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História A Missão - Bombas


Escrita por: jaimencanto

Capítulo 2 - Bombas


Lety

 

- E podemos ver um filme também! – Comentei animada.

- Sim, podemos. – Fernando sorriu enquanto dirigia.

- Eu tenho uma lista enorme de filmes que queria assistir, mas nunca temos tempo.

- Hoje vamos ter. – Ele me olhou rapidamente. – Assim que chegarmos eu vou pedir para falar com o chefe.

- E se ele não quiser nos dar o dia de folga?

- Por favor, Lety. Nós merecemos isso.

- É... Tem razão. – Sorri. – Ai nem acredito que vamos ter um tempo só para nós dois depois de tanto tempo. Acho que desde a nossa lua de mel não temos um tempo assim.

- É... Saudades daquela viagem.

- Nem me diga.

- O que acha de voltarmos para lá nas nossas férias?

- Eu acho o máximo!

               Eu estava realmente animada naquele dia. Há tempos não via Fernando empolgado com alguma coisa que não estivesse relacionado com trabalho, e pensar que teríamos um dia inteiro apenas para nós dois parecia um sonho. Desde que nos casamos, sabíamos que a rotina do nosso trabalho seria ainda mais pesada depois que estivéssemos morando juntos. Nós dois sempre fomos apaixonados por nossa profissão, e talvez isso tenha sido o “empurrão” para que começássemos uma relação. Nos conhecemos quando fui encarregada de me tornar sua parceira. Logo de cara percebemos que formávamos uma bela dupla, e com o tempo o profissionalismo foi ficando de lado e nós nos apaixonamos. Todos os nossos colegas, inclusive nosso chefe deram total apoio à nossa união, e somos considerados o “casal oficial” no trabalho. Mas há um tempo o fato de Fernando sempre fugir do assunto “formar uma família” me incomodava. Concordamos em esperar um tempo antes de termos filhos para aproveitarmos nossa vida de recém casados, mas isso já fazia mais de um ano, e com toda a carga do trabalho, mal tínhamos tempo para “aproveitarmos” qualquer coisa que fosse.

               Eu nunca me importei de trabalharmos tanto, até porque eu amo o que faço. Mas, de uns tempos para cá, algumas coisas estavam me incomodando, e não ter tempo para o meu casamento era uma dessas coisas. Fernando ao contrário de mim não parecia se importar com isso, e para ele tudo continuava as “mil maravilhas”. Mas, finalmente ele teve a idéia de tirarmos um dia de folga, e eu mal poderia esperar para que passássemos toda a tarde juntos, como costumávamos fazer nos primeiros meses de casados.

- Onde está todo mundo? – Fernando perguntou assim que estacionou o carro na garagem da delegacia.

- Não sei. – Desci do carro olhando em volta. – Parece tão... Calmo.

- Espero que todo mundo tenha ganhado folga. Assim não vou precisar pedir.

               Balancei a cabeça enquanto ria e entrelacei minha mão à sua enquanto seguíamos para a entrada. Estava realmente tudo muito calmo, o que era estranho. Normalmente ao menos três policiais ficavam à postos do lado de fora, e naquele dia não havia nenhum. Assim que entramos na delegacia, percebemos que estava tendo uma reunião. Todos os policiais e investigadores estavam reunidos em uma sala, e quando ouvimos as vozes, seguimos diretamente para lá. Fernando abriu a porta e todos nos olharam, até nosso chefe se levantar.

- Ah! Que bom que chegaram! – Ele se aproximou. – Chegaram bem no começo. Podem se sentar.

- Aconteceu alguma coisa? – Fernando perguntou.

- Eu vou explicar tudo.

               Só nos restou fazer o que ele pediu e nos sentarmos dentre os outros.

- Não sei se viram o noticiário essa manhã... – Ele caminhou de um lado para o outro parecendo tenso. – Mas nós temos um grande problema. Reformulando... O governo tem um grande problema, e conseqüentemente esse problema também é nosso.

               Todos ficamos em silencio esperando que ele se explicasse.

- Essa é uma arma feita diretamente para o governo. – Ele apontou para a tela do retroprojetor.

               A foto de uma arma semelhante à uma máquina antiga estava estampada na tela.

- É uma arma encomendada não se sabe exatamente porque, já que essa beleza que estão vendo agora é capaz de eliminar grande parte da população de uma cidade com apenas um... – Ele gesticulou com o dedo. – Um único disparo.

- Mas que tipo de arma é essa? – Um dos rapazes perguntou.

- Não sabemos ao fundo. Só sabemos que é uma arma secreta. Ou ao menos... Era. O criador da arma, o Senhor Joseph Raider... – Ele mudou a foto da tela para a foto de um senhor bem aparentado de aproximadamente sessenta anos. – Foi seqüestrado há dois dias. O engraçado é que não recebemos nenhuma denuncia sobre o caso, até o momento.

- Eles o seqüestraram por causa da arma? – Omar perguntou.

- Exatamente, Carvajal. Um grupo que resolveram chamar de “Inimigos do Governo” seqüestrou o criador da arma, para depois conseguirem invadir um dos locais mais vigiados do país, onde justamente se encontrava a arma.

- E como isso aconteceu? – Dessa vez eu perguntei.

