História A Profecia Perdida - Draco Malfoy - Livro 1 - Concluída - Capítulo 22

Sarah se ajeitava confortavelmente ao lado de Adam. O amigo havia dado uma pausa em sua infinita quantidade de tarefas para que pudessem conversar nos jardins.

— Queria que o professor Dumbledore abrisse essa oportunidade para os alunos do sétimo ano… - Comentou o lufano se referindo às aulas com Madame Pomfrey que começariam em dois dias.

— Eu também queria. - Concordou a morena — Seria tão bom ter essas aulas com você.

— Mas você pode dividir seus conhecimentos comigo sempre que quiser.

— Mas isso já estava nos meus planos! - Exclamou animada — Acho que vai ser uma ótima vantagem pra você quando for fazer sua prova de admissão.

— Eu prometo que vou te recompensar pela ajuda.

— Vai me recompensar entrando no corpo do St. Mungus em primeiro lugar. - Disse Sarah sorrindo — E em dois anos estaremos trabalhando juntos como sempre sonhamos.

— Seremos a melhor equipe que aquele hospital já viu! - Adam vibrou animado.

— Acho que tem mais alguém que você vai gostar de ter na nossa equipe… - Comentou Sarah segurando uma risadinha.

— Quem mais eu iria querer do meu lado além da melhor amiga? - Perguntou verdadeiramente curioso.

— Lucy Castella, talvez… - Respondeu pensativa — Ela também vai ter aulas comigo.

— Ah não… - Lamentou Adam — Não acredito que perdi a chance de conversar com ela.

— Você pode ter perdido… Mas eu não vou perder.

— Sarah… - Começou incerto.

— O quê? - Indagou fingindo inocência — Eu só quero conhecê-la melhor, afinal, desde o baile de inverno que ela te chama atenção.

— Nunca vou entender como o Zacharias pôde trocar a Lucy por aquela aluna de Beauxbattons…

— Se o Zacharias não tivesse feito aquilo você provavelmente não teria conversado com ela, não é mesmo?

— Verdade… Mas preferia que tivesse acontecido em outra situação.

— E é exatamente isso que eu quero fazer! - Exclamou Sarah — Criar uma oportunidade pra que vocês conversem sem que ela esteja chateada por causa de um idiota como o Zacharias.

— Eu não tenho outra opção senão confiar em você,  não é? - concluiu derrotado.

— Que bom que você entendeu. - Sarah disse com firmeza.

— Mais alguém que valha a pena ter na equipe dos sonhos? - Questionou curioso.

— Vou precisar avaliar as opções durante as aulas! - Brincou a morena — Mas sei de alguém que já podemos descartar.

— E quem seria?

— Malfoy também vai assistir às aulas…

— Malfoy? - Indagou Adam sem acreditar.

— Fiquei tão surpresa quanto você. - Comentou rapidamente — Nós sabemos que aquela família não se preocupa muito com a saúde dos outros, não é?

— Sarah… Não confunda as coisas… - Aconselhou o lufano.

— Não confunda as coisa? - Repetiu — Foi Lúcio Malfoy que matou meu pai sem o menor peso na consciência…

— Estamos falando de Lúcio ou de Draco Malfoy aqui? - Indagou calmamente — Porque eu estou ficando confuso.

— Adam… Não comece…

— Não começar com o que, Sarah?

— Você sabe muito bem o que…

— Se refere ao fato de que eu estou tentando mostrar a você que Lúcio é uma pessoa e Draco é outra? - Perguntou — Porque eu pensei que fosse algo bem óbvio… Uma vez que estamos falando de suas pessoas diferentes. - Reforçou o lufano.

— Às vezes essa sua mania é realmente irritante. - Bufou cruzando os braços — Algumas pessoas são simplesmente impossíveis de defender, Adam.

— Eu só acho que você está projetando sua raiva em Lúcio na pessoa mais próxima dele que você conhece, nesse caso, Draco. - Concluiu dando de ombros.

