História A Nova Ordem (Após Boo) - Até que deu certo... mas não tanto

REYNA - 

Reyna estava em total desespero. Queria se debater e passar a mão na boca. Além da situação nada agradável que estava vivenciando, seu namorado estava atrás de uma moita, vendo toda a cena e não parecia nem um pouco feliz com ela.

Correu os olhos pelo lugar (mesmo com Dominic a beijando) , procurando algo que lhe fosse útil naquele infeliz momento. Demorou um pouco, mas logo avistou o que parecia ser uma faca no bolso do menino mais velho do grupo, aquele chamado Tyler, que olhava para Dominic com um certo desgosto expressado na face. Ela não poderia culpá-lo.

Agora Reyna tinha de pensar. Não sabia se Jack ainda estava lá, observando ou não, mas não poderia verificar agora. Dominic afastou-se dela, com aquele sorriso debochado e desagradável estampado no rosto. Ela tinha que agir. Mesmo necessitando lavar a boca com sabão, segurou a barra da camisa dele, o mais gentilmente de pôde, se contendo para não socá-lo e lhe deu o melhor sorriso sedutor que conseguia naquela hora. 

- Sabe o que eu realmente sinto por você? - interrogou, ainda com um sorriso

- O quê? - o garoto perguntou em uma voz bem audível para todos ali, como se quisesse ter certeza de que Tyler estava ouvindo, parecendo achar que Reyna falaria coisas ótimas.

Ela não respondeu de imediato. Fez uma pequena pausa. Seu sorriso foi sumindo e seu olhar se tornou de puro ódio com a boca meio curvada para direita.

- Repulsa e nojo! - gritou ela enquanto movia as mãos hábeis em direção ao bolso de Tyler, que nem teve tempo parar ter uma reação concreta.

Pegou a faca afiadíssima e assim que virou, Dominic estava bem atrás dela. 

- Acho que eu prefiro você assim... mulheres difíceis são as melhores. - ele deu mais um sorrisinho, embora parecesse estar morrendo de ódio por seu plano ter falhado - Devo confessar que estou surpreso. Foi bem inteligente da sua parte. Mas agora vamos, abaixe essa faca. 

Reyna poderia sentir o bafo de bebida dele, e se a polícia o pegasse, estaria frito. Todos aqueles garotos pareciam uns fora da lei e aquele lugar parecia ser exclusivo deles. Duvidava intensamente que as pessoas tivessem coragem de vir ali pela noite, a menos que quisessem ser assaltadas. E todos aqueles garotos pareciam conhecer Dominic muito bem. 

- E pode me dizer por quê eu faria isso? - ela sorriu, ao mesmo tempo que dava um chute em alguém que se aproximava dela por trás sorrateiramente. 

- Não seja ridícula - desdenhou Dominic na mesma hora - Estamos em maior número que você e sabe disso. - Avery e Jace apareceram ao seu lado, sorrindo.

- Se me lembro bem - começou Reyna, lembrando do dia retrasado - , penso ter ouvido você dizer para seus dois serviçais que não precisariam trazer armas para cá, porque estava tudo sobre controle e elas não seriam necessárias. 

- Jace e Avery podem domá-la fácil, querida. 

- Só quero ver eles tentarem... - rebateu ela.

Então, com movimentos rápidos, ela pôs a faca encostada na garganta de seu inimigo, que parecia abismado e com raiva. 

- Façam alguma coisa e ele estará morto. - avisou ela perigosamente e os outros dois trocaram olhares nervosos.

- Você não... – começou ele, mas a garota apertou um pouco mais a faca sobre o pescoço do rapaz.

Reyna sabia muito bem que provavelmente não seria capaz de matar o irmão do seu próprio namorado desse jeito, por mais detestável e asqueroso que ele fosse. Não se sentia no direito de fazer aquilo. Porém, ninguém sabia disso, o que lhe dava a vantagem.

Avery e Jace não se moveram. Reyna também estava ciente de que era por gostarem daquele garoto, absolutamente que não. Mas se Dominic morresse, o plano morria junto. Ela fez o que era necessário. Enfiou a faca na batata da perna de Dominic, que gritou e caiu no chão com tudo. Avery e Jace finalmente avançaram, com os punhos erguidos e sem armas. Mas Reyna se esquivou dos dois, fazendo  cabeça deles bater uma na outra e caírem inconscientes. 

- Mais alguém? - perguntou, com um certo tom de ironia na voz, virando-se para os garotos sombrios, que se encontravam do lado do cais. Estavam paralisados, todos encolhidos um do lado do outro, tentando não ficarem em seu campo de visão. Os mais novos se escondiam atrás das pernas dos mais velhos.

Ninguém moveu um músculo. Até que Tyler se virou para ela, chocado, e falou, sabendo que estava dizendo o que todos concordariam:

- Não sei quem você é, mas eu e os meninos não a incomodarão mais, senhorita. 

Reyna deu as costas, passando por Dominic e pisando na sua barriga com força, arrancando outro gemido de dor. O garoto parecia estar com a visão fora de foco e quase imóvel.

Ela correu até onde Jack estivera (enquanto olhava para trás para verificar se ninguém estava a seguindo) , percebendo pela primeira vez, que todos seus músculos doíam de tensão e cansaço. Aqueles dias não tinham sido seus melhores, muito menos aquele momento. Quando chegou até a moita, arregalou os olhos surpresa. Só se encontrava a terra com duas marcas de sapato. Seu namorado realmente não estava mais lá.