- É isso que queremos saber. Dois seguranças que estavam no local foram mortos, e os outros desapareceram misteriosamente.

- Provavelmente porque tem algo a ver com isso. – Fernando disse.

- Foi o que pensei também, Mendiola. Mas, o governo nos pediu... Não. Ele nos implorou para que achássemos essa arma o mais rápido possível. Eles receberam uma denuncia anônima pela manhã dizendo o local onde o Senhor Raider está escondido.

- Pode ser uma armadilha. – Outro colega falou.

- Mas não podemos nos arriscar. Eles estão fazendo um jogo com todos nós, e se são inimigos do governo, vão fazer o possível para jogar toda a culpa nele.

- E o que nós faremos? – Perguntei. – Quero dizer... Não somos os melhores amigos do Governo. Eu particularmente desaprovo muitas coisas.

- Todos nós, Padilha, mas infelizmente não podemos olhar pelo lado sentimental. Estamos lidando com uma arma perigosa, e sabe-se lá o que pode acontecer se não a encontrarmos.

               Todos ficamos em silencio, pensativos.

- Eu tomei a liberdade de montar duas equipes com todos vocês. Uma equipe ficará aqui e irá me ajudar nas investigações, e a outra vai atrás do grupo, começando pelo local do seqüestro do Senhor Raider.

               Olhei para Fernando e implorei para que ficássemos na primeira equipe. Por mais que eu gostasse de ação e estivesse de certa forma preocupada com o que aconteceria com aquela arma, eu não queria que nos arriscássemos mais. Pelo menos não em uma missão como aquela.

- Na minha equipe ficarão Vincent, Brandt, Robert, Anne, Lisa e Zack.

               Não pude evitar minha feição de desgosto. Ou ficaríamos de fora daquela missão (o que era algo impossível) ou estávamos certamente no grupo que teria que ir atrás da arma.

- Quem foi citado, por favor, pode começar as investigações. Quanto mais cedo começarmos, melhor.

               Todas as pessoas citadas por ele se levantaram, e um por um começaram a deixar a sala.

- Os que ficaram... – Ele suspirou. – Vão se dividir. Vou deixar que façam isso vocês mesmos. Um grupo vai até o local onde aconteceu o roubo e tentem descobrir qualquer coisa sobre isso. E o outro grupo... Já sabem. Mendiola, a decisão está com você.

               Fernando ajeitou-se à cadeira e eu o olhei.

- Lety e Carvajal vão comigo. Vamos atrás do criador da arma.

- Eu imaginei que escolheria isso. – Ele sorriu. – Bom... Então só devo lhes desejar boa sorte. Vamos estar à todo o tempo na escuta e se precisarem de algo, chamem reforços. Não tentem resolver esse problema sozinhos, e isso serve para vocês três. – Ele apontou para nós. – Estamos lidando com algo perigoso que talvez nunca tenhamos lidado antes. Isso não é brincadeira, e não vai ser como pegar um ou dois bandidos.

- Sabemos disso, Senhor. – Fernando disse com convicção. – Vamos dar o nosso melhor.

- Ótimo! O carro particular é de vocês. Podem usá-lo para irem à cidade. Quanto mais disfarçados estiverem, melhor.

               Fernando balançou a cabeça concordando.

- Então... Boa sorte!

               Nós nos levantamos e saímos da sala. Eu ainda estava tentando digerir toda aquela história, mas Fernando parecia decidido em querer ir até o fim naquela missão.

- Finalmente seremos policiais de verdade! – Omar disse animado quando saíamos da delegacia.

- Nós já somos policiais de verdade. – Falei. – Não precisávamos disso para comprovar.

- Vá me dizer que você não está empolgada?

- Ainda não sei. Não sei o nível de perigo.

- Isso que é o legal!

- Vamos arrumar as coisas o mais rápido possível. Omar, eu te pego na sua casa daqui à uma hora, tudo bem? – Fernando o olhou.

- Certo.

- Vou com o carro daqui de uma vez.

- E o seu? – Perguntei.

- Vou deixá-lo aqui.

               Preferi não discutir.

- Nos vemos logo então. – Omar disse se afastando.

- Melhor irmos logo. Quanto mais rápido estivermos prontos, melhor.

               Em silencio segui até o carro escuro que ficava no estacionamento da delegacia e Fernando não tinha notado minha frieza, até eu bater a porta do carro com força demais.

- Não estou te reconhecendo. – Ele me olhou assim que entrou no carro. – Pensei que estaria animada. Você adora ação.

- Não esse tipo de ação. E não quando estávamos planejado um dia inteiro juntos.

- Ah, Lety... Nós teremos tempo para isso.

- E se não tivermos? – O olhei com raiva. – Acho que você não parou para pensar na gravidade da situação, Fernando. Não vamos lidar com bandidos bobos que não nos amedrontam. Na verdade, nem sabemos ao certo com quem estamos lidando. Já parou para pensar nisso? Que não podemos dar conta?

- O que foi que deu em voce, Lety? – Ele me olhou parecendo assustado. – Você sempre disse que queria um pouco mais de ação no dia a dia e que já estava cansada de ficar prendendo bandidos. Deveria estar animada com tudo isso.

               Não respondi, apenas cruzei os braços.

