História A não-sereia do Rio Han - Mas, não me deixe sozinho

*Hongbin pov*

  [Conversa com Hyuggie meu amor (@hsh0705)]

@hongbiiiiin93: Eu vou sair com o Hakyeon no sábado da semana que vem. Desculpa não poder ir para Jeju com você, na próxima a gente vai, more.

@hsh0705: Tá. Não vou falar nada... eu só acho engraçado que...

@hongbiiiiin93: PARA, HYUK!!!

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 Hyuk, eu entendo o seu problema. Entendo que você já passou por muita coisa e por isso é assim. Mas, eu estou fazendo isso por você. Por que você me “pediu” – tá mais pra obrigou, mesmo. E você ainda fica triste comigo. Eu não vou cancelar com o N-hyung, então, espero que você não fique mal, ou pelo menos, não tão mal assim.

 Ah. O que eu estou falando? É claro que você vai ficar mal. Na real, a pergunta que eu deveria estar fazendo é “O que raios eu estou fazendo?”. São 2 da manhã e eu estou tendo diálogos imaginários, bem típico do Hongbin. O sono está me afetando muito, é melhor eu ir dormir.

***

  Já é o sábado do meu encontro com o N-hyung e eu não estou nem um pouco animado. Não que eu não queira ir, ou não goste dele, mas eu estou preocupado com o Hyuk. Ele não dá sinais de vida desde a nossa conversa. É como se ele tivesse desaparecido... nada de novo. Ele tende a fazer isso quando brigamos. Daqui a algum tempo ele volta a falar comigo, é isso que eu espero.

 O meu encontro com o N-hyung é a tarde, então, vou aproveitar a manhã para me arrumar e deixar tudo em ordem aqui em casa. Vou tomar café com a minha vó e depois vou tomar um banho. Mesmo que eu não queira, eu lavei o cabelo. Eu vou sair com alguém, para um lugar com muitas pessoas, então, no mínimo eu tenho que fazer isso.

 Enquanto seco meu cabelo encharcado pós-lavagem, eu vou escolhendo a roupa que usarei hoje. Pego um jeans escuro básico, uma camiseta aleatória, um par de tênis preto e decido pegar um moletom rosa claro, que eu ganhei do Hyuk de aniversário. Ele disse que era a minha cara, por ser muito gay. Quando estava me vestindo, recebo algumas mensagens do N-hyung.

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[Conversa com N-hyung (@achahakyeon)]

@achahakyeon: Oiiie~ Binnie~

@achahakyeon: Você não se esqueceu do nosso encontro, certo?

@hongbiiiiin93: Claro que não, hyung.

@achahakyeon: Ainda bem.

@hongbiiiiin93: Mas por que eu esqueceria?

@achahakyeon: Binnie, você esqueceu que a sua memória não existe.

@hongbiiiiin93: Ah.

@hongbiiiiin93: Não é tão ruim assim...

@achahakyeon: Não?!

@achahakyeon: Essa é a primeira vez que você se lembra do encontro kkk

@hongbiiiiin93: .-.

@achahakyeon: kkkk

@achahakyeon: Mas, então...

@achahakyeon: Chego aí em 10 minutos.

@hongbiiiiin93: Por que tão cedo, hyung?

@achahakyeon: Cedo?!

@achahakyeon: Binnie, já são quase duas da tarde...

@hongbiiiiin93: COMASSIM?

@achahakyeon: kkkkkkkkkkkkkkk

@achahakyeon: Como você pode ser tão esquecido assim?

@achahakyeon: Eu já estou chegando, viu.

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 Como raios já são duas da tarde? Eu acordei tarde hoje, ou só demorei no banho mesmo? Vou ficar cismado nisso. Eu jurava que estava de manhã e se não estava, por que a minha vó não falou nada quando eu fui tomar café da “manhã”? Ah. Isso não importa, eu tenho que me arrumar mais rápido que o relâmpago marquinhos.

 Katiau. Eu consegui. Corri mais que o flash e me vesti tão rápido que acho que coloquei minha cueca ao contrário... é tarde demais para consertar isso. Desci a escada correndo em direção à sala para me despedir da minha vó. Ela estava sentada em sua cadeira de balanço e tomando chá em sua caneca favorita, ela é tão fofa:

- Beijos, vó. Eu já vou indo.

- Você vai sair com aquele homem que trabalha com o Hyogi, Kong? – Hyogi e Kong, é assim que minha vó nos chama. Era os nossos nomes de super heróis quando pequenos.

