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Harumi: Está com algum problema? - Perguntou a capitã assim que notou a expressão distraída do tenente.
Hisagi: Não é bem um problema... Mas não importa, não irei lhe incomodar com as minhas bobagens... Você não pode se preocupar com essas coisas no momento, afinal você acabou de sair do hospital.
Harumi: Não é nenhuma bobagem, pode falar comigo se você quiser, eu sempre irei ajudar e ouvir você. Você sabe disso não sabe Hisagi?
Hisagi: Taichou...
Harumi: Venha, sente-se aqui do meu lado, saia desse chão frio.
Hisagi: M-mas taichou, eu não posso...
Harumi: Por quê não? Não tem problema, venha.
Hisagi: ...H-hai, mas antes irei preparar um chá... Você quer?
Harumi: Hai, adoraria.
Hisagi: Então já volto.
Ele saiu em direção à pequena cozinha, voltando minutos depois com uma bandeja e duas xícaras de chá.
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Hisagi: Eu escolhi chá preto, não sei se você gosta.
Harumi: É o meu preferido, arigatou. - E assim ela pegou uma xícara. - Sente-se aqui comigo.
Hisagi: ...Hai. - Mesmo tímido ele sentou na ponta da cama, onde ficou recostado na parede.
Harumi: Então, qual é o problema?
Ele hesitou por um momento com a xícara entre as mãos.
Hisagi: Bem taichou... muitas coisas aconteceram nesses três meses que você passou no hospital... Não sei nem por onde começar...
Harumi: Imagino que sim, mas pela sua expressão posso ver que algo lhe incomoda, ou melhor, você está confuso... Estou certa?
Hisagi: ...Hai, bem, durante esse tempo eu... - Ele parou por um momento. - Não sei se devo lhe dizer isso...
Ela franziu o cenho e o encorajou:
Harumi: Fale, não há problema.
Hisagi: ...Durante esse tempo eu fiquei muito inseguro... Eu já havia passado muito tempo na liderança do esquadrão, mas... dessa vez foi diferente. Você não havia ido embora como os outros dois fizeram, você estava aqui... mas estava entre a vida e a morte... Não sei quantas vezes o Ukitake taichou teve que conversar comigo e dizer que você voltaria...
Ela observava em silêncio o semblante triste dele.
Hisagi: Então... eu acabei me aproximando mais da Rangiku san... talvez como um refúgio... não sei ao certo. Estava me sentindo desamparado, muito inseguro e... extremamente nervoso por conta do seu estado de saúde. Ela sempre tentava me consolar, mas era algo muito difícil... Até que um dia eu cheguei no meu limite e acabei discutindo com ela... Não sei por quê fiz isso, mas acabei explodindo... Disse coisas horríveis... parece que ainda não perdi esse hábito... No entanto, quando recebi a notícia que você havia saído do coma 1 mês depois eu fiquei extremamente feliz. Não via a hora de vê-la novamente... A Rangiku san sabia, e mesmo após eu ter dito tantas coisas a ela, ela ficou ao meu lado nesse momento... Dizendo que você voltaria logo... Então eu recebi a autorização pra visitá-la, estava confiante de que ficaria firme, mas bastou que eu olhasse pro seu rosto e ouvisse a sua voz pra que eu percebesse o quão egoísta eu havia sido. Então eu desabei na sua frente... e mesmo naquela situação você me consolou... Isso é algo que jamais irei esquecer. Bastou apenas o seu abraço pra que eu lembrasse da Rangiku san... e de como eu havia sido um idiota com ela... E agora o clima entre nós dois está ruim, mesmo ela tendo dito que estava tudo bem eu me sinto mal por tudo que eu disse...
Ela que até agora só observava, pousou a xícara numa mesinha e disse:
Harumi: Hisagi, venha aqui por favor.
Com algum esforço ela conseguiu ficar sentada na cama, e ao ver que Hisagi estava a sua frente, se segurou em seus braços e ficou de pé. E mesmo antes dele questionar ela o abraçou, um abraço forte e carinhoso, que fez Hisagi abraçá-la de volta no mesmo tempo.
