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História A saudade vem em ondas - Prometa que vai voltar


Escrita por: sayan-girl

Notas do Autor


leiam as notas finais, por favorzinho, tem algumas explicações acerca do plot.

boa leitura <3

Capítulo 1 - Prometa que vai voltar


O quimono púrpura escorregava por um dos ombros estreitos, cuja pele alva se arrepiava sob os beijos cálidos e ternos que os lábios fartos de Kyungsoo ali dedicavam. O corpo sinuoso estremecia, as costas grudadas ao peito forte do general, e a boca pintada em um tom carmesim se abria a cada suspiro soltado, o ar se tornando quente ao redor deles conforme a necessidade que sentiam um do outro crescia. Baekhyun fechou os olhos delineados, aproveitando o carinho reconfortante que somente aquele homem era capaz de proporcionar.

- Eu senti sua falta... – A voz grave o fez arquejar, ao mesmo tempo em que arrancou de si um sorriso quase contente, se tudo entre eles não fosse tão dolorosamente instável e difícil.

Eles nunca sabiam qual seria o dia de amanhã.

- Estaria você se apaixonando, meu general? – O Byun questionou, em um tom de divertimento, talvez tentando mascarar tristeza e felicidade, que queriam transbordar do próprio peito. O coração batia, muito mais acelerado do que era recomendável, e o rapaz de madeixas negras e lábios pintados segurava todas aquelas emoções dentro de si. O envolvimento de ambos já ia muito mais além do considerado certo para o que eram dentro da sociedade – um general renomado do exército e uma gueixa, cujo nome e fama corriam pelas vielas sujas dos distritos mais mal frequentados –, então não era como se precisassem de mais um problema como amor no meio de tudo isso.

No entanto, também não era como se fossem capazes de refrear o que sentiam, porque tudo estava estampado nos olhos, nos toques, nos beijos e nos sussurros na calada da noite.

- Se eu disser que sim, você vai fugir de mim? – Kyungsoo permaneceu alguns minutos em silêncio antes de responder, suas mãos deslizando sob o tecido roxo de seda que cobria o corpo de Baekhyun, para acariciar-lhe as coxas fartas e macias. Achava um crime seus dedos ásperos e calejados maculando uma pele tão perfeita, quase aveludada, mas era impossível mantê-los longe quando a necessidade dos toques se fazia tão latente. 

E ele sentiu o menor enrijecendo entre seus braços, o rosto virando para si no mesmo instante, os olhos bonitos arregalados em surpresa, medo e alguns lampejos fracos de uma felicidade genuína. Não era nada além do esperado, porque Kyungsoo sabia dos temores de seu amante; sabia do amargor do proibido que aquela relação trazia ao paladar de ambos; sabia que a probabilidade de conseguirem terminar aquela trajetória juntos era quase nula.

Mas nada parecia importar quando tudo que ele queria era amá-lo e fazê-lo seu até o fim dos dias.

Os lábios de ambos, sob o efeito de um magnetismo irremediável, se aproximaram. Envolvidos no silêncio que gritava muito mais do que quaisquer palavras, eles quase tocaram aquele pertencimento mútuo com a ponta dos dedos. E na mistura das respirações, no contato dos olhares, eles se amaram como se o resto do mundo não existisse, ainda que nunca pudessem viver, de fato, essa realidade.

Porque o mundo estava ali, palpável e vívido, os lembrando que a melhor saída era manter aqueles sentimentos bem intrínsecos, eternizados apenas em si mesmos.

- Se eu disser que é recíproco, você vai parar de vir me ver? – O mais novo deixou o próprio sussurro ser o único som, além dos corações acelerados e das respirações desreguladas, a dançar pelo quarto. Debaixo do olhar intenso de Kyungsoo, ele sentia as mãos tremendo. E foram elas que tocaram o rosto bonito e marcado pelo tempo do moreno, a ponta dos dedos desenhando a cicatriz que ele possuía sob o lábio inferior.

- Eu nunca seria capaz de me afastar do meu sol particular... – E Baekhyun não queria sorrir tanto diante do romantismo do mais velho, mas era quase impossível não fazê-lo quando ele sentia a doçura transbordando pelas palavras. Suspirando, o menor se virou e ladeou o corpo de Kyungsoo com as pernas ao posicionar-se sobre seu colo, os dedos longos e bonitos se embrenhando nos fios curtos do militar. Fez um carinho no couro cabeludo alheio, deslizou os lábios suavemente sobre os dele, afundou-se entre os braços fortes que logo o envolveram e beijou-lhe devagar, como se protelasse os segundos a passarem, só para degustar um pouco mais dos arrepios e dos espasmos que sempre dominavam seu corpo perfeitamente feito para se moldar ao do mais velho.

- Você sabe que nós somos errados, meu general. – Murmurou contra os lábios de Kyungsoo, gemendo baixinho por tê-lo tocando-o sob o tecido do quimono. As mãos ásperas mapeavam cada pedaço de si, mesmo que já conhecessem seus cantos de cor. E cada contato parecia novo, um rebuliço de sensações inusitadas, que faziam Baekhyun mergulhar ainda mais na profundidade daqueles sentimentos que cresciam em seu peito.

- Se te amar é errado, eu seria o único humano a cometer o mesmo erro quantas vezes fosse possível. – O Byun sabia que Kyungsoo era sincero no que dizia, porque aqueles olhos intensos eram sempre verdadeiros demais.

E era só aquela confirmação de veracidade que ele precisava para pedir ao mais velho para amá-lo até que não lhes restasse mais forças.

