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História A Price to Pay - Chapter 4


Escrita por: SweetBaldwin

Notas do Autor


ola leitoras
primeiramente eu gostaria de pedir desculpa pela demora em postar e segundamente tenho duas noticias pra dar a vocês uma boa e uma ruim
só que eu só vou falar nas notas finais.
entao leiam as notas finais

Capítulo 4 - Chapter 4


Charlotte sentiu o olhar interrogativo do pai e franziu o cenho. Sentia-se estrangular pelo silêncio e tremia nervosa. O que podia fazer ou dizer? A bomba de Justin a deixara em estado de choque. Forçou-se a erguer o rosto, percebeu a expectativa do pai e esboçou um sorriso.

Aparentemente mais confiante, Jonh aliviou a expressão e comentou:

- Bem, isso pede champanhe! - Assumindo o controle, conduziu-os à sala de almoço, onde, conforme prometera, uma acolhedora lareira crepitante os aguardava.

Charlotte mal se mantinha em pé. Chegava a sentir-se agradecida por Justin ampará-la com o braço em sua cintura.

O pai tinha os olhos marejados ao declarar:

- Vocês dois são adultos o bastante para saber o que querem e têm a minha bênção, ambos... Claro que tem, Justin. - A voz ficou mais grave. - Após o que Charlotte passou... ela lhe contou, claro... eu preferiria, e sei que en­tende por quê... deixar assim. Ela merece toda a felicidade do mundo. Eu sabia que namoraram quando você trabalhou aqui naquele verão. Só lamento que tenha partido tão pre­cipitadamente, Justin. Nunca entendi por quê.

Jonh Sullivan fez pausa.

-Mas... chega de falar. - Alargou o sorriso e a expressão do rosto transformou-se. - Vou pegar o champanhe na ge­ladeira e poderemos comemorar de verdade... vamos olhar para o futuro e esquecer o passado desafortunado.

Charlotte sabia que o pai estava realmente feliz com a si­tuação. Confuso com a velocidade dos acontecimentos, mas feliz. Ele já aceitara Justin Bieber sem questionar, seis anos antes, e gostava dele, e voltava a aceitar naquele momento, admirando-o por tudo o que conquistara. Cabia a ela con­tar-lhe, um dia, que se enganara no passado e também na­quele momento.

Reprimiu um soluço. Após algum tempo, o pai parecia conformado ao que lhes acontecera, começava a superar a dor e procurava olhar para o futuro. Era novamente um homem em paz consigo mesmo. Por enquanto. Não duraria muito.

- Como pôde? - protestou Charlotte, quando Jonh deixou-os a sós. Não sabia o que Justin tramava, não conseguia captar as nuances maquiavélicas. Mas só podia ser em seu próprio benefício. Porque o homem que um dia fora seu amante agora era seu inimigo.

- Com facilidade. - Ele não sorria mais, o

olhar não emitia ternura, e parecia tão gélido quanto as brumas de

inverno no mar.

Aproximou-se da lareira, as mãos nos bolsos da calça. O paletó estava aberto e revelava a camisa de seda preta.

- Viu como ele ficou contente com minha declaração. - Deu de ombros. - Pode desmentir, claro. Mas eu não acon­selharia tal atitude, haja vista o histórico médico... Sim, mi­nha querida... andei investigando. - Torceu o lábio. - Três ataques cardíacos em seis anos, o último bem recentemente. Está encurralada: ou concorda com tudo o que eu disser, ou conta a verdade... Tinha opções quando descobriu que estava grávida de um filho meu, e errou.

Charlotte sentia a cabeça girando. Era como se lhe drenassem todo o sangue -do cérebro. Sentou-se em uma das pol­tronas confortáveis.

- Mas por quê? Não entendo... - Levou as mãos às têmporas latejantes. - Não tem intenção de levar isso adiante. Então, por que tantas mentiras? Por que me forçaria a me casar com você, se me despreza tanto?

- Eu não minto, Charlotte. - O tom dele era severo, tão severo quanto o olhar. Deu as costas e começou a cutucar a lenha em meio às cinzas.

Charlotte fitou os ombros largos, angustiada. Adam não mentira seis anos antes, ao lhe propor casamento. Mas men­tira ao dizer que a amava. Nunca o perdoaria por isso.

- Eu não minto - reafirmou ele. Voltou-se e encarou-a por um momento, avaliando o ambiente que captava a luz da manhã, mas que, naquele momento, brilhava com o reflexo das brasas na lareira, enfatizando os painéis de car­valho e os móveis luxuosos.

