabeça.

Olho para Taiga e ele também está concordando. "Quanto você tirou?" Pergunto. Kuroko vira sua prova e há um 90 estampado lá em cima. Começamos a conversar.

"Foi complicado porque tivemos pouco tempo." Kuroko diz.

"Além de ter sido do nada." Taiga comenta e eu confirmo.

"Não acho que muitas pessoas tiraram notas boas." Kuroko comenta.

"Talvez o professor passe algum trabalho para melhorar essa nota." Digo e então escutamos um choro. Olhamos em direção do barulho. Arqueio as sobrancelhas ao ver Kise abraçar as costas de Takao, que tenta sair de seu agarre. Kise chora praticamente que nem um bebê.

"Me solta! Ei- KISE!" Takao tenta se soltar. "Não é como se fosse o fim do mundo! É só uma nota!" 

"Ma-mas! Mas!" O loiro pensa em alguma coisa e olha para Takao com raiva. "Então quanto foi que você tirou?"

"80." Takao responde e então Kise o aperta mais. "AI. AI. AI! PARA!"

"O que foi que aconteceu para ele agir desse jeito?" Taiga pergunta e finalmente Kise solta Takao. O loiro se vira para nós com um olhar super ofendido.

"Vocês acreditam que eu tirei 30? Como que pode um negócio desses? Uma estrela em ascensão como eu, não deveria tirar notas tão baixas como essa!"

"Vai reclamar com o professor então Bloondie." Olho para Aomine que começa a rir.

"Porque você tá todo feliz? Deixa eu ver quanto você tirou!" Kise indignado anda até Aomine e pega a prova de sua mesa, ficando branco ao ver a nota no papel. "COMO ASSIM VOCÊ TIROU 80???"

"Ryota. Silêncio." O professor do outro lado da sala fala. Kise apenas confirma com a cabeça e volta a olhar para nós como se nada tivesse acontecido.

"COMO ASSIM ELE TIROU 80?" O professor do outro lado, revira os olhos como se fosse algo normal a atitude do loiro.

Apesar do chilique, eu tenho uma leve impressão de que Aomine colou de alguém. Ele não parece ser do tipo que gosta de pensar. Solto uma risada anasalada. Taiga me encara com um sorriso.

"Muro-chin?" Olho para trás vendo Atsushi. "Quanto você tirou?" Mostro minha prova e ele franze o cenho, mas logo solta um sorriso preguiçoso.

"Que foi?" Pergunto.

"Muro-chim devia estudar mais." Dessa vez meu queixo cai. Até Atsushi disse que eu deveria estudar mais?

"Quanto você tirou?" Pergunto com curiosidade, se ele disse que eu deveria estudar, então a nota dele deve ser maior que a minha, certo? Quando ele me mostra sua nota, arregalo os olhos. "Você tirou 100?" 

Estou incrédulo, eu realmente não devo julgar uma pessoa pelo modo que age. Atsushi tirou 100! O menino que eu- O garoto que senta atrás de mim tirou 100! Aomine se vira assustado para Atsushi e quase grita.

"Como foi que tu ó destruidor colossal da Muralha Maria, conseguiste uma nota exemplar nesse papel feito pelo diabo?" Seguro a risada e olho para o professor, que parece que não escutou nada. Taiga no entanto começa a rir escandalosamente.

"Mine-chim é muito escandaloso." Atsushi diz pegando uma borracha e jogando em Aomine. "Seria bom se você fosse esmagado." Então Aomine desvia da borracha e parte para ficar atras de Akashi.

"Akashi! Você não devia domar direito seus servos?" Atsushi se senta na mesa ao meu lado, ou seja, na de Taiga, esse que não parece incomodado.

"Porque eu faria isso Daiki?" Sinto um arrepio em minha coluna. Olho para Kuroko que encara Akashi com o cenho franzido. O que aconteceu nessas semanas em que eu e Taiga não viemos?

"O que? Você não age com toda essa postura de Imperador?" Aomine pergunta com as sobrancelhas levantadas. "Então agora impere seus servos já que o Imperador impera o império imperado imperando imperadamente como um imperador!" 