- Ah, entendi... – Ele suspirou. – É sobre aquele assunto, não é?

               Continuei em silencio.

- Lety, nós amamos o nosso trabalho. Sempre foi assim, e vai continuar sendo assim. Não podemos evitar uma missão porque ela é perigosa demais. Foi por isso que decidimos não ter filhos agora, não é?

- Não. Foi por isso que você decidiu que não teríamos filhos agora. – Coloquei o cinto com raiva. – E já me cansei desse assunto.

               Irritado ele ligou o carro e não disse mais nada. Não costumávamos discutir, até porque nenhum dos dois tinha paciência suficiente para isso. Apenas ficávamos em silencio e esperávamos a poeira abaixar para conversarmos com calma. Mas naquela situação, a poeira tendia apenas aumentar, até não conseguirmos enxergar mais nada em nossa frente.

 

 

 

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Fernando

 

               Eu sabia que Letícia estava brava por eu ter aceitado aquele trabalho, mas também sabia que seria coisa de momento. Quando nos conhecemos, Letícia sempre deixou claro o quanto gostava da nossa profissão e o quanto gostava de se aventurar. Isso era notável pelo seu ótimo desempenho, pelos elogios do nosso chefe e por ser considerada uma das melhores da nossa equipe. Mas há algum tempo ela estava preocupada com um assunto que me deixava um pouco inquieto. Filhos. Não que eu não quisesse formar uma família com ela, mas por mim, nós aproveitaríamos mais o tempo que tínhamos a sós. Já era difícil arrumarmos um tempo para ficarmos juntos, não podia imaginar como seria se tivéssemos filhos. E por saber que ela queria isso mais do que eu queria, preferia que conversássemos sobre isso em um momento relaxante, mas isso era um pouco difícil para nós dois.

- Toma. – Ela me entregou uma camisa. – Só essas camisas que você pegou não serão suficientes.

- Não estou planejando que a gente fique lá tanto tempo. – Respondi dobrando a camisa.

- E você acha que vamos conseguir resolver tudo isso em apenas um dia? Sei... – Ela riu sarcástica.

               Sua frieza estava acabando comigo, e por mais que eu soubesse que a única solução seria se desistisse daquela missão, eu não poderia deixar que ela continuasse brava comigo.

- Se vai me tratar assim vamos ter um problema. – Falei colocando a camisa dentro da mala.

- Te tratar como, Fernando? – Perguntou impaciente.

- Desse jeito! – A olhei fechando a mala. – Com frieza.

- Eu estou completamente normal.

               O temperamento de Letícia era difícil. Dos mais difíceis que já tive que lidar. E quando me casei com ela eu sabia disso, mas de fato nunca me importei. Sempre soube como consertar uma situação que a deixasse nervosa, e no fim acabávamos nos entendendo. Dessa vez não seria diferente, eu só precisava acalmá-la antes.

- Eu aceitei isso porque pensei que você ficaria animada.

- Você sabe o que me deixaria animada. – Ela colocou sua mala no chão. – E ir atrás de uma arma que é capaz de matar uma população inteira não é bem o conceito de animação.

- Se eu soubesse que isso te deixaria tão nervosa eu não aceitaria.

- Não, você não faria isso. – Ela me olhou com seriedade. – Se quisesse mesmo fazer isso teria me questionado antes.

- E o que você queria que eu fizesse? – Perguntei com certa impaciência. – Rodriguez estava na nossa frente. Queria que tivéssemos uma discussão de relação na frente do nosso chefe?

- Não! Mas você ao menos poderia ter perguntado se eu queria ir nessa porcaria de missão!

- Eu pensei que conhecia minha esposa o suficiente para saber que a resposta seria sim!

- Então você não conhece sua esposa o suficiente!

               Estávamos gritando um com o outro. Não me lembrava a ultima vez que tivemos uma discussão, mas aquilo não me agradava nem um pouco. Eu odiava ficar brigado com Lety, principalmente porque precisaríamos do apoio um do outro a partir daquele momento. Respirei fundo me tranqüilizando e ela fez o mesmo. Assim que nos acalmamos, eu me aproximei e ela virou o rosto, emburrada.

- Eu não sabia que era tão importante para você. – Falei mais calmo.

- Mas é. E se não fosse, eu não teria planejado um dia inteiro para nós dois.

- Me desculpe. Eu só... Pensei que você gostaria de fazer isso comigo. Sei o quanto você fica empolgada quando estamos em missão e conseguimos sempre finalizá-la com sucesso. Você não quer isso?

- Claro que eu quero.

- E depois disso com certeza ganharemos não apenas um dia, mas vários de folga. Quem sabe nós conseguimos viajar para o local da nossa lua de mel como planejamos?

               Ela não respondeu.

- Você não quer mais?

- Quero. – Ela me olhou, respirando fundo. – Você promete que depois que terminarmos isso, vamos pedir nossos dias de folga?

- Eu prometo.

- Promete de verdade? Ou vai aceitar outra missão de ultima hora?

- Não. – Falei rindo, envolvendo-a em um abraço. – Eu prometo de verdade.

- Então tudo bem. – Ela me abraçou sorrindo.

- Será que ainda temos um tempinho?

- Talvez... Mas você ainda está de castigo, lembra?