- Sim, vamos em um parque de diversões. E na verdade, ele é o chefe do Hyuk.

- Kong, eu vou te dar um conselho. Segura esse macho, meu amor.

- É o que, vó?

- Olha, pelo que o Hyuk me disse, ele é bonito, empreendedor e tem uma bunda... um sugar daddy desses, filho...

- Vó, eu acho que a senhora está andando demais com o Hyuk. Ele não é uma boa influência.

- Como eu posso não andar com ele quando ele é meu bebê?

- Ei. Eu que sou o seu bebê. Ele é não uma companhia muito boa.

- Sabe quem é um companhia muito boa? Aquele daddy que está lá na porta te esperando.

 Fiquei tanto tempo conversando com a minha vó que nem percebi que o N-hyung já havia chegado, e estava na porta de casa:

- Vai que é tua, Kong. Agarra que é uma oportunidade única.

- VÓ! Ele é meu amigo.

- Então vai na “brotheragem”, bebê. E use camisinha.

 Essa minha vó não vale um won furado. Não creio que ela é a versão feminina – e bonita– do Hyuk. Decido ignorar o que ela estava dizendo e vou atender o dadd... N-hyung. Eu não gosto dele, não desse jeito, e creio que ele sinta o mesmo. Só estamos saindo porque... bem... isso eu não sei ao certo. Ah. Amigos fazem esse tipo de coisa... certo? Deve ser isso. E melhor eu parar de enrolar e ir logo atende-lo:

- Oi, Binnie. Pronto para o nosso encontro?

- Claro.

- A propósito, você está muito bonito hoje.

- Ah, obrigado.

- Vamos?

 Concordei e fomos. O carro dele estava parado na frente da casa. Seguimos até ele e o N-hyung abriu a porta para que eu entrasse e me sentasse no banco da frente. Quando ele também entrou e íamos dar a partida, eu ouvi a minha vó gritando: “Segura esse sugar daddy, Kong.”. Ah, eu estou morrendo de vergonha. Espero que ele não tenha ouvido:

- “Segura esse sugar daddy”? Quem é, a sua mãe?

- Não, é a minha vó...

- Hmmm. Devia seguir o conselho dela então. É uma oportunidade única. – Oportunidade única? Mas para o quê?

***

 Não demorou muito para que chegássemos ao parque de diversões e para que eu percebesse algo maravilhoso: era o Lotte World. Eu amo parque de diversões e o Lotte World é o meu favorito. Eu não consegui conter a minha animação quando chegamos. Eu praticamente pulei do carro quando estacionamos:

- Eu não sabia que você gostava tanto desses lugares, Binnie.

- Eu simplesmente amo, N-hyung.

- Queria ser um parque de diversões...

- O que você disse, hyung?

- Ãn, eu? Não disse nada não.

 Não precisamos ir comprar as entradas, o N-hyung já as havia comprado. Assim que estávamos dentro do Lotte World, eu o puxei para a fila da montanha-russa que eu simplesmente amo. Não demoramos muito na fila, ela não estava tão cheia, e o carrinho partiu rápido.

 Aquela montanha-russa era a mais alta, a mais longa e mais rápida de todo o parque, por isso eu a amava tanto. Ela me proporciona um prazer tão grande com toda essa adrenalina de estar correndo a mais de 100 por hora. Diferente de mim, o N parecia não estar gostando. Ele estava gritando toa vez que subíamos ou descíamos, e ainda mais quando passávamos a mil em uma curva. Foi a cena mais engraçada da minha vida.

 Quando saímos do brinquedo, só faltava o hyung beijar o chão de alívio. Depois da montanha-russa, fomos em muitos outros brinquedo e em todos eles o N estava gritando de medo. E eu? Rindo, é claro:

- Aí aí, hyung. Como você consegue gritar tanto assim?

- A culpa não foi. Aqueles brinquedos que são assustadores.

- Então, a gente deve ir fazer outra coisa.

- O que você tem em mente, Binnie?

- Eu estou com fome. Vamos comer?

- Hmm. E o que você deseja, fofo?

- Espaguete!

- Isso. Vamos nos comer... quero dizer... ESPAGUETE. Vamos comer espaguete.

 Encontramos um restaurante de comida italiana a umas duas quadras do parque. O restaurante era bonito e simples, havia umas grandes janelas que permitiam ver toda a rua. Sentamos numa mesa perto de uma das janelas e fizemos nossos pedidos: dois espaguetes à bolonhesa. Enquanto esperávamos, ficamos conversando coisas aleatórias, nossos gostos e etc:

- Acredita que o Hyuk me mandou uma mensagem me xingando? Esse babaca, eu deveria demiti-lo por isso.