Era como se avaliasse mentalmente o valor de tudo naquela sala, da tela vitoriana na lareira às estantes delicadas e mesa de pau-cetim.

- Mas, para a paz de espírito de seu pai, sugiro entenda. Que se empenhe, quero dizer. Não deve achar difícil, dado o seu histórico. Ele vai voltar logo - acrescentou Justin, totalmente impassível. - Se dá algum valor ao bem­

estar de Jonh e de nossa filha, sem mencionar a boa vida que leva... sim, já sei que as dificuldades financeiras a ob­rigam a vender Farthings Hall.., não me contradiga, apenas concorde com tudo.

Esse era o problema. Charlotte ficou desolada quando o pai, no tempo exato, chegou com o champanhe no balde de gelo e três tulipas de cristal... Não havia tempo.

Não havia tempo para refletir, nem que seu cérebro estivesse funcionando adequadamente, o que com certeza não era o caso. Não conseguia entender o que Adam pretendia, de modo a planejar um contra-ataque.

Os dois homens conversavam e riam. Charlotte não ouvia nada, ocupada em amaldiçoar Justin. Estava atônita com a capacidade de dissimulação dele. Como não percebera seu verdadeiro caráter anos antes? Jovem demais, inexperiente demais, apaixonada demais... era a resposta. Apaixonada ao extremo.

Charlotte franziu o cenho, alheia a tudo, exceto aos próprios pensamentos sombrios. Aceitou mecanicamente a taça de champanhe espumante que o pai lhe estendeu. Depois, Jonh a envolveu pelos ombros e murmurou, compreensivo:

- Relaxe, querida! Importa se as pessoas comentarem que é cedo demais para se casar, após a morte de Phillip? Nós três sabemos a verdade, e só isso importa.

Ela sorriu e sorveu o champanhe, como se estivesse se­denta.

- Com licença, vou verificar o jantar. Tenho certeza de que ambos estão famintos.

Não havia nada a fazer. Escaldara postas de salmão e preparara a salada à tarde. Bastava tirar as travessas da geladeira industrial. Só precisava de tempo, espaço, a chance de colocar ordem nos pensamentos caóticos e tentar encon­trar um motivo para o anúncio de seu casamento iminente com Justin Bieber.

Ele já descobrira que as dificuldades financeiras estavam por trás da necessidade de vender uma empresa bastante rentável. Naquele hotel, na verdade uma casa de campo onde hóspedes privilegiados eram tratados como amigos inestimáveis, não havia balcão de recepção à vista, e o restaurante, um celeiro magnificamente reformado e redecorado, ligado à cozinha por uma passagem coberta, tinha, nos bons velhos tempos, reservas agendadas com meses de antecedência.

A Justin bastara um olhar de relance para perceber a decadência, a necessidade de reformas. E bastava perguntar nas redondezas para saber que o restaurante agora tinha um menu limitado e só lotava aos sábados à noite, com uma clientela bem menos afluente.

Portanto, não era por interesse em bens materiais que Justin se prontificara a desposá-la, desta vez. E nem fingia estar apaixonado. Longe disso. Olhava-a como se a odiasse e já admitira que a desprezava.

Recostou-se na parede de azulejos, vertendo lágrimas dos olhos fechados. O homem a sufocava!

- Aborrecida, Charlotte? Ou simplesmente não aceita que não pode acertar todos os tiros, o tempo todo?

Ela sentiu um aperto no estômago, uma náusea subindo pela garganta. Ao ver Adam bem em sua frente, cerrou os olhos na esperança de esconjurá-lo.

- Vim ver se precisava de ajuda. Pelo menos, foi a desculpa que dei a Jonh. Ele tem espírito esportivo e fingiu acre­ditar. – Justin a segurou pelos ombros delicados e chacoa­lhou de leve.

- Olhe para mim.

O toque despertou seu corpo, o calor parecia insuportável.

A atração era tão forte quanto sempre. Sentia-se assustada e indignada com seu próprio corpo traidor.

Abriu os olhos, por que não sabia o que ele faria se não obedecesse, e as lágrimas correram soltas. Enxugou-as zan­gada, ao mesmo tempo que se desvencilhava. Detestava que ele a visse naquele estado... abatida com todas as preocupa­ções, mais o trabalho dobrado nas últimas semanas, a apa­rência lamentável, o vestido largo demais...

Ele recuou um passo, fitando-a. Ela ergueu o queixo, de­safiadora.