- Não pode abrir mão só dessa vez? Não sabemos quanto tempo vamos ficar sem poder fazer isso. – Sorri malicioso.

- Não diga isso. Podemos aproveitar qualquer oportunidade. E eu sei que você gosta disso.

- Claro que gosto. Mas estou tentando te convencer.

               Ela gargalhou.

- E por falar nisso, espero que não esteja levando aquela camisola. Não vou conseguir resistir.

- Eu posso tê-la colocado acidentalmente na mala.

- Acidentalmente, não é?

               Ela balançou a cabeça concordando e eu a puxei, caindo sobre a cama. Ela riu e me olhou com ternura, e todas as vezes que ela me olhava daquela maneira eu me lembrava de quando me apaixonei por ela e por seu sorriso.

- Eu te amo, seu chato. – Ela se debruçou sobre mim.

- Eu também te amo. – Sorri, puxando-a para um beijo.

               A noite anterior tinha sido uma tortura, e dessa vez eu queria me redimir por isso. Eu mereci aquele castigo, mas já não conseguia mais me segurar. Era impossível Letícia estar tão provocativa em minha frente e eu conseguir me conter. Enquanto a beijava, desci minhas mãos por suas costas até chegar ao seu quadril, onde o apertei com gosto. Ela sorriu maliciosa entre o beijo e coloquei uma das mãos entre o seu cabelo, puxando-a para um beijo mais intenso. Estava difícil conter a vontade de tirar toda a sua roupa, e por pouco eu conseguiria fazer isso. Assim que toquei na sua blusa prestes a tirá-la, ouvi o meu celular vibrar no bolso da minha calça, fazendo com que Letícia interrompesse o beijo.

- Pode ser o Rodriguez.

               Suspirei impaciente e passei a mão no rosto. Letícia colocou a mão no bolso da minha calça e olhou para o meu celular.

- É o Omar.

- Vê o que ele quer, por favor.

               Letícia deslizou o dedo na tela do celular e o atendeu.

- Alo? Oi Omar, sou eu. Já? Ah tudo bem, já estamos indo. Até logo.

               Ela desligou o celular e me olhou manhosa.

- Vamos ter que adiar. Omar já está pronto.

- Não podemos deixá-lo esperando por alguns minutinhos? Prometo que não vamos demorar.

- Não. – Ela riu saindo de cima de mim. – E foi você que aceitou isso, então... Arque com as conseqüências.

               Justo. Observei ela se afastar com nossas malas e olhei para a minha “situação” lá em baixo. Voltei a deitar a cabeça sobre o travesseiro pesadamente e suspirei.

 

 

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Lety

 

- Nancity. – Falei enquanto lia os arquivos. – Nunca ouvi falar dessa cidade.

- Eu já. – Omar disse do banco de trás. – Rola umas festas bacanas por lá.

- Por que será que eles escolheram lá? Talvez tenham um esconderijo? Uma sede onde se reúnem? – Fernando comentou enquanto dirigia.

- Mas temos que lembrar que pode ser uma armadilha. Eles podem querer nos atrasar.

- Ou podem estar fazendo realmente um jogo, como o Rodriguez disse. – Omar falou. – O velho pode estar mesmo no local que disseram.

- E onde fica esse lugar? – Fernando perguntou.

- Logo na entrada da cidade. É um galpão abandonado fora da estrada. Por que sempre escolhem um galpão?

 

- Então já estamos chegando.

- Graças a Deus! – Omar exclamou. – Quero resolver isso logo. Estou morto!

- Não diga essa palavra durante a missão. – O repreendi e Fernando riu. – Ali! Deve ser ali! Fernando, vira à direita.

               Fernando fez a curva e entrou em uma estrada. Um pouco mais ao longe havia um lugar abandonado, como se fosse um antigo comercio. Paramos o carro na estrada e descemos com cuidado. Observamos o movimento no local, mas estava completamente vazio, exceto por uma moto que estava praticamente escondida.

- Tem alguém aqui. – Falei olhando para os dois.

- Será um deles? – Omar perguntou.

- Acho que eles não o deixariam sozinho. E se ele fugisse?

- Ele é velho! Não consegue fugir.

- Melhor irmos logo. – Falei colocando a mão sobre a minha arma.

               Caminhamos juntos em direção à casa, atentos à qualquer movimento. Mas tudo parecia realmente calmo demais. Quando nos aproximamos do local abandonado, Fernando fez sinal para fazermos silencio, e tentamos ouvir alguma coisa. Uma provável conversa entre os seqüestradores ou algo do tipo, mas não ouvimos absolutamente nada.

- Parece vazio. – Fernando cochichou. – Deve ter sido mesmo uma armadilha.

- Vamos arrombar a porta. – Falei. – Precisamos ter certeza.

- Tudo bem. Se afastem.

               Omar e eu demos um passo para trás, e Fernando se preparou para arrombar a porta. Mas, antes que pudesse fazê-lo, fomos surpreendidos com uma arma apontada em nossa direção.

- Não se mexam!

               Imediatamente nós olhamos para a mulher que havia gritado isso, e logo a reconhecemos. E eu não estava nada feliz em vê-la ali.

- Marcela! – Fernando exclamou irritado. – Qual é o seu problema?

