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História A Quinta Dimensão - Quatro


Escrita por: slay0x

Notas do Autor


ELELELELELELELELLE~

Okay, a fanfic foi revisada, editada e modificada. Espero que gostem! Beijos~

Capítulo 4 - Quatro


 

No dia seguinte, estou distante. Em praticamente todas as aulas da manhã eu fico em silêncio, e posso sentir o olhar de Alex em cima de mim. Quero falar com ele, explicar tudo o que aconteceu. Sobre Leah; sobre o blog da meia noite. Mas, uma voz dentro de mim diz que não posso envolvê-lo nisso. Não agora. Não quando não sei precisamente com quem estou lidando. Meu coração bate forte durante o dia inteiro, e eu me sinto inquieta, invadida. Como se alguém estivesse a me observar a todo o momento. E ao contrário de algumas pessoas, eu não gosto nada dessa sensação. Quase me jogo no chão assim que o sinal toca, apanhando minha mochila e saindo entre os primeiros alunos da sala. Sinto que vou sufocar caso não sair dos corredores do prédio de Ciências Biotecnológicas. Preciso de ar. Urgente.

Assim que ponho meus pés para fora do prédio, me escoro na parece e respiro fundo. Juro que tentei manter a calma. Mas algo dentro de mim quer acordar, e sinto como... Como se eu não pertencesse a esse mundo. É como se até o oxigênio que respiro não me pertencesse! Como se o universo, de uma hora para outra, não quisesse que eu fizesse parte mais dele. Eu penduro a mochila em meu ombro e passo as mãos pelo meu rosto, sentindo-o quente. Se alguém me perguntasse o que eu mais quero momento, eu responderia com todas as minhas forças que mergulhar em uma banheira de gelo seria pouco. Sinto como se estivesse preste a derreter ali mesmo, mas estranhamente eu não estou suando. Passo a língua entre meus lábios e começo a andar pelo campus, entre as árvores. E então, tão logo quanto comecei a andar, eu paro. Sinto um comichão em minha nuca e me viro, exatamente na direção onde há um beco escuro entre dois prédios de ciências humanas.

Envolto nas sombras, lá está ele. O Vulto. O Olhos Vermelhos. Eu mordo meu lábio e não consigo me conter ao começar a andar naquela direção. Minha parte racional grita comigo, dizendo o quão estúpida e idiota estou sendo. A outra... Bem, a outra quer descobrir quem e o quê é o Olhos Vermelhos. Eu paro, assim que chego a um metro de distância do beco. Os olhos ainda estão lá, incandescentes, constantes. Seu vulto parece fumaça aos meus olhos, mas ainda insiste em permanecer ali, e não se dissolver em pó como parecia fazer todas as vezes que eu o via. Parece que... Ele quer que eu me aproxime. E então, engolindo em seco, eu estendo minha mão em sua direção, mesmo imaginando mil e uma possibilidades do que poderá acontecer. Desde decepar minha mão até me puxar para o escuro e se revelar a Oprah fazendo uma pegadinha com pessoas aleatórias. E, por um momento, só por um momento, acredito que ele se mexe, estendendo sua mão na minha direção. Pode parecer estranho, mas ao mesmo tempo em que sinto um pavor terrível, há uma chama que se acende dentro de mim.

— Por quê eu vejo você em todos os lugares? – eu sussurro, com medo de ele desaparecer com qualquer movimento em falso. Claro que eu não obtenho resposta alguma, mas ainda sim, acredito que ele pode me ouvir. – Porque você só aparece pra mim?

O vulto se mexe, parecendo dar um passo para frente. Eu hesito, por um segundo, mas logo volto ao normal e encaro àqueles olhos vermelhos. Quero puxá-lo para a luz, para ver seu rosto, ver quem é. Mas tenho medo que ele se desintegre. E então, um chamado me faz pular no meu lugar e olhar para trás, aonde veio à voz.

— Audrey! – é Alexander. Eu sorrio levemente para ele. – O que foi aquilo na sala de aula?

— N-não foi nada. Eu só precisava respirar um pouco de ar fresco.

— Fiquei preocupado, – ele diz, mordendo o lábio. – achei que você estava passando mal.

Eu olho para trás, em direção do beco, ao mesmo tempo em que Alex passa seu braço por cima de meus ombros. O vulto não está mais lá. E eu não sei o que sinto, se é o vazio de ter perdido o Olhos Vermelhos ou o calor em meu peito ao saber que Alex se preocupou comigo.

— Eu estou bem, sério.

Mas na verdade não estou tão bem assim.