Que importava se estava horrível? Com sorte, faria com que ele mudasse de ideia sobre o casamento.., à parte suas motivações obscuras para aquele anúncio ridículo, em pri­meiro lugar.

- Há algo sobre seu casamento com Phillip Carter que eu deva saber? - indagou ele, friamente. - Por alguns comen­tários que seu pai fez, fiquei com a impressão de que não foi propriamente um mar de rosas. Se não está em choque e ainda lamentando por ele.., então, isso não muda nada, mas ficarei com a consciência mais tranquila.

Bela consciência! Pelo que ela sabia, Justin não tinha nada semelhante.

- Meu casamento com Phillip não tem nada a ver com você, portanto, esqueça! Ele era duas vezes mais homem do que você jamais será!

O que não era verdade. Não havia o que comparar entre os dois. Ambos eram péssimos! Mas, se Adam queria cuidar dela por causa de sua assim chamada consciência, teria de se empenhar até ficar bem velhinho.

- Por favor, saia do meu caminho - murmurou, levando um dos carrinhos até a geladeira. Começava a reagir, final­mente. Era como se a menção do alívio de consciência o dei­xasse vulnerável e desse a ela alguma vantagem.

Tirou as travessas da geladeira e foi dispondo no carrinho, aliviando um pouco a tensão manuseando as peças com ba­rulho. Uma atitude infantil.

- Não precisa fingir aqui na cozinha. Pode me dizer o que está por trás dessa sugestão lunática de casamento?

- Quero trazer minha filha para minha vida de forma permanente... o que mais? - Justin balançava-se nos calca­nhares. - Pensei muito sobre a melhor forma de fazer isso. Meu instinto apontava para um pedido de guarda, mas não era a melhor solução. Tirá-la de você e de Justin seria uma agressão à pequena. E eu não infligiria a nenhuma criança... muito menos minha carne e sangue... o trauma de ser se­parada da mãe. Já passei por isso e não é agradável. - Tirou das mãos trêmulas dela a manteigueira com o logotipo do hotel e colocou no carrinho.

- Não gosto de pessoas que dão as costas aos filhos. - Justin concentrou-se no rosto pálido de Charlotte. - Não serei uma delas, muito menos um pai com acesso limitado. Pre­tendo estar presente para minha filha. Portanto, se quer fazer parte da cena familiar feliz, assuma seu papel.

Após breve pausa, Justin prosseguiu:

- Se preferir arriscar e brigar comigo nos tribunais, vá em frente. Mas... se optar por isso, prepare-se para a possi­bilidade de perder a guarda de Jessie. Tenho recursos para contratar os melhores advogados, e o histórico do caso me favorece. Considere também o que tal disputa faria a nossa filha... sem falar no seu pai.

Charlotte agarrou a barra do carrinho com força. Precisava de suporte. Adam falava a sério. Ele queria a filha e não hesitaria em usar todas as armas, se ela tentasse rechaçá-lo. De qualquer forma, não havia nada que pudesse fazer sem magoar as duas pessoas que mais amava no mundo.

E como poderia brigar com Justin nos tribunais, quando havia chance de ele ganhar?

Encarou-o e não encontrou conforto, nem esperança. Justin deixara clara sua posição e conhecia a própria força. Sorrin­do impiedoso e com um olhar frio, ele abriu a porta para lhe dar passagem. Ela desejou que o carrinho fosse um tanque para atropelá-lo e acabar com sua existência. Ao mesmo tem­po, ficou chocada com seu próprio potencial de violência.

Mas qualquer mãe recorreria à violência, se o filho fosse ameaçado, ponderou. Era natural. Mesmo assim, instintiva­mente, sabia que Justin Bieber não ameaçaria Jessie. Ele só acabara de descobrir que tinha uma filha linda. E a queria.

Era a ela, Charlotte, que ele ameaçava. E em níveis que sequer desconfiava!

- Pensei que tivessem se perdido! - exclamou Jonh, sem disfarçar a malícia.

Justin sorriu.

- Acabamos de nos reencontrar - justificou Justin. - Charlotte e eu temos muito sobre o que conversar. Queira nos perdoar.

- Imagine! - Justin estava contente e serviu-se de mais champanhe. - Só fico espantado com o fato de Charlotte não ter comentado nada!

- Veja, Jonh... - elaborou Justin. - Devido aos recentes eventos trágicos, achamos melhor não comentar nada, até

que se tornou impossível ocultar nossos sentimentos. Tenho certeza de que entende.

