REYNA –
Reyna olhou horrorizada para o filho de Hades que estava de boca aberta. Nico estava tão assustado quanto ela. Provavelmente deveria estar trêmula e arranhada.
Tudo começou quando decidira falar com seu namorado sobre ser uma semideusa. Reyna não saberia dizer se eles iriam durar, pois se conheciam a pouquíssimo tempo, porém sentia uma atração fatal por ele, que parecia sentir o mesmo. Se Jack podia ver através da Névoa por um motivo tão nobre, deveria ao menos saber das coisas.
Ela não sabia qual seria sua reação. E era disso que tinha medo. Alguma coisa a fazia pensar que dizer para ele a verdade iria ser o correto a se fazer. No meio da tarde,eles estavam vendo televisão juntos. Reyna não sabia exatamente qual era o filme que estavam assistindo pois nem prestava atenção.
- Jack? – perguntou finalmente
O rapaz virou-se para ela.
- Hm?
- Você não acha que nossa relação está indo rápido demais? – interrogou com cautela, medindo as palavras
- Talvez... – ele franziu a testa - mas eu não me importo muito porque eu sei que gosto de você... Tem algum problema nisso?
Reyna deu de ombros pensando no que falar:
- Creio que não... E você acha que devemos saber bastante um sobre o outro?
- É, acho que sim.
- Como... Como posso dizer isso? – Reyna suspirou olhando para o teto.
Finalmente pegou as mãos de Jack e olhou em seus olhos:
- Você... Não sabe tudo sobre mim, na verdade.
- Ah – ele sorriu – Fique tranquila tem algumas coisas não muito importantes que não sabemos um sobre o outro. É normal.
- Mas o que você não sabe sobre mim é... Muito chocante – ela não estava sorrindo
De repente, viu a cortina se mexer levemente. Algo dentro dela falou para prestar atenção nisto, mas pela primeira vez, Reyna ignorou essa voz, que por acaso, era seu instinto. E que erro.
- Muito chocante? Reyna, pode me dizer qualquer coisa, você sabe.
- Absolutamente qualquer coisa? – ela ergueu as sobrancelhas,duvidosa
Ele concordou rapidamente com a cabeça. Reyna suspirou mais uma vez, tentando se acalmar. Era agora. Tinha que ser. Ela tinha que contar a verdade.
- Acontece que – começou – Tudo o que você viu e vê, como aquele “gigante”não é da sua imaginação. Na verdade você não está ficando louco. Só é melhor que os outros mortais.
- “Mortais”? E o quê você acha que é? A mulher maravilha? – ele sorriu brincalhão – Não que você não seja – o sorriso aumentou
Mas Reyna estava com dificuldade de respirar e não estava sorrindo.
- A questão é que – falou séria – Aquilo que você viu... É real. São monstros. Eles existem mesmo. O que pensam que não existem como deuses,existem.
Por um momento ele ficou com a boca aberta mas depois riu:
-Agradeço você estar tentando fazer eu me sentir melhor, mas tudo bem, como eu disse poderia estar cansado e nada daquilo é real...
- É sim – disse com ferocidade – Eu não sou uma pessoa normal.Eu sou filha de uma deusa romana, Belona, deusa da guerra. Eu sou uma semideusa.
Por um momento tudo ficou em silêncio. Jack estava a olhando com uma cara de terror enquanto ela sentia seu coração martelar no peito.
- Reyna, eu acho que você não está se sentindo muito bem... – ele disse de repente, franzindo a testa de preocupação.
Ele ergueu as mãos até seu rosto, mas ela as segurou firmemente, o encarando:
- Eu estou falando sério! – ela limpou a garganta para continuar – Eu sou filha da deusa romana da guerra, Belona e existem monstros e semideuses! Meio deuses meio mortais e aquele gigante que você viu era na verdade um ciclope! E o que eu estava fazendo antes de você me encontrar naquela floresta era bolando um jeito de detê-los! Eu beijei você para não olhar para eles! Eu não sabia porquê você era um mortal diferente! Você entendeu?
De repente a expressão de Jack mudou para uma outra que ela não conhecia. Parecia um pouco com mágoa.
- Então você está me dizendo que deuses existem, você mentiu e me beijou só para me afastar e não porquê queria.
Ah. Agora entendi onde ele está querendo chegar – pensou Reyna infeliz.
