Eram mais ou menos cinco da tarde de uma terça-feira qualquer em Konoha. O sinal da academia tinha acabado de bater, indicando o término das aulas daquele dia. Boruto e Sarada eram dois dos muitos alunos que saíam naquela hora.
— Ah, até que enfim, aquela aula estava muito chata. - Falou Boruto, assim que eles saíram para o pátio.
— Como você pode dizer isso se ficou divagando na maior parte dela, seu idiota? - Sarada brigou, ajeitando seus óculos. O garoto deu de ombros.
— Você sabe que eu aprendo melhor na prática do que na teoria.
Sarada ia retrucar, passar um belo sermão no amigo, mas antes que pudesse abrir a boca, o Uzumaki deu um grande sorriso e saiu correndo. Somente quando o acompanhou com o olhar que ela também viu: Uma empregada do clã Hyuuga esperava na porta da academia, com uma bebezinha ruiva nos braços. Ela se aproximou e conseguiu ouvir:
— Desculpe a aparição repentina, Boruto-sama. - Começou a empregada. - Mas Niji-sama estava ansiosa para vê-lo e como Hinata-sama tinha muito trabalho, me pediu para trazê-la aqui para buscá-lo.
— Não tem problema. - Falou Boruto, pegando a irmãzinha dos braços da moça. - Estava ansiosa pra me ver, Niji? - Perguntou brincalhão, fazendo gracejos.
— Nii-xan..! - Niji conseguiu falar entre os balbucios. Era bem esperta para um bebê de quatro meses.
Sarada ainda estava mais uns paços atrás, apenas observando. E quando o Uzumaki tirou os olhos da irmã, virou-se para ela e a chamou.
— Ei, Sarada, vem cá! Você ainda não conheceu a Niji, não é? - Atendendo o pedido dele, ela se aproximou e analisando melhor a menina, viu que além dos cabelos ruivos ela também tinha os olhos perolados. - Essa é a Sarada, Niji, ela é minha amiga. Cumprimente-a.
Niji, visivelmente corada, olhou para Sarada e lhe mandou um aceno rápido, antes de enterrar o rostinho no peito do irmão. A Uchiha achou aquele ato extremamente fofo, mas, decidida a se manter séria, ela apenas ajeitou os óculos mais uma vez.
— Uhm, interessante... ela tem o cabelo dos Uzumaki e os olhos dos Hyuuga. - Observou.
— É, o nome dela é por causa dos olhos. E fui eu que escolhi, não foi, Niji? - Boruto falou orgulhoso, voltando a brincar com a irmã.
Sarada acabou sorrindo. O modo como a menininha ria e parecia adorar o irmão era lindo de se ver e as únicas vezes que ela vira Boruto tão babão com alguém, foi com Himawari. Era realmente algo para se apreciar. E invejar.
Sarada não pôde evitar, no meio daquela cena bonita, em sentir uma pontada de inveja. Boruto tinha duas irmãs que o amavam e somente um cego não perceberia o carinho que ele tinha por elas. Ela amava seus pais, mas... tinha de admitir, seria bem legal ter um irmãozinho ou irmãzinha. Para brincar, para ensinar, para proteger...
— Boruto-sama. - O raciocínio de Sarada foi quebrado quando a empregada do clã falou. - Desculpe interromper, mas precisamos ir agora.
— Ah, claro. - O garoto respondeu. - Até amanhã, Sarada. - Despediu-se da amiga antes de começar a rumar para casa, ainda com a irmã nos braços.
— Até amanhã. - A Uchiha apenas respondeu, ainda pensativa.
No caminho para sua casa, Sarada pensava em como abordar o assunto de um novo bebê com a mãe. Nem que não conseguisse convencê-la ainda hoje a ter mais um filho, pelo menos a deixaria pensando no assunto.
— Tadaima! - Anunciou ao entrar pela porta.
— Bem-vinda de volta, Sarada. - Sakura cumprimentou, com um sorriso cansado. Não era à toa, afinal passou a noite inteira no hospital fazendo plantões extras.
— Mamãe. - Sarada chamou, mais séria que o normal. - Preciso falar de uma coisa com você.
Sakura, um pouco confusa, olhou bem para a filha, afim de tentar descobrir o que ela queria. Mas a expressão de Sarada só mostrava o que ela tinha dito: Ela precisava falar algo. A rosada então suspirou.
— Conversamos durante o jantar, pode ser? - Propôs, e a menina concordou. - Ótimo, então suba e se lave. Eu vou arrumando a mesa.