Dessa vez Taiga tem que se apoiar na mesa enquanto começa a rir. Todos na sala inclusive o professor encaram Aomine com olhares estranhos. Enquanto eu apenas abaixo a cabeça na mesa fingindo dormir e não conhecer essas pessoas.

"Voc-" Escuto Akashi querer falar algo, mas sua voz é impedida pelo som do sinal.

[...]

Aqueles garotos são realmente estranhos. Penso enquanto caminho na direção de casa. No entanto, meu braço é puxado para dentro de um beco. Meu primeiro impulso é gritar mas uma mão é colocada em minha boca, me impedindo de fazer qualquer barulho alto. O outro braço da pessoa está segurando minha cintura em um abraço. Tento me soltar quando sinto minhas costas encontrarem com seu corpo.

"Calma Tatsuya. Só quero brincar um pouquinho." Paraliso quando a voz desse homem entra em mus ouvidos. Sinto seus lábios roçarem em meu pescoço e as lágrimas começam a descer por meu rosto.

O escuto rir e então sinto minha cintura ser solta, mas logo em seguida sou jogado na parede. Gemo com um pouco de dor. No entanto, estou completamente sem reação para correr. É mentira, certo? Não deve ser verdade que ele está aqui na minha frente. Procuro meu celular em meus bolsos e assim que o encontro, meu braço é puxado fazendo o celular cair no chão.

"Se você chamar seu irmão, como podemos nos divertir?" Ele pergunta segurando meu rosto. "Não sentiu saudades?" Ele pergunta me dando um beijo na bochecha.

"M-me deixa ir embora, por-"

"Shiiii." Ele se aproxima de meu ouvido. Sinto um carinho em meus cabelos e logo minha cintura é apertada. O pânico em meu corpo sobe mais e minha respiração começa a acelerar. A única coisa que consigo ver são seus cabelos loiros.

"Vamos lá, vai ser divertido." Encaro os fios loiros enquanto sinto os beijos em meu pescoço. É nojento. Tudo que vem dele é nojento. "Prometo que vai doer bastante." Ele sorri e então começa a gargalhar.

Respiro fundo. É como se meu coração batesse muito mais forte. Como se ele estivesse de lado dos meus ouvidos. Parece que há várias formigas andando por meu corpo, que fica cada vez mais pesado.

"Porque- Por que veio? Como chegou aqui?? O-o que você quer?" Pergunto tentando respirar. No entanto, cada vez fica mais difícil. Principalmente quando sinto sua mão passear por meu corpo.

"Ora... pensei que soubesse Himuro." Ele se afasta e encaro seus olhos verdes. Meu coração pula mais alto. Só queria que Taiga estivesse aqui agora. Não aguento mais. É terrível essa pressão. É como se eu fosse puxado para o lugar mais horrível do mundo só de olhar para esses olhos. "Eu vim continuar o que comecei naquele dia!"

Ele se aproxima mais, e é como se todo sangue escapasse de meu corpo. Não consigo me mexer, não consigo respirar. Não consigo pensar em nada. É como se eu revivesse aquele maldito dia. Então Nash é jogado para o lado, me fazendo cair no chão.

"SE VOCÊ OUSAR SE APROXIMAR DELE NOVAMENTE, EU VOU TE MATAR!" Então me sinto ser levantado.

Não consigo enxergar direito quem me puxou. Não consigo pensar em nada. Minha mente está branca. Apenas corro enquanto minha mão é segurada pela outra pessoa. E se for pior? Se for alguém que não conheço? Mas... e se for outra pessoa? Se...

Olho para frente e apenas consigo ver alguns fios vermelhos. Então eu olho para o lado. Eu estou... Em um apartamento? O pânico volta a subir novamente, me levanto e começo a olhar para todos os lados procurando uma saída. Quando finalmente encontro uma porta e começo a correr, uma pessoa se põe em minha frente.

"TATSUYA! ESTÁ TUDO BEM OK? OLHA PARA MIM." Olho para a pessoa a minha frente. Cabelos vermelhos. Quem é? Porque é tão familiar? Respiro fundo tento sair, grito quando ela me segura. "TATSUYA!" Grito esperneando quando sou carregado para um quarto. Meu grito para quando sou lançado na cama. Meu corpo começa a tremer e tento sair, no entanto essa pessoa prende meus braços para cima. "TATSUYA OLHA PARA MIM! OLHA PARA MIM OK? SOU EU! TAIGA!"

