Sete e meia da manhã Gideão ouvia o agudo som do seu despertador estourar seus ouvidos. Remexendo-se na cama ele levantou o braço e o deixou, simplesmente, cair no criado mudo ao lado da sua cama.
Deve ter ficado deitado por cinco minutos até que se lembrou que precisava ir à escola na segunda-feira, mas sua noite não foi as melhores que tivera da sua vida.
“Apenas diga-me porque insiste em arrumar um emprego?” a pergunta da sua mãe ainda ecoava na sua mente em meio a inúmeras lembranças do que ele fez. “Estou cansado dos outros me olharem como um anormal” ele gritou socando a parede.
Aquilo foi o suficiente para Gideão ver sua mãe recuar um passo assustada, ele só se tocou no que havia feito quando era tarde demais sua mãe já tinha sumido para o seu turno da noite no hospital.
- Deixar de ser um idiota Gideão. Falou pondo-se de pé.
Caminhou até o banheiro onde fez apenas suas necessidades matinais, ele não estava com todo aquele seu humor de poder tomar um banho, vestir-se uma roupa, fazer um café da manhã para sua mãe, na verdade ele não estava com humor nem de cuidar de se mesmo, embora não soubesse porquê.
- Porque sabe que está quase tornando-se um próximo Bud Gleeful. Ele olhou no espelho chocado por tal frase ter saído inconscientemente, mas no espelho não era seu reflexo, mas sim o de Bud Gleeful, seu pai.
Gideão sentia ódio imenso começar a dominar sua mente quando levantou seu punho pronto para acerta um soco em seu próprio reflexo “Faça isso e você provara a si mesmo que ele e seu futuro” uma voz falou em sua mente que de imediato o acalmo.
- Estou ficando louco. Falou para si mesmo vendo seu reflexo no espelho voltar ao normal enxugando seu rosto em seguida.
Quando voltou para seu quarto Gideão, já se sentia um pouco melhor do que quando levantara há pouco tempo, mas não devia ser nada importante. Pegou cada um dos seus materiais que usaria hoje, ele não mataria aula, mas ainda apreensivo.
Ao sair de seu quarto olhou para a porta da frente era o quarto de sua mãe “Faça” repetiu a voz em sua mente, quando entrou no quarto de Suzy ele pode ver ela se remexendo-se na cama.
Ele ficou ao lado da cama olhando a cena que lhe dava um enorme peso na consciência vendo ela nesse estado e, de alguma maneira, saber que era por sua causa que ela não tinha um sono tranquilo.
O Gleeful aproximou-se lentamente dando um pequeno beijo em sua testa que, por incrível que pareça, ela sorriu e acalmou-se um pouco antes de aninhar-se ao seu travesseiro. Gideão sentia dor, uma profunda amargura que crescia mais e mais no peito até que ele tirou da sua mochila uma folha e uma caneta ele precisava fazer aquilo.
Para Suzy
Mãe, sinceramente não sei se algum dia lhe chamei assim em minha infância, mas somente agora quando percebo que apesar de toda a desgraça que eu a forcei a ver entre demônios e monstros que se escondem entre humanos.
Confesso que agora o que domina meu peito é o medo, vergonha, ódio tanto de mim quando dos outros.
Vergonha do que eu era antes, quando era uma pessoa tão egoísta ao ponto de que um apocalipse ser a única coisa que abriu meus estupido olhos que visavam apenas poder e controle sobre tudo e a todos.
Ódio de ter tanto poder e não poder protege-la “dele” ou de a proteger de mim mesmo e dos outros que acham que sou o próximo monstro Gleeful, mas depois de tantos anos sendo forte e os ignorando, confesso que estou começando a acreditar.
E agora eu tenho medo de não merecer mais o seu amor como mãe, tenho medo que vá embora, tenho medo de que também pense que sou igual a “ele”
Eu prometo que eu irei recompensa-la por tudo que minha maldita pessoa a fez passar, mas por favor apenas me responda uma coisa.
Você um dia já me amou como seu filho?
De Gideão Charles Gleeful.