Naquela cabana, isolada do mundo, Baekhyun gemeu o nome de Kyungsoo até as cordas vocais falharem. Não havia ninguém para testemunhar os sussurros de pertencimento que ecoaram sob o som dos corpos se chocando, mas dentro de si mesmos eles tinham plena certeza da eternidade do que sentiam.

 

 

A manhã do dia seguinte veio muito mais rápido do que Kyungsoo gostaria. Acostumado a despertar antes do nascer do sol, ele permaneceu um bom tempo observando Baekhyun ressonar baixinho, dormindo contra seu peito e agarrado a si, todo encolhido em seus braços. Queria poder gravar aquela cena para tê-la consigo sempre; decorar cada detalhe daquele momento com precisão, para que fosse a primeira coisa na qual pensaria quando acordasse; saber cada instância da respiração compassada em seu pescoço, da expressão serena no rosto bonito, do calor do corpo contra o seu, das notas da fragrância que exalava dos fios negros, do encaixe perfeito de Baekhyun em seu abraço.

- Eu amo quando você me olha desse jeito. – A voz rouquinha do mais novo despertou o moreno dos próprios devaneios, fazendo-o encarar os olhos inchadinhos de sono que o fitavam de volta, tão intensos. Sorriu docemente, deixou um selar na ponta do nariz do menor e apertou-o mais entre seus braços, ouvindo-o quase ronronar.

- Desse jeito como? – Perguntou, sentindo os dedos alheios fazendo desenhos abstratos na pele desnuda de seu peito, enquanto os seus próprios lhe acariciavam as costas nuas.

- Como se eu fosse a coisa mais bonita e importante que existe...

- Mas você realmente é a coisa mais bonita e importante que existe na minha vida.

Baekhyun respondeu a pequena declaração de Kyungsoo com um beijo. Montou-lhe os quadris e agarrou-lhe os cabelos para colar os lábios em um contato tão cálido e cheio de paixão que o fôlego foi logo perdido, mas nenhum dos dois se esforçou para refrearem as próprias vontades. Ofegantes, em meio a lençóis embolados, rolaram pela cama trocando beijos, suspiros e segredos só deles. Baekhyun sussurrou no ouvido de Kyungsoo o quanto o amava em cada pequena parcela da totalidade daquele sentimento, só para ouvi-lo murmurando sobre a vontade de fugir consigo para que pudessem viver aquele amor sem qualquer rédea.

E eles teriam ficado naquilo por quanto tempo lhes fosse permitido, mas a vida bateu à porta e o mais velho confessou que precisava partir. Havia uma missão ao norte e precisavam de seus serviços como general e melhor estrategista. Enquanto Baekhyun tentava conter as lágrimas, Kyungsoo prometia mandar cartas todo mês.

- Você promete que vai voltar pra mim, meu general? – E toda a fraqueza do mais novo se convertia no choro doído, ao que ele se agarrava ao maior, querendo prendê-lo consigo de maneira que nunca precisasse vê-lo partir.

Mas, no final do dia, Kyungsoo sempre atravessaria aquela porta e só Deus sabia quando se veriam novamente. Restava a si apenas rezar para que a vida trouxesse o dono de seu coração de volta.

Abraçava o próprio corpo envolvido nos lençóis que cheiravam a Kyungsoo enquanto observava-o vestir a farda militar. O peito se movia ao ritmo dos soluços sofridos e ele nem sabia com quem aquela situação era mais cruel. Não entendia o prazer da vida em fazê-los sofrer tanto; não entendia por que não podiam se amar sem que o mundo e todas as coisas ficassem no caminho.

O último beijo foi salgado e molhado, mas nem o amargo da despedida conseguiu ser maior que a doçura com que os lábios se amaram. A Baekhyun, restou apenas apertar contra si o travesseiro empesteado com o perfume de Kyungsoo, enquanto fitava as costas dele cada vez mais distantes. E a presença pareceu continuar no ar, em cada partícula de poeira, quase como se, ao fechar os olhos, os toques pudessem ser revividos.

Mas era só a solidão ali, envolvendo-o naquele abraço gelado.

Era só a saudade, vindo em ondas.

Naquela noite, Baekhyun se afogaria.


Notas Finais


A Fic está como concluída, mas pode ser que eu defina um final para ela em um extra. Se eu conseguir - eu já tenho o final em mente - eu posto <3

Gente, gueixas não são prostitutas. De acordo com fontes, "essas mulheres estudam a tradição milenar japonesa e utilizam elementos artísticos para entreter seus convidados. É muito comum, até mesmo dentro do próprio Japão, que as gueixas sejam confundidas com prostitutas de luxo, o que não é verdade. O trabalho dessas mulheres não compreende o sexo, uma vez que as mesmas são artistas. Claro que toda regra há exceções!" E o Baekhyun é uma dessas exceções. Na fic ele não é uma mulher, como deu pra ver, mas ele vendia o corpo antes de virar uma gueixa. Por ser amigo da dona de uma casa de gueixas, ela decide tirá-lo das ruas e fazê-lo estudar para se tornar uma, já que a beleza dele é notável, na intenção de ajudá-lo. Por ser homem, ele acaba não tendo a mesma aceitação e volta a se prostituir, vendendo o corpo para clientes da casa. É quando ele conhece o Kyungsoo e os dois se apaixonam. Aos olhos da sociedade, a relação deles é errada por ambos serem homens e pela vida que o Baekhyun leva.
Se eu postar o extra, isso tudo vai ser melhor explicado.

Espero que tenham gostado
nos vemos na próxima
amo vocês <3


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