- É... e sim foi isso – quando ele estava desviando o olhar, ela pegou o seu rosto e forçou-o a olhar para ela – Mas eu gosto de você. Eu juro. Estou te contando tudo isso porquê gosto de você. Não para te magoar.
Seu rosto ainda expressava mágoa.
- Eu não posso acreditar nisso. É loucura. Deuses, monstros e... – ele olhou para ela com uma cara triste – beijos forçados.
- Só foi um beijo para afastar você. E eu não posso dizer que não gostei.
Reyna viu que um sorriso tentava não se formar na boca dele.
- Eu queria te contar tudo isso, mas não podia. Só que você é uma pessoa maravilhosa, então sei que posso contar com você e que... Vai acreditar em mim – Reyna tentou a sorte
Jack a fitou não muito crente.
- Olhe – ela tirou a espada da bota, fazendo ele pular bem uns dois metros para trás – E isso... - falou ela pensando rápido.
Reyna pegou a mão do namorado e enviou um pouco de força para ele. Imediatamente, ele largou sua mão, assustado:
- Ah! O que foi isso?
- Eu lhe enviei um pouco de força – disse simplesmente – Posso fazer isso
- Não acredito que estou quase considerando a ideia que deuses e deusas possam existir – falou – Isso... é muito confuso. Não posso dizer que não estou me sentindo um pouco mal. Mas se você for pensar... isso faz muito sentido para mim – arfou
Reyna começou a explicar tudo sobre A Névoa e como funcionava e de como alguns mortais poderiam ver através da Névoa por certos motivos e os outros não, pois só viam o que gostariam de ver. Contou-lhe vários detalhes e falou-lhe sobre os deuses e de como controlavam cada um uma coisa diferente ou exerciam determinado poder.
- Tem mais – começou ele pasmo – Alguma coisa que você queira me falar?
Reyna pensou por um instante. Baixou o tom de voz repentinamente, sem nem mesmo notar:
- O Acampamento Júpiter, dos romanos fica aqui perto – falou – E é lá que eu vivo.
- Vocês... – ele olhou para ela de esguelha – Não machucam mortais, certo?
- Ah não – Reyna sorriu – Tem espadas que nem mesmo podem ferir mortais. Atravessam direto. Mas nunca ferimos intencionalmente.
- Não posso crer que minha namorada é uma semideusa...
Ela demorou mais um bom tempo tentando o convencer que aquilo de deuses e deusas existirem não era loucura e que semideuses realmente existiam e várias outras porções de coisas. Por fim, prometeu levá-lo ao Acampamento no dia seguinte.
Jack ficou em ótimo estado para quem acaba de descobrir coisas dessas dimensões. Reyna sabia que era porque ele tinha mente aberta e também, depois do que ela falou, muitas coisas se encaixaram pelo fato de que ele podia ver através Da Névoa e os outros não.
Ele estava um pouco chocado e ainda não totalmente convencido, ela sabia. Mas ele não achava que ela era louca. Na hora dela ir embora , ele murmurou, sério:
- Ainda não acredito que estou considerando essa ideia
Reyna sorriu:
- Nem eu.
Deu um beijo nele antes de sair andando até a floresta, ainda sorrindo. Porém, antes de chegar lá, escutou um barulho atrás de si. Parou por um segundo, franzindo a testa, mas antes que virasse para observar de onde vinha, algo a agarrou por trás. Reyna deu um grito assustado até ouvir a voz:
- Calma querida – alguém sussurrou no seu ouvido bem devagar – Só sou eu. Aposto que está feliz em me ver, não é?
A pessoa que estava a segurando mordiscou sua orelha. Reyna se debatia, gritando enfurecida, porém a pessoa era bem forte.
- E esse seu corpo...? Parece o de uma deusa não é? Ou devo dizer...o de uma semideusa?
Levou um segundo até perceber de quem pertencia a voz. O irmão de Jack. No mesmo momento que disse isso, ele cheirou o pescoço dela, proporcionando-lhe calafrios de medo. Como ele...?
- ME LARGUE!
Berrou Reyna, chutando a perna dele com o máximo de força que podia. Ouviu um grito de dor e os braços dele afrouxaram, enquanto ela caia no chão de tanta dor. Aproveitou esse momento e saiu correndo como uma louca pela floresta, com o coração batendo rapidamente. Ela sentia horror daquele garoto. Ele a proporcionava um medo estranho. Correu sem rumo até cair em cima de Nico, que ainda a olhava, assustado. Só talvez não tanto quanto ela.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.