-x-

Quando eu chego em casa, sinto-me ainda mais inquieta. Passei o resto do dia falando para mim mesma que o que ocorreu na manhã não era nada, que eu estava apenas alucinando por causa do stress que estava sofrendo nos últimos dias. No entanto, eu sabia, que mesmo que negasse, algo maior estava acontecendo. Algo que, no momento, está além de minha compreensão. É sério, desde que me lembro por gente, minha vida nunca foi comum. Sempre havia algo que eu poderia dizer "uau, que bizarro". Desde sonhos, a coisas que via... Eu meio que via o mundo com outros olhos. E quando eu tentava falar para as outras crianças, ou até pedir conselhos sobre o que fazer para os mais velhos, eles sempre riam, ou diziam que minha imaginação era fértil demais. Bem, eles achavam que eu não sabia, mas os outros sempre pensaram que eu fosse louca. Talvez eu seja, afinal. Talvez meu lado "fora da casinha" finalmente despertou.

Eu jogo minha mochila ao lado no sofá, no chão, enquanto esfrego meus olhos. Eu suspiro, e começo a andar sem rumo pela casa, não sabendo o que fazer nem o que pensar. Apenas uma coisa gira em minha mente, me irritando: meia-noite.

E então, como se o mundo ouvisse minhas preces, a campainha toca, e eu corro para a porta querendo alguma coisa para não pensar. Quando eu abro, Nora e Alexander estão parados na porta. Alex está com duas sacolas de supermercado enormes nos braços e Mari tenta esconder — sem sucesso — uma bicicleta atrás de si.

— O que é isso?

Alex sorri, apontando para dentro de minha casa com o queixo, as sobrancelhas arqueadas.

— Dia da Gordice! – eu faço uma careta, não entendendo nada. – Sim, Audrey, isso mesmo. Vamos passar o resto do dia vendo séries, comendo pipoca e marshmallow enquanto tomamos chocolate quente.

Nora pigarreia, depois de um tempo que eu e Alexander ficamos nos encarando.

— E eu trouxe um presente! – ela sai da frente da bicicleta e eu finjo surpresa, como se eu não tivesse visto-a antes. É uma bicicleta em estilo rústico, num vermelho lustroso e com uma cesta em sua frente, que tem mais algumas sacolas. Eu sorrio, e saio da porta, abraçando Nora.

— Obrigada delicinha! – ela ri, assustada com minha demonstração de carinho repentina, e quase se desequilibra. Ouço a risada de Alex ao fundo. – Agora não preciso mais pagar ônibus!

Eu me afasto, e puxo a bicicleta para dentro de casa. Deixo-a encostada na parede do corredor, sem cerimônias. Volto-me para a porta e vejo os dois parados, parecendo não saber o que fazer. Cruzo os braços, sorrindo torto.

— Vocês são vampiros? Entrem, suas lesmas.

Eles riem, mas entram mesmo assim, enchendo a casa de risadas e piadas idiotas, me fazendo esquecer das esquisitices da minha vida por horas seguidas, como se, por alguns momentos, eu me tornasse outra pessoa, o mesmo corpo, a mesma personalidade, mas sem os problemas que me circundam. E isso é bom, e isso é ótimo.

-x-

 

Quando Noralia vai embora, às nove e meia da noite, apenas Alex e eu ficamos na sala, encarando os créditos de um filme de comédia. Não sei o que falar, nem sei o que farei caso olhar para ele. Contudo, apesar disso, não quero que ele vá embora. Nos conhecemos há quase um mês, desde que cheguei aqui em New Haven, depois que fiz meus dezoito, mas parece que nos conhecemos a mais tempo do que imaginava. Nossas conversas costumam durar horas, conseguimos nos comunicar por olhares, sem precisar dizer uma palavra sequer, mas mesmo assim, apesar de tudo isso, assim que ficamos sozinhos, sinto um nervoso se apossar de mim me arrebatando por inteiro. Já tive amigos garotos quando mais nova antes de vir para New Haven, mas agora... Parecia diferente. Eu não sei o que estava acontecendo comigo, e tinha medo disso; nunca me senti tão... Tímida assim.

— Então... Você está sabendo da festa de Halloween que a Yale vai dar? — ele corta o silêncio, antes que eu possa dizer alguma coisa estúpida para quebrar o gelo.

E parar para pensar no quão rápido o tempo passou... Quando saí de Whitemore, o outono estava para começar. E agora, ele se despede. Assim como minha vida antiga, mas que insiste em retornar nos meus sonhos. O Halloween seria daqui a três semanas, e a maioria dos alunos da Yale estão extremamente ansiosos para ela. Como se o Elvis Presley fosse aparecer por lá, né?

