História A Nova Ordem (Após Boo) - E desde quando as coisas são fáceis?

NICO –

Nico andava em um passo rápido ao lado de Will Solace, não prestando realmente muita atenção no que estava procurando. Seus pensamentos estavam em outro lugar, bem distante daquele.

A cada minuto que andava, o fato de que Will e ele agora eram mais do que amigos dominava-lhe a mente. Sentiu que não conseguiria abrir a boca e dizer o que realmente eram.  Tinham agido de forma diferente um com o outro desde então. Nico olhou de esguelha para o amigo, que andava despreocupadamente e – pelo menos assim imaginava -  se não tivessem recebido o aviso de não chamar atenção, provavelmente estaria assoviando. 

- Você parecesse nervoso – comentou Will de supetão.

- Eu ... quê?!

Se havia mesmo uma coisa que o deixava nervoso era quando o Filho de Apolo  resolvia tentar ler sua mente ou até mesmo sua expressão e na maioria das vezes, acertava em cheio. Nico não sabia ao certo se gostava de ser um... livro totalmente aberto.

- Tem alguma coisa lhe preocupando? – agora Solace se inclinava, como se tentasse ver alguma fratura exposta ou algo do tipo em seu corpo.

- Nada – respondeu Nico rapidamente, tentando ao máximo parecer convincente – Deve ser impressão sua.

A relação deles dois estava bem esquisita, pelo menos para ele, mas Will parecia não pensar do mesmo jeito.

- Não ficamos sozinhos a um tempo – começou o filho de Apolo, virando-se para ele enquanto andava.

Nico sentiu seu rosto ficar quente, como acontecia toda vez:

- Hã? Ah... é.

- Será que... – continuou Will, hesitante - ...eu poderia segurar sua mão?

- Minha... o quê? – ele atrapalhou-se novamente, surpreso.

- Sua mão – o garoto desviou o olhar rapidamente, mas entrelaçou a mão dele na do filho de Hades, e levantou-as, juntas – Assim.

Nico não respondeu, porém, deixou a sua própria mão exatamente onde estava, com o coração acelerado.

- Não precisa ter vergonha de mim, certo? - interrogou Solace, cautelosamente – Acho que... compartilhamos o mesmo sentimento – franziu as sobrancelhas levemente – Então, não precisamos ter vergonha... nem receio, não é? – e sorriu

Nico não pôde evitar de pensar em como se sentia mais a vontade com Will do que com outras pessoas. A intimidade deles dois aumentara muito, mas, mesmo assim, ainda tinha aqueles momentos vergonhosos e de pura tensão. Mas por fim, concordou com o garoto, também sorrindo.

- Você está certo.

Apertou a mão dele, ligeiramente, com um sorriso preso na face. Alguns segundos depois, sentiu a aproximação de passos e os dois se afastaram por um momento, surpresos, enquanto olhavam para trás para ver quem ou o quê estava vindo. Leo, Calipso, Percy e Annabeth andavam (ou melhor, corriam), todos juntos, discutindo, parecendo todos nervosos. Quando ergueram as cabeças e viram os Will e Nico parados ali, se adiantaram, ainda correndo:

- Nos sigam! Reyna em perigo! O prédio de Jack está logo ali! – gritou Leo, sem sequer diminuir o passo.

Aturdido, Nico não questionou, indo atrás do grupo agitado. Eles foram depressa até o edifício em que o mortal morava, dobrando a esquina. A coisa que os incomodou foi o fato de estar tudo silencioso, e o balcão, onde deveria se encontrar a recepcionista, vazio. Subiram rapidamente elevador mas assim que as portas fecharam, Annabeth abriu a boca:

- Vocês sabem o andar?

De repente todos pararam por um segundo, se entreolhando. Ninguém sabia o andar a não ser Reyna e o próprio Jack. Leo teve que apertar botões aleatórios e ir de porta em porta, até que pararam em um andar mais alto.

- Nunca vamos encontrar desse jeito – começou Calipso, mas como se a vida lhe pregasse uma peça, ouviram um grito de socorro, vindo de uma das portas do andar.

Todos saíram apressados do elevador, tropeçando um nos outros. Ficaram surpresos ao perceber que a porta estava destrancada. Abriram sem maiores dificuldades. O horror mesmo é o que estava dentro. Nico boquiabriu-se. Todo apartamento estava coberto de poeira, como se a muito não fosse habitado, o que lhe deixou chocado. Seguido disso, várias peças de metal, bronze, aço, estavam jogadas pelos cantos. Algumas armaduras mal formadas se encontravam ali. Também haviam as totalmente feitas, que eram poucas.

Alguém gritava do outro lado da sala. Eles entraram, sem hesitação e quando olharam para direita, viram Jack jogado no chão,  a poucos centímetros de um sofá que agora parecia conter fuligem. Nico correu para o ajudar, jogando-se no chão de joelhos, chegando perto suficiente do garoto para perceber que estava todo arranhado e algumas partes do braço estavam rochas. Sangue escorria pelo nariz. Algumas partes da roupa pareciam ter sido queimadas. E acima de tudo, parecia fraco.

- O que houve por aqui? – perguntou Nico, atônito.

- O pior – o garoto tentou se mover, mas logo fez uma careta de dor.

Percebia-se o quanto estava aflito. Nico olhou diretamente para sua perna. Não estava em um ângulo muito bonito.

- Onde está Reyna?! O que houve com sua perna? – fez mais uma enxurrada de perguntas enquanto seus amigos ajoelhavam-se ao seu lado, com horror expressado na face.

- Minha perna está quebrada – ele fez um gesto com a mão, indicando que aquilo não tinha a mínima importância – Não é comigo que devem se preocupar! Vocês chegaram tarde. Reyna já foi levada por Dominic e mais aqueles dois desgraçados!

Mesmo dizendo que estava bem, não podia esconder sua cara de dor. Todos estavam surpresos, furiosos. Era um misto de emoções.

- Eles que fizeram isso com você? – começou Percy

Jack abriu a boca para responder, porém, sua expressão se transformou em uma careta de horror e ele apontou para trás deles, com urgência:

- ATRÁS DE VOCÊS!

Nico virou bem a tempo de ver uma enorme armadura, completa, erguendo-se para cima deles, com os olhos brilhando em vermelho, ameaçadoramente. Reprimiu um grito enquanto ela baixava o punho e todos se jogavam para o lados opostos. A única coisa que Jack poderia fazer era rolar devagar para o lado, tentando evitar de ser esmagado.

Nico deu uma cambalhota e ficou agachado, virando-se para a máquina, completamente pronto. E eu imaginando que iria ser fácil tirar Jack daqui – pensou ele. Logo em seguida deu de ombros  – Mas desde quando as coisas são fáceis? Tirou o cabelo do olhos enquanto avançava para cima da armadura, com os punhos levantados.