História A Nova Ordem (Após Boo) - Reviravolta

JACK - 

Jack não estava se sentindo nada bem. Queria acordar e descobrir que era tudo um pesadelo. Ver sua namorada beijando o seu irmão foi a pior coisa que já vira nessa vida. Como ele sabia que ela estava sendo influenciada pelo charme? Ao certo, não sabia. Ele não tinha aprendido tudo sobre filhas de Afrodite e seus poderes de persuasão. Mas Reyna não estava com uma cara besta, como quando foi levada a força pelo charme. Quando ela o viu, arregalou os olhos. Ele podia sentir que a namorada estava bem consciente da situação.

Estava completamente arrasado. A sua mente dizia: “Você está sendo idiota! Observe a situação! Volte ao local!” Mas ele simplesmente estava ignorando. Havia esquecido da missão e naquele momento pouco se importava. Para ele Dominic só era um grande idiota e nunca poderia fazer nada que fosse por em risco o mundo inteiro. Chutava a pedra que estava no meio do caminho. Nico havia dado a ideia de se dividirem e procurarem por Dominic. Falaram bem claramente para ele ficar no banco da praça, mas ele se recusou. Eles não sabiam disso, é claro. Deveriam estar procurando por ele, afinal já havia saído de lá a algumas horas.

Mancava por conta da perna quebrada e sentia uma dor terrível, mas tampouco ligava. Chegou finalmente até a praça e mal percebeu quando Nico começou a brigar com ele:

- Onde você estava? O procuramos por toda parte! Chegamos a pensar que Dominic tinha feito alguma coisa com você!

- Reyna agora está do lado dele – foi somente o que disse, antes de se largar em um banco velho de madeira.

Todos pararam de brigar com ele e ficaram quietos.

- Como assim? O que houve? Ela nunca faria uma coisa dessas! – começou  Annabeth, com um pouco de impaciência na voz.

- Ela está certa – concordou Percy de braços cruzados – Isso é um absurdo. Onde você encontrou Reyna?

- E por quê a deixou lá?! – perguntou Leo com um pouco de agressividade

Jack só iniciou sua explicação quando todos pararam de falar.

- Eu vi ela beijando Dominic.

Outro silêncio mortal se ergueu sobre eles até Percy abrir a boca:

- Já pensou que ela poderia estar sobre poderes de persuasão?

- Sim – respondeu Jack um pouco mais grosseiro do que pretendia – Quando ela me viu espiando atrás das moitas, arregalou os olhos. E além do mais, ela não estava com postura de quem estava sob influência de um charme.

Todos começaram a discutir, gritar e falar.

- CALEM A BOCA! – gritou Nico de repente – Temos que verificar isso! Reyna não nos trairia assim!

- É verdade. Você veio de que direção? Onde exatamente foi isso? – interrogou Will, que parecia ser o único que mantinha uma calma total.

Jack começou a explicar, com uma dor no coração enquanto falava. Disse que estava muito escuro para ver exatamente onde eles estavam, ou ao menos descrever o local. Longe para ouvir também. Mas tinha absoluta certeza do que vira. Contou que algumas tochas estavam ligadas, proporcionando um pouco de luz. Haviam vários moleques observando a cena e Reyna parecia estar beijando Dominic com  certa vontade que...

Quando terminou de contar a história, sentiu que não conseguiria mais dar uma palavra.

- Pelo menos você executou o plano? – perguntou Calipso, devagar.

Ah é. O plano. É claro que não havia esquecido dele. Leo havia criado rapidamente um certo “inseto” mecânico, que era muitíssimo pequeno. Ele descrevia a exata localização da pessoa em que grudasse. Jack jogou-o em direção a Dominic e ele provavelmente deve ter subido por sua perna e se fixado lá. O problema era que Leo ainda não conseguia acessar as informações no controle que havia feito. Estava com defeito.

- Nós vamos correndo até lá. Queremos ver a situação, caso ela ainda esteja ocorrendo – informou Will

Todos concordaram brevemente.

- Esperem – pediu Leo, mexendo no bolso do jeans - Se você, Jack estiver em perigo ou encontrar Reyna por aí, use isso.

O garoto lhe deu algo parecido com uma caneta laser, e era mais ou menos isso mesmo. Mas a luz era bem maior, e era um círculo bem grande que se formava no céu. Leo explicou-lhe que se fosse alguma situação de perigo, era para usar a luz avermelhada. Caso fosse quaisquer outras situações em que Jack precisasse deles, era só usar a luz azul.

Jack concordou, sem animação nenhuma. Sentou-se no banco com a perna latejando e observou os outros irem embora na direção em que ele havia sinalizado. Por um bom tempo tudo ficou silencioso e ele se sentia um inútil. Havia perdido para o irmão. Em todos os sentidos. Tudo bem... nem todos. Na verdade, seus pais sempre tiveram uma certa preferência por ele, pois Dominic agia de um jeito que eles não consideravam adequado. Ele gostava de sair e dormir com várias garotas na mesma noite, frequentar todas as baladas, ficar bêbado e depois pegar o carro caríssimo de seu pai. Quando eles tinham dezesseis anos, seu pai tirou todo dinheiro de Dominic. Assim que ele engravidou uma moça da mesma idade em outro país e a deixou sozinha dentro de uma cabine no banheiro, trancada, o seu pai o deserdou. Não, ele não havia o deixado na rua, com fome e frio. Havia lhe dado um pequeno apartamento e dinheiro suficiente para que comprasse comida. Além de um trabalho como faxineiro em uma lanchonete.