- Desculpe, achei que fossem os seqüestradores. – Ela abaixou a arma. – O que estão fazendo aqui?

- Nós que devemos perguntar isso. – Falei impaciente. – Não tinha mudado de posto?

- Rodriguez pediu para que eu os ajudasse nisso.

- Não precisamos da sua ajuda. – Falei ríspida.

- Acontece que você não é a chefe da equipe, o Fernando é.

               Nós duas o olhamos, esperando sua resposta.

- Bom... Se Rodriguez pediu para que ela viesse... É porque acha que precisamos de ajuda.

               Revirei os olhos impaciente e ela sorriu vitoriosa.

- Está aqui há quanto tempo? – Omar perguntou.

- Acabei de chegar.

- A moto é sua?

- Sim.

- Legal. – Ele sorriu.

- Observou algum movimento por aqui? – Fernando perguntou à ela.

- Não. Nenhum. Estava indo entrar aí quando vocês chegaram e eu me escondi.

- Então melhor entrarmos.

               Nós concordamos e Fernando arrombou a porta imediatamente. Sacamos nossas armas e juntos observamos todo o local. Estava tudo escuro e empoeirado, e não havia nem sinal de vida por ali.

- Eu disse que era uma armadilha. – Omar comentou. – Nos pegaram de jeito.

- Espera. – Falei atenta.

- Melhor irmos embora e... – Marcela se preparou para falar, mas eu a interrompi.

- Cala a boca, Marcela.

- Não me manda calar a boca! – Ela se enfureceu.

- Shhhh! – Pedi impaciente.

               Finalmente ela ficou em silencio e os três me olharam curiosos.

- Não estão ouvindo isso? – Perguntei.

- Não. – Fernando respondeu. – O que está ouvindo?

- Parece... Um... Relógio.

               Nós olhamos em volta, mas não havia sinal de nenhum objeto além de uma cadeira quebrada e um armário totalmente lotado de teias de aranha.

- Parece que está vindo... Do chão. – Falei abaixando a cabeça, caminhando pelo local.

- Deve ser alguém lá em baixo querendo cobrar os seus pecados. – Marcela zombou e eu a fuzilei com os olhos, fazendo-a se calar.

- Está aqui. – Falei olhando para onde eu pisava. – Exatamente aqui.

               Fernando se aproximou, abaixando-se ao meu lado.

- Agora eu ouvi.

- Deve ter um porão, ou algo do tipo. – Disse Omar.

               Me aproximei de um carpete que tinha ali e o levantei, revelando uma porta de madeira logo ao chão.

- Bizarro... – Marcela comentou.

               Me preparei para abrir a porta mas Fernando segurou em meu braço.

- Cuidado.

               Apontei para minha arma em minha mão e ele enfim me soltou. Abri a porta de madeira que era mais pesada do que imaginei, e assim que a abri totalmente, todos apontaram as armas. Me debrucei sobre a entrada tentando enxergar alguma coisa, mas só havia uma escada.

- Vou descer. – Falei rapidamente.

- Eu vou com você. – Fernando disse.

- Vamos todos. – Marcela falou. – Podem precisar de ajuda lá em baixo.

- Eu vou primeiro.           

               Fernando não esperou que eu dissesse qualquer coisa. Rapidamente ele começou a descer as escadas e eu o segui. O porão parecia mais fundo do que imaginávamos, e eu me perguntei por que raios eu consegui ouvir aquele barulho de relógio sendo que ele estava tão distante? Mas enfim a escada terminou, e assim que Fernando colocou os pés no chão, ele me ajudou a descer.

- Está abafado aqui. – Falei tossindo olhando ao redor. – Ai meu Deus!

- O que foi? – Omar perguntou terminando de descer as escadas.

               Não tive tempo de responder. Me aproximei rapidamente do homem que estava sentado à uma cadeira, com os braços e pernas amarrados, e com a boca amordaçada. Os outros se aproximaram e me ajudaram a tirar as amarras dele, que apesar de abatido, pelo menos parecia lúcido. Tirei a mordaça de sua boca e ele suspirou aliviado, me olhando.

- Obrigado... – Sussurrou fraco.

- O Senhor é Joseph Raider? – Perguntei e ele balançou a cabeça afirmando.

- Não era mesmo uma armadilha... – Marcela comentou o óbvio.

- A bomba... – Ele sussurrou.

- Bomba? Que bomba? – Fernando perguntou.

- Tem uma bomba em baixo daquele lençol. – Ele apontou para o outro lado do cômodo.

- Ai, que droga! – Omar exclamou.

- Eu odeio bombas. – Comentei irritada.

- Lety, é com voce. – Fernando me olhou e eu confirmei.

               Caminhei para o outro lado em direção à provável bomba, e quando tirei o lençol, suspirei impaciente. Não era a primeira vez que eu lidava com bombas daquele tipo, e particularmente eu detestava. Exigia muito da minha paciência, e no momento, com a Marcela fazendo parte da equipe, eu não tinha nenhuma.

 

 

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Fernando

 

 

- O Senhor está bem? – Perguntei à ele. – Eles fizeram alguma coisa com o Senhor?

- Não, eu estou bem. Só me manteram preso aqui por três dias. Mas até ontem estavam aqui e hoje abandonaram.