O encaro com medo. Quem é Taiga? Porque estou aqui? Porque ele está em cima de mim? Eu quero ir embora. Eu não queri ficar aqui. Eu estou com medo. Tudo me dá medo. 

"Tatsuya respire tá bom? Respira comigo, vamos, um. Dois. Três- Tatsuya! TATSUYA VOCÊ PRECISA RESPIRAR!" O olho assustado, mas logo faço o que ele pede. "Respirar Tatsuya, respirar ok?" Confirmo com a cabeça quando ele faz o mesmo. " Um. Dois. Um. Dois." Tremo algumas vezes. "Olha para mim ok? Eu não vou deixar você se machucar. Lembra da nossa promessa?"

Que promessa? Que promessa? Que promessa? Eu não fiz nenhuma promessa. Ou fiz?

Tento pensar em alguma coisa, mas não há nada. Não há nada. Não há nada. NÃO HÁ NADA!

Nego com a cabeça e sinto as lágrimas saírem dos meus olhos. "Respire ok? Não tem problema. Olha,  estamos em nosso apartamento. Tudo bem? Olhe ao redor,  estamos no meu quarto." Começo a respirar um pouco mais rápido. "Não vou fazer nada com você. Vou te soltar agora, tudo bem?" Não faço nada. Apenas o observo lentamente afrouxar o aperto dos meus pulsos e se sentar ao meu lado. Não me levanto. Não me movo.

"E-Eu-" Começo a falar mas então paro. O que eu deveria dizer? O que eu deveria falar?

"Que tal você tomar um banho?" Ele pergunta e viro meu rosto. Porque que tenho que tomar banho? O que vai acontecer se eu não tomar? Mas e se eu tomar? "Naquela porta tem um banheiro. Eu vou preparar alguma coisa para você comer e te dar um comprimido para dormir, ta bom? Não precisa tomar se não quiser." Ele diz.

Não me levanto. Não faço nada. O que ele vai fazer se eu não me levantar? O que ele foi fazer fora desse quarto? Que apartamento?

Me sento na cama e encaro tudo ao redor. É um quarto normal. Sim, apenas um quarto. Não deve ter nada, certo? É apenas um quarto.

Pisco os olhos e caminho para a outra porta, entro no banheiro. É um banheiro, apenas um banheiro. Só um banheiro. 

Entro no box e ligo o  chuveiro. Sinto a água cair em meu corpo. Olho para as roupas ficando encharcadas. Eu tinha que tirar? Mas e se eu não tirar? O que acontece se eu tirar?

Começo a coçar meus dedos. A coceira fica quase que insuportável. Então ela se estende por meu braço. Começo a coça-lo. Os dois começam a coçar.

Mordo meus lábios. As lágrimas caem. Porque não doí? Porque só coça? Porque estou aqui? Porque aquele cara estava preocupado comigo? PORQUE? O que eu estou fazendo?

Olho para meus braços, a água em meus pés está vermelha. Cadê meu sapato? Porque estou sem sapato? Aquele cara, quando ele tirou meu sapato? 

Meu pescoço começa a coçar também. É horrível, a coceira nunca para. Começo a coçar minha cabeça, então volto para meus braços. Eles voltaram a coçar. 

Olho para o sangue escorrendo junto com a água e esqueço a coceira por um instante. É bonita. A cor do sangue escorrendo com a água é bonita. Mas porque está sangrando?

Começo a coçar novamente meu braço, mas então sinto meus pulsos serem agarrados. Olho assustado para a pessoa a minha frente. Ela me encara por um instante antes de fechar os olhos e respirar fundo. Então ele me puxa para fora do banheiro. Não foi um gesto brusco ou coisa do tipo. Antes de sairmos do banheiro, ele me carrega e me coloca sentado na cama. Porque ele me carregou?

"Eu estou molhando a cama." Consigo dizer ao encara-lo. Ele não havia dito nada quando entrou no banheiro. Não havia dito nada quando me trouxe para cama. Porque ele não havia dito nada?

"Para o inferno a cama." Ele diz observando meus pulsos e meu pescoço. "Não saia daqui."