Ele não poderia mais sair por aí com seu carro caríssimo, e tendo tudo o que queria. Sua vida ficou limitada. E Dominic não sabia viver desse jeito. Seus pais deram a Jack todo carinho e tudo que ele poderia querer, mas também sem esquecer de lhe dar limites e deveres. Sua mãe chorou muito no dia em que seu pai deserdara Dominic.

- Não faça isso, Bob! – havia gritado ela no dia, como Jack lembrava bem – Tem que ter outro meio...

- ESQUEÇA, TERESA! – havia gritado seu pai, Bob – NÓS JÁ DEMOS TODAS AS CHANCES E ELE JÁ DESPERDIÇOU TODAS ELAS! ELE É UMA VERGONHA PARA FAMÍLIA!

Dominic era um adolescente problemático. Era expulso de todas as escolas. Causava todos  os problemas. Como ele conseguia dinheiro agora, Jack não sabia. Mas tinha uma ideia: roubando. O dia que ele voltara para aquela cidade fora o pior dia de todos. Um pesadelo. Ele perturbava a vida de Jack. Ele o odiava. Na opinião sincera de Dominic, a culpa de tudo que havia acontecido era de Jack, por ser tão obediente e certinho.

Depois de tudo aquilo, sua mãe ficou doente. Não aguentava ter seu filho tão longe dela. Não tinha mais notícias dele. Poderia até ter morrido. Seu pai deixou um bilhete no apartamento de Dominic. Avisando que sua mãe estava doente. Dominic não veio visitá-la. Sua mãe morreu quando Jack tinha dezesseis anos. Depois disso, seu pai vivia bebendo e não tinha mais amor a vida. Ele considerava tudo culpa dele. Em um dia, estava dirigindo bêbado e acabou caindo em um barranco e morrendo. A notícia saiu no jornal, pois seu pai era um fotógrafo famoso naquela cidade. Mesmo depois de tudo aquilo, Dominic não foi vê-lo. Quando o reencontrou, agiu como se nada estivesse acontecendo.

A vida de Jack havia sido solitária desde então. Mas ele sentia que ainda havia algum motivo pelo qual viver. Tinha que ter... E quando encontrou Reyna, soube que era ela. Ela mudaria sua vida e o seu destino. E agora ele havia encontrado ela beijando seu irmão.

De repente, ouviu uma movimentação atrás dele. Virou-se rapidamente. Uma garota bem bonita de cabelos negros e soltos, esguia, vinha em sua direção. Ele se pôs de pé rapidamente. Era Reyna. Ela saiu correndo até ele, com um pânico expressado na face.

- Jack!

Ele não se moveu. Ela parou em sua frente.

- Olhe, não é o que você está...

- Eu vi tudo, Reyna – interrompeu Jack, sem mais delongas – Sei que você não estava sobre o controle do charme e não adianta tentar me fazer acreditar nisto.

- Você está certo por isso que eu...

- Logo com o Dominic... você estava beijando ele – agora Jack sentiu que lágrimas rolavam pela face.

- Não, não... amor, não é nada do que você está pensando – Reyna havia começado a chorar também.

- Até parece!

- Por favor, me escute! – ela agarrou a barra da camisa dele – Eu estava prisioneira dele! Tinha que bolar um plano! Fingi que estava sob o charme de Avery! Ele acreditou! EU consegui fugir por causa disso!

Jack parou por um instante, vendo Reyna se debulhar em lágrimas, com o cabelo esvoaçando pelo rosto. Deveriam ser umas doze e meia da noite.

- Isso é verdade?

- Você acha mesmo que eu mentiria para você?! – ofegou ela – Ou que trairia a confiança de vocês? Muito menos ficar com Dominic!

- E como ele não foi atrás de você? – desconfiou ele

- Eu dei um jeito! No momento, ele está com uma faca enfiada na coxa! Aqueles meninos ficaram com medo de me seguir e Avery e Jace estão desmaiados!

- Então... você não estava com ele? – interrogou Jack

- Claro que não! Eu amo você!

Um peso parecia ter sido tirado dos ombros dele. Não era verdade afinal.

- Reyna... me desculpe... não sei como pude desconfiar de você... muito menos deixá-la sozinha... é tudo minha culpa... – soluçou ele.

- Shhh... Não tem problema. Está tudo sobre controle – ela limpou uma lágrima dele com o dedo.

- Se eu não tivesse...

Mas Reyna não o deixou continuar. Começou a beijá-lo. Jack retribuiu com um beijo desesperado. Os lábios dela eram macios e suaves. Ele passou a mão nos cabelos dela, que eram sedosos e bonitos. Suas mãos foram descendo até suas costas, abraçando ela com força.

- Eu também te amo – sussurrou ele, enquanto tirava o cabelo dela dos olhos – E tenho muita sorte de ter uma namorada tão linda e atenciosa como você. Me desculpe por ser um babaca.

Reyna deu um sorriso brincalhão.

- Está desculpado. - e voltou para outro beijo.