Quando terminou a ponta do último “L” ele pode ver que algumas de suas lagrimas molharam a carta, mas ele já estava atrasado para a escola, deixou a carta no criado mudo ao lado da cama e saiu.
Enquanto caminhava pela rua até a escola ele se perguntava se falou tudo o que queria, não ele não falou, caso falasse encheria um livro inteiro do que queria falar, mas aquilo já era o bastante.
“Acusadores são de duas espécies: os que me acusam agora e os que me acusam ontem” repetiu seu mantra internamente tentando se acalmar, mas não funcionava muito.
Quando chegou a escola presenciou a cena mais épica que poderia acontecer, Mabel Pines acabou de acerta um belo de um tapa na face de Candy—ok, pelo menos eu não sou mais o foco das atenções—pensou consigo mesmo vendo a cena.
- Você só pode estar brincando comigo? Gritou Mabel para Candy que olhava aquilo atônita e Dipper apenas ficou calado deixando Mabel extravasar toda a raiva.
- Eu podia jurar que quando meu irmão chegasse aqui vocês iriam tentar no mínimo ajuda-lo, mas não! Nem ao mínimo perguntaram se um dia ele usou drogas, entorpecentes, substancias elícitas ou qualquer for a merda que você fale.
- ele nunca usou, ele foi expulso de casa, mas vocês amigas dela nem tentaram o ajudar apenas aproveitaram a onda, e tentando ser popular, o xingaram também suas... Durante os próximos quinze minutos Mabel usou todo os seus novos conhecimentos para insultar Grenda e Candy, resultando que em seu primeiro dia já levara uma advertência.
Todos acabaram por achar que Mabel era igual a Dipper ou até pior, mas com o passar do tempo e sua raiva ia diminuindo Mabel começou a participar mais das aulas acertando algumas perguntas, umas das mais difíceis, sendo o suficiente para chama-la de Nerd, mas não o fizeram, Dipper estava do lado e, por incrível que pareça, não estava dormindo como sempre faria.
Até que finalmente o intervalo chegou, depois de quatro longos horários, Dipper e Mabel não se desgrudavam nem um pouco, apenas para guardar suas coisas no armário, já que o de Dipper fica perto da entrada e o da Mabel fica perto do refeitório.
- Ei Pines! Chamou uma voz nojenta que ele reconheceria de longe.
- O que você quer Kevi? Perguntou Dipper fechando seu armário pronto para ir embora ao encontro de Mabel.
- Só queria saber quem é a gostosa que anda com voc.... Não pode terminar de falar quando Dipper o segurou pelo colarinho da camisa e o arremessou nos armários.
- Chegue perto dela é será a última coisa que fara! Gritou alto chamando atenção dos demais no corredor iniciando os cochichos.
- E o que você vai fazer? Perguntou Kevi sorrindo torto e arrogando.
- Ele pode arrebentar sua cara das mais diversas maneiras possíveis, mas você irá rezar para ele te matar quando acabar, pois eu não sou tão misericordioso. Falou a voz de gideão que acabou por atravessar a multidão sem o menor problema.
Dipper viu seu amigo olhar para e por um segundo duvidou que seus olhos mudassem para um azul em chamas e voltassem ao normal, ele olhou para Kevi que agora se tremia na base—ele também viu? —pensou Dipper consigo mesmo enquanto soltava Kevi que caiu sentando.
Enquanto andavam pelo corredor até o encontro de Mabel eles encontraram com Daniel no caminho que já soubera da discussão enquanto aqueles dois conversavam animadamente Dipper olhava tudo com cautela ele estava preocupado.
Do outro lado da escola Mabel se aconchegava em seu casaco grosso esperando por Dipper até que sentiu uma cutucada no ombro, mas não viu ninguém até que olhou para baixo vendo Taisla com cara de poucos amigos.
- Desculpa não queria ofende-la. Disse Mabel sorrindo torto enquanto Taisla suspirava pesado.
- Tudo bem, pelo menos você é mais gentil que o Dipper. Com o comentário de Taisla Mabel acabou gargalhando puxando Taisla junto.