Ela deitou a cabeça em seu ombro e começou a dizer baixinho:
Harumi: Eu já lhe disse isso, mas irei repetir, me perdoe... Tudo que aconteceu foi por minha culpa... e mesmo que vocês digam o contrário, essa é a verdade. Tudo por conta do meu egoísmo, por conta da minha saúde... Mas irei fazer o possível pra que você me perdoe Hisagi... - Ela começou a afagar os cabelos dele. - Quer saber de um segredo? Quando eu cheguei aqui e soube que você era o meu tenente, eu fiquei me perguntando se você seria a pessoa certa pra estar ao meu lado... Se você me aceitaria após saber dos problemas que eu enfrento. Mas depois vi você chegar até mim naquela noite... e mesmo sem te conhecer direito eu já tive a certeza de que você era sim a pessoa certa pra estar comigo. E parece que eu não me enganei... Às vezes você é cabeça dura assim como eu... mas isso só mostra que todos temos fraquezas, e que devemos tentar melhorar a cada dia. Pelo que vejo da Matsumoto san ela é uma boa pessoa, sei que você fará ela feliz... assim como você também será feliz ao lado dela... Então não se preocupe, vocês irão se acertar em breve, e quando isso acontecer, espero que você seja o homem mais feliz do mundo Hisagi... pois considero você um grande companheiro e um grande amigo, o qual nunca quero perder...
Ele já havia desabado em lágrimas novamente, abraçava Harumi forte e chorava contra o seu ombro.
Hisagi: Arigatou taichou... por tudo... Agora sei o que o Ukitake taichou admira tanto em você... ele é realmente um homem de muita sorte...
Ela apertou o abraço.
Harumi: Apenas me prometa que não irá esquecer dessa pequena capitã quando você se casar com a Matsumoto san... Senão terei que tomar algumas providências e ir atrás dos dois pra acertarmos as contas.
Ele a apertou ainda mais, e ela pôde sentir que ele ria.
Hisagi: Isso jamais irá acontecer... tenha certeza disso.
Ela se separou dele e olhou em seus olhos, ele ainda chorava, mas parou assim que sentiu a pequena mão de Harumi em seu rosto, limpando as lágrimas que insistiam em cair.
Harumi: Não chore mais... senão eu irei chorar também...
Hisagi: Hai...
E com a ajuda dele ela deitou novamente na cama, dormindo na mesma hora. Isso era algo que ainda surpreendia a todos, mas não importava. Ele a acomodou pra que ela descansasse melhor, e em seguida a cobriu, afastando o cabelo do rosto dela e dizendo após apagar a luz:
Hisagi: Realmente eu também sou muito sortudo em ter você na minha vida... - E fechou a porta, se dirigindo ao quarto ao lado, onde adormeceu rapidamente.
E assim mais uns dias se passaram.
(...)
Em um sábado à noite Ukitake e Hisagi estavam no 9° esquadrão. Harumi estava se recuperando com o passar dos dias, usava apenas o gesso, porém continuava tomando os remédios e uma grande dose de morfina.
Com um pouco de treino e lembrando das instruções da fisioterapia, ela estava de pé sozinha com a ajuda das muletas. Caminhava lentamente, mas fazer aquilo por si só já era algo que ela considerava como uma grande conquista.
Ukitake: Como está se sentindo ultimamente Harumi san? - Perguntava o capitão do 13° esquadrão enquanto a observava caminhar pelo escritório.
Harumi: Estou bem, graças ao Hisagi não tenho tido grandes dificuldades.
Ukitake: Entendo, também gostaria de ajudá-la um pouco mais, mas infelizmente eu estou tendo muito trabalho no meu esquadrão pela falta de um tenente. A Kyione e o Sentarou me ajudam muito, mas a maioria das tarefas ainda tem que passar por mim... me perdoe por isso...
