@Esta Fic pode conter spoilers.
REYNA
Consciente que o rapaz em qual ela esbarrara ainda mantinha os seus olhos nela, Reyna seguiu o mais depressa para adiante da cidade. Não deveria o incentivar a vir atrás dela. Não sabia nem mesmo seu nome. Ele poderia até ser um monstro, nunca se sabe. Mas... ele não parecia. Não - ela interrompeu seus pensamentos - Tenho coisas mais importantes para fazer do que conversar com um simples mortal.
Assim seguiu, sem olhar para trás. Ela não estava preocupada que ele o seguisse. Ele não iria. Certo? Errado. Reyna seguiu até ouvir passos. Seria...? Não.
- Pretora! - Noah saiu correndo do meio de arbustos - Pretora! Éumaemergênciavocêprecisa...
- Ei... - mas o menino não parou, continuou atolando as palavras - EI! - por fim Reyna gritou - Fale uma coisa de cada vez! Onde estão os outros?
Ele ficou quieto por um instante. Talvez até demais.
- Pretora... - ele levantou a mão para apontar para um local mas Reyna ignorou seu gesto.
- Onde... estão... os.... outros? - interrogou mais uma vez, cerrando os punhos
- Os outros? AH MEUS DEUSES! OS OUTROS! - ele berrou tão desesperadamente que Reyna deveria ter pulado uns três metros para trás de susto - Tem bem uns sete deles! Eles o capturaram! Você sabe como eles são, os ciclopes! Eles não vão sobreviver por muito tempo se...
- Noah! - Reyna, já se encontrava desesperada. Ela não podia acreditar que realmente estava correndo o ris co de perder três ótimos semideuses na mão de ciclopes - Eles são muito bem treinados! Não podem ter caído na mão de ciclopes desse jeito!
O olho direito do garoto pareceu tremer e ele assumiu uma postura rígida.
- NOAH... - recomeçou Reyna mais rápido - Foi você? O que foi que você fez?!!!!
- É que... eu tentei agir como eles e sabe... ser discreto mas não deu certo e eu acabei caindo e rolando e fazendo o maior barulho. Eles estavam acampados ali - ele apontou, trêmulo - e então denunciei todos nós... isso é tudo culpa minha...
Reyna sabia que o menino estava muito arrependido, mas não podia deixar de sentir raiva. Infelizmente, descontou nele:
- POIS É SUA MESMO!
Ela não teve tempo de ver a lágrima do menino rolando em sua face, só de perguntar agressivamente para onde exatamente estavam os ciclopes.
Correu no meio dos arbustos, tentando fazer o menor barulho. Não pense que isso é impossível. Reyna se movia com muita astúcia, entrando na pequena floresta que havia logo ali. Esquivando dos galhos secos e se movendo como uma gata, ela chegou a uma aldeia. Viu os três semideuses bem amarrados, um de costa para o outro. Ele pareciam estar carrancudos ao extremo. Ela não os culpava. Aquilo deveria ser totalmente vergonhoso. Em situações normais, eles teriam fatiado aqueles ciclopes até viraram farinha.
Os ouvidos de Reyna doeram e o coração acelerou, só de ouvir dezenas de galhos secos se quebrarem a poucas folhas perto dela. Vendo que isso não foi o suficiente para chamar a atenção dos ciclopes, que pareciam estar encantados de poder fritar aqueles semideuses, olhou lentamente para trás, visualmente estressada, com o nome "Noah" na ponta da língua quando percebeu que não era o garoto. Ela soltou um pequeno gemido de surpresa e raiva ao mesmo tempo.
- O que exatamente uma garota tão bonita como você está fazendo agachada nesse monte de arbustos?
Sentia-se como se houvesse engolido uma bola de boliche.
- Você - foi só o que disse
- Eu, de novo. A propósito, meu nome é Jack. - sorriu o garoto com quem havia esbarrado na praça.
- Posso saber - disse Reyna em um tom venenoso - por quê está me seguindo?
Ela estava sussurrando e ele começou a sussurrar também.
"Não olhe para o lado" - pensou Reyna - "Não olhe, não tenho tempo para tentar acalmar você assim que ver um gorila ou qualquer outra coisa que A Névoa mostrar"
Provavelmente, se ele visse algo, faria um escândalo, ou no mínimo soltaria um grito. O que seria o suficiente para avisar a presença deles ali. E aquilo não estava bem nos planos. O garoto estava concentrado em Reyna, mas viu que ela olhava hesitante para o lado onde se encontrava o acampamento dos ciclopes.
- Sabia que... eu vi uma figura muito grotesca por aí? - ele estremeceu ao lembrar - Foi a primeira vez que vi algo como este. Era parece um gigante. Parecia ter um olho. Mas as pessoas diziam que era um urso. Talvez eu esteja ficando louco. Mesmo assim acho que talvez não seja legal você ficar sozinha aqui. Eu vi um deles vindo pra cá. Sei que parece coisa de maluco... Por quê eu estou dizendo isso para você mesmo?
Reyna gelou completamente. Seu coração parecia bater a mil por hora. Isso era quase impossível. Ele era um mortal e ela poderia sentir isso. Não, ele não poderia ver o que estava acontecendo. Não por hora. Era melhor dizer-lhe que aquilo era uma imaginação. Jack era um mortal e não seria certo o envolver em um mundo que não o pertencia. Reyna mataria todos os ciclopes e ele jamais veria algo igual. Mas como... ele era um mortal... ela sabia, tinha certeza. Como...como poderia...?
- Espero... ahn... quero... enfim, espero que não me acho muito atrevido, mas assim que lhe vi, achei você linda. Nunca te vi por aqui. E ... - ele esquadrinhou o rosto totalmente pálido de Reyna - Não sei, é como se eu precisasse te conhecer... Não sei se acredita em destino, mas eu senti uma conexão... Tive vontade de, hm, beijá-la.
A boca de Reyna deveria estar quase encostando no queixo. "Como disse?" - foi o que quis perguntar, mas o rapaz estava prestes a desviar o seu olhar para o lado.
Ah não. Não, não, não. Ele não poderia ver, de qualquer forma, isso daria errado. Mas se ele viu o ciclope antes? Não... mas... e se sim? Não! Sim? Talvez. E se Quíron soubesse de uma explicação? Será que era para deixar ele ver? Não...Dava quase para ouvir o cérebro de Reyna pensar. "O que fazer???? Ah, meus deuses! Tenho que distraí-lo!" - ela pensou, antes de no último segundo agarrar a camisa do garoto - que pareceu extremamente surpreso - e lhe dar um beijo. E foi a pior distração que poderia ter arranjado.
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