- Deixa eu ver, hyung. “Eu tava matando umas formigas e pensei em você, sua tanajura. NÃO É PRA COMER MEU AMIGO, VIU!!!”, hahahaha.

- Ei, não ria. Isso é triste...

- Triste o quê?

- O fato de eu não poder te comer... Olha, o espaguete chegou.

 O que ele quis dizer com isso? Me comer? Como assim... Ah, ele pratica canibalismo? Será? Não, não deve ser isso. Eu acho que eu ouvi errado, eu sou meio surdo mesmo. Terminamos de comer rápido, então voltamos a conversar. Mas antes, eu fui ver meu celular. Se o Hyuk mandou mensagens para o N, ele deve ter mandado para mim também. Aff, eu esqueci de carregar meu celular e agora ele desligou. Que merda:

- Eu acho muito legal o fato de você morar junto com sua vó, além de seus pais. Minha vó mora muito longe e eu quase não a vejo.

- Na verdade, eu só moro com minha vó. Não vejo meus pais há anos.

- O que aconteceu com eles?

- Aconteceu que eles me deserdaram.

- Sério?!

- É. Eles simplesmente não aceitavam o fato de que filho primogênito deles é gay. Aí eles me expulsaram de casa e eu fui morar com minha vó, aqui em Seul. Faz 15 anos desde que eu não os vejo, e creio que seja melhor assim.

- 15 anos? Então você saiu de casa com...

- Isso mesmo, fui expulso aos 10 anos.

- Que triste, Binnie.

- Triste? Talvez. Porém, foi melhor assim. Se eles não tivessem me expulsado eu não moraria com a minha vó, nem com o Hyuk e ele estaria muito mal.

- Você já morou com o Hyuk?!

- Já. Quando eu fui morar com a minha vó, os pais dele... bem, eu acho que eu não deveria falar sobre sem o consentimento dele, mas, digamos que aconteceu algo bem ruim e ele não tinha para onde ir. E já que minha vó estava em Gangwon, nossa cidade natal e onde nossos pais moram, ela acolheu o Hyuk e nos trouxe para Seul. Ele morou comigo até os 18, quando eu ele alugou um apartamento para viver sozinho, já que ele não gostava de ser um “fardo” para os outros.

- Nossa...

- É, a vida dá dessas. Por isso somos tão unidos, como irmãos. Na verdade, somos praticamente casados.

- É O QUÊ?! *cof* *cof*

- Você está bem, hyung?

- Eu to, só me engasguei um pouco com o suco. Mas, casados?! Isso não é um pouco de exagero?

- Não. Eu cuido dele, cozinho para ele, o levo na faculdade e no trabalho. É como se eu fosse seu marido.

- Tá mais para um escravo... to com inveja.

- Tá com o quê?

- Quê? Eu? Estou com nada não... Eu vou pagar a conta, já volto.

 Mexendo na minha mochila, procurando a minha carteira porque eu não iria deixar ele pagar tudo sozinho, eu achei meu Power bank. Eu consigo esquecer de carregar o celular mas não esqueço meu Power bank. Rapidamente, eu ligo o meu celular para ver se havia alguma mensagem do Hyuk. Encontrei uma que ele mandou a algum tempo: “Eu tava comendo feijão e pensei em você, Bean. Como vai o encontro?”. Bem parecida com a do N-hyung, porém, não é hostil. Ele está online então vou ver se ele está bem.

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[Conversa com Hyuggie (@hsh)]

@hsh0705: Eu tava comendo feijão e pensei em você, Bean. Como vai o encontro?

@hongbiiiiin93: Desculpe não te responder antes, Hyuggie.

@hongbiiiiin93: Meu celular tava desligado.

@hongbiiiiin93: Eu já acabei aqui, Hyuk. Vamos ir a algum lugar juntos?

@hsh0705: Não precisa, Binnie... eu já tenho um lugar para ir... é bem longe digamos.

@hongbiiiiin93: Onde é que você ta?

@hsh0705: Na Ponte Bampo, vendo o Rio Han...

@hongbiiiiin93: Me diz que você não ta tentando aquilo de novo.

@hsh0705: Então, eu não digo...

@hongbiiiiin93: Han Sanghyuk, não se mexa. Eu já estou chegando.

@hsh0705: Tchau, Hongbin...

@hongbiiiiin93: Hyuk, lembre-se que se você fizer isso, você nunca mais vai poder me ver e vai ficar muito triste por causa disso.