— Malfoy não faz a menor questão de provar que o seu ponto está correto, não é? - Questionou impassível — Pelo contrário, só demonstra o quanto é parecido com aquele animal que ele chama de pai.

— Não era você que estava tão decidida a mostrar a todos que Draco Malfoy não era aquilo que todos viam? - Perguntou Adam despretensiosamente.

— Adam… - Começou a morena tentando se manter calma — Eu já te contei tudo que ouvi daquele homem no Ministério… Ele deixou bem claro que o filho era tão desprezível quanto ele.

— Bom, já vi que você já tomou suas conclusões… - Lamentou Adam ajeitando os óculos.

— Draco não faz a menor questão de mostrar que estou errada. - Disse levemente irritada — Já se passou uma semana que estamos aqui e ele nem ao menos veio lamentar pelo que o pai fez!

— E o que te faz pensar que ele sabe dos feitos do pai dele? - Perguntou Adam. Percebendo a expressão de choque da amiga, prosseguiu — Digo… Não é comum contar que você matou o marido da sua ex namorada na mesa do café da manhã, não é?

Sarah respondeu com um olhar ferino com direito a sobrancelhas erguidas.

— Sem contar que Lúcio foi preso no Ministérios… Sequer teve tempo de contar nada pro filho ou pra qualquer um que não fossem os aurores. - Argumentou tranquilamente.

A morena soltou um suspiro longo. Odiava quando Adam usava de seu imenso senso de justiça, porque geralmente mostrava a ela que estava certo. Mas não queria dar o braço a torcer como já acontecera tantas vezes antes.

— Não duvido que ele nem ao menos saiba sobre  a morte do seu pai… Quanto menos de que o próprio pai foi o assassino. - Pausou brevemente e prosseguiu em seguida — Poucos realmente sabem o que aconteceu no Ministério naquele dia, então o que aconteceu com o seu pai também não foi divulgado.

— Você vai continuar tagarelando até que eu concorde com você, Adam? - Sarah perguntou em meio a um suspiro.

— Não precisa concordar comigo, mas projetar seu ódio em alguém que pode estar tão perdido quanto você também não é a melhor decisão, não é?

— Eu já disse que odeio quando você faz isso?

— Isso o que exatamente?

— Me faz ver as coisas com outro ponto de vista. - Disse com simplicidade.

— Sarah, entenda… - Adam disse calmamente — Eu não estou negando que a família Malfoy é perigosa, ficou claro que eles realmente têm ligação com Você-Sabe-Quem e eu também acho que é mais seguro se manter distante. Eu não estou falando pra você e Draco virarem melhores amigos, - Explicou encarando a amiga — só estou dizendo que projetar sua raiva em pra ele também não é a melhor coisa a fazer.  

— Eu não quero mais falar sobre esse assunto, será que podemos voltar a falar sobre seu interesse em Lucy? - Indagou sorrindo ao perceber que Adam ajeitava os óculos sem jeito. Mudar de assunto era realmente o melhor a se fazer naquele momento.

(...)

Sarah não queria levantar da cama naquela manhã de domingo. Se espreguiçou demoradamente e se levantou com preguiça, ainda sonolenta. A conversa com Adam no dia anterior havia permanecido em sua mente fazendo com que ela fosse dormir mais tarde que o usual. Percebeu que estava sozinha no quarto quando se encaminhou até o banheiro para tomar seu banho. Em alguns minutos já estava pronta pro café da manhã.

Enquanto andava pelos corredores em direção ao salão principal, percebeu que alguns alunos olhavam em sua direção antes de cochichar uns com os outros. Sem entender o motivo dos olhares, seguiu seu caminho pensando em como estava com fome.