De longe Pacifica NorthWest caminhava sem olhar nos olhos de ninguém, há mais de dois anos que ela estava ali e não havia conseguido um amigo de verdade até agora, mas quando viu Mabel e Taisla juntas rindo ela acaba corando um pouco, embora não quisesse admitir a face de Taisla era muito bonita.
- Ei gente! Falou se aproximando deles ignorando o fato de estar corada poderia dizer que era o frio.
- Ei Pacifica! Saudou Mabel enquanto parava de rir.
- Oi, Paci. Cumprimentou Taisla enquanto Pacifica corava mais pelo novo apelido.
- Por que está tão vermelha? Perguntou Taisla.
- Deve ser o frio. Falou desviando-se do olhar intenso da tampinha de um metro e sessenta do seu lado.
Mabel olhava aquela cena atentamente sorrindo internamente lembrando que era exatamente assim com Dipper e ela enquanto sua mente diabólica trabalhava.
- Mabel como exatamente você soube que Dipper estava apaixonado por você? Perguntou pacifica mudando de assunto.
- bem na verdade eu sabia que ele estava apaixonado, mas não sabia que era por mim. Falou Mabel olhando dentro do seu armário pegando uma folha velha no meio do seu caderno.
- Ele escrevia essas cartas o dia inteiro. Falou entregando a carta para Taisla e Pacifica que começaram a ler aquele peque
Por ti meu coração bateu e a ti ele escolheu
Por mais que eu negue esse sentimento mais
Forte ele fica ao ponto em que eu já não sei mais.
Deixe-me segurar sua mão guiando-a pela multidão
Gritando para o céu e para todos que por ti eu me apaixonei
- Tenho que confessar que é muito fofo e muito meloso. Comentou Taisla enquanto Pacifica lia e relia novamente a carta impressionada.
- foram longos meses de procura para saber quem era a pessoa que ele mencionava, mesmo sendo meloso as fazes escrever um declaração para alguém mesmo sem entregar pode ajudar muito. Comentou olhando para Pacifica que corou um pouco e seu sorriso interno apenas aumentava.
Pacifica lia aquilo como se uma especialista analisando um diamante que nem notou quando os garotos chegaram chamando atenção das outras duas, mas quando foi devolver Mabel recusou e sussurrou em seu ouvido:
- Pode ficar, talvez ajude você a escrever as suas. Comentou sorrindo vendo Pacifica corar ao nível extremo. Todos conversavam alegremente até o celular de Taisla tocou.
- Alô? Perguntou enquanto os outros fizeram silêncio tentando ouvir a conversa.
- Pra você. Disse Taisla entregando o celular para gideão que olhava tudo um pouco desconfiado.
-Alô? Perguntou Gideão ouvindo a voz de Billy do outro lado da linha.
- O que?! Gritou alto, mas já tinha desligado, todos olhavam para Gideão esperando uma resposta, mas do nada ele começou a correr.
- O que houve? Perguntou Daniel preocupado correndo ao lado de Gideão sendo seguido por seus amigos.
- O desafio dos Lumberjack é hoje daqui meia hora, eu não vou conseguir chegar a tempo. Falou começando a suar frio.
- Venha eu lhe-dou uma carona. Falou Daniel dando um tapas em sua costa.
Quando chegaram no estacionamento da escola Gideão, Daniel, Taisla e Pacifica correram para a caminhonete de Billy enquanto Mabel e Corriam até sua lambreta.
- Por que estão todos indo? Perguntou Mabel um pouco assustada fazia tempo que ela matava aula.
- Taisla e Daniel são os únicos que podem ajuda-lo agora, Pacifica não iria se separar da Taisla e eu devo muito a Gideão.
- E por que eu estou indo? Perguntou Mabel subindo na lambreta junto com Dipper.
- Ora maninha deveria saber que agora eu sou um péssima influência. Falou roubando um beijo de Mabel que sorriu em seguida.
Um pouco mais à frente na van o coração Gideão parecia querer sair do seu peito, mas para ele tudo parecia correr em câmera lenta, em sua carta ele não pode falar tudo faltou apenas uma última coisa.“Eu prometo mãe de que eu não deixarei você sofrer por mim nunca mais” pensava com determinação enquanto tudo voltava a velocidade normal.
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