História A saga crepúsculo - Seu sol - Me deixa em paz

Apoio minha mão no chão e me levanto devagar, com certa dificuldade, olho para os degraus do local com medo de encarar a garota e a dor voltar.

-Jane? -Pergunta Aro.

-Algo mudou mas…

-Alec. -Não olho para Aro mas sei que ele me encara com os olhos em pura curiosidade.

Não deixo de notar a movimentação de uma fumaça vindo em minha direção, meu peito sobe e desce rapidamente, fecho minhas mãos em punhos. A fumaça me rodeia, e entra por minhas narinas e boca, uma sensação horrível toma conta de mim, não escuto mais nada, não vejo nada, apenas escuridão.

-Edward? EDWARD? WILL! WILL!!! -Grito, mas nada.

Olho para os lados procurando algo, mas apenas vejo escuridão, começo a entrar em pânico, será que nunca mais irei enxergar novamente? Será que nunca mais escutarei algo em minha vida? Em resposta sinto algo saindo de dentro de mim, e aos poucos luz vai tomando meus olhos e ruídos tomando meus ouvidos.

-O mesmo, Aro.

-Muito bem… A garota não parece oferecer riscos… -Comenta Aro.

-Podemos leva-la?

-Quero a garantia, acha que ela irá sair tão fácil? Me mostre, Alice. -O que ele quis dizer?

Alice, a mais baixa e delicada dos Cullen, anda até o vampiro e estica sua mão, ele a pega e respira fundo, Alice o encara com impaciência, segundos depois ele solta sua mão e se vira para mim sorrindo. Algo dentro de mim muda, meus olhos se reviram e começo a cair, um par de braços impede que meu corpo bata no chão.

***

O que aconteceu nas últimas horas? Ou dias? Aliás… onde estou? Flashs dos vampiros de olhos vermelhos, dor, fumaça preta… Me levanto rapidamente, ofegante, assustada, um par de mãos impede que eu bata a cabeça em algo.

-Shiii, não está mais em perigo, estamos no avião, você está a salvo agora, okay? -A voz melodiosa me acalma automaticamente.

-Will?

Olho na direção da voz, Will está com seus cabelos negros bagunçados, seus olhos em um tom mais escuro, o Cullen estica a mão em direção ao  meu rosto, recuo ao seu toque, um pouco assustada com tudo o que houve, Will faz uma cara triste mas entende e se afasta um pouco de mim.

-Entendo que…

-Não, não… Você não entende. -Digo me encolhendo, me afasto ainda mais dele.

-Não sou como eles, Mary…

-Quem pode provar? Te conheço não faz nem cinco dias, já fui sequestrada, torturada, perdi meus sentidos e ainda quase fui morta pelo meu próprio irmão.

-Entendo que esteja assustada mas…

-Quero minha casa. -Cruzo os braços sem olhar para ele, meus olhos voltado para a janela do avião, ah, um avião… Então eu já estava indo para casa, olho em volta e na minha frente tem um lanche e suco. Sem que o rapaz precise pedir, ataco a comida, saboreando cada detalhe dela. Espero que essa viagem seja rápida, quero minha casa.

-Não demorará muito… -Começa Edward, sua voz vindo da poltrona de trás.

-Não leia minha mente, por favor…

Passo as mãos por meus cabelos loiros e respiro fundo, um grande nó se formando em meu peito, ainda estou assustada, ainda estou nervosa, chateada, acima de tudo com medo.

***

Will me acompanhou o tempo todo, não desgrudou do meu lado um segundo sequer, quando chegamos do lado de fora do aeroporto, um carro nos esperava, o volvo de Edward, dou meia volta e começo a andar na direção dos táxis, Will já me entregou a mochila e meu celular, pelo menos aqueles vampiros de olhos vermelhos me fizeram esse favor de devolver meus pertences.

-Mary, por favor… -Começa Will.

-Will, preciso de um tempo sozinha, okay? Preciso pensar, preciso por a cabeça no lugar, estou com medo, medo de todos vocês, sinto muito mas… Isso não é para mim. Não sou como vocês, então você poderia, por favor… Me deixar sozinha?

O rapaz abre a boca para falar algo mas logo em seguida fecha, ele coloca as mãos no bolso e balança a cabeça positivamente, chateado. Viro as costas para ele e abro a porta de um dos táxis, dou o endereço de minha casa e fecho meus olhos, passando as mãos por meu rosto.

***

-Chamarei meu pai, ele irá pagar a corrida, okay? Obrigada.

Bato a porta e corro para dentro de casa.

-MARY? ONDE VOCÊ SE METEU? -Grita meu pai, correndo até a porta e me envolvendo em um abraço. -Ficou um noite inteira fora, são seis da tarde agora, mais de um dia desaparecida!

-Me desculpe… E-eu... pode pagar o táxi lá fora? Podemos conversar sobre isso depois?

-Taxi?

-Sim, pai. Eu preciso de um banho, preciso trocar de roupa, por favor.

Meu pai me olha com um olhar confuso, mas dá de ombros e beija minha bochecha, subo os degraus de dois em dois e me tranco em meu quarto, jogo minha mochila em qualquer canto e me sento no chão, as lágrimas começam a escorrer de meus olhos, no momento eu quero ir embora dessa cidade, deixar tudo para trás, estou com medo, muito medo, o que acontecerá comigo daqui pra frente? Nada é certo, isso que mais me assusta.

-Mary? -A voz é doce, feminina, Renesmee.

-Por favor, vai embora.

-Não posso, você precisa do meu apoio, me deixa entrar?

Não me mexo, as lágrimas ainda não pararam de cair, coloco minha cabeça entre os joelhos tentando respirar melhor, parar de chorar, regular os batimentos de meu coração…

-Mary? -Insiste a garota.

Me levanto preguiçosamente e abro a porta, Renesmee, alguns centímetros mais alta me encara, seus olhos castanhos preocupados, me viro e entro de volta para meu quarto, me jogo na cama e enterro meu rosto no travesseiro, escuto o barulho da porta sendo fechada, qual a parte de querer ficar sozinha esses Cullen não entendem?