Assim que entrou no salão teve a sensação de que quase todos os alunos ali presentes se viraram em sua direção. “O que diabos está acontecendo aqui?”, pensou se sentindo extremamente confusa ao caminhar para a mesa da Grifinória. No momento em que seu olhar cruzou com Harry, Rony e Hermione, ela percebeu que algo realmente estava errado ali.

— Bom dia… - Disse incerta quando um aluno no quinto ano da Corvinal passou olhando para ela sem ao menos tentar disfarçar — O que diabos deu nessas pessoas hoje? - Perguntou levemente irritada ao sentar do lado de Rony.

— Ah… - Começou Hermione sem saber ao certo o que dizer. Trocou um olhar rápido com os dois amigos e prosseguiu — Alguns boatos estão circulando pela escola…

— Boatos? Que boatos? - Indagou incentivando a amiga a continuar enquanto se servia de um copo de suco.

— Hum… - Antes que ela pudesse prosseguir, foram interrompidos por Lilá e Parvati, que se sentaram ao lado de Sarah sem nem ao menos pedir licença.

— É verdade o que nós ouvimos, Sarah? - Perguntou Lilá tentando conter a curiosidade.

— Se eu soubesse o que estão falando por ai, talvez eu soubesse responder sua pergunta, Lilá. - Respondeu Sarah sentindo a irritação crescer um pouco mais.

— É verdade que você está acusando Draco Malfoy e o pai dele de terem assassinado o seu pai? - Parvati perguntou sem rodeios fazendo com que Sarah cuspisse o suco de abóbora que havia acabado de colocar na boca.

— Eu o que? - Indagou depois de se recuperar do choque, os olhos ainda arregalados.

— É o que estão falando por ai. - Disse Rony em voz baixa.

Sarah olhou para os três amigos e para as duas intrometidas sentadas ao seu lado. As únicas pessoas que sabiam do envolvimento de Lúcio na morte de seu pai eram sua mãe, sua avó e Adam. Engoliu em seco e pediu licença para os colegas de casa e foi em direção a mesa da Lufa-Lufa. Não demorou muito a encontrar Adam que parecia extremamente acuado, estava rodeado de pessoas que pareciam querer confirmar a história.

— Adam… - Chamou a morena sem encarar os demais alunos ali presente.

O lufano olhou para ela como se lhe agradecesse imensamente e, sem pedir licença aos outros, deixou a mesa indo em direção a amiga.

— Sarah, eu…

— Nem precisa começar a falar nada. - Ela disse séria — Eu sei que não foi você.

Ele soltou um suspiro de alívio e ela percebeu quando os ombros do amigo relaxaram. Não precisava ouvir Adam se explicar, ela sabia que ele jamais faria algo daquele tipo.

— Eu fiquei desesperado quando vieram me perguntar sobre o assunto, o que aconteceu?

— Eu estou tão perdida quanto você! - Exclamou no momento em que recebeu mais um olhar de um grupo de sonserinos que pareciam estar bem irritados — O que você ouviu dessas pessoas?

— Ouvi um milhão de coisas diferentes. - Comentou o rapaz — Uma história mais absurda que a outra.

— Alguém deve ter escutado nossa conversa no jardim ontem… - Concluiu a morena. Não havia outra maneira de terem descoberto aquilo — Eu esqueço como essa escola gosta de uma fofoca…

— Mas quem espalharia uma coisa dessas? - Indagou pensativo — Eu sei que o pessoal é fofoqueiro, mas espalhar algo assim é cruel.

No momento em que ouviu a frase de Adam, Sarah entendeu que só havia uma pessoa capaz de espalhar algo tão íntimo sobre ela em uma velocidade daquelas. Foi então que seu olhar encontrou com o dela. Pansy havia acabado de se levantar da mesa da sonserina e parecia levar um sorriso vitorioso nos lábios quando encarou Sarah. Ela percebeu quem estava sentado ao lado de Pansy e sentiu um grande desconforto. Pela expressão que mantinha, Draco Malfoy já havia escutado todas as versões diferentes da fofoca que Pansy espalhara pela escola e não estava nada feliz com o que havia ouvido.

