REYNA –
Reyna estava nervosa. Sua mente ainda não estava completamente dominada pela filha de Afrodite, ela resistia bravamente, embora seu corpo já houvesse cedido. Assim que fecharam a porta, a garota tentava gritar, mas sua boca se recusando a abrir, seguindo as instruções de Avery. A medida que andavam, o charme foi se dissipando, as palavras tornando-se menos claras e Reyna imaginou que estivesse pronta para lutar novamente, mas assim que se mexeu nos braços de Jace, o rapaz imediatamente puxou uma gigante seringa, com um abundante líquido roxo e inseriu no braço dela, sem a menor pena.
Quis gemer de frustração. O braço direito começou a arder e doer intensamente por conta da injeção. Não fazia ideia do que tinha naquele líquido, mas agora seu corpo estava ficando completamente mole,como se fosse de borracha e ela não conseguia mover um músculo. A tentativa só causou-lhe cansaço. Agora mesmo estava sem proteção alguma. Indefesa. Vulnerável. Se era uma coisa que DESTESTAVA era a incapacidade em uma batalha. Nem se deu conta de onde estavam, até que piscou, perplexa. Se esgueiravam para uma parte escura da cidade, em que Reyna nunca andara até agora. Tinham muitos becos, e pessoas suspeitas andando por ali. Mas Dominic andava despreocupadamente, como se aquele fosse um ambiente familiar para ele. Dobraram mais uma esquina até chegarem em uma casa de aspecto abandonado e sujo. Era pintada de uma cor de vômito, nada chamativa, encolhida entre outras casas. Poderia até passar despercebida se não prestasse bastante atenção. Adivinhou que aquilo era exatamente o que eles queriam. Chamar menos atenção possível, pelo menos por enquanto.
Avery puxou uma chave do bolso, abrindo a porta rapidamente. As pernas de Reyna balançavam sem função, enquanto Jace a carregava. O lugar por dentro não estava tão acabado assim. O chão estava limpo, sem resíduos de poeira. Na sala de estar se encontrava um sofá vermelho, com uma televisão de cinquenta polegadas em cima de uma bancada. Uma geladeira se encontrava praticamente do lado (a divisão de cômodos era confusa) e uma mesa pequena de vidro logo a frente.
Finalmente, Jace a colocou no chão. Sua pernas dobraram, ainda em efeito da tal substância que haviam injetado. Ao que parecia, ele revirou os olhos, entediado. Largou Reyna em uma poltrona próxima. Sentia o maxilar pesado, quase como se fosse impossível abri-lo. Sua raiva estourava dentro do peito, uma sensação de frustração e pesar tomavam conta dela. Estava parecendo uma boneca de pano jogada em qualquer canto da sala, sem importância. Mexia a cabeça com dificuldade, e a única coisa que não lhe exigia trabalho seria mexer os olhos.
- Então – Dominic apareceu na sua frente, sorrindo de uma maneira afetada, como se estivesse se divertindo ao máximo com a situação - , lugarzinho bom, não é?
Reyna estava exausta demais para responder (sabia que não conseguiria abrir a mandíbula), mas tentou lhe lançar o olhar mais vingativo que podia. O garoto alargou o sorriso:
- Ah! Minha deusa, não fique com essa carinha triste! Eu vou cuidar bem de você... Pode apostar – os olhos dele faiscaram, perigosos.
Ele aproximou uma das suas mãos, apertando o rosto dela. Mais uma vez, ela sentiu um calafrio subindo a espinha, com os pelos do braço e da nuca se eriçando. Queria bater, gritar, bater novamente, naquele sujeito.
- Deve estar se perguntando o quê estamos fazendo aqui. Ou por quê lhe trousse, não? – interrogou, mesmo sem esperar por uma resposta – Não poderíamos enfrentar os deuses de mãos vazias. Estamos aprimorando armaduras e armas. Como pôde ver.
Reyna sabia que Dominic estava se divertindo muito. Causar desordem, tocar o caos parecia ser essencial para ele. Na verdade, era muito bom nisso.
- Pelo que pude perceber, a armadura atacou você. Vamos reprogramar. Não era para isso acontecer, sinto muito. Quero dizer, pelo menos não a você. Continuando... Jace tem feito-as para mim e devo dizer que os deuses são tão bobos a ponto de desperdiçar esse filho de Hefesto.
Do outro lado da sala, Reyna viu que Jace sorria, satisfeito com as palavras.
- A mesma coisa é dita sobre a filha de Afrodite. É excepcional. Duvido que haja alguém tão boa quanto ela.
Avery sacudia a cabeça furiosamente em confirmação, enquanto procurava o controle da televisão. Por um segundo, passou-se pela cabeça de Reyna se os outros dois semideuses não podiam o trair, mas, provavelmente Dominic não compartilhava todos seus planos com eles. Então se Dominic morresse, ninguém bolaria o plano. E também, pareciam achar ele um exemplo.
- Assim que o efeito passar, me fará um favor – concluiu, contente.
Assim que isso passar – pensou ela com raiva – Quebro a sua cara. Mas não conseguiu evitar ficar nervosa. Que tipo de favor? Vindo daquele garoto, não podia ser nada bom. Lembrou-se por um instante de seu namorado. Deveria estar sozinho, jogado atrás do sofá, com a perna quebrada e todo dolorido, gritando para que ajudassem... sem ninguém ouvi-lo.
- Não ligue para meu irmão - disse Dominic, como se tivesse lido sua mente - Considerando que estava debilitado, a máquina pode ter o matado – e deu de ombros indiferente.
Assim que as palavras saíram da sua boca, Reyna sentiu um aperto enorme no coração. Havia esquecido completamente da existência daquela maldita máquina. Era perigosa ao extremo, e naquele estado, Jack nunca poderia se defender. Ficou surpresa de tamanha frieza, quando se tratava do próprio irmão dele. Dominic deu as costas, mais que feliz. Cochichou para Jace fazer alguma coisa. O rapaz chegou perto de Reyna, e sem dizer nada, puxou uma corda, amarrando suas pernas, mãos, pés e os braços ao tronco.
Após ter feito o serviço todo, o filho de Hefesto virou-se para ir embora, sentar em seu sofá, mas, de repente, parou e girou os calcanhares, olhando-a diretamente, falou, se dirigindo a ela, pela primeira vez:
- Espero que goste da estadia – sorriu, como se estivesse sendo totalmente sincero – Dominic tem grandes planos para você.
Dizendo isso, encaminhou-se para a mobília, deixando Reyna com uma expressão de ligeiro horror expressada na face.
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