- Abandonaram? – Omar perguntou. – Para onde foram?

- É claro que ele não sabe. – Marcela comentou.

- Eu ouvi eles dizerem... Eu fingi que estava dormindo e eles conversaram sobre isso no andar de cima. Estão levando a arma para Nova Iorque.

- Nova Iorque? – Perguntei perplexo.

- Sim! Vocês não fazem nem idéia do quanto aquela arma é poderosa. Eu me arrependo todos os dias por ter aceitado criá-la. Se eles resolverem usá-la em uma cidade tão movimentada, isso pode acabar com metade da população.

- Que droga... – Omar comentou.

               Olhei para Letícia e ela ainda estava ao fundo tentando desarmar a bomba. Eram coisas demais para nos preocuparmos ao mesmo tempo, e por mais que eu confiasse que ela conseguiria, nosso tempo estava curto.

- Mas que droga você está fazendo? – Marcela perguntou irritada e eu já me preparei para que começassem uma discussão.

- Você quer vir aqui desarmar essa porcaria? – Letícia perguntou com impaciência.

- Lety, concentração! – Me aproximei das duas.

- Diz para ela não me tirar do sério, então!

- Marcela, deixa ela em paz. – Falei impaciente.

- Se ela não percebeu isso é uma bomba, e não um despertador. Se ela não andar depressa ela vai explodir e nós vamos morrer.

- E você está ajudando fazendo o que? – Perguntei com raiva.

               Marcela bufou e Letícia por sorte não continuou a discussão. De repente ela se levantou e me olhou, parecendo irritada.

- Pronto. – Falou me entregando alguns fios. – Eu teria ido mais rápido se não tivessem me desconcentrado. – Ela caminhou em direção ao Omar e ao Senhor.

- Como você fez isso? – Senhor Joseph perguntou à ela.

- Tenho algumas experiências com isso. – Ela sorriu parecendo orgulhosa. – Mas é claro que apenas com essas pequenas.

- Isso é fantástico! – Ele sorriu.

- Ah... Obrigada!

- Melhor sairmos logo daqui. – Falei olhando para a escada. – Não sabemos por quanto tempo ficaremos sozinhos.

               Todos concordaram e nós ajudamos Senhor Joseph à subir as escadas. Quando enfim saímos daquele lugar abandonado, pudemos respirar ar puro, mas nada se comparava à sensação de Joseph.

- Eu nem acredito que estou vivo. – Ele sorriu fechando os olhos. – Graças à vocês! Obrigado. – Ele nos olhou. – Muito obrigado.

- Não precisa agradecer. – Lety tocou em seu ombro. – O Senhor precisa de alguma coisa? Precisa ir ao médico?

- Não. Eu só quero um lugar para comer e descansar...

- Deve ter algum hotel nessa cidade, não é? – Marcela perguntou.

- Não acho que devemos ficar aqui nessa cidade. – Omar comentou. – E se eles ainda estiverem por aqui?

- Pelo que ouvi eles iriam para Nova Iorque hoje mesmo. Querem fazer isso o mais rápido possível.

- Então não temos tempo para ficarmos em hotel. – Falei.

- Fernando, você perdeu o juízo? Não podemos viajar para Nova Iorque dessa maneira. Vamos descansar por essa noite, e amanhã saímos bem cedo.

- Não temos tempo para isso, Lety.

- E você quer fazer tudo às pressas? Não é a melhor maneira também.

               Não quis discutir.

- Tudo bem. Vamos ficar em um hotel por essa noite, e amanhã bem cedo vamos para Nova Iorque.

- Eu vou falar com o chefe. – Marcela disse se afastando.

- Vamos levá-lo para um hotel, e o Senhor vai poder descansar e comer alguma coisa. – Letícia disse carinhosamente.

- Obrigado. Muito obrigado. – Joseph sorriu.

- Então... Melhor irmos. Não sabemos se aqui é um lugar seguro ainda. – Falei guardando a arma.

- Falei com o Rodriguez. – Marcela voltou a se aproximar. – Ele concordou que é melhor passarmos a noite aqui. Segundo ele, não há sinal de suspeitos indo para Nova Iorque, e seria meio impossível eles carregarem uma arma escondida dentro de uma mala. – Ela nos olhou. – Então... Qual hotel vamos ficar?

- Qual hotel nós vamos ficar. – Letícia disse rapidamente.

- Se você não reparou, vai ser um milagre encontrarmos um hotel sequer nessa cidade. Quem dirá dois. Com certeza se eu pudesse ficar o mais distante de você, eu aceitaria.

               Letícia bufou e eu suspirei impaciente.

- Marcela, você segue o carro. Vamos andar pela cidade procurando um hotel.

               Ela balançou a cabeça concordando.

- Vamos. Quero sair logo daqui.

- Eu que o diga. – Joseph comentou.

 

 

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Lety

 

 

               Durante todo o percurso fiquei em silencio. O Senhor Joseph contava sobre o que passou durante o seqüestro, e eu me sentia mal por ele ter passado por tantas coisas, mesmo que não tenham machucado ou lhe feito algum mal pior. Mas eu estava com a cabeça em outro lugar. Não me agradava nada a presença de Marcela ali. Que nós duas não nos dávamos bem de maneira alguma já era do conhecimento de todos, principalmente porque tivemos que aturá-la em nossa equipe por um bom tempo. Mas, depois que ela foi transferida para outro posto, a paz reinou sobre nossas missões. Ao menos até aquele momento.