- Totalmente!

 

Charlotte descarregou o carrinho controlando-se para não atirar tudo contra a parede. Convidou os cavalheiros a se sentarem e se servirem.

- Quero lhe pedir um favor, Jonh - manifestou-se Justin. - Diga lá.

- Após o casamento, gostaria de me mudar para cá... se não se opuser, claro. No momento, moro num flat perto de Londres.

- Claro! - Jonh não escondeu o alívio. - Estou exultante . por Charlotte ter encontrado a felicidade, finalmente, mas de­vo admitir que temia que a levasse embora. Acho a vida sem graça, sem ela e Rosie.

- Então, está acertado. Isso foi um favor. Agora, a minha proposta. O que acha de fecharmos o hotel e transformarmos o restaurante de novo num celeiro ou numa piscina coberta? Eu gostaria que Cláudia se concentrasse em ser esposa e mãe, que aproveitasse a vida, em vez de ficar anotando re­servas e se preocupando com os mantimentos.

Charlotte viu o pai assentir.

- Haveria modificações, naturalmente - prosseguia Justin, entusiasmado. - A cozinha, por exemplo: é ideal pa­ra servir o restaurante e os hóspedes, mas nada doméstica. Ficaria muito feliz em custear a reforma, além dos outros serviços que forem necessários.

Jonh sugeriu que Amy fosse mantida como governanta.

Justin concordou.

Que o velho Ron continuasse ocupando o quartinho no estábulo.

Justin concordou. E completou:

- Por que não deixa a liquidação do negócio comigo? Você não precisa desse aborrecimento, e Charlotte ficaria livre para planejar o casamento.

- Por mim, tudo bem! - exclamou Jonh. - Detesto vê-la tão atarefada, tomando providências. Desde... bem, vamos apenas dizer que houve dificuldades recentemente. E a mi­nha saúde não ajudou.

Charlotte consumia mais vinho do que seria sensato. O pai não imaginava que toda a atitude de Justin Bieber se ba­seava em chantagem e ódio.

Sim, Justin a encurralara, e sua única saída possível era impensável...

- Querida... Justin está fazendo uma sugestão e você está a quilômetros de distância!

Chalotte saiu do devaneio e fitou seu algoz. Ele sorria, agradável sempre que Jonh estava por perto. Ela dispensava as "sugestões" dele... a forma como assumia o controle de sua vida em seu próprio benefício.

Ele provavelmente sugeriria, após o casamento, que ela fosse confinada ao sótão... para seu próprio bem, claro!

- Acho que seria uma boa idéia se eu e você... com Jessie, claro... visitássemos a propriedade amanhã - convocou Justin. - Se o tempo estiver bom, poderemos fazer um pi­quenique na enseada. Faltar à escola um dia não fará mal. Poderia avisar a professora? Seria a chance perfeita para eu e Jessie nos conhecermos.

Justin mal disfarçava a ansiedade. A necessidade de estar com a filha provavelmente era o único sentimento honesto naquele homem.

Charlotte quase se compadeceu dele, pelos anos perdidos mas lembrou-se de que tudo acontecera devido a seu próprio comportamento dúbio.

- Se o tempo estiver bom, sim, falarei com a professora. - Ela percebeu o alívio no olhar dele, pois obviamente não sabia se ela concordaria.

Charlotte pensou que o pai fosse acompanhar o visitante saída após o jantar, mas Jonh fez diferente:

- Tranque a porta quando entrar, querida. Vou levar louça para a cozinha.

Sem opção, ela teve de acompanhar Justin à porta e manter a farsa.

Mas ele estava tão disposto a se expor ao sereno quanto ela.

- Passo por volta das dez horas - informou ele. - E sugiro que mande publicar uma nota nos jornais locais, informando que o restaurante fechou. Se tem reservas, entre em contato com os clientes e cancele. Quanto ao casamento, cuidarei de tudo. Será só no civil e bem discreto. Não que- remos estardalhaço, certo?

Charlotte não esperou que ele chegasse ao carro. Simplesmente fechou a porta pesada e recostou-se na madeira sentindo as lágrimas iminentes. O que fizera para merecer tantos tos infortúnios?

- Querida? - Jonh viu suas lágrimas. - Venha cá. - Abraçou-a.

Ela percebeu que tinha de ser forte.

- Estou bem, pai. De verdade. Apenas bebi demais e fiquei eufórica demais para jantar. - E não era verdade?