Então ele se afasta e entra novamente no banheiro. Escuto o chuveiro ser fechado. Ele faz alguma coisa la, o que ele fez? Então o barulho de outra coisa sendo fechada é ouvida. Ele sai do banheiro carregando uma caixa branca. Ele a deixa ao meu lado e para em minha frente.

"Preciso que tire a blusa." O encaro sem dizer nada. Porque tenho que tirar a blusa? O que acontece se eu não tirar? "Não quero que fique resfriado." O que é resfriado?

Então eu começo a tirar a blusa, mas fico preso quando ela está para passar por minha cabeça. O sinto me ajudar e paraliso sem saber o que fazer. Sem a camisa, eu o observo olhar meu corpo com atenção, pegar a caixa e suspirar ao abrir.

"Vamos cortar suas unhas depois." Ele diz retirando uma pomada.

"Desculpe." Digo. Ele me encara e então tira a tampa da pomada. 

"Sou seu irmão. É meu dever cuidar de você." Ele diz enquanto passa a pomada por meus cortes. Tento puxar meu braço quando doí, mas ele segura. "Preciso passar para não infeccionar depois."

Ele disse que era meu irmão?

"Por que faz isso?" Pergunto.

"Sou seu irmão."

"Porque é meu irmão?"

"Porque nascemos da mesma mulher. No mesmo dia. Eu primeiro. Você depois." Ele responde.

"Como sabe o que fazer?" 

"Não seria a primeira vez que isso acontece." Ele sussurra. Acontece? Acontecesse o que?

"O que acontece?" Pergunto quando ele levanta o olhar para meu pescoço. Então ele passa pomada nele também.

"Coisas que te prejudicam." Ele diz.

"O que pode me prejudicar?" O vejo enrolar meus braços. Porque preciso enrolar meus pulsos?

"Você mesmo." Então ele coloca algo para cobrir meu pescoço. O vejo se levantar e caminhar para fora do quarto.

Como eu posso me prejudicar?

"Se vista tudo bem?" Ele pergunta quando entra no quarto, trazendo uma muda de roupas. "São suas. Acabei de buscar no seu quarto." Confirmo com a cabeça.

Olho para a blusa e começo a vesti-la. Apesar de ter dito para me vestir, ele ainda me ajuda com isso. Fico em pé vendo ele arrumar a cama. "Você vai dormir nesse quarto hoje. Vou apenas virar o colchão e trocar a colcha. Já, já trago sua janta."

Onde eu vou dormir? Nesse quarto? Com ele?

Então ele trás a comida em uma bandeja. "Senta." Obedeço sentando na cama. Ele coloca a comida ao meu lado. Na escrivaninha. "Você dorme na cama. Vou arrumar o colchão inflável para mim. Coma tudo."

Então ele vai para o guarda-roupa e começa a arrumar o que parece ser uma cama. Ele vai dormir no chão? Verdade? Começo a comer. De vez em quando o encaro. Porque tenho que dormir com ele? Porque ele? Mas e se eu ficar sozinho? Eu gosto de ficar sozinho? Não, não posso ficar sozinho.

Quando termino de comer, ele vem em minha direção. Ele abre a gaveta e eu vejo uma cartela de remédios, onde só tem um remédio. E os outros remédios? Ele tomou? Porque ele tomaria esses remédios?

"Você vai sair?" Pergunto quando tomo o remédio. Ele demora um pouco para responder. O encaro enquanto o vejo me ajudar a deitar. "Porque está fazendo isso? Minha língua está enrolada..."

"Vou estar aqui quando acordar. Pode dormir, não tem problema." Ele diz me cobrindo. O encaro por um tempo, ele se senta na cama. Não sei quanto tempo demora mas meus olhos começam a pesar. "Eu não vou deixar ele te machucar Tatsuya." 

Tatsuya? Meu nome?

Começo a fechar os olhos. Tudo começa a ficar escuro.

"Se ele pensa que pode vir para cá, fazer o que quiser,  ele está muito enganado. Foi minha culpa dessa vez por baixar a guarda. Mas na próxima vez... Ele vai sair desse país em um saco preto..."

 


Notas Finais


Eu fiquei com pena do Himuro nesse capítulo.
Bom, agora só amanhã kkkkkk espero que tenham gostado!


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