História A Nova Ordem (Após Boo) - Sempre contigo.

NICO –

Nico ouviu um grito de puro terror cortando a noite silenciosa. Ele abriu os olhos desesperado, e rapidamente sentou-se. Observou os amigos. Estavam todos deitados, roncando. Não viu nenhuma movimentação na área que se encontravam. O vento estava forte e fazia as árvores balançarem. O farfalhar das folhas era até agradável, seguido do som de alguns animais. Nico nem poderia dizer que um mortal ridículo estava tentando dominar os deuses. Tudo na mais plena paz. Então... Da onde poderia ter vindo aquele berro? Teria sonhado?

O filho de Hades estava sonhando antes, coisas boas... Um campo, repleto de flores. Nico estava sentado, olhando algumas, mexendo nas pétalas e sentindo o vento no rosto, o ar puro que inspirava. Quando de repente, o chão se abriu. Tudo assumiu uma cor vermelha e preta, e o sol foi coberto pelas nuvens cinzas. Daquele buraco gigante que dividindo o campo em dois lados, saiu um rapaz com uma capa preta e uma blusa de gola alta. Ao seu lado estava uma pessoa muito familiar. Nico rolou para o lado, aterrorizado, tentando não cair no buraco. Quando tentou levantar a cabeça para ver quem estava ali presente, viu claramente Will e Dominic. Logo depois, surgiram todos seus amigos. Eles tinham uma face séria, como se estivessem sem emoções. Reyna estava ao lado do mortal, segurando sua mão, mas olhando diretamente para frente, como se nada visse. Dominic riu.

- Eu dominei todos. Ninguém sobrará. Você ficará sozinho. E para sempre. – dizendo isto, chutou um corpo que estava aos seus pés, que foi parar ao lado de Nico, que ainda estava deitado com os cotovelos na grama

O garoto arregalou os olhos, com o coração batendo rápido. Era o cadáver de Jack.

- É o fim para vocês – sorriu Dominic

Neste momento outra pessoa apareceu em seu lado. Era seu pai, e ele estava acorrentado. Por algum motivo, se remexia intensamente mas não conseguia se soltar. O desespero estava em seus olhos. Nico nunca viu um real desespero nos olhos do pai. Sentiu abrir a boca para gritar, e tentou se levantar para dar a Dominic o que ele merecia. Porém, o sonho acabou e ele estava ali, deitado. O grito poderia até mesmo ter sido dele, em seus sonhos. Da mesma forma, a voz era muito grossa, não se parecia em nada com a dele.

- Não vou deixar isso passar tão facilmente – murmurou Nico, se levantando com dificuldade, passando com cautela por cima dos amigos

Ele olhou para trás para se certificar de que estavam todos dormindo. Parou um instante. Faltava uma pessoa. Reyna. Ela não estava presente. Agora, o garoto olhou para frente, e seu coração voltou a bater depressa. Saiu correndo em direções aleatórias, de onde lembrava vagamente ter vindo o grito. As plantas e arbustos empatavam sua visão e batiam no seu rosto. Não sabia nem mais em que direção estava correndo, mas estava em pânico. Temia que algo estivesse acontecendo a Reyna. Pensou no Dominic de seu sonho e correu mais rápido ainda, seus pés quase não pareciam tocar o chão. Ouviu um gemido baixo. Freou, mantendo-se em silêncio. Se achou burro de não ter acordado os amigos e os chamado para procurar Reyna juntos, assim teriam mais chance. Estava fazendo tudo errado. Nico Andou sem fazer ruídos até o que parecia ser outra clareira. Se agachou e ficou nos arbustos tentando ver o que acontecia ali.

Desta vez, sua boca abriu completamente.  Saiu do meio das folhas, chocado. Ali, Reyna estava de pé, em um canto onde a luz da lua menos batia, fitando um corpo no chão. No início, Nico pensou ser o de Jack, por conta do sonho. Não era. O filho de Hefesto, Jace, estava morto. Seu cadáver estava aos pés da semideusa. Uma espada estava enterrada onde era seu coração. Seus olhos estavam abertos e sua boca também, em um grito mudo. Nico poderia afirmar que o grito fora dele. O plano era pegar aquele menino sim. Mas não sabiam se o matariam. Era um deles, apesar de tudo, e dariam uma chance a ele, mesmo que o mantendo preso. Se nada desse certo, talvez um deles fizesse o trabalho. Na realidade, ninguém provavelmente gostaria de fazê-lo. Pegar um homem indefeso e matá-lo, era muito diferente de matar para se defender, durante uma batalha, onde coisas como mortes eram as menos pensadas, já que a por vezes a finalidade era aquela.

Nico deu mais um passo à frente. Os animais não faziam mais barulho. O farfalhar de folhas parou. Agora só havia o uivar do vento, passando entre as árvores com força. A filha de Belona o notou, com um susto. Seu rosto estava sério. Afinal, não era ela pelo visto que estava precisando de ajuda. Ele passou pelo cadáver de Jace e parou em sua frente. Depois de um momento encarando-a, conseguiu descolar os lábios e dizer:

- Reyna...

Não pôde completar a frase. O lábio inferior da garota começou a tremer e suas mãos também. Ela se jogou nos braços de Nico, chorando eu seu ombro, tão repentinamente que o deixou paralisado. A garota murmurou, soluçando com uma voz de dor:

- O que foi que eu fiz?! O que eu fiz...?

Ele a abraçou forte, pensando nas palavras que poderiam ser pronunciadas. Reyna estava tão frágil. Ela estava em choque, retendo seus sentimentos, passando por uma situação que nunca passara antes. Nico tinha plena certeza de que ela JAMAIS chorara assim, muito menos duas vezes em uma só semana.

- Shh... – o filho de Hades falou – Vai ficar tudo bem, calma...

- Não – ela se afastou um segundo, para olhá-lo nos olhos – Nada nunca mais vai ficar bem. Ele se foi... Nada será a mesma coisa, jamais...

O menino sabia que a moça falava de Jack. Nico mordeu o lábio. Aquilo era deplorável. Estranhamente, ele não sentira sua morte. Ele estava dopado quando aconteceu, porém... Será que por algum motivo...? Nico não sabia o que dizer, mas as palavras pareceram fluir dele, com muita certeza:

- Mesmo que não sejam, eu estarei aqui com você, certo? – ele segurou o queixo dela – Seja forte, eu sei que é. Qualquer pessoa ficaria assim se estivesse me seu lugar, talvez até pior. Nós vamos mudar isso. Eu prometo, Reyna. Nós vamos pegar aquele mortal desagradável. Não, isso não trará Jack de volta, mas eu juro, que tudo vai mudar.

Ela não falou nada, somente assentiu, como mesmo se sabendo que aquilo não fosse inteiramente verdade, ele estava fazendo tudo o que podia por ela, e estaria ali, bem do seu lado, para todo o sempre.