— Acho que já descobrimos quem foi, não é? - Indagou retoricamente enquanto Pansy vinha em sua direção.

Sarah respirou o mais fundo que conseguiu, precisava se controlar para não atacar o pescoço de Parkinson naquele exato momento. Rezou para que a sonserina passasse direto por ela para deixar o salão, mas logo percebeu que não seria atendida, Pansy vinha em sua direção com um sorriso cínico e parou bem em frente a ela.

— Mantenha a calma. - Aconselhou Adam quando percebeu que Sarah estava prestes a explodir. Tentando evitar que a amiga fizesse algo que fosse se arrepender depois, a segurou com suavidade pelo braço.

— Está tendo um bom café da manhã, Standish? - Perguntou Pansy sem tirar o sorriso do rosto.

Sentindo o corpo inteiro vibrar em resposta a provocação, Sarah se desvencilhou de Adam e se aproximou ainda mais de Pansy. Ficou cara a cara com aquela que vinha pegando em seu pé constantemente e ponderou se deveria lhe dar um belo tapa ou sacar sua varinha e azará-la de uma vez, porém, no último segundo, optou por uma terceira alternativa.

— Sabe, Parkinson, eu realmente sinto pena de pessoas como você… - Disse com frieza, sem desviar o olhar da rival.

— Pena de mim? - Indagou sonserina rígida como pedra.

— Você é tão insegura que precisa diminuir as outras pessoas pra conseguir se olhar no espelho e conviver consigo mesma. - Falou impetuosamente — Você pode até estar se sentindo vitoriosa agora, mas eu sei muito bem porque você saiu espalhando fofocas a meu respeito por aí.

— Sua mestiça imunda, quem você pensa que é pra falar comigo dessa maneira? - Perguntou a sonserina em postura defensiva e com a voz levemente alterada.

Sarah se aproximou ainda mais de Pansy e continuou seu discurso em voz tão baixa que apenas a sonserina conseguiria escutar.

— Deve ser muito ruim pra você saber que eu sou melhor que você em absolutamente tudo, não é? - Indagou sem parar de olhar para a outra um só instante — Deve ser bem doloroso saber que eu, uma grifinória mestiça, tive atenção exclusiva de Draco Malfoy por mais tempo do que você jamais teve, não é mesmo? - Perguntou antes de sorrir.

— Ora sua…- Começou Pansy extremamente irritada.

— Pode espalhar quantas fofocas você quiser, Parkinson, mas nada vai mudar o fato de que eu, a mestiça imunda da Grifinória, sou superior a você. - Disse Sarah deixando Pansy sem palavras — Tenha um ótimo dia, Parkinson. - Concluiu sorrindo e voltando sua atenção para Adam mais uma vez.

Enquanto se despedia do amigo para retomar seu café da manhã, a morena viu Pansy sair do salão bufando de raiva, o que fez com que ela se sentisse levemente vingada por tudo que havia escutado da sonserina nos últimos tempos.

(...)

Depois do café da manhã, onde prometeu a Harry, Rony e Hermione que contaria tudo que havia guardado para si quando estivessem seguros na sala comunal, a única coisa que Sarah queria era descansar sua mente. Sabia que seriam dias sendo alvo de olhares curiosos e escutando cochichos enquanto passasse, mas também sabia que em breve outra pessoa seria vítima de uma nova fofoca, o que tiraria o alvo de suas costas.

Caminhava pelo corredor vazio enquanto ia em direção a torre de astronomia, queria ficar sozinha e sabia que lá era o lugar mais indicado para isso. Antes que conseguisse prosseguir seu caminho, percebeu que estava sendo seguida. Parou de andar e quando olhou para trás, entendeu que a dor de cabeça que sentia pioraria muito, afinal, Draco Malfoy não estava nem um pouco contente e isso era visível em seu olhar.