Encolho minhas pernas até que meus joelhos encostem-se a meu peito, e apoio meu queixo acima deles, mordendo o lábio. Não sou fã de festas, nunca fui. Na verdade, a festa a qual acabei por conhecer Alexander foi a primeira e única que eu fora em dezoito anos. Vergonhoso, mas nunca tive tempo e nem ânimo para ir a alguma festa quando morava no orfanato. Eu gosto de música, mas não me agrada muito ver as pessoas se esfregando uma nas outras enquanto toca uma batida pop.

— Eu não sei... Sabe, da última vez que eu fui a uma festa, não saí muito inteira de lá.

— Da última vez que você foi a uma festa, nós nos conhecemos.

Eu pisco, virando os olhos em sua direção. Alex me fita, com um sorriso. Solto um suspiro. Odeio quando ele sorri. Não consigo manter minha pose imparcial quando ele o faz.

— Você derrubou vodca em mim. – arqueio uma sobrancelha, ainda que um sorriso habita em meu rosto. Ele sabe que estou brincando. – E quase ficou nu na minha frente.

Seu sorriso se alarga ainda mais, e ele inclina a cabeça em direção ao teto.

— Você bem que gostaria... – antes que ele termine a frase, eu enterro uma almofada em seu rosto, abafando suas palavras. Apesar de eu estar rindo, minhas bochechas estão vermelhas, e me sinto surpresa quando o garoto afasta a almofada de seu rosto e revela que também está corado. Eu faço uma careta em sua direção, e ele retribui, não conseguindo segurar seu riso por muito mais tempo. Nós paramos de rir, quando nossas barrigas começam a doer e tudo parece ficar abafado de uma hora para a outra. O ar não está tenso, como eu imaginava há alguns minutos atrás, mas sim, de certa forma, confortável. Eu não sei o que dizer, então não me arrisco a dizer nada. Gosto do silêncio. Faz-me sentir bem.

— Audrey... – Alexander preenche o silêncio com sua voz constante. Não me incomodo com isso, mesmo estranhando a mim mesma. O que é isso que eu estou sentindo? – Eu... – suspira, passando as mãos por sobre seus cabelos, bagunçando-os ainda mais. Sua expressão é indecifrável, e eu arqueio as sobrancelhas em resposta. – Eu acho que já está tarde. Eu vou indo.

Eu sorrio, e o levo até a saída, acenando para ele enquanto ele sobe a rua em direção ao metrô. Ainda assim, eu sei que não era isso que ele queria me falar, e me sinto curiosa a respeito disso.

-x-

 

Quando o relógio marca onze e cinquenta e oito, eu estou sentada em frente ao meu notebook. Meu coração bate forte e é como se anos tivessem se passado desde a última noite, quando li a primeira mensagem do blog supostamente escrito por mim mesma. Francamente, é difícil acreditar que algo assim esteja acontecendo comigo. Porém, uma voz em minha mente me diz todas as vezes em que eu chego perto de duvidar disso para acreditar, pois as coisas vão muito além do que podemos compreender.

Espero que meu subconsciente esteja certo.

00:00, clico no link e uma nova mensagem aparece.

Meu coração salta uma batida.

Eu corro os olhos pela mensagem o mais rápido que posso.

Oi. Você voltou.

Eu juro que foi difícil continuar escrevendo essas coisas em tão pouco espaço de tempo. Consigo ouvir os barulhos das botas dos soldados nos corredores da instalação. Sei que, assim que eles me encontrarem, estarei mortinha da Silva. E sabe, é estranho, mas eu não me sinto triste por isso.

Eu vivi tanta coisa em pouco intervalo de tempo que sinto como se tivessem passado éons desde a minha saída de Whitemore.

Sinto tanto pelo o que você vai passar... Mas eu lhe digo uma coisa: é necessário.

Você é alguém muito importante na Quinta Dimensão, Audrey, vai ter que passar por muitas coisas, mas seja forte, por favor.

Ah, cara, como é difícil escrever em terceira pessoa pra mim mesma!

Enfim, desculpa por isso. Eu peço para que siga seu coração, mesmo que isso soe piegas. Você precisa seguir seus instintos, esqueça a razão. Na Quinta Dimensão, apesar de tudo, as emoções são mais levadas a sério. Seja forte, é apenas isso que eu posso lhe dizer por enquanto.

A tela pisca e fica preta, e eu tenho vontade de gritar.

Não entendo o que devo fazer. Nem o que é Quinta Dimensão.

 



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