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 Eu não acredito que isso está acontecendo de novo. Isso não devia estar acontecendo de novo. E é tudo minha culpa. Ah. Eu sou tão idiota, eu sabia que isso poderia acontecer. Eu não deveria ter o deixado sozinho, como naquela vez. Eu tenho que fazer algo, eu tenho que salva-lo:

- Binnie, eu já paguei a conta e...

- Hakyeon, nós precisamos ir para a Ponte Bampo. Agora!

- Por quê? O que aconteceu?

- O Hyuk... está acontecendo de novo...

 Pegamos o carro e fomos o mais rápido possível para Bampo. Sem eu perceber, lágrimas já haviam descido o meu rosto e molhado minha roupa. Em minutos eu já estava aos soluços. Era impossível conter minhas lágrimas:

- Se acalma, Binnie. Tudo vai dar certo, como da última vez.

***

 Fomos tão rápido que, além do N-hyung conseguir no mínimo umas 10 multas, chegamos lá em 10 minutos. Estacionamos e eu corri para a ponte. Lá vi o Hyuk, ele estava sentado na mureta da ponte, mas estava vivo e isso que importa. Sai correndo a seu encontro quando uma bicicleta passou raspando em mim, me fazendo cair e não conseguir alcança-lo. A mesma acabou esbarrando no Hyuk quando iria descer de onde estava, o fazendo cair.

 Eu o vi caindo, eu ouvi seus gritos. Eu estava em choque. Meu coração havia quebrado. Minha respiração, cessado. Eu queria pular da ponte, morrer seria melhor do que isso. Depois de tudo que passamos, o destino insistiu que iria leva-lo. E a culpa era minha, eu que deveria ter morrido.

- H-hyuggie, por quê... –  Eu estava preste a cair quando N-hyung me segurou e me despertou de meus pensamentos.

- Bi-binnie, e-eu vi tudo. Vamos descer, talvez ele...

 Eu não consegui me conter, se havia ao menos uma porcentagem de chance dele estar vivo eu deveria, eu teria esperança. Sai correndo o mais rápido que pude, mesmo que minhas pernas estivessem bambas de medo.

 Quando desci da ponte e fui em direção ao rio, eu o vi. Estava deitado inconsciente na margem. Eu to pouco me ferrando para como ele chegou lá, o importante é que ele não está morto no fundo do Rio Han:

- HYUK! – Eu gritei e corri em sua direção.

- Hyuk! Hyuk, você está bem?

- Binnie, ele está v-vivo?

- Eu não sei...

- Vê se ele está respirando.

- O-ok, e-eu vou...

- Deixa que eu faço isso. Você está em choque.

 Eu me afastei e deixei que o hyung cuidasse disso. Ele checou seus batimentos, tentou reanimação e fez respiração boca-a-boca, mas nada o fazia acordar. Até que...:

- AAAAHHH. TIRA ESSA BOCA DE MIM, CAPIROTO!

- Hyuggie!

- Ah. Oi, Hongbin.

- OI É O CASETE, SUA VACA! VOCÊ SABE O QUÃO PREOCUPADO EU FIQUEI? COMO VOCÊ TEM CORAGEM DE FAZER ISSO COM SUA FAMÍLIA DE NOVO?!

- Mas, eu não tenho família... lembra que eu to sozinho?

- Sozinho? Eu e a vó não somos sua família por acaso? E o N?

- Não, você não vai casar com ele!

- Como assim?

- O único jeito dele ser da minha família é ele casar com você. E isso não vai acontecer, OUVIU SENHOR CHA HAKYEON?

- La La La La, eu não to ouvindo nada~

- Para de palhaçada, Hyuk. Eu vou te levar para casa, seu tonto.

*Hyuk pov*

 Hoje foi um dia cheio e eu estou morrendo... pera, acho melhor eu não usar essa expressão por algum tempo. Hoje eu tive um ataque de depressão, quase morri, deixei o meu amigo super preocupado e fui beijado por um peixe, ainda bem que a minha boca não está com gosto de salmão. Depois de escovar meus dentes umas dez vezes, eu tomo uma decisão: eu vou achar essa sereia, nem que me custe a vida... pera, melhor não.

 Eu vou acha-la, eu vou expor ela nos jornais e ficarei rico e famoso HAHAHAHAHA. Me aguarde, Leo. O Hyuk Holmes irá te achar... mas primeiro, eu vou dormir. Porém, quando eu acordar... EU. VOU. TE. PEGAR!