               Conseguimos encontrar um bom hotel que parecia seguro para que passássemos a noite. Omar concordou em dividir o quarto com Joseph para que ele se sentisse mais seguro, e ele ficou totalmente agradecido por isso. Ele parecia uma pessoa legal, e eu não gostaria que nada de ruim acontecesse à ele, e nem à nenhum de nós. Aquele caso estava mais extenso do que eu imaginava, e eu sentia que não era nem mesmo o começo.

               Fernando e eu entramos no nosso quarto e eu me sentei pesadamente à cama. Não tínhamos participado de muita ação, mas eu estava esgotada para um dia só, principalmente porque sabia que o dia seguinte seria ainda mais longo.

- Acha que ele vai ficar bem? – Perguntei.

- Quem?

- O Senhor Joseph.

- Acho que sim. Omar está lá com ele, ele deve se sentir mais seguro assim.

- Essa história é mais complicada do que imaginamos.

- É... Eu sei. – Fernando tirou o seu relógio e me olhou. – E sei também que está ainda mais complicada por causa da Marcela.

               Suspirei impaciente.

- Lety, você não precisa agir dessa maneira toda vez que estiver perto dela.

- Você sabe que eu não consigo me segurar. Ela me provoca o tempo inteiro e eu não tenho paciência para lidar com esse tipo de coisa.

- Eu sei, mas você precisa aprender a ignorá-la.

- É impossível, e voce sabe por quê.

- Meu amor... – Ele sentou-se ao meu lado e segurou minha mão. – Isso faz tempo. Por que você insiste nisso?

- A gente não esquece a ex namorada do marido, Fernando.

- Não foi um namoro, e eu já te expliquei sobre isso. Nós saímos por um tempo, só isso. Não significou nada para mim.

- Vocês sempre dizem isso...

- Lety, olha para mim.

               Olhei em seus olhos.

- Se eu quisesse ter alguma coisa com ela, eu teria me casado com ela, e não com você. Já disse varias vezes que eu sou completamente apaixonado por você, e que eu te escolhi para ser a minha esposa e ter uma vida ao meu lado.

               Respirei fundo e sorri.

- É, eu sei.

- Precisamos nos concentrar nessa missão, e quanto mais vocês duas discutirem, pior vai ser a convivência. Vamos ter que trabalhar em equipe agora. Eu também não gosto da idéia de ter que trabalhar com ela, mas é preciso.

- Eu sei.

- Não fique assim, tudo bem? – Ele sorriu com ternura e tocou em meu rosto. – Podemos descansar um pouco agora. O que acha? Ficarmos juntinhos aqui, pedimos algo para comer...

- Seria ótimo.

- Então eu vou tomar um banho, e você pode pedir o que quiser. Tudo bem?

- Tudo bem.

               Fernando me deu um beijo demorado e logo depois se levantou, seguindo em direção ao banheiro. Eu entendia que ele e Marcela não tinham mais nada juntos, mas era impossível me sentir normal com aquela situação. Mesmo que eu soubesse que eles não tiveram nada muito sério, eu ainda não me sentia preparada para trabalhar ao lado dela. Mas me esforçaria. Pelo meu trabalho e por Fernando. E comecei a fazer isso pedindo um jantar romântico para nós dois enquanto ele tomava seu banho.

               Não demorou muito para Fernando sair do banho, e logo depois eu entrei. Tomei um banho relaxante, mas tentei não demorar tanto para aproveitar melhor nossa noite. Mesmo com todos os problemas, podíamos enfim ter uma noite de descanso, e eu gostaria de aproveitar cada minuto. Logo quando saí do banho percebi que o jantar tinha sido entregue, com direito à uma rosa enfeitando a bandeja.

- Ótimo pedido. – Fernando sorriu pegando a rosa e caminhando em minha direção.

- Obrigada. Só não sabia que seria tão caprichado. – Sorri.

- Já disse o quanto você fica linda só de toalha?

- Eu acho que está querendo me seduzir.

- Você pensa muito mal de mim. – Ele me entregou a rosa.

- Obrigada.

- Sei que temos muito trabalho amanhã, e muitas coisas para pensar... Mas eu gostaria muito de aproveitar essa noite a sós com você. Não temos isso há muito tempo...

- Eu sei. – Suspirei satisfeita. – Mas você vai conseguir deixar os problemas do trabalho de lado?

- Claro que sim. Com uma mulher dessas em minha frente, é impossível pensar em trabalho.

               Bati em seu ombro enquanto ria.

- Então... Quer jantar primeiro, ou...? – Ele se aproximou galanteador.

               Respondi sua pergunta deixando minha toalha escorregar pelo meu corpo até cair no chão. Ele me olhou malicioso e eu sorri.

- Opa... – Sussurrei.

