Jack –
Mal tinham saído de um avião que estava caindo e agora, o helicóptero poderia cair também. Jack foi arremessado para trás e bateu a cabeça violentamente em uma das paredes do helicóptero, deixando uma dor imensa e fazendo pontinhos pretos aparecerem em sua visão. Ao que parecia, Nico estava falando com alguém e ele desconfiava que fosse com os outros semideuses que ficaram no Acampamento – embora não soubesse como – e a “ligação” tinha sido interrompida, pois não via mais sinal das vozes deles. Na verdade, a única coisa que Jack poderia ouvir agora, eram gritos e gemidos dos seus amigos no helicóptero. Seus braços fraquejaram quando ele tentou levantar-se e a primeira coisa que fez foi erguer a cabeça e procurar por Reyna. Avistou a namorada no lado oposto a ele, achatada contra Calipso e Nico. Ela parecia mal. Sua perna quebrada queimou de dor.
Tentou ir até ela, mas não deu muito certo. Ouviu um barulho atrás de si. Passos pesados. O rapaz virou-se lentamente, e seu coração começou a bater mais rápido, de adrenalina. Uma armadura, igual àquela que havia sido encontrada em seu apartamento estava logo atrás dele. Só que estava maior...BEM maior. Droga. O helicóptero balançava violentamente.
- LEO! – gritou Nico, rangendo os dentes de dor – TAQUE FOGO NESSE NEGÓCIO... DE NOVO!
Jack observou Leo (que estava do outro lado)arremessar uma bola de fogo no rosto da armadura. Só que desta vez não deu certo. Era como se a máquina tivesse absorvido o fogo. Ela estava perfeitamente bem e inteira. Todos ficaram chocados. Que lindo. Era agora que a coisa complicava. A máquina começou a andar até Reyna. Jack já sabia exatamente o que ela queria. Queria levar a sua namorada, muito provavelmente... Para Dominic.
- FIQUE LONGE DELA! – gritou Jack, desesperado.
A armadura olhou para ele, de cima abaixo, como se fosse um inseto insignificante que estava o incomodando. Assim, levantou a mão e bateu na sua cabeça, já dolorida. Ele ouviu um grito, provavelmente de Reyna. Mais pontos pretos apareceram na sua visão e o mundo virou de cabeça para baixo. Suas pernas perderam a função e ele tombou no chão novamente. Como era útil. Agora era ele o indefeso. Novamente.
Tentou se levantar, mas seus braços simplesmente ignoravam os comandos. O mesmo faziam suas pernas. Dominic parecia querer Reyna a qualquer custo. Leo é o que mais entendia de máquinas, então, Jack confiava nele agora. Percy sacou sua caneta esferográfica, tentando ajudar Annabeth a levantar.O helicóptero continuava no ar, tomando um rumo descontrolado, não sendo guiado por ninguém.
- SERÁ QUE PODEMOS EMPURRAR ESSA COISA PARA FORA DO AVIÃO? – berrou Percy para os amigos, com Contracorrente na mão.
Leo olhou rapidamente por todos os cantos da armadura, enquanto essa avançava para Reyna, que tentava fazê-la de besta.
- Ele pode voar! – gritou o filho de Hefesto em resposta – Não iria adiantar! A menos que... – Jack viu vagamente os olhos do garoto focalizarem na espada de Percy e nos pés da armadura – Ela consegue voar usando os pés! Devem ser suas turbinas. Percy, venha cá!
O rapaz incinerou uma das mãos e colocou o fogo na lâmina do amigo, que começou a esquentar excessivamente.
- AGORA! – gritou
Percy teve que automaticamente entender o que deveria fazer. A máquina estava quase pondo suas mãos em Reyna até o momento que o filho de Poseidon, usando toda a força que podia, conseguiu decepar um dos pés. As turbinas não seriam fortes o bastante para aguentar só de um lado, certo? Assim, os dois garotos juntos, empurraram a armadura confusa para porta aberta do helicóptero. A armadura agarrou a camisa de Leo, que quase foi junto, conseguindo se desvencilhar por pouco.
