P.O.V Yuri
Ao final do meu plantão, senti uma onda de alívio me invadir, quando me joguei em um dos sofás de estofado branco, em uma pequena sala designada para o descanso. Meus músculos das pernas se retorciam e reclamavam, em decorrência das horas consecutivas, que fiquei em pé. Não sabia que ficar na neurologia era tão cansativo, quanto na emergência. As cirurgias pareciam ser mais demoradas do que o habitual, o cérebro era um órgão extremamente complexo e minucioso, todo pormenor deveria ser considerado – ser instrumentador não era lá uma função interessante, mas eu podia ver de perto, tudo o que o cirurgião fazia, fazendo todo o meu cansaço valer à pena. Era espetacular.
Fechei os olhos, no instante em que senti o ar gélido lufar em todo meu corpo cansado, fazendo-me relaxar abruptamente. Me permiti um momento de descanso, na pequena sala inabitada, antes de tomar o rumo para casa, e ter que encarar qualquer conversa novamente com a Tiffany. Não estava no clima, ainda mais pela forma que ela me tratou no vestiário, entendi que era algo que ela precisava fazer por si só, mas essa não era a melhor maneira. Eu sempre fui movida pela razão, enquanto ela, pela emoção. Sua teimosia sempre me deixava de mãos atadas, e demasiadamente irritada, quando colocava uma ideia fixa na cabeça.
Não demorou muito, para que outros médicos plantonistas, adentrassem o local, com a sua costumeira conversa, discutindo seus casos clínicos complicados. Virei o rosto para o outro lado do sofá, e por um instante, encarei o branco comum à minha frente, ao reconhecer uma das vozes. Rapidamente, fui dispersada de um lapso de devaneio, ao escutar a voz aveludada da Jessica, que se dirigiu diretamente para mim.
- Enfermeira Kwon?! - Me virei preguiçosamente para o seu lado, e a enxerguei de baixo. Sorri para ela - Essa sala é só para os residentes, a dos internos é no final do corredor.
- Oh, desculpe doutora Jung, eu não sabia. – Levantei imediatamente, ficando à altura da mesma. – Boa noite. – Sorri amistosa para ela, que me encarava, devolvendo o sorriso. – Doutor Harris, boa noite.
- Boa noite enfermeira, bom trabalho na neuro hoje.
Me afastei de ambos, e assim que alcancei a fechadura, olhei novamente para Jessica que permanecia me encarando. – Obrigada doutor.
Segui corredor à fora, soltando meus cabelos do prendedor, e os ajeitando, quando escutei novamente a voz da Jessica, me chamando.
- Yuri?! Espera. – Parei e me virei para ela, que fechava a porta da sala, e caminhava em minha direção. – Você está indo para casa?
- Estava, mas estou aberta às sugestões também. Quer beber no Irish? - A convidei, sem muito pensar.
- Não, Irish não – Ela franziu o cenho, mas logo abriu um sorriso. – Eu conheço um lugar no píer, bastante agradável, gosta de comida mexican?
- Ainda mais acompanhada com tequila, sim, gosto muito – Balancei a cabeça, em concordância.
- Então acho que você irá gostar. – Ela sorriu. – Vou trocar de roupa e te encontro na entrada. Está de carro?
- Não, Tiffany levou, ia pegar um táxi.
- Ótimo, não demoro. - Falou já se afastando. – Até já.
- Okidoki.
***
A noite se fazia bastante agradável. O vento ameno que vinha do oceano pacífico, convidavam tantas pessoas, a desbravarem o Píer de Santa Monica. De crianças à adultos, as atrações turísticas estavam bastante movimentadas, o que acabou me fazendo esquecer do meu cansaço. Desde que havia chegado à LA, não tive tempo de conhecer os principais pontos turísticos desta ilustre cidade, talvez pela falta de tempo, ou talvez pela companhia certa.
Andava ao lado da Jessica, mas totalmente alheia à sua presença. Tudo me chamava atenção, tudo me roubava a curiosidade. Percorremos toda a plataforma de madeira, até passarmos pela roda gigante, e chegar no fim, onde haviam os restaurantes, e alguns bancos dispersos pela plataforma, assim como carrinhos ambulantes, contendo os mais variados tipos de lanches.