               Fernando gargalhou e me puxou para mais perto, me beijando no mesmo instante. Há tanto tempo eu não tinha aquela sensação... Mesmo durante uma missão extremamente importante, estávamos enfim tendo uma noite romântica, como não tínhamos há muito tempo. Fernando e eu tínhamos uma vida sexual bastante ativa, mas nada se comparava à uma noite romântica. O sexo parecia melhor, mais proveitoso, e mais inesquecível. A maneira que Fernando me tocava delicadamente, as palavras doces que ele dizia a cada beijo sobre minha pele eram sensações únicas. Após respirações ofegantes e a felicidade extrema depois de um ótimo desempenho, olhamos um para o outro e sorrimos.

- Eu te amo. – Ele sussurrou me puxando para mais perto, depositando um beijo em minha testa.

- Eu também te amo. – Respondi contente, me aninhando em seu abraço, repousando minha cabeça sobre seu peito.

               Ficamos um tempo em silencio e eu pude sentir a respiração de Fernando se estabilizando aos poucos, assim como seus batimentos. Depois de uma noite como aquela, eu não via um momento melhor para falarmos sobre o assunto que tanto adiávamos, e talvez depois de tudo isso, Fernando estivesse de bom humor disposto à conversar.

- Amor?

- Hum?

- Você não quer ter filhos?

               Ele ficou um tempo em silencio.

- É claro que quero. – Respondeu apenas.

- É que às vezes eu sinto que... Você não quer isso. Está sempre adiando o assunto.

- Eu expliquei por que. Precisamos falar sobre isso com calma.

- Nunca temos tempo para falar nisso... – Ergui minha cabeça para olhá-lo. – Por que você simplesmente não diz o que pensa sobre isso?

- Você quer que eu dê a minha opinião?

- Por favor!

- Está bem... – Ele se ajeitou à cama. – É claro que eu quero ter filhos. Eu só acho que estamos no auge da nossa profissão, e nós gostamos demais do nosso trabalho para abrirmos mão dele nesse momento.

- Não abriremos mão. Eu só... Não terei mais o mesmo desempenho por um tempo. Mas depois é obvio que voltarei à trabalhar normalmente.

- Não é isso que estou dizendo, Lety. É que... – Ele suspirou. – Já imaginou como seria péssimo sairmos em um caso e termos que ficar nos preocupando em como a criança está sem a gente? Preocupados se voltaremos vivos para casa ou se tem a possibilidade dele ficar órfão.

- Que horror, Fernando.

- Precisamos pensar em tudo isso se tivermos um filho, Lety. Não é tão simples quanto parece. Não podemos deixar ele na casa dos seus pais ou dos meus todas as vezes que precisarmos trabalhar. Ele cresceria uma criança revoltada por ter pais ausentes.

- Mas nós conseguiríamos dar um jeito, não?

- Só acho que está muito cedo para falarmos sobre isso.

- Muito cedo? – O olhei abismada. – Temos quase dois anos de casados.

- E mal conseguimos um tempo para nós dois.

- Está me dizendo que não abriria mão do seu trabalho para termos uma família? – Me enrolei ao lençol, sentando-me à cama.

- Não disse isso. Eu só disse que... Por enquanto é complicado. Não precisamos pensar nisso agora.

- E quando vamos pensar, Fernando?

- Lety, por que você fica dessa maneira todas as vezes que tocamos nesse assunto?

- Porque é difícil ouvir do meu próprio marido que ele não quer ter uma família comigo tão cedo.

- Não foi isso que eu disse.

- Mas deu a entender!

- Está vendo? É por isso que não gosto de falar sobre o assunto. – Ele se levantou irritado.

- Ótimo! Então não falaremos mais sobre isso!

- Ótimo!

               Me deitei à cama irritada e ele seguiu para o banheiro. Fernando conseguia me tirar do sério algumas vezes, principalmente quando o assunto era esse. Estava claro que ele tinha um certo “medo” de formar uma família, mas ele não me disse tudo isso quando me pediu em casamento. Eu sempre deixei claro o quanto queria uma família e o quanto tinha o sonho de ter filhos, e ele sempre me apoiou. Ao menos até perceber que ele teria que me ajudar com isso. Enquanto tentava me acalmar para não agravar a discussão, ouvi o celular de Fernando tocar sobre a cômoda. Eu o peguei e vi que era uma ligação de Rodriguez. Fernando rapidamente saiu do banheiro terminando de vestir sua calça e eu entreguei o celular para que ele atendesse.

- Pronto! Oi chefe. Não, está tudo sob controle. O que? Isso é sério? Tudo bem. Nós vamos pra lá nesse instante! Certo, vou avisar os outros.

               Fernando desligou o telefone e puxou o zíper de sua calça.

- O que foi? – Perguntei preocupada.

- Ele acha que conseguiram identificar alguns caras que fazem parte da gangue. Não é muito longe daqui. E provavelmente estão com uma bomba.

               Suspirei impaciente e me deitei à cama.

- Por que sempre bombas? – Perguntei revoltada.


Notas Finais


Que felicidade que vocês gostaram do prólogo! Espero que continuem gostando da fic porque ela tá babadeira! hahaha Mas já vou deixando adiantado que não pretendo fazer ela grande, até porque é minha primeira fic desse jeito e eu não tenho muita experiência. Se ao longo do caminho a criatividade me ajudar, ela pode ficar maiorzinha. Mas até o momento ela será pequena, mas com MUITA emoção e ação! Espero que gostem ♥


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