Durante o jantar, mãe e filha permaneceram extremamente quietas. Sakura estava esperando a filha começar o assunto, mas a própria não sabia como fazê-lo. Somente quando acabou tudo o que tinha no prato, que Sarada mandou seus receios ao diabo e resolveu falar:
— Mamãe, você se lembra que a tia Hinata tinha ficado grávida de novo?
Sakura quase fez uma careta de confusão. O que a gravidez de Hinata poderia ter haver com o que Sarada queria falar?
— Lembro sim. - Ela acabou por responder, divagando um pouco ao lembrar de Niji. - Eu já a vi, é tão bonitinha.
— É, o Boruto tem sorte.
Mais uma vez, Sakura ficou confusa. O que Boruto tinha haver com aquilo também?
— Sarada. - Chamou a filha, num tom mais sério, porém calmo. - O que você está querendo?
Sarada olhou para a mãe, meio perdida, mas ao ver que a mulher estava pronta para ouvi-la se abrir, resolveu soltar tudo de uma vez.
— Eu quero o que o Boruto tem. Eu quero um irmão para mim!
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— Um irmão, um irmão... Ela quer um irmão?! - Sakura se questionava. Depois do pedido de Sarada, nenhuma das duas teve mais coragem para abrir a boca. Agora, horas depois, a Haruno escovava os dentes para ir dormir enquanto debatia com o próprio reflexo sobre o que a filha havia dito. - Não podia ser algo mais fácil, tipo um cachorrinho?
— Cachorros nem sempre são fáceis de lidar. - Uma voz falou das sombras. A rosada até se assustou no primeiro momento, mas assim que reconheceu a voz, não só relaxou por completo como abriu o maior dos sorrisos.
— Sasuke-kun! - Exclamou contente, vendo o marido sair da parte escura do quarto. Correu para os braços do mesmo, que a beijou antes de qualquer outra coisa. - Estava com saudades.
Sasuke apenas sorriu de canto e murmurou um uhm, que Sakura entendeu como "Eu também estava". Ele sentou com ela na cama, para poderem conversar.
— Então, a Sarada está querendo um irmão. - Ele mais afirmou do que perguntou, após ouvir a esposa.
— Pelo que eu entendi, ela sentiu inveja por ver o Boruto brincando com a Niji.
— E desde quando ela fica tão perto assim dele? - Sasuke questionou, um pouco bravo.
— Ora, Sasuke-kun, eles são amigos, você bem sabe. - Sakura repreendeu o marido. Não estava com paciência para o ciúme possessivo dele. - A questão aqui é: O que faremos agora?
— Você... - Sasuke começou. - não gostaria de ter mais... filhos?
— Posso falar uma verdade? Eu sempre quis ter um garotinho parecido com você. - Sakura falou com sinceridade, ele sabia, conseguia ver nos orbes verdes. Dando um pequeno sorriso e sem dar tempo para a rosada assimilar, Sasuke a agarrou pela cintura e tascou-lhe um beijo. - Hum!... Ei, espera... - Ela pediu, afastando-o de leve, mas sorria. - O que é isso?
— O que? Não queremos decepcionar a Sarada, queremos?
Sakura apenas sorriu mais, antes que voltassem a se beijar.
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Nove meses depois:
Sarada estava encantada. Um sorriso enorme habitava seu rosto e seus olhos pareciam brilhar enquanto fitava o miúdo bebê no colo de sua mãe. Completamente carequinha e enrolado num cobertor azul do hospital, foi assim que ela viu pela primeira vez o irmão que tanto queria.
— Ele é tão fofo. - Ela disse baixinho, acariciando com apenas dois dedos e de leve a cabeça do pequeno.
— Sim, ele é. - Falou uma enfermeira, entrando no quarto. Sarada a olhou e viu que ela trazia um outro bebê, esse envolto por um cobertor rosa. - E essa mocinha aqui também. Parabéns, Sakura-san.
Acho que o sorriso de Sakura só não era maior do que o de sua filha mais velha. Ganhou um prêmio duplo, um irmão e uma irmã! E os gêmeos eram lindos. Os olhos ainda não estavam abertos, mas o menino, mesmo carequinha, era um fofo, e a menina tinha singelos fios de cabelo róseos cobrindo-lhe a cabeça.
— Bem vindos a família, Saori - Olhou para a menina. - e Itachi. - Sorriu para o menino.
Sakura, com certo esforço para não desajeitar nenhum dos bebês, pegou na mão de Sarada com carinho. Aquela família linda era dela e estava quase completa.
— Caham. - Um pigarrou foi ouvido da janela e um Sasuke, digamos, feliz (do jeito dele) entrou pela mesma. - Estou muito atrasado?
Ah, agora sim, a família Uchiha estava completa.
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