- Eu sabia que era lindo, mas estando aqui, nossa, parece mais vivo, sei lá. – Me debrucei sobre o extenso parapeito de ferro e enxerguei a grande imensidão brilhante no céu. – Consigo sentir a energia que pulsa daqui.
Jessica parou ao meu lado, e fez o mesmo. – É verdade, tanto tempo que não vinha aqui, até tinha me esquecido dessa sensação boa, dessa sensação de liberdade.
Olhei para ela e vi seus olhos fechados. Me permiti contemplá-la por um instante, até senti um arrepio tomando o meu corpo. – Você quer mesmo ficar em um restaurante fechado e climatizado? Podemos desfrutar dessa noite maravilhosa aqui fora.
Ela abriu os olhos e sorriu adorável para mim. – Por mim está ótimo. Podemos sentar nos bancos.
- Nada de bancos, vamos comprar cerveja, comida, e ir para praia.
Ela arqueou a sobrancelha. – Não vou tirar meus saltos Yuri, se é o que está propondo.
- Ah vamos lá, quando foi a última vez, que você fez algo pela primeira vez? - Falei, não muito certa aonde eu queria chegar. - Vamos, vai ser legal.
- Quer mesmo me convencer com esta falácia¿
- Eu espero que sim. – Abri um sorrisão, tentando convencê-la.
- Você parece uma criança.
- Podemos discutir sobre isso, enquanto compramos cerveja. – Pisquei para ela, e nos afastamos do parapeito, sorridentes.
Chegamos na parte mais iluminada da praia. Jessica segurava dois sacos de papel, um contendo seu temaki, e o outro contendo o meu hambúrguer com batata fritas. Eu segurava o seu salto em uma mão, e na outra, duas cervejas. Coloquei seus saltos na areia e entreguei as cervejas para ela, enquanto retirava meu casaco de couro preto, forrando na areia.
- Sua calça é branca, é melhor você sentar. – Me sentei ao lado do casaco, e fui retirando meu all star.
- Mas e você? - Ela fez o mesmo, sentando-se em cima do casaco. – Você pode se sujar.
- O que? Ah, a minha escura, não vai aparecer se sujar. – Peguei ambas as cervejas e abri na minha camisa, entregando uma para ela.
- Obrigada Yuri. – Ela levantou a garrafa em minha direção, e brindamos.
- Você é muito diferente do que as pessoas falam. – Sorri, e sorvi um grande gole da bebida
- E você acha que eu não sei tudo o que falam? - Sua voz assumiu um tom mais grave. – Espero que você não pense assim também. – Ela passou a minha sacola.
– Confesso que já pensei, mas vamos ver até o fim da noite, se você é tão legal assim doutora. - Enfiei meus pés na areia geladinha, e abri o saco.
- Nem o meu sobrinho de 5 anos, come mais isso Yuri. – Peguei duas batatas e fiz que ia enfiar em sua boca, mas ela desviou o rosto. – Não sei como você ainda come isso, é nojento.
Dei de ombros e enfiei ambas na boca. – Seu sobrinho está na idade de comer porcaria. – Sorvi outro gole da cerveja, e peguei mais batatas. – E além do mais, batata frita deveria ser o símbolo da paz, porque todas as pessoas comem. Veganos, onívoros, todo mundo.
- Você já passou da idade de comer isso. – Ela retirou o seu temaki da sacola, e enrolou em um guardanapo.
- Eu estou sempre na idade de comer, a diferença é que eu como tomando cerveja, e o seu sobrinho tomando coca cola.
- Viu? Você é uma criança.
Sorrimos, e eu podia me sentir mais à vontade, em sua presença. Podia sentir toda a tensão de um plantão, se esvaindo. Havia me esquecido das horas, havia me esquecido de enviar uma mensagem para Tiffany, avisando que iria demorar. Quando me dei conta, retirei o celular do bolso do meu jeans, e vi que já passavam das 8. Respirei profundamente e digitei uma mensagem rápida para ela, afim de me poupar de outra discussão.
- Já está ficando tarde, eu vou te levar para casa.
- Não, não é isso, só esqueci de avisar que iria sair depois do plantão. – Sorri para ela e guardei o celular novamente. Quando olhei ao redor, já haviam alguns amontoados de pessoas, dispersas pela praia. – Vem, vamos dar uma volta.