- É natural - consolou o pai. - Ambos passamos por uma provação... após o acidente e... e o que descobrimos sobre eles.

E aquilo era apenas metade do problema. Ela omitira as dificuldades financeiras. Agora que se casaria com Justin, poderia esconder o segredo para sempre. Estremeceu.

- Vamos lá - incentivou Jonh. - Chore bastante... De­sabafe, livre-se do estresse.

Como revelar o que estava acontecendo? Por mais que tentasse, Cláudia não via saída.

 

- Ela é linda. - Justin mal tirava os olhos da criaturinha que corria à frente pela trilha estreita no vale rochoso e selvagem, indo e voltando até eles com energia.

De short vermelho e camiseta combinando, os cabelos pretos flutuando ao redor do rostinho lindo, Jessie era mes­mo um encanto. Charlotte sentiu um aperto no estômago. Não queria que Justin ficasse muito ligado à filha. Rezara para que o tempo mudasse, para que o verão desse lugar à chuva que às vezes varria a costa com intensidade. Só assim aquela jornada de "reconhecimento" seria automaticamente cancelada.

Mas o dia despontara mais quente e agradável do que nunca, e Charlotte reconheceu a derrota. Telefonou para a professora de Jessie inventando uma desculpa para a falta.

Durante a madrugada, conseguira pensar em uma saída, que talvez a livrasse do casamento e de ter de viver com Justin.

- Ir à enseada para fazer um piquenique é o passeio favorito de Jessie no momento - retrucou, distante. - É a única atividade que a faz desistir de ir à escola. Felizmente, ela adora estudar, e não quero que pense que pode tornar um hábito faltar às aulas.

Charlotte levara um choque ao vê-lo de calça jeans velha e camiseta preta. Lembrava-se perfeitamente de como era estar nos braços dele, de como o aceitara e quase morrera de prazer. Tantas vezes... Havia tanto tempo...

Ela o desejara então com o corpo, a alma e o coração. Ainda o desejava, mas só com o corpo. Havia uma diferença.

Por isso, não o encarava. Por que nutrir algo de que se envergonhava? Algo que se tornaria um tormento, se se submetesse ao plano dele de se casarem. Procurava o melhor momento para fazer sua contra-proposta.

- Nem sonharia - afirmou ele. - Hoje é exceção. Quero reforçar os laços, e não há muito tempo antes que eu me torne uma figura permanente na vida dela. Só três semanas. Quando nos casarmos, tentarei persuadi-la a me chamar de papai. E, quando estiver mais velha e eu tiver um lugar consolidado em sua vida, contarei a verdade... que sou seu verdadeiro pai e que Carter era só um substituto.

Um substituto fraco, reconhecia Charlotte. Justin se envol­veria em todos os aspectos do desenvolvimento da filha. Bas­tava lembrar-se de como envolvera a garotinha numa con­versa naquela manhã. Sem ser autoritário, explicou sobre o feriado inesperado e perguntou se ela queria lhe mostrar sua praia favorita, prestando atenção, sorridente, ao que Ro­sie dizia.

Phillip nunca se interessara pela filha adotiva, embora ja­mais a tratasse com rudeza. Dava presentes caros nos ani­versários e no Natal, mas mantinha distância.

- Como teve tanta certeza de que ela era sua? - Charlotte emitiu a pergunta quase sem querer, expressando o que cor­ria em seu subconsciente.

Já arrependida, adiantou-se pela trilha difícil, porém es­corregou. Justin a amparou pela cintura, trazendo-a para junto de seu corpo e evitando um tombo constrangedor.

Durante segundos intermináveis, ela permaneceu colada a ele, sentindo o corpo reagir com a proximidade.

- Não precisava ser gênio - sussurrou ele junto a seu ouvido. - Lembro-me bem daquela primeira vez. Eu estava desprevenido, desejando-a, e não imaginava que fosse acon­tecer tão cedo. Você estava ansiosa e eu me envolvi. Nas vezes seguintes... tantas que até perdi a conta... não descui­dei da proteção.

Ele a afastou, ainda amparando-a com a mão firme.

- Além disso, há a semelhança. Não apenas as cores, mas os traços. Rosie é o retrato de minha mãe nessa idade. Um dia mostrarei a foto.

Ele adiantou-se, tranquilo, quase arrogante, e alcançou a filha.

Charlotte permaneceu imóvel, trêmula. Assolada pelas lem­branças e sensações.