Felizmente, só uma das turbinas não foi suficiente para manter aquele negócio no ar. Jack sentia a cabeça explodir de dor. Tampouco ligava. O que importava era que ele era um inútil. Só estava atrapalhando naquela missão. Ele era péssimo! Não conseguiria nem mesmo segurar uma espada direito! Quanto mais salvar sua namorada. Era só um saco de batatas. Um peso. Reyna correu até ele, agarrando-lhe o pescoço.
- Ah, meus deuses! Você está bem?! – perguntou, olhando cada centímetro dele.
- Perfeitamente – resmungou Jack
- Obviamente que não está! Olhem só! Está sangrando! Sua cabeça abriu! Will, por favor! Ajude-me aqui! – pediu a garota, em desespero, enquanto suas mãos macias com as unhas delicadamente pintadas de azul escuro percorriam o rosto do rapaz.
Jack não queria nem ver. Provavelmente levaria pontos. Aquilo só ficava cada vez mais difícil. Ele não era um semideus. Seus olhos começavam a fechar, ao mesmo tempo que sua linda namorada ia ficando fora de foco, e os sons cada vez menores. Nem tinha notado se tinha perdido muito sangue ou não. O helicóptero começou a perder a altitude. Jack não era como aqueles heróis... e nunca chegaria perto.
...
Acordou deitado em uma cama confortável. Estranhamente, seu braço estava quente e sua mão também. Calor corporal. Jack abriu os olhos lentamente. Estava em algum lugar parecido com um hotel. Era humilde, mas bem arrumado. Um ar-condicionado estava ligado. Podia-se ouvir uma TV em outra parte do cômodo. Jack se assustou quando virou a cabeça para o lado e viu um rosto com grandes olhos e cílios longos o encarando. Reyna. Ela estava deitada ao seu lado, segurando sua mão, firmemente. Relaxou um pouco mais quando percebeu que ele estava acordado, dando um pequeno sorriso.
- Tudo bem?
- Acho que sim – ele deu um outro sorriso, embora não fosse tão sincero – O que estamos fazendo aqui? Digo... onde é isso?
- Estamos em Nova York – informou ela cautelosamente, passando as mãos pelos seus cabelos – Conseguimos um lugar para ficar. Estamos todos exaustos. Com sono. Se continuarmos assim, não teremos força nem para brandir uma adaga.
- E que horas são? – interrogou ele, interessado.
A garota teve que pensar por um segundo.
- Devem ser umas oito horas da noite.
Jack sentia que eles tinham feito algo na sua cabeça – provavelmente Will – Mas não queria nem ver de qual situação se tratava. Sua barriga roncou.
- Também pedimos serviço de quarto – Reyna tentou dar de ombros, o que deitada de lado era meio impossível.
- Obrigado – agradeceu.
Eles passaram um tempo em silêncio.
- O que aconteceu? – perguntou a garota, subitamente.
- Como assim? – perguntou Jack, na defensiva.
Reyna franziu as sobrancelhas, ao mesmo tempo que se sentava e cruzava os braços.
- Ah, faça-me o favor! Eu te conheço muito bem, sei que tem algo errado. Você está calado demais.
Jack não queria falar nada a ela. Só se sentiria pior. Talvez Reyna até abrisse os olhos para o panaca indefeso que ele era, e o largasse.
- Não é nada – ele deu seu melhor sorriso convincente - Só estava pensando onde Dominic pode estar agora. Não quero que ele tente pôr as mãos em você novamente. Não deixarei.
Reyna sorriu, ao mesmo tempo que lhe dava um beijo.
- Por que não dorme? Eu lhe acordo quando o serviço de quarto chegar – começou Jack, tentando convencer a namorada.
Por fim, ela acabou concordando e deitou em seu peito, com a respiração batendo em seu pescoço. Jack passou um dos braços pelos ombros dela, enquanto suspirava, bem baixo. Era um caso perdido. Aqueles caras eram tudo que ele não poderia ser. Alguma hora, Reyna perceberia isso, e o deixaria de lado. Ele sabia.
Jack ficou examinando o quarto. Focou por um momento, seus olhos no outro lado do cômodo. E quando piscou, poderia jurar que viu rapidamente a imagem de uma mulher linda – na verdade perfeita - , esguia e graciosa, dando uma rápida piscada para ele e desaparecendo novamente.
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