Recolhi as embalagens dos lanches e joguei dentro da sacola. Jessica fez o mesmo, colocando as garrafas vazias de cerveja, dentro da sacola também. Nos ajeitamos, cada uma pegou o seu calçado, e seguimos na direção oposta do píer. O vento fresco que se originava da maresia, trazendo aquele odor típico do mar, me inebriava e me revigorava. Aquela sensação de paz do espírito me acometeu, com o leve bater das ondas, nas rochas. Era um calmante, para os meus pensamentos inquietos.
- Sensação de que minha vida passou, e que eu fiquei parada no tempo. – Olhei para a Jessica, que mantinha a sua expressão fechada, olhando para frente.
- Fala isso por causa do seu casamento? Casar deve ser horrível mesmo, uma prisão. – Falei direta, não me importando com a sua feição incrédula, que me encarava agora.
- Casamento não é horrível, como todos os momentos em nossas vidas, existem seus altos e baixos.
- Mesmo assim, e essa Taeyeon me parece muito autoritária.
- Ela é uma boa pessoa, ela me perdoou, e resolvemos nossa separação, amigavelmente. – Paramos perto de uma casinha de salva-vidas, e jogamos o nosso lixo, no local indicado.
- Então, foi você quem ferrou o casamento? - Falei sem querer e a vi abrir a boca. – Desculpe.
- Isso não é conversa para um primeiro encontro Yuri. – Ela passou por mim, e foi subindo as escadas, da casinha de madeira.
Estamos tendo um encontro então? - Franzi o cenho, e segui logo atrás dela. - Então por que eu paguei pelas cervejas? Quem convida, não é quem paga tudo? – Me aproximei dela, e não muito convicta da minha atitude, a segurei pela cintura.
- Não se preocupe, prometo que irei te recompensar. – Ela abriu um sorriso lascivo, e deslizou suas mãos pelos meus braços, até chegar em meus ombros.
Estou me sentindo usada, confesso. – Falei em um falso tom de descrença, enquanto a guiava para a parede de madeira. - Mas não se preocupe, eu me prostituo por batata-fritas e cerveja.
- Você é muito tagarela Kwon, sabia disso? - Senti a ponto do seu indicador pressionar meus lábios, e então o beijei, instintivamente.
Fitei seu olhar vistoso por um instante, e o seu sorriso largo. Fiquei inerte nas batidas descompassadas, que o meu coração comandava. Encarei a vastidão do seu olhar lírico, e toquei nossos lábios gentilmente. A entrega fora urgente de ambas as partes, mergulhamos sem hesitar. Abri caminho em sua boca, passando minha língua pela sua, na busca de um contato maior, e mais palpável. Aquele beijo no elevador, em nada se comparou, com o que eu estava recebendo agora. Toda a sua entrega, sem resistência, só mostrou a reciprocidade dos nossos desejos contidos. Tanto ela quanto eu, queríamos, buscávamos, findávamos um sentimento, que nos consumia desde aquele dia então.
Subi uma das mãos pelos seus cabelos, e emaranhei os fios entre meus dedos, enquanto a outra repousou em seu pescoço. Minhas pernas se encaixaram perfeitamente às delas, anulando qualquer espaço que ousava nos separar. Arfei pesadamente, soltando o ar, quando a senti roçar lentamente seu corpo ao meu, causando um atrito delicioso entre os nossos jeans, e acendendo toda a combustão, que envolvia o meu corpo. Desci meus lábios lentamente pelo seu pescoço, até chegar em seu ombro, e afastei a sua blusa para baixo. O roçar ritmado, que os nossos corpos faziam, me deixavam bastante ansiosa para sentir a textura da sua pele.
Sua mão deslizou pare dentro dos meus cabelos, causando-me um arrepio fodido na alma. Ela me puxou abruptamente, fazendo com que eu voltasse a beijar seus lábios, devorando-a, como uma leoa devorava a sua presa. Travamos uma batalha de dominância com as nossas línguas, e a deixei que vencesse esse primeiro round, chupando a minha com tenacidade. Uma mistura inebriante do seu perfume doce, que emanava dos seus poros, com uma vontade desenfreada de tê-la aqui mesmo, fez com que eu a pressionasse com mais força contra a parede de madeira, e segurasse firme em seu quadril, fazendo-a esfregar seu corpo com mais vivacidade ao meu. Nos entregando à uma dança, sem pudor.