De algum modo, conseguiu chegar à enseada. Justin e Jessie já estavam sentados na areia branca, verificando juntos o conteúdo do cesto de piquenique. Charlotte mesma prepa­rara o lanche naquela manhã, enquanto Amy arrumava os quartos. Sabia que a governanta a crivaria de perguntas na primeira oportunidade, pois presenciara o "reencontro".

- Tem iogurte e suco! - exclamou Rosie, contente. - Pegue também, mamãe! Sente-se!

- Sim, senhora! - Ela forçou um sorriso. A todo custo, tinha de se comportar como se nada estivesse errado, para não assustar a filha.

Acomodou-se longe de Justin, ajeitando a saia de algodão rodada sobre as pernas. Pegou uma maçã e ouviu a conversa entre pai e filha.

- Eu costumava vir aqui há muito tempo - contou ele. - Obrigado por me mostrar o caminho de novo. Tinha me esquecido de como era bonito... Gosto de ver o mar quebran­do nas rochas, e o céu parece tão grande aqui. E azul.

A enseada num dia bonito, pensou Charlotte. Às vezes, o tempo virava e toda aquela paz desaparecia sob a tormenta.

Acontecera a eles, uma vez, pegando-os de surpresa. Cor­reram abraçados pelo vale, até encontrar abrigo e se entre­garem ao desejo.

Charlotte piscou e voltou ao presente.

- Então, do que mais gosta na enseada? - indagava Justin à menina.

- De pescar. - Jessie levantou-se e largou metade do sanduíche de frango. - Pode vir me ajudar, se quiser - completou, condescendente.

Charlotte trocou os sapatos da filha, pois sabia que a me­nina ia mesmo era brincar nas piscinas naturais.

- Vou adorar. - Justin observava o ritual dos sapatos, curioso. - Vá na frente. Sua mãe e eu estaremos lá num minuto.

Justin conhecia a enseada bem o bastante para saber que a menina não corria perigo. As piscinas naturais eram lisas e rasas, sem bordas perigosas. Mesmo assim, Charlotte sen­tia-se indignada. Ele achava que podia mandar nela, que podia forçá-la a ficar ali com ele. Ficou ainda mais indignada com o comentário dele.

- Você mudou... - Apreciava seu corpo com o olhar, de­tendo-se nos seios. - Há seis anos, era voluptuosa. Uma jovem muito sensual. O que aconteceu? Para onde foi toda aquela luxúria?

Charlotte mal conseguia falar de tanta raiva.

- Pode me desprezar, mas não há motivo para ser pes­soal. A minha aparência não é da sua conta!

- Não concordo. Prefiro a outra Charlotte. Nosso casamen­to será apenas no papel, mas quero que entenda. Sou um homem normal, com necessidades normais... tenho certeza de que se lembra. Se você fosse... digamos, como era... po­deria ser uma grande tentação, o que tornaria nosso rela­cionamento um tanto constrangedor. Mas, como está...

Justin não completou, mas ela sabia o que ele queria di­zer. Ela não era mais tentadora. Só que aquilo não devia magoá-la!

- Gosta de ser cruel? Gosta de magoar as pessoas? - rebateu, sem pensar.

- Geralmente, não. - Ele passou a arrumar o cesto. - Talvez tenha se esquecido de que esse era o seu hábito. Não gosta de tomar o próprio remédio?

- Não sei o que quer dizer! - Ela só magoara o orgulho dele e, claro, frustrara sua esperança de se casar com uma moça rica. A menos que estivesse falando de Jessie, o que significava que ela estava certa. Justin nunca se envolvera emocionalmente. Só a usara para conseguir o que queria... uma vida fácil.

- Não sabe? Privou-me dos primeiros cinco anos da vida de minha filha. Colocou outro homem no meu lugar, permi­tiu que ele visse seu primeiro sorriso, que acompanhasse seus primeiros passos, que ouvisse as primeiras palavras. Se acha que isso não magoa, então é tão insensível quanto essa areia! - Justin se levantou. - Portanto, não me venha falar de mágoas, Charlotte. Pergunte a si mesma se devo me importar se a faço sofrer agora!


Notas Finais


oi gente *aceno*
então vou falar a noticia ruim primeiro
Price to pay vai acabar ;( , na verdade essa fic vai até o capitulo 9, entao ja estamos chegando no fim.
e a noticia boa é que eu vou começar uma nova fic o nome vai ser Undercorver angel e vai ser do zayn , em breve eu postarei. espero que vocês leiam tbm


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