Harumi: Não tem problema, em breve voltarei ao normal e não precisarei mais de ajuda, só tenho que agradecer aos dois da mesma forma.
Ukitake: Você é sempre tão otimista... Bem, que tal tomarmos um chá? O que acham?
Hisagi: Acho uma boa ideia, e você taichou?
Harumi: Concordo, mas irei primeiro ao meu quarto pegar um casaco, voltarei logo.
Ukitake: Precisa de ajuda?
Harumi: Não, estou ótima.
E assim os dois ficaram no escritório conversando, enquanto Harumi se dirigia pelo corredor em direção ao seu quarto.
~
Assim que estava saindo do quarto ela se desequilibrou, e uma de suas muletas escorregou no chão liso, fazendo com que ela caísse de costas no chão. O barulho do impacto foi realmente grande, fazendo com que os dois que estavam na sala percebessem na hora o que havia acontecido.
~~~~~~~
Ukitake: Está tudo bem mesmo Hisagi kun?
Hisagi: Hai, mas como você pode ver ela é muito teimosa, às vezes não permite que eu a ajude, e também às vezes se nega a tomar alguns remédios.
Ukitake: Isso é um problema... Irei conversar com ela depois e-
Antes que pudesse terminar de falar os dois foram interrompidos por um barulho de queda. E por saber de quem se tratava não perderam tempo, se levantaram da cadeira e correram pelos corredores, encontrando Harumi caída no chão.
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Ela se odiou por ter deixado aquilo acontecer, isso só mostrava o quanto ela ainda era dependente. Tentou se levantar antes que os dois chegassem, mas era tarde demais. Antes que pudesse tentar novamente ela ouviu as vozes dos dois que vinham preocupados em sua direção.
Hisagi: Taichou!!
Ukitake: Harumi san!!!
Assim que chegaram sentiram um alívio por ver que ela estava consciente.
Hisagi: Taichou você está bem??!
Harumi: Hai... não foi nada demais... -Ela estava séria.
Ukitake: Tem certeza?! Não se machucou?!
Harumi: Estou ótima, foi só a muleta que escorregou, parece que ainda não me acostumei com elas...
Ela estava extremamente frustada com sua falta de jeito. Era considerada a mais poderosa, e ali estava ela, caída no chão em frente ao seu tenente e ao capitão do 13° esquadrão.
Suspirando, ela escondeu o rosto entre as mãos, e após respirar fundo apoiou seu corpo com os cotolevos, ficando sentada em seguida.
Ukitake: Espere, nós iremos lhe ajudar a levantar.
Harumi: ...Hai, arigatou.
E assim os dois a puseram de pé, e enquanto Ukitake a segurava, Hisagi pegou novamente as muletas, entregando com cuidado a ela, que no mesmo momento começou a caminhar novamente a frente deles, que ficaram parados sem saber o que dizer.
Harumi: Não façam essas caras, senão irei ficar pior do que já estou. Vamos lá, não vamos estragar a noite por conta de uma falha como essa.
E assim ela continuou a caminhar lentamente com a ajuda das muletas, a única coisa que se passava na sua mente era quanto tempo ela ainda teria que ficar daquele jeito...
~
Os dois sem dizer nada a seguiram, a tempo de Ukitake poder puxar uma cadeira e ajudá-la a sentar.
Após os três se acomodarem, começaram a beber o chá, deixando aquele episódio de lado, e assim foi até o fim da noite.
(...)
Na semana seguinte Harumi foi novamente ao 4° esquadrão pra ser reavaliada. Mesmo dizendo que podia ir sozinha não conseguiu se livrar da vigilância de Hisagi.
Porém dessa vez ela não aceitou em nenhuma hipótese ser empurrada na cadeira, e muito menos ser carregada por ele, ela caminhava por si só, devagar e meio desajeitada, mas após uma semana nenhum novo acidente havia acontecido.
Assim que chegou foi recepcionada pelos oficiais que ficavam na recepção.
- Harumi taichou! Veio ver a Unohana taichou?
Harumi: Hai, hoje é o dia da minha reavaliação, estou confiante que irei tirar esse gesso hoje.
- Tomara que hoje seja o dia, sentem-se, irei chamá-la agora mesmo.
Harumi: Hai, arigatou.
Os dois esperaram cerca de 15 minutos até que a médica apareceu..
Unohana: Ohayo Harumi taichou, tenente Hisagi, estava esperando sua visita, vamos lá?
Harumi: Hai, e você Hisagi? - Disse ela ao ver o tenente a olhando preocupado.
Hisagi: Eu... bem...
Unohana: Você pode vir se quiser.
Hisagi: Sério? Se importa taichou?
Harumi: De forma alguma, venha.
Hisagi: Arigatou.
E assim eles seguiram pra uma sala diferente, onde Harumi se preparou pra um Raio X.
Hisagi não pôde entrar junto com ela no exame por conta da radiação, mas enquanto esperava viu o prontuário com o nome de Harumi e não pôde deixar de olhar. Mas no mesmo tempo se assustou com o que viu, era nada mais nada menos do que os primeiros Raio X da perna que ela tinha feito logo após ser resgatada.
Não era algo bonito de se ver. As fraturas eram realmente grandes e horríveis, uma dor inimaginável de se sentir.
Hisagi: "Taichou... não imagino o quanto isso deve ter sido doloroso..."
Após guardar o prontuário no mesmo lugar ele voltou a se sentar, onde aguardou Harumi por cerca de 10 minutos. Após isso ela e Unohana voltaram, sentando-se ambas à mesa do consultório.
Harumi: Então? Qual é o meu veredito de hoje?
Unohana: Sempre bem humorada, isso é ótimo. Sua perna está muito melhor, mas percebi um leve desvio no osso da fíbula que não tinha antes de você ser liberada. Aconteceu algo?
Ela arqueou as sobrancelhas e disse:
Harumi: Bem... eu acabei caindo no esquadrão... mas como não me incomodou achei que não fosse um problema.
Unohana: Não chegou a ser, felizmente. Poderei finalmente tirar o gesso, mas você continuará tendo que usar uma bota ortopédica, que permitirá que você dobre um pouco a perna e também será mais confortável, e sem deixar de lado a proteção dos seus ossos, que é o mais importante.
Harumi: Hai.
Unohana: Irei buscar os materiais pra retirar o gesso e a bota, volto logo.
Assim que ela saiu, Hisagi viu que Harumi olhava bastante pra perna engessada. Curioso, resolveu perguntar:
Hisagi: Algo lhe preocupa?
Harumi: Não... muito pelo contrário, acho que isso significa que eu encerrei mais um ciclo difícil, concorda comigo?
Hisagi: Hai, você tem toda razão.
Em seguida Unohana voltou, iniciando a quebra do gesso, que após 10 minutos foi retirado, revelando uma perna cheia de hematomas e cicatrizes por conta das cirurgias.
Unohana: Sente algo?
Harumi: Não... apenas fico insegura em relação a ficar de pé com a perna livre, mas isso é normal.
Unohana: Hai, você não precisa forçar a perna agora. Irei ajustar a bota.
Harumi: Hai.
Hisagi não deixou de reparar a perna de sua capitã. Também não era algo bonito de se ver, principalmente após ele ter visto como era linda sua perna antes daquilo.
Após mais alguns minutos Unohana colocou a bota, que ia até a metade da coxa de Harumi.
Unohana: Você consegue ficar de pé?
Ela assim o fez, sentia apenas um leve incômodo.
Harumi: Parece que no momento está tudo certo.
Unohana: Mais 1 mês Harumi taichou, e você também ficará livre da bota. Fique firme, você está liberada.
Harumi: Hai, arigatou. Vamos Hisagi?
Hisagi: Hai!
Ela pegou as muletas e os dois voltaram pro esquadrão, onde Harumi novamente não pôde trabalhar por conta do cuidado extra do tenente.
Continua
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