Apoie minhas mãos na barra do tecido grosso do seu suéter, e deslizei para dentro, sentindo a maciez da sua pele. Um gemido eclodiu dos seus lábios, quando ela os afastou do meu, e prendeu o meu inferior, entre os seus dentes. Foi o som mais glorioso, que havia escutado em toda a minha vida. Jessica estava me levando a loucura, minha sanidade já havia se dissipado, no instante em que aceitei o seu convite. O seu timbre de voz, docemente aveludado, conseguiu me levar do céu, diretamente para o inferno. Apenas um único gemido, me deu forças e motivação, para ir além. Eu precisava mais dela, eu precisava de muito mais, do que ela estava me dando.
Segurei na barra da sua blusa, e fui suspendendo lentamente, enquanto nos encarávamos, com os olhos ardendo em desejo. Percorri meu olhar pela extensão do seu corpo desnudo, admirando a sua pele alva, até encontrar os seus seios, perfeitamente adornados em um sutiã vermelho meia taça. Meus olhos se encheram com a visão, salivei como se não bebesse água há dias, e aquele era o meu copo d’água, em recompensa. Me ajoelhei lentamente em sua frente, sem desviar do seu olhar. Desferi alguns beijos em seu umbigo, e fui arrastando os meus lábios e língua, preguiçosamente, pela extensão da sua barriga, até chegar entre seus seios. Seus olhos estavam fechados, e ela não parava de lufar com os lábios entreabertos. Seus músculos sutilmente enrijecidos, denotavam à sua entrega imediata. Ela segurou meu rosto pelas duas mãos, e me puxou, beijando meus lábios com força, e me virando, colocando contra a parede. Sorri lasciva, para a sua atitude.
- Você é uma cretina, sabia disso? - Ela falou com a voz ofega, enquanto retirava meu casaco, com uma certa urgência.
- E você é tão gostosa. – Ataquei seus lábios novamente, enquanto deixava meu casaco cair no chão.
Ela se afastou dos meus lábios, repentinamente, e enfiou seus dedos no cós da minha calça, deslizando até o zíper, abaixando em um ritmo lento e torturante.
- Quem é a cretina agora? - Falei, e pude sentir sua mão invadindo a minha calcinha, tocando na minha umidade crescente.
Gemi sem pudor. Tombei a cabeça para trás, e fechei os olhos, sentindo uma uma onda de alívio, invadir as minhas estranhas. Jessica atacou o meu pescoço, e começou a chupar com uma certa força, enquanto sua mão trabalhava calmamente em minha buceta, sendo impedida apenas por um tecido preto e fino. A única barreira que a impedia, de fazer o que quisesse comigo.
Seus beijos urgentes, foram cessando, e rapidamente, ela se afastou do meu corpo, abaixando para pegar a sua bolsa. Estava tão inerte, e concentrada em seus toques, e desfrutando das variadas sensações que ela me causava, que nem escutei o seu bipe tocando.
- O que foi? - Indaguei, com a respiração acelerada.
- Emergência, meu paciente da ponte de safena. – Ela foi se levantando apressadamente, e começou a ajeitar a sua blusa.
- Ah, não. - Gemi frustrada, endireitando os botões da minha calça. – Fala sério.
- Eu sei, é inevitável. – Guardou o bipe dentro da sua bolsa, e segurou meu rosto novamente, com ambas as mãos. – Vamos ter o nosso momento. – Selou meus lábios, e entregou o meu casaco. – Eu vou te deixar em casa e preciso correr para o hospital.
- Na próxima, só me prostituirei por lagosta, camarão e champanhe. – Soltei o ar em exasperação, passando os dedos, pelos fios dos meus cabelos.
- Está mais do que perfeito.
***
Assim que adentrei o apartamento, retirei meu casaco, e levei diretamente para o lavabo, que ficava em uma porta, no canto da cozinha. Sacudi toda a areia do tecido grosso, que ficou impregnada, enquanto revivia tudo o que se passou, há poucos minutos atrás. Um sorriso involuntário apareceu em meus lábios, me tomando com uma sensação de nostalgia, e me despertando novamente. Toda ação expressa, mesmo que inacabada, me deixou demasiadamente curiosa e ansiosa, para encontrar com ela novamente, sem bipes, ou qualquer tipo de interrupção. Totalmente sem reservas.
Quando deixei a cozinha, trajando apenas meu jeans e a minha blusa, passei pelo curto corredor, que dava para os quartos, e antes de chegar ao meu, vi a luz do quarto da Tiffany acesa, e a porta entreaberta. Respirei fundo, e fui abrindo a porta levemente. Ela estava deitada na cama de bruços, com o rosto enfiado na tela do notebook.
- Oi. – Falei brevemente, com receio da sua resposta. Depois de ontem no vestiário, não sabia a quantas estávamos. – Pegou a minha mensagem?
- Hm, oi. – Ela levantou o rosto para mim. – Peguei, imaginei que fosse sair depois do plantão mesmo, então não te esperei para jantar.
- Tudo bem, eu comi na rua. – Abri a porta de vez, e fui adentrando em seu quarto. – O que está fazendo?
- Meu estudo de caso. - Respondeu, sem muita emoção.
- Ah, e quem é o seu paciente? Posso conseguir umas informações para você. – Me sentei na ponta da cama, e virei seu notebook na minha direção, sem cerimônias. – Eu não admiti ele na enfermaria, deve ter sido o Charlie, mas posso conseguir com ele.
- Não precisa Yuri, eu já coletei tudo o que precisava, só falto fazer a avaliação física. – Ela puxou o notebook para ela novamente. – O paciente é acamado, e preciso de um tempo melhor para isso. Farei quando voltar de viagem.
Respirei calmamente, e fiquei lendo algumas informações do seu paciente, até que tive uma ideia. – Tiffany – A chamei e ela apenas olhou para mim. – Eu estive pensando .... – Abaixei a tela do seu notebook, para ter toda a sua atenção. – E a se a gente tentasse pedir transferência para sua mãe, vir para cá?
- O que Yuri? - Ela franziu o cenho, como se eu tivesse falado a coisa mais absurda do mundo. – Você ficou louca? - Ela foi se sentando na cama, e puxando novamente o notebook para si.
- Louca? Por que? Você aqui com a sua mãe, seria muito melhor do que lá.
- Melhor para quem Yuri? - Seu tom de voz foi mais grave. – Vou trazer a minha mãe e o meu irmão para cá, e apresentar a Taeyeon?
Agora eu quem franzi o cenho, confusa com a situação, e tentando acompanhar o seu raciocínio. – O que a Taeyeon tem a ver com isso?
- Tem a ver que ela é a minha chefa, e vai querer conhecer minha mãe e meu irmão. O que eu deveria dizer? - Ela se levantou da cama. – “Oi Taeyeon, essa é a minha mãe doente, na verdade, ela deveria ter sido minha mãe, mas não foi. E esse é o meu irmão, ele me estuprou incontáveis vezes quando eu era criança, mas agora estamos aqui brincando de família perfeita, e colocando de lado o nosso passado, para apoiar a nossa mãe. ”
- Por que está fazendo isso? - Me levantei da cama, e antes de alcançar a porta, parei, e respirei profundamente. – Além do mais, Taeyeon não precisa saber que a sua mãe e o seu irmão, estão lá. A gente daria qualquer jeito.
- Lógico, como das outras vezes que ela não sabia aonde eu estava. - Passou a mão na testa, e sentou na cama.
- O que?
- Nada Yuri.
- Estou lhe dando opções, estou lhe oferecendo saídas para isso, mas você é impossível.
- Boa noite Yuri. – Ela voltou a se deitar na cama, levantando novamente, a tela do notebook.
Fiquei encarando-a por um breve espaço de tempo, e balancei a cabeça negativamente. Já estava ficando cansada dessa situação. Meu relacionamento com a Tiffany, era como estar pendurada em um lugar alto, por uma tira fina de pano, que ia se rasgando lentamente. E quanto mais eu me segurava, mais eu sabia que ela ia se partir.
Mas ... ainda me restava uma única coisa a fazer. Eu estava encurralada, e sem escolhas